quarta-feira, 25 de junho de 2008
Papel e eficiência burocrática
terça-feira, 24 de junho de 2008
Porque debater um fenômeno como o clientelismo?
E todos nós aqui sentimos esse desprezo, pois ele é objetivo. Nenhum de nós aqui pode negar isso, pois agir assim seria cair na incoerência absoluta entre o que fazemos e os valores que usamos para prezar e desprezar as pessoas de acordo com o engajamento que elas também mantêm com esses valores. Porque estudar o clientelismo é a primeira questão para pautar o debate sobre esse tema, pois ela é a que deve fazer o inquérito de nossos valores, daquelas crenças que moram no mais profundo de nossa alma, devoções que nos vinculam ao mundo e às pessoas de um modo sem o qual não nos imaginamos vivos. Então podemos sair da obviedade é por em questão, ou seja, trazer para o debate e a análise racional, o que Weber chamava de “relevância valorativa do objeto”.
Queremos estudar o clientelismo porque ele está em tensão com nossos valores. A análise racional, que um senso comum ilustrado pode fazer tão bem ou melhor que um especialista, é uma arma cognitiva que usamos para “reduzir a complexidade” (ou o poder, diria Foucault em vez de Luhmann, ) de algo que o mundo nos põem em relevo, ou seja, em estado de destaque, positivo ou negativo, com nossa visão de mundo e com nossa “estadia no mundo”.Vivemos, nosso corpo e nossa identidade, em ameaça diante do mundo, na medida em que não somos o mesmo que ele, que vivemos em tensão com sua ordem. Na história humana, boa parte dessa tensão deve-se aos impasses entre o mundo “como ele é” e os valores morais que ganharam nossa adesão. Precisamos então saber quais os valores que nos põem em tensão com o mundo do clientelismo.
Essa pergunta deve focar antes de tudo a visão global de mundo, pelo menos na política, que o clientelismo contraria. Falar disso não é algo menos importante, por a princípio tratar somente de algo que já está dado, que não tem a ver com o futuro e as mudanças. Quando não falamos sobre nossos valores esquecemos as condições necessárias para que alguém os pratique e os leve a sério. Assim achamos que eles são universalmente bons para todos. É por não sabermos justificar os valores que o relativismo ganha tanta força hoje; que cientistas sociais tenham o cinismo de defender o “respeito à diferença” com o clientelismo.
O clientelismo trai uma visão de mundo politicamente ordenado por pessoas autônomas que podem escolher seus interesses em acordo com uma visão a longo prazo sobre sua comunidade, mais ou menos inclusiva, como a comunidade nacional ou a de classe. A democracia só faz sentido como algo, ainda inexistente, que imaginamos para o dia em que as pessoas puderem, no mínimo, votar com autonomia, a começar pelo sentido primário de não “escolher com o estômago”. Nesta prisão à urgência, em interesses cuja relevância obedece à privação de alimento para uma pessoa, ninguém pode ser autônomo, nem mesmo votar com autonomia.
Autonomia é sempre o ato de “nomear”, de se apropriar de algo pelo nome, dominando uma certa linguagem, de modo a mostrar seu caráter político, advindo da arbitrariedade da força, e propondo uma “reavaliação” da própria ordem. Nesse sentido, a educação é tudo sem o que não se tem mais nada, e vencer os obstáculos a uma educação que favoreça à escolha consciente começa por abolir a fome, como pensa o Governo Lula, e que o faz muito superior ao de FHC. Se, como Vitor e Renato propuseram, a desvinculação de um patron significa que o Bolsa Família não é clientelista e logo permite uma liberdade de escolha na vida política, é somente na condição de que as pessoas de fato se acostumem com o regime de alimento garantido, e tenham na vida cotidiana a “segurança alimentar”. Se matar a fome deixa de ser uma preocupação, a escolha política sobre a vida torna-se possível, livre da prisão à mera sobrevivência. Certamente, quanto maior for o consenso político em torno do Bolsa Família, mais ele tem chances de atingir sua meta de “libertar o povo”, de tornar cidadãos os filhos ou netos dos que hoje votam no Lula porque ele é a certeza do Bolsa Família. Não há nada mais justo do que esse motivo, mas nada menos opressor também. Entre comer e escolher qualquer outra coisa a não comer não se pode escolher senão comer, caso ainda se lute por ficar vivo. Ai não há autonomia.
E quando dizemos que os interesses imediatos não devem ser menos legítimos do que os de longo prazo, esquecemos que a possibilidade de ter os de longo prazo é o que diferencia um pobre sem futuro na vida de nós que gozamos o presente sem nos reduzir a ele e que assim lançamos nosso valor num futuro. Há uma concepção de homem, junto com nossa visão de mundo, que nos faz enquadrar alguém que vende votos como alguém que não pensa no futuro e por isso mesmo valendo menos do que os que pensam e agem em vista dele. Talvez a duração e a melhoria do que é hoje o Bolsa Família, possa, a longo prazo, trazer uma segurança alimentar mínima, para que famílias planejem a vida antes de ter que defendê-la da fome e da subnutrição. Para isso é indispensável fazer o que Fábio Wanderley Reis queria dizer com “democratizar o clientelismo”, ou seja, fazer dos pobres clientes permanentes de um Estado Providência que cumpra a função de criar condições para que futuras famílias se formem no contexto precário e predatório, onde as solidariedades mais contextuais em torno dos interesses mais decisivos da vida, que dão sentido a qualquer solidariedade política mais ampla, não se estabilizam.
domingo, 22 de junho de 2008
Clientelismo e Políticas de Transferência de Renda (cash transfer)
Renato Barreto
Vitor Peixoto
Com a intensa incorporação das massas na participação eleitoral, nos países chamados da “Terceira Onda de Democratização”, muitos analistas voltaram suas atenções aos aspectos do que denominam “qualidade da democracia”. Nesse contexto, as relações entre representantes e representados passam a ser um objeto privilegiado.
O clientelismo tem sido, por décadas, um dos temas mais polêmicos das ciências sociais. Pesquisadores de diferentes linhas interpretativas produziram uma grande quantidade de trabalhos, sempre marcados por fortes divergências que começam na conceituação do fenômeno, se aprofundam na identificação das explicações e, por fim, tornam-se inconciliáveis quanto ao julgamento de seu papel nas sociedades contemporâneas.
As divergências são tão intensas que, ainda na década de 70, Kaufman afirmava diante da variedade de conotações presentes na literatura abarcadas como clientelismo: “a primeira tarefa para os estudiosos da área deve ser identificar quais práticas sociais não são clientelistas” (Kaufman, 1974:285). Há vantagens em assumir essa sugestão, pois analisando as práticas que são consensualmente consideradas “não-clientelistas”, é possível identificar os elementos que por oposição devem constituir as práticas clientelistas.
Para tanto, optou-se por escolher como exemplo de prática “não-clientelista” o programa “Seguro Desemprego” do Governo Federal, instituído em 1986. Trata-se de um benefício integrante da seguridade social, que posteriormente fora recepcionado pelo art.7º dos Direitos Sociais da Constituição Federal e tem por finalidade prover assistência financeira temporária ao trabalhador dispensado involuntariamente. O valor do benefício é proporcional aos três últimos salários recebidos e ao tempo trabalhado. O trabalhador pode receber até cinco parcelas mensais de igual valor.
Partindo da premissa de que uma das características mais comumente atribuídas às relações clientelistas é a conceção de recursos públicos de forma individulaizada, deve-se considerar a seguinte questão: por que um programa como o seguro desemprego não é taxado de clientelista e outros dois programas também caracterizados pelas transferências de recuros públicos a indivíduos (cash transfer), como o Bolsa Família e o Cheque Cidadão, são. Afinal, quais são as diferenças e semelhanças entre esses três programas? De que modo é possivel, por meio de análises comparativas, avançar nos estudos sobre o clientelismo?
Inicialmente, descreveremos as principais características e aspectos do Seguro Desemprego que fazem dele uma politica social “não clientelista”, para depois compará-lo com os dois outros programas:
(1) O seguro desemprego é um exemplo de politica “redistributiva” (Lowi, 1966:02), ou seja, beneficiam amplas categorias de indivíduos cuja a assistência se vincula a padrões legais mais amplos.
(2) Possui característica universalista, ou seja, não realiza uma distribuição particularizada de recursos. Isso significa que, uma vez definidos os critérios, todos os indivíduos que preenchem os requisitos são automaticamente atendidos. Diferente das relações clientelistas, que necessitam estabelecer uma noção de privilégio, se o cliente não for agraciado com alguma benesse que lhe confira um status diferenciado, não há razão para o patron reivindicar em retribuição apoio politico, tampouco motivo para o cliente efetuá-lo. Assim sendo, a seletividade da distribuição é uma condição sine qua non para que se classifique uma política como clientelista – porém, não suficiente.
(3) As regras do programa são claras e públicas, sendo o atendimento ordenado por procedimentos rigorosamente estabelecidos em lei e comprovados por meio de documentos oficialmente reconhecidos. Não existe viés de seleção para identificar os contemplados. O benefício do seguro desemprego é percebido pelo trabalhador como um direito, como um auxílio que está inscrito dentro de suas prerrogativas de contribuinte e que é amplamente reconhecido dessa forma.
(4) A par disso, para requerer o seguro é preciso se dirigir até uma agência bancária federal e simplesmente apresentar os documentos. Isso significa que é muito improvável que uma relação com normas rigorosamente impessoais seja manipulada por algum patron, até porque os procedimentos necessários para obtenção do recurso são realizados em ambientes onde os discursos políticos estão ausentes, impedindo que o pacto clientelista seja efetivado.
(5) Além disso, o benefício é temporário, não sendo possível manipular sua permanência ou interrupção.
Estes aspectos do programa Seguro Desemprego inviabilizam sua captura por práticas clientelistas, primeiro porque impedem que o patron manipule a distribuição dos recursos encoberto pela opacidade das regras de distribuição tão característica dessas modalidades de relações sociais. Segundo, porque inviabilizam ações de natureza coercitivas, visando a punir desertores que não contemplem o patron com apoio político.
Por fim, estabelecido os aspectos do programa Seguro Desemprego, que fazem dele um tipo de politica social “não clientelista”, é preciso agora apresentar quais as características de uma dada relação social permitem classificá-la como clientelista.
O Bolsa Família começou com a unificação de vários programas do Governo FHC, como Bolsa Escola, Auxílio Gás, entre outros. Já o Cheque Cidadão começou no Governo do Estado do Rio de Janeiro, pelas mãos da primeira-dama, Rosinha Matheus.
Os dois são programs de cash transfer, mas o que poderia diferenciá-los?
Como vimos na descrição do Seguro Desemprego, existem dois fatores chaves para que uma política possa configurar clientelismo: seletividade da inclusão-exclusão dos beneficiários e a forma como é realizada a distribuição dos recursos. Se pode haver algum tipo de coerção, viés de seleção ou qualquer desvirtuamento do gênero com efeitos sobre o processo eleitoral, quem tem o poder de fazê-lo são aqueles que cadastram e distribuem.
A maior inovação do Bolsa Família foi exatamente nesses dois aspectos – um misto de centralização administrativa e descentralização distributiva. Ou seja, o Governo Federal controla todos os critérios de inclusão e exclusão do programa (definição de regras), formas de pagamento, valor dos benefícios, etc. Entretanto, transfere às prefeituras municipais o cadastramento dos beneficiados e a distribuição dos cartões.
As Secretarias Municipais de Assistência Social ficam entre os beneficiados e o Governo Federal. Cabe a este último fiscalizar e auditar esses processos, mas a execução está em poder das prefeituras. Aqui reside a grande quebra da resistência da oposição com o Bolsa Família, pois as localidades mais beneficiadas são majoritariamente administradas por prefeitos de partidos da oposição ao Governo Federal. Em quatro anos do programa, foram repassados às prefeituras cerca de R$ 17,5 bi. Os partidos da oposição (PFL – PSDB e PPS) receberam mais de 37% destes recursos, enquanto as prefeituras do PT, PC do B e PSB (bloco de esquerda da coalizão de governo) administraram apenas 17% desse montante.
Já o Cheque Cidadão não construiu qualquer tipo de controle externo de distribuição. O Governo Estadual controlava todo o processo, desde os critérios até a distribuição. Se existiam intermediários entre os beneficiados do programa e o Governo, eram os membros das Igrejas e os chamados ADL (Agentes de Desenvolvimento Local), nomeados pelo Poder Executivo Estadual. Dois fundamentais grupos de apoio eleitoral do Governador.
Ambos os programas são redistributivos. Entretanto, o processo de distribuição é a característica mais marcante que os diferencia, pois aqui é que surge a possibilidade de manipulação através da seleção dos beneficiados. Enquanto a distribuição do BF é realizada pelos departamentos de assistências sociais dos governos locais, o CC era distribuído pelas Igrejas e ADL’s. Ou seja, neste último, o dinheiro público era entregue a entidades que não receberam qualquer mandato popular, foram escolhidos porque eram aliados do governador e 85% das entidades que repassavam os recursos eram igrejas evangélicas. Houve ainda várias denúncias de uso eleitoral do programa, como o episódio ocorrido em Campos nas eleições de 2004, quando, dois meses antes das eleições, o governo de Rosinha Matheus iniciou o cadastramento de eleitores para o programa.
Conceitualmente, pode-se até afirmar que a diferenças entre os dois programas são tênues. Entretanto, por meio de uma análise um pouco mais acurada, percebe-se diferenças cruciais entre o Bolsa Família e o Cheque Cidadão.
O simples fato de terem conferido dividendos eleitorais aos governos que os implementaram não é suficiente para colocá-los dentro da mesma categoria. Afinal, democracia é o sistema em que indivíduos escolhem aqueles que podem melhor lhes beneficiar, portanto, presume-se que o fazem com liberdade de escolha.
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Brasilidade e Negação de Conflitos: Analisando a nossa Identidade II
Continuando a série "Analisando a nossa identidade", iniciada por Brand, quero falar um pouco da relação que o conteúdo específico disso que há muito conhecemos como brasilidade tem a ver com a negação tanto teórica quanto prática, seja na academia ou na política, do significado dos conflitos sociais. Venho analisando desde minha monografia de graduação, o que resultou na publicação de meu livro "O Brasil-nação como ideologia" (Annablume, 2007), que o conteúdo específico do mito nacional brasileiro consiste exatamente na negação do peso que os conflitos sociais exercem em qualquer formação cultural. Desde o início oficial do Brasil, com nosso "patriarca" da independência José Bonifácio, montou-se para o brasileiro a identidade de povo naturalmente bom e hospitaleiro. Tal personalidade dócil, fruto da mistura espontânea de três raças, seria superior à qualquer outra no mundo não por esta isenta de sofrer conflitos, algo inerente à toda sociabilidade humana, mas sim por saber lidar de uma maneira prática e agradável com este. Tal habilidade é o que se sintetiza perfeitamente na figura do malandro, portador por excelência de nosso celebrado "jeitinho brasileiro".
Passando pela sistematização teórica acadêmica, cuja obra de Gilberto Freyre apresenta a versão mais perfeita, e reproduzindo-se em intelectuais contemporâneos, de forma explícita, como em Roberto Damatta, e muitas vezes, o que é pior, de forma implícita, como em muitos outros, nosso mito vem sobrevivendo, tanto mais eficaz em seus perversos efeitos políticos quanto mais invisível e diluído parece. Um mito coletivo, definido como um conteúdo cognitivo e emocional específico que atribui a sensação de singularidade a um grupo social, não sobrevive apenas como idéias soltas no ar, que passam por exemplo na televisão. Ele é praticado desde o início na vida comum e obviamente na política. É um traço fundamental dos imaginários sociais modernos, que substituem as narrativas religiosas da antiguidade, a percepção de singularidade e autenticidade, ou seja, a doce sensação que temos de ser únicos no mundo, e mais do que isso, o povo mais interessante e atraente. Variando no conteúdo específico dos mitos nacionais, cada nação de algum modo vivencia esta experiência. No entanto, o que desejo ressaltar como prejudicial em nosso caso (não que não haja problemas com os outros mitos, mas aqui só posso falar do nosso agora) é que seu conteúdo resume-se exatamente na negação de algo que não pode ser esquecido na vida política: o conflito latente a toda relação social.
Os efeitos desta nossa especificidade podem ser vistos empiricamente tanto na dimensão da política nacional quanto na local, cujo material campista é rico não de agora. Ao compartilharmos uma narrativa coletiva que nos faz crer que somos bonzinhos, nunca brigamos com ninguém, sabemos levar tudo na "macieira", e todo este tipo de baboseira que o brasileiro pensa sobre si mesmo, acabamos nos sentindo sempre vítimas e procurando lançar a culpa no outro. Como não podemos esperar que outro povo resolva por nós, o outro culpado acaba sendo na maioria das vezes o Estado. Se há algo errado o problema é dele, e se alguém tem que resolver, quando não se espera por Deus, cujos desígnios não se pode questionar, e assim atribuir-lhe culpa (algo não só brasileiro) resta o Estado como demônio e bode expiatório. Não é outra coisa que sustenta implicitamente a tese ainda forte entre nós, dentro ou fora da academia, do patrimonialismo. Apostar todas as fichas no aperfeiçoamento de instituições democráticas é uma expectativa que não possui outra origem.
No geral, trata-se de uma identidade que se crê portadora de habilidades especiais para acordos. É verdade que o mundo presencia hoje uma era de escuridão, como tentei dizer em texto anterior, onde impera uma lógica de acordos. Mas no caso brasileiro, a presença da idéia de que isto é por excelência a nossa especialidade, expressa muitas vezes de forma bem intencionada na sentença de que o brasileiro supera com dignidade suas dificuldades, faz com que naturalizemos e jamais admitamos a necessidade de se entender os conflitos em nossa vida política. Enquanto isso agimos conflituosamente o tempo inteiro, mas jamais admitindo isso, se pensando como bonzinhos que precisam de ajuda. Tal personalidade cultural não poderia resultar noutra coisa senão numa passividade política, o que explica a ausência da tão evocada "vontade política" do Estado e a "alienação" do povo, como se este pudesse simplesmente querer tomar atitude e acompanhar de perto os assuntos de interesse coletivo. Isto para o brasileiro significaria uma verdadeira crise de identidade, deixar de se acreditar como povo mais gostoso, bacana e gente boa do mundo. Os efeitos políticos que esta identidade aparentemente tão maneira acarreta podem ser pensados também contextualmente em relação ao lugar do Brasil no mundo. Enquanto importamos conhecimento e tecnologia, exportamos os corpinhos deliciosos de nossas pré-adolescentes nordestinas, mas isso já é assunto para outro texto ainda sobre nossa identidade.
Cesta Cultural - Toninho Horta
A entrada e franca.
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Divulgando - Protesto Animadores Culturais
Panelaço da Animação Cultural - 24 de JUNHO
Os animadores culturais da SEEDUC/CRNF1 realizarão no dia 24 de junho de 2008, às 11h no Largo da Imprensa em Campos dos Goytacazes, o ato público “Panelaço da Animação Cultural”. O objetivo do intento é mobilizar sociedade civil e denunciar as mazelas profissionais que a Animação Cultural vem sofrendo ao longo de quinze anos de anima (alma) e ação cultural, bem como os baixos salários e o descaso do atual Governo Estadual.Lutam pelo reconhecimento profissional imediato: incorporação e criação de cargo para concurso público.
Lembremos que carta aos educadores remetida em campanha pelo então governador Sérgio Cabral, garantia a legalização da Animação Cultural. Mais do que um ato público, o “Panelaço da Animação Cultural” é um alerta para os governantes de que educação se faz com qualidade e vontade política.
Pegue a sua panela e ecoe o “barulho” da sua indignação.
Contamos com a presença de todos.
Mais detalhes aqui: http://www.animadoresnf1.blogspot.com/
Portal Roda Viva - Memória do programa
Divulgo informe do pessoal do Laboratório de Jornalismo de Unicamp em que é apresentada a grata notícia de que está sendo disponibilizada ao grande público a memória de um dos melhores programas de entrevistas do Brasil, o nada insignificante "Roda Viva" produzido pela TV Cultura de São Paulo.
É tradicionalmente a melhor opção contra a tradicional imbecilização dos blockbusters apresentados pela Venus Platinada nas mornas noites de segunda-feira justamente por termos o desfile de intelectuais, artistas e políticos com perguntas inteligentes dos jornalistas convidados. E agora podemos contar com a leitura destas entrevistas sem edição... possivelmente mostrando que há informação pujante e confronto para além das páginas amarelas daquele famoso hebdomadário nacional.
Eis o comunicado e boa leitura:
Veja no endereço http://www.rodaviva.fapesp.br o projeto "Memória Roda
Viva", uma iniciativa conjunta do Labjor/Unicamp, Fapesp, Fundação Padre
Anchieta e Nepp/Unicamp que disponibilizará, na íntegra, todas as
entrevistas feitas pelo programa "Roda Viva" da TV Cultura. O programa,
no ar desde 1986, apresenta semanalmente entrevistas com personalidades,
brasileiras e estrangeiras, de diferentes áreas e tendências
político/ideológica, com total liberdade de opinião e de escolha dos
entrevistados e entrevistadores, só possível numa emissora pública como
a TV Cultura, o que transformou o "Roda Viva" num importante painel do
pensamento contemporâneo. O projeto prevê, além de finalizar a inclusão
de todas as entrevistas feitas nesses 21 anos, a atualização constante
do site com as novas entrevistas, e tem como objetivo disponibilizar o
conteúdo - textos integrais acrescidos de verbetes, referências, fotos e
pequeno vídeo - possibilitando acesso livre para pesquisadores,
estudantes e interessados em geral, num sistema de fácil navegação.
Objetiva-se, também, criar um registro importante da história recente,
assegurando sua preservação definitiva.
Enquanto isso em Macaé: criado o Conselho Municipal de Inovação, Ciência e Tecnologia
Link aqui para o Jornal da Ciência:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=56739
Inclusive recomendo expressamente que os(as) interessados(as) em acompanhar a produção da Ciência nacional façam a assinatura do newsletter do pessoal do Jornal da Ciência. É inegavelmente democrático trazendo clippings de notícias de praticamente todas as áreas de produção de conhecimento no Brasil.
Divulgando em tempo: último dia da Semana de IC, Pós e Extensão da UENF (programação)
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Al Gore anuncia apoio a Obama
Abaixo a mensagem distribuída pelo comitê do Democrata. Como não poderia deixar de ser, aproveita para pedir apoio financeiro também.
"Dear Friend,
A few hours from now I will step on stage in Detroit, Michigan to announce my support for Senator Barack Obama. From now through Election Day, I intend to do whatever I can to make sure he is elected President of the United States.
Over the next four years, we are going to face many difficult challenges -- including bringing our troops home from Iraq, fixing our economy, and solving the climate crisis. Barack Obama is clearly the candidate best able to solve these problems and bring change to America.
This moment and this election are too important to let pass without taking action.
That's why I am asking you to join me in showing your support by making a contribution to this campaign today:
https://donate.barackobama.com
Over the past 18 months, Barack Obama has united a movement. He knows change does not come from 1600 Pennsylvania Avenue or Capitol Hill. It begins when people stand up and take action.
With the help of millions of supporters like you, Barack Obama will bring the change we so desperately need in order to solve our country's most pressing problems.
If you've already contributed to this campaign, I ask that you consider making another contribution right now. If you haven't, please take the next step and own a piece of this campaign today:
https://donate.barackobama.com
On the issues that matter most, Barack Obama is clearly the right choice to lead our nation.
We have a lot of work to do in the next few months to elect Barack Obama president, and it begins by making a contribution to this campaign today.
Thank you for joining me,
Al Gore
LIVE TONIGHT -- 8:30 p.m. EDT: Watch streaming video of Al Gore and Barack Obama at a rally in Detroit, Michigan:"
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Eurocopa 2008: quando a bola carrega mais do que ar
No entanto, mesmo que isso seja uma característica geral do futebol, há momentos em que ela se intensifica, nos quais a alma belicosa que dorme calma dentro do “Fair Play” mostra um pouco mais as suas garras. O estado de tensão normal de uma partida de futebol se altera quando conflitos extra-campo tomam corpo na partida. Quem não se lembra do duelo entre Argentina e Inglaterra com um gostinho de vingança da guerra das Malvinas, ou o confronto recheado de tensão entre E.U.A. e Irã na copa do mundo de 1998. Assim como esses outros campeonatos, parece que a Eurocopa 2008 poderá também ter essas batalhas em que a bola carrega mais do ar, corre cheia de raiva, humilhação, ressentimento, desejo de vingança e ás vezes até de morte.
Na década de “70”, o “boom” da construção civil em São Paulo exigiu um contingente de mão-de-obra que não poderia ser suprido pelos trabalhadores locais, o resto desta história todos nós já conhecemos, uma migração em massa de nordestinos para São Paulo. Nesta mesma década de “70”, o processo de reconstrução da Alemanha gerou um fenômeno parecido, e neste caso, os alemães também tiveram seus “nordestinos”. Ocorreu neste período uma massiva migração de turcos que vinham para trabalhar na construção civil. Esse processo criou uma via de migração entre esses países, fazendo com que hoje Berlim esteja entre as cinco maiores cidades turcas do mundo. Com o tempo os turcos se estabeleceram no comércio, com vários estabelecimentos, em especial com restaurantes em que vendem seus deliciosos sanduíches, os Dönner Kebab. Em Berlim eles estão em todo canto, nós bairros dominantemente turcos como Kreuzberg, Neuköln e Wedding, não é raro ver letreiros escritos em turco e alemão. Contudo, nem de longe isso significa que os turcos estão integrados na sociedade alemã. Um forte choque cultural com posições endurecidas de ambos os lados, aliado a velha dificuldade teutônica de lidar com estrangeiros, geraram uma forte tensão nesta relação. Existem “turcos” de várias gerações na Alemanha que não são considerados alemães nem legalmente e muito menos socialmente. A negação de reconhecimento social, essa dinâmica social que pode ser chamada de uma “fábrica de ódio”, pode entrar em campo, e por conseqüência, entrar também nas ruas na próxima fase da Eurocopa.
Existe uma possibilidade (agora remota com a derrota da Alemanha para a Croácia) de Turquia e Alemanha se cruzarem na segunda fase da Eurocopa. Essa possibilidade é suficiente para deixar as autoridades, e principalmente a polícia alemã em alerta. O aumento de ataques de grupos neonazistas a estabelecimentos comerciais turcos só incrementam a tensão existente. Os turcos, por seu lado, que se sentem alvo de preconceito por parte da sociedade alemã, podem enxergar esse jogo como uma chance, mesmo que “quixotesca”, de se vingar das humilhações que se sentem atingidos. Temos aí um conjunto de fatores perigosos. Resta torcer que Martinho Lutero e Maomé segurem os ânimos de seus amados filhos, porque, caso esse jogo aconteça, essa bola carregará bem mais do que ar, rolará ela inflada de tensão social, esse combustível inflamável que pode explodir a qualquer momento.
terça-feira, 10 de junho de 2008
Analisando a nossa identidade
Muitos autores tem nos falado sobre a capacidade de grupos sociais serem reflexivos sobre a constituição dos valores e práticas que orientam o desenvolvimento interno de sua sociedade. Teríamos nós a capacidade de transcender nossos limites enquanto sociedade através de um aprendizado social que certamente passa pela avaliação das bases que orientam nossa ação. Nesta proposta contribuem muitos autores, desde o filósofo Charles Taylor, como também o sociólogo Norbert Elias, este último que metaforicamente colocou sociedades no “divã”. A partir disso, tomo este post como um convite a esta tarefa, na qual possamos debater e refletir sobre aspectos que compõem o que somos nós enquanto sociedade, na esperança que isso contribua para o desenvolvimento da mesma. Lembrando que, a palavra “Desenvolvimento” é tomada aqui no sentido amplo do termo, porque parece que o economicismo que cega a maioria de nossas análises, toma a palavra desenvolvimento como algo automaticamente relacionado à economia. Nesta lógica tacanha, “desenvolvimento” reduz-se a trazer empresas, gerar empregos, aumentar a arrecadação dos Royaltes e etc. Por isso vimos um anônimo aqui postar que se os recursos investidos na UENF fossem investidos nas indústrias locais, trariam mais desenvolvimento para Campos. Essa postura de naturalização da ordem de valores vigentes nos torna incapaz de tecer aquilo que o filósofo Charles Taylor chama de “avaliações fortes”, ou seja, aquelas avaliações sobre as bases que conduzem nossas ações e mesmo de quem somos nós.
Enfim, o blog “Outros Campos” pretende com isso contribuir com a tarefa iniciada pelos blogueiros da cidade, ou seja, a ampliação dos debates e conseguintemente a ampliação da capacidade que nós temos em nos avaliar enquanto sociedade.
domingo, 8 de junho de 2008
No meio da cidade tinha um muro, tinha um muro no meio da cidade
O muro de Berlim está longe de ser uma cicatriz na história da Alemanha, o muro é ainda uma ferida aberta no coração da Alemanha, a qual sangra aos borbotões. Ambos os lados tem dificuldades de se reconhecerem como uma nação. Os “ossi”, como são chamados pejorativamente os alemães orientais, são na maioria das vezes vistos pelos alemães ocidentais como um fardo pesado o qual eles têm que carregar. Parte dos ocidentais, se vêem como aqueles que devem pagar a conta de um sistema que eles não construíram e deu errado. Preconceito, ressentimento e quase 50 anos de socialização em modelos de mundo muito diferentes ainda são barreiras muito fortes a serem superadas. Depois da festa da reunificação, regada a muita cerveja e salsicha, ficou uma ressaca que parece ser interminável.
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Tempos de Escuridão e a Cidade das Luzes
A interpretação dominante na academia brasileira e mundial, refletindo o senso comum de nossa época, é que presenciamos uma era de fim da história em amplo sentido. Tanto politicamente, com o fim de grandes movimentos políticos contestatórios à ordem capitalista vigente, quanto moral e ideologicamente, com o fim de formas de pensamento contestatórias aos princípios da modernidade global que reproduzem e são reproduzidos pela ordem política. Este diagnóstico não está errado. O que me parece curioso e pretendo criticar neste contexto é a força de desistência que parece sondar a todos nós, cooptando até mesmo homens de fé, acadêmicos, políticos, ou alguma combinação entre estes, que aos poucos vão sucumbindo diante de um diagnóstico que subliminarmente impõe o raciocínio conservador de que o mundo não tem mais jeito.
Termos como complexidade, fluidez das relações, crise moral, crise histórica, fragmentação, novos desafios, etc, apresentam-se cada vez mais vagos, e tanto mais quanto aparecem juntos, falsamente articulados, em função de uma suposta interpretação da realidade mundial contemporânea, o que os torna mais obscurecedores do que esclarecedores. Diante de um parecer de tantas dificuldades e de um mundo supostamente mais fragmentado do que antes, aos poucos vamos desistindo de entender um mundo tão “complexo”.
Quero ressaltar que o que está por trás de tanta complexidade é algo muito simples: o fetiche da complexidade é fruto de uma era de escuridão. A escuridão intelectual é exatamente a dificuldade de precisar os motivos dos dilemas sociais contemporâneos. Tal escuridão reflete-se também na vontade política. O que vivenciamos hoje neste aspecto é uma era de acordos e não de conflitos. Não estou pregando nenhuma violência aqui. Costumamos confundir qualquer atrito com agressividade, algo bem típico de nosso imaginário conservador brasileiro, baseado em nossa identidade fantasiosa de conciliadores de opostos e habilidosos para a resolução de conflitos. Mas não se trata só de Brasil, neste caso. A era de acordos é mundial, como consegue perceber limitadamente a idéia de fim das utopias.
Em Campos, cidade tão orgulhosa de ser a terceira do país, se não me engano, a ter luz elétrica, parece que a obscuridade toma contornos pesados. Não é por acaso que se contenta com tais feitos históricos que não passam de fetiche vazio e, pior do que não servir para nada, são conservadores, pois tiram o foco dos problemas sociais que devem ser pensados. A dificuldade política enfrentada neste momento em Campos reflete um momento maior, ou seja, toda esta era de acordos que marca o mundo de forma mais intensa a cada dia que passa.
Tenho sentido, ao acompanhar os debates recentes no blog, principalmente em torno das entrevistas que realizamos, a ansiedade, muito justa aliás, por propostas concretas para o contexto político. Se é para propor, então vamos lá. Acredito, assumidamente iluminista, no sentido de jamais desistir da capacidade de interpretação do mundo e da força que isto pode exercer sobre a ação social, que propostas abstratas fazem parte de propostas concretas. Na verdade, são propostas mais profundamente concretas. As entrevistas de Caxinguelê e Sarmet deixam clara tal possibilidade. O tema da coerência de projetos e da transparência é comum. O que isso significa? Sem pessoas de fé, que acreditem em valores democráticos e universais, não temos nenhuma prática de coerência e transparência. Este tipo de gente é o que acredito ser, bem como os demais membros do blog.
A perda da fé, ou seja, a perda da intenção em acreditar na possibilidade de interpretação e articulação de qualquer sentido, algo fundamental para a prática política em qualquer contexto moderno, é exatamente o que se perde nos tempos de fim da história ou fim das utopias. O que proponho significa intervenção política prática e imediata. Isto por que quando pensamos corajosamente sobre a realidade social, sofremos de imediato um incômodo. A marca do pensamento crítico é a inquietação, é sentir embrulhar o estômago diante da realidade observada. Esta é a verdadeira marca do progresso, pois quando realmente nos incomodamos não conseguimos ficar parados.
Um último ponto é que sem a crença em alguma verdade não há avanço político algum. Aqui, o grande problema da Era de acordos é a sutil sugestão de que há várias verdades convivendo juntas, que é preciso espaço pra todas, etc. É difícil imaginar mito mais obscurecedor atualmente, forte aliado da pseudo-teoria de que o mundo é muito complexo. Isto é um pensamento esquizofrênico, pois não há verdade a não ser relacionalmente diante de algo considerado mentira. Assim, minha proposta é o retorno à crença na verdade iluminista universalista, sutilmente perdida em uma era que prega o convívio harmônico entre culturas sem compreender as dificuldades que isto acarreta. Ser universalista é sobretudo isso, compreender por que diferenças, ou seja, verdades inconciliáveis, não convivem harmonicamente.
Este é um texto político, diante da ansiedade de soluções vigente, exatamente por ser um texto sobre fé e verdade. Mas é preciso ficar claro a que verdade se remete aqui. Trata-se da verdade iluminista sobre a contestação, sobre o incomodo pessoal de quem não quer se iludir. Tal experiência é impossível sem a admissão de que o pensamento crítico é aquele que nunca está satisfeito, que por mais que reconheça os avanços do mundo jamais se contenta. Isto nada mais é do que o retorno às utopias.
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Eles estão voltando?
A primeira coisa que se deve ter em mente quando se analisa esse fenômeno, é que ele nada tem a ver com um movimento político organizado, com estratégias e ambições claras de se tomar o poder do país, como foi o nacional-socialismo. Quando falamos em neonazistas, estamos falando de gangues de bairro, ou de pequenas cidades, muitas delas com líderes oriundos de torcidas organizadas de futebol (hooligans), que por vezes tem organizações maiores. Como todas as gangues, têm também suas gangues inimigas (punks e extremistas de esquerda) que, quando se encontram, se engalfinham em conflitos sangrentos. Esses grupos neonazistas são formados em geral por jovens pobres, desempregados e com o nível de escolaridade menor do que boa parte da população. Esses movimentos são muito mais uma expressão da nova tensão social que recai sobre estes jovens, do que um movimento político organizado. Mesmo que bradem pelo nacionalismo e por um anti-capitalismo, podem ser enquadrados naquilo que chamamos de movimentos pré-políticos. A forma com que eles lidam como fracasso na competição do mundo liberal capitalista (não é coincidência que estes movimentos são mais fortes na ex-Alemanha socialista) é encontrando um bode expiatório, ou seja, os estrangeiros.
A herança do histórico nacional de xenofobia é o tempero perfeito para o novo quadro de tensão social que cresce na Alemanha. Com essa mistura, o menü neonazista é formado. Esses jovens deslocados de sua sociedade encontram sua identidade numa resignificação do ideário xenófobo que fez parte da história do país. Com essa resignificação, eles deixam de ser, pelo menos em suas mentes, os jovens fracassados em que o reconhecimento social lhes é negado, para tornar-se heróis que vão devolver a Alemanha para os alemães. Massacrando o seu bode expiatório fogem do conflito interno terrível que os atormenta.
Mesmo não os identificando como um grupo político altamente organizado, não são eles menos perigosos, é devem ser cada vez mais observados pelas autoridades.
Revista Nossa UENF nº 2
Divulgando o segundo número da Revista Nossa UENF mais uma vez muito bem editada.
Puxando a brasa para nossa sardinha, a das ciências sociais, recomendo a leitura da entrevista do professor José Luis Vianna da Cruz. Dentre análises regionais ele nos mostra a relevância da universidade pública em uma região como a nossa sem ser traído pelo fantasma do corporativismo sendo ele mesmo professor da Universidade Federal Fluminense.
Parabéns para a equipe que constitui a Revista! Principalmente por estarem seguindo uma linha editorial própria, inteligente, informativa e com princípios próprios de jornalismo científico.
A Revista é distribuída para escolas, universidades, bibliotecas, gratuitamente. Mas, o download pode ser feito aqui.
terça-feira, 3 de junho de 2008
Entrevista com Adilson Sarmet
1- Neste momento em que vivenciamos de forma generalizada um sentimento de revisão do movimento "Muda Campos", que completa 20 anos de sua eclosão, qual balanço que o senhor faz deste movimento?
Sarmet: Primeiro é preciso frisar que não estamos completando 20 anos de vigência do Muda Campos. Quem dera! O que temos nas últimas duas décadas é o domínio do populismo na política de Campos. Vou relembrar como e por que surgiu o movimento Muda Campos e quanto tempo pôde sobreviver. No final da década de 1980, havia um grupo dominante em Campos que era o grupo que se acumpliciava com a ditadura ou se beneficiava dela. Esse grupo conservador se mantinha alternando candidatos como Zezé Barbosa e, de forma mais light, Rockfeller de Lima, porque ele era um homem de origem popular. O último governo de Zezé Barbosa coincidiu com o momento de esgotamento da ditadura, e a sociedade ansiava por um novo momento para o País. A inquietação era visível não só nos meios intelectuais ou em setores da classe média, mas também nos segmentos populares. Onde você fosse, num bar, num botequim ou numa quitanda, a conversa política se estabelecia. Naquele contexto, alguns setores começavam a desejar um novo modelo político e administrativo para Campos. Eu, particularmente, me envolvi muito e comecei a articular um movimento supra-partidário, que intitulamos Muda Campos. Publiquei um convite na Folha da Manhã a todos os setores interessados na perspectiva de mudança para o município.
- Publicou um convite?
Sarmet: Sim, paguei o espaço e publiquei. Além do convite pelo jornal, fiz convite telefônico a todas as lideranças que eu achava que poderiam dar uma contribuição àquele novo momento, inclusive pessoas ligadas a setores significativamente conservadores, como Raul Linhares, Amaro Gimenes e outros. Na época, conversei com Odilon Martins, então diretor do CDL, sobre a possibilidade de se iniciar um movimento dessa ordem, e ele me ofereceu as instalações da entidade para sede do movimento. Conversando com José Luis Vianna da Cruz, entendemos que deveríamos desencadear uma discussão que não fosse puramente política ou partidária, mas que fosse ampliada para os interesses da cidade. Ele então lembrou que existia um trabalho feito ainda no governo de Raul Linhares, chamado Projeto Cidades de Porte Médio, que era um trabalho técnico, acadêmico, que incorporava todas as grandes questões de Campos. Chamamos, então, as pessoas que tinham participado daquele trabalho para participar no início das discussões. Havia ainda uma inquietação em torno de um novo momento nas associações de moradores, que começaram a se estruturar. Adão Faria era presidente da Famac, a Federação das Associações de Moradores de Campos. Discutimos então um programa para a cidade tendo como ponto de partida os subsídios do projeto Cidades de Porte Médio, que nos parecia o mais moderno naquele momento. Assim foi desencadeado o movimento Muda Campos, que no início não tinha a participação de Garotinho. Quem respondeu à primeira chamada para discussão, pelo PDT, foi Sérgio Mendes, que era membro do Diretório do partido. Só mais adiante, com o crescimento do movimento, é que houve interesse do Garotinho em participar. O movimento crescia, e houve até quem tentasse dar outra conotação a ele, mas nós começamos a dar o caráter político da mudança. Houve pressões políticas muito grandes, a ponto de Odilon ter sido obrigado a retirar o espaço gentilmente cedido no CDL. Então Lenício Cordeiro, da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia (SFMC), abriu as portas da entidade e as discussões foram reiniciadas. A essa altura Garotinho já tinha tido contatos pessoais comigo. Eu tinha insistido na participação dele nas discussões, e ele foi a algumas reuniões. Nessa época, a única possibilidade concreta de mudança estava depositada naquele jovem radialista, eleito deputado estadual com ampla votação nas classes mais baixas e demonstrando grande capacidade de liderança e potencial de crescimento. Mostramos a ele a importância de conquistar a classe média. Na saída de uma dessas reuniões, Garotinho conversava comigo e com Ranulfo Vidigal e falou ‘Ranulfo, olha um ótimo nome para nossa campanha: Muda Campos!’ A campanha agregou todos os setores inquietos com a ditadura e com a política de Campos, agregou fortemente a intelectualidade e a juventude. No plano partidário, fez-se a coligação e fui o candidato a vice-prefeito pelo PSB. Nunca antes se tinha visto em Campos tanta gente boa reunida em torno de um projeto. Discutimos coletivamente as linhas de ação, saiu um livrinho que foi um programa de governo, cada um se apresentava, contribuía, tudo foi democraticamente discutido. Osório Peixoto, um poeta e sonhador, foi um que nos ajudou muito naquele momento. Fizemos uma campanha absolutamente pobre, em cima de um caminhão, com aparelhos de som apenas razoáveis. A assessoria parlamentar de Garotinho também ajudou muito na organização dos comícios, e assim iniciamos um grande movimento. Chamo a atenção que conseguimos encantar até mesmo lideranças do Centro Norte Fluminense para Conservação da Natureza (CNFCN), que são normalmente arredios ao engajamento político-partidário. Uma vez ganha a eleição, Garotinho logo mostrou sua imaturidade e instabilidade. Antes mesmo da posse ele já me propunha que ingressasse no PDT para assumir a prefeitura para ele sair para fazer a carreira dele, articulando a vaga de vice-governador de César Maia, então tido como candidato de Brizola. Eu disse a ele que aquela era atitude profundamente imatura, que ele tinha primeiro que fazer um currículo. Hoje, com a presença das universidades e muito particularmente da Uenf, eu teria quadros técnicos para tocar um governo voltado para o interesse público, mas na época não havia a menor condição. Então, o governo foi montado com políticos da confiança do esquema de Garotinho, mas em todas as secretarias foi agregada gente da melhor qualidade, que não era necessariamente do PSB, mas que tinha afinidade com as idéias de esquerda. Eram petistas de coração, que deram uma grande contribuição ao governo.
Durante dois anos, Garotinho conduziu governo de forma extremamente interessante. Ele mexeu em todas as feridas da cidade. Atuou junto aos assentados de Rio Preto, que estavam abandonados; levantou a questão da cultura; discutiu as questões da educação; implantou os Centros de Qualidade de Vida; melhorou a infra-estrutura da saúde; criou uma ouvidoria popular, para a qual chamou Osório Peixoto. Discutiram-se questões ligadas ao Museu, ao Trianon, enfim, ele começou a trazer o povo mais periférico a participar da administração. Lembro de ter enfatizado isto na primeira prestação de contas do governo. Quando todos falavam nas ruas que tinham sido calçadas, eu disse que o grande mérito do governo era ter aberto a avenida da participação popular. Hoje a gente não tem a clara compreensão porque o tempo passou, mas as mudanças foram extremamente significativas. Houve uma ruptura com o passado. Só que a figura política do Garotinho não foi capaz de compreender que ele era um líder maior que deveria agregar outros líderes para caminharem juntos. Ele começou a tentar manipular e destruir as lideranças que surgiam. Uma delas, só a título de exemplo, foi Fernando Leite. Ele tinha sido eleito deputado estadual, e, percebendo as barreiras que Garotinho criava para o crescimento dele, eu perguntei: E aí, como é que vai o Fernando? A resposta foi assim: doutor, ele é deputado para um mandato só! Ele condenou ali alguém que poderia ser muito útil à sociedade, ele começou a ver seus aliados como adversários. Comigo foi parecido. Embora se sentisse inseguro com minhas posições, ele precisou de mim, lidou comigo, me indicou para dirigir o Hospital Ferreira Machado. Depois de inúmeros fracassos, viabilizei a abertura do Hospital. Àquela altura o grupo que tinha integrado a aliança através do PSB estava no PT. Ele rompeu com aquelas figuras, e se deu o rompimento político. Ali o Muda Campos já estava acabado. De lá para cá, o que houve foi um projeto de governo populista que se vem sem mantendo em cima de figuras díspares, com características diferentes, mas com o mesmo objetivo, seguido pelo mesmo grupo econômico que se beneficia dela e dos mesmos comparsas políticos. Os mesmos de Garotinho, de Arnaldo e de Alexandre, com pequenas variações. Quero me fazer entender: a ruptura de 1988 valeu à pena, mas o que tem que ser rompido hoje é o populismo como projeto para Campos.
2- O Senhor acredita que exista um desejo, e também capacidade, de parte do nosso quadro político atual em operar uma real ruptura com as marcas políticas que o "Muda Campos" deixou? Caso sim, que (quais) grupo(s) poderia(m) fazer isso?
Sarmet: Em primeiro lugar, devo reiterar que não é o Muda Campos que está esgotado. Aquele movimento foi abortado dois anos depois da vitória de 1988, e o que precisa ser superado é o populismo como projeto. Quanto às possibilidades de superação, o desejo da sociedade é tão forte hoje quanto era em 1988. É verdade que a sociedade está menos organizada ou menos motivada nos segmentos populares do que antes, porque as associações de moradores, sindicatos, enfim, os setores ditos organizados foram cooptados e destruídos. Os conservadores continuam, como antes, achando que são formadores de opinião, mas não elegem ninguém. No entanto há uma inquietação popular em todos os níveis, em qualquer segmento, voltando ao que ocorria no final do governo Zezé. As pessoas dizem: o que vamos fazer? Em quem vamos votar? Quando isso vai acabar? Acho que o momento é altamente propenso a uma reformulação política, mas o quadro político local a meu ver é assustador. Infelizmente não vejo perspectiva de que das lideranças políticas atuais surja um movimento capaz de fazer a derrocada deste estado político que se estabeleceu em Campos.
No segundo turno da eleição municipal de 2004, estabeleceu-se já alguma possibilidade de mudança na cidade. Querendo ou não, gostando ou não dele, achando ele bom ou mau político, Carlos Alberto Campista era, pela sua integridade, inteligência e espírito público, uma figura capaz de começar a fazer mudanças radicais no processo político e administrativo da cidade. Infelizmente, ao ter que meter a mão no registro dos recursos públicos que estavam sendo dilapidados de todas as formas, naquele momento a Justiça o tirou de cena, alegando que a candidatura dele teria comprado votos. Eu estranho que a Justiça não tenha compreendido o que todo mundo falava: praticamente todo mundo comprava votos, e se o prefeito foi eleito por um coligação que comprava votos, os vereadores foram eleitos da mesma forma. Isto vale para a coligação vencedora e para a coligação adversária, que tinha sido flagrada com a boca na butija, com os R$ 318 mil apreendidos na véspera da eleição. Pena que a Justiça não tivesse cassado a todos ou, do contrário, tivesse preservado o Campista, que foi o único realmente punido. Pior: punindo ele, abortou-se ali a possibilidade de uma ruptura através de um quadro político. Hoje o movimento tem que surgir da insurreição das bases. O povo, os setores que pensam, os setores que refletem têm que começar a se inquietar e a ver que não temos sequer um vereador para defender as causas populares. Ninguém espera que elejamos um prefeito se não tivermos ninguém que possa repercutir na Câmara. Não há a menor possibilidade. Só se a Justiça, tardiamente, compreender que pode beneficiar o processo político e agir corajosamente cassando todo mundo, de modo que tenhamos uma eleição pobre. Aí, sim, há chance de pessoas de bem se elegerem e começarmos um novo ciclo.
3 - O Senhor foi um dos principais atores da aliança que o PT fez nas eleições de "88", a partir disso o PT tornou a fazer alianças com outros governos campistas, como o senhor encara esta tendência do PT em Campos? Acredita que esta postura pode ter contribuído para o PT não ter a mesma representatividade em Campos como tem no cenário nacional?
Sarmet: No início do Muda Campos, eu era presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que eu tinha fundado ao lado de figuras como Carlos Alberto Campista, Ivete Marins, Adão Faria e Dr. Daniel Pinto Coelho. Antes eu tinha procurado integrantes do PT, desejoso que estava de me filiar ao partido, mas fui rejeitado porque achavam à época que médico não era trabalhador. Eu já era petista de coração, mas tinha ajudado a fundar o PSB e tentamos na época que o PT abrisse mão de seu candidato próprio à eleição de 1988 para formarmos uma grande frente de esquerda com a participação do PT. Felizmente, embora os donos do PT de então não quisessem articular a aliança para derrubar o quadro conservador que dominava a cidade, quase todos os petistas se integraram no movimento Muda Campos. Então, na verdade, o PT e eu já estávamos muito próximos um do outro. Defendemos a aliança, naquela ocasião, e defendemos em diversas outras situações, porque estamos certos de que ninguém governa sozinho, ninguém impõe só o seu modelo. A democracia exige o compartilhamento das diferenças. E foi graças a esse conceito que se conseguiu a eleição de Lula. Agora, vamos à outra parte da pergunta. Ainda no governo Arnaldo Vianna, antes de ele se mostrar tão vulnerável ao que se conceituou com possível corrupção, nós fomos advogados de que o PT pudesse participar com ele do governo municipal. Porque tínhamos em comum um grande adversário, que era a figura do Anthony Garotinho, que nessa época estava absolutamente vivo e forte e com riscos para o município, para o estado e para o País. Essa aliança levou até alguns dos nossos a secretarias, mas não durou muito tempo, porque as alianças que propomos não são de submissão, mas de compartilhamento. Ultimamente, o PT fez aliança com o prefeito Alexandre Mocaiber. Vou analisar essa discussão de forma até cômoda, porque não tenho freqüentado os intestinos do PT já há algum tempo, pois isto tem me causado grande desconforto. Não abro mão de ser petista, mas não tenho compartilhado as discussões. E o que eu vi naquele momento era um governo municipal apodrecido, as pessoas tapavam o nariz, todo mundo falando em corrupção, em dilapidação do dinheiro público. Apesar da fortuna dos royalties, o município estava quebrado. Naquela época, não acho que tenha sido uma aliança. Acho que o PT se ofereceu ao Alexandre, e este até o aceitou, porque via pelos jornais que estávamos só à espera da decisão dele, porque tínhamos ótimos quadros. Não são apenas bons quadros que fazem um bom governo, mas também bom um projeto político, que não existiu. Quando o Alexandre saiu por força da operação da Polícia Federal, parece que o PT aí sentiu o cheiro da corrupção, que saiu no jornal, e não quis mais voltar. Hoje eu continuo a achar que o PT deve fazer aliança.
4- Falando em aliança, o PT local está próximo de fazer uma aliança inédita com o PSDB, como o senhor avalia esta possibilidade?
Sarmet: Com PSDB, acho que é possível. Aliás, sou defensor antigo de que PT e PSDB se aliassem em nível nacional. Se isto ocorresse, não precisaríamos de partidos de aluguel para dar sustentação aos governos. Não haveria mensalão em todos os governos como tem existido. Agora, em Campos o PT e o PSDB podem se entender. Mas não se discutem vias com candidatos no bolso, por melhores que sejam eles, menos ainda se não tivermos os melhores candidatos do mundo.
Por outro lado, há outras possibilidades a serem discutidas. O vice-prefeito de Campos, Roberto Henriques, é um político inteligente. Até que se prove o contrário, é probo, é ousado e tem ambições políticas, embora a meu ver tenha errado, durante seu governo interino, ao nomear figuras carimbadas de Garotinho, como Suledil Bernardino e Auxiliadora Freitas, com todo o respeito às duas figuras. Mas se Henriques for o candidato do PMDB, eu acho que o PT pode discutir uma aliança com ele. Ainda mais agora que ele tem melhores condições de mostrar independência em relação ao Garotinho, ainda que lhe faça uma visita de solidariedade pelas acusações que pesam contra ele.
5- No tempo em que o senhor esteve na prefeitura de Campos, os recursos eram infinitamente menores aos de hoje, tendo em vista esse quadro de "fartura" financeira, em sua opinião, como a próxima prefeitura poderá empregar melhor esses recursos?
Sarmet: Primeiro, eu dou um pirulito a quem souber como são aplicados os royalties atualmente, pois ninguém sabe. O que faz um governo de excelência não é ter muitos recursos, mas sim ter bons projetos, ter quem os execute e ter probidade, responsabilidade, compromisso com a população. Tenho certeza de que se surgir um governo capaz de fechar as torneiras do desperdício, vamos nos transformar em referência nacional, e não da forma negativa como temos aparecido. Não digo um governo que venha a erradicar a corrupção, que é como tiririca, mas que a combata intensamente pelo menos no primeiro e no segundo escalão. Não adianta dizer que está financiando isso ou aquilo. Quando uma fábrica de macarrão que recebeu financiamento fecha, o que ocorre? Não será uma estratégia para retirar dinheiro público de circulação?
Para não se pensar que estamos desanimados, gostaria de estimular cada vez mais a juventude de Campos e todos os que sonham com uma Campos melhor a participar mais efetivamente da inquietação política e da participação partidária. Assim poderemos substituir as velhas figuras já carcomidas e que se sentem saciadas pela corrupção.
6 - Do alto dos seus vastos anos de experiência na política campista, o que falta hoje em nossa política local? Fala-se muito em valores morais, como honestidade e etc., é só isso mesmo que nos falta?
Sarmet: Por falar em valores morais, um dia desses eu entrava num hortifruti e um senhor me saudou enfaticamente, falando bem alto que eu era uma reserva moral da sociedade. Eu retruquei: ‘sou reserva moral, mas estou na reserva’. Quer dizer, os valores morais não podem estar nos discursos. Estamos vendo onde as puritanas acabam. Acho que deve existir um esforço de transparência, de cobrar absoluta transparência do governo. Não estou falando de botar placa numa praça cuja reforma valha X e escrever que o custo é quatro vezes X. Transparência é possibilitar a discussão do orçamento, é o orçamento participativo. Quem vai participar? Todos os setores interessados e organizados. É desse conflito e dessa discussão que vamos encontrar a resposta sobre onde empregar bem o dinheiro público. Agora, ainda sobre valores morais, tenho ouvido insistentemente de pessoas ligadas aos setores populares observações do tipo ‘é natural que eles roubem, doutor, mas não precisava roubar tanto’. Acho que aí está um sinal de valores morais fortemente deteriorados. É uma pena que isso esteja tão forte em nossa sociedade. Mas mesmo assim ainda há os que acham que o roubo não se justifica, e a Justiça no País está melhorando. Por mais que se preocupem, por mais que não gostem, a Polícia está melhorando. As coisas vão melhorar de um jeito ou de outro. Ninguém imagina que a Assembléia Legislativa vá continuar eternamente como tem sido, nem a Câmara Municipal de Campos.