terça-feira, 1 de julho de 2008

Entrevista com Carlos Alberto Campista



Voltamos a nossa série de entrevistas com o uma conversa com o Ex-Prefeito Carlos Alberto Campista. O “Campista”, como é conhecido na política local, é advogado, foi presidente e fundador da FAMAC (Federação das Associações de Moradores de Campos), vereador no período 1988-1990, em que também foi o presidente da câmara dos vereadores, deputado federal 1990-1994 e 1997-1998, sua última participação da política foi como prefeito de Campos no ano de 2005 durante quatro meses.
Avisamos aos nossos leitores que esta entrevista contou com a participação do blogueiro “Xacal” do “A Trolha”.
1. O Sr. foi um dos membros importantes do movimento político que veio a ser chamado de “Muda Campos”. Desde a ascensão deste movimento ao poder, com a eleição de Garotinho em 88, podemos dizer que esse grupo está de alguma forma até hoje no poder em Campos. Como o Sr. avalia esse processo?
Campista: Acho que sim. O próprio Prefeito Mocaiber é de uma geração política que começou com o Garotinho. Avalio que se trata de um processo normal de evolução política e social, onde uma geração substitui a anterior.

2. A eleição municipal de 2004, que o elegeu, foi absolutamente conturbada, tanto que anulada. Não obstante a perda do mandato, o Sr. foi o único que sofreu sanções jurídicas de inelegibilidade. Alguns atores, como Adilson Sarmet em entrevista a esse blog, apontam que sua curta administração na prefeitura foi exemplar, desse modo contrariando muitos interesses. O Sr. acredita que pode haver alguma conexão entre a maneira como o senhor conduziu a prefeitura e as punições seletivas aplicadas pelo Poder Judiciário?
Campista: Conforta-me, sobremaneira, que pessoas da qualidade ética do Dr. Adilson Sarmet tenham aprovado as práticas políticas de minha curta gestão como Prefeito. Significa que essas práticas podem, no futuro, tornar-se a regra e não a exceção. Entendo que “as punições seletivas” a que se refere a pergunta, se devem mais à chamada “judicialização da política”, onde cada vez mais os impasses próprios da política são dirimidos pelo Judiciário, e não pelo povo, a quem, constitucionalmente, cabe o direito de preencher os cargos eletivos.Alguns cargos, como o de Prefeito, não são preenchidos por concurso público, mas providos pela escolha livre e direta dos cidadãos que têm direito ao voto.Então, é de se perguntar, em primeiro lugar: Se mais de 100.000 pessoas afirmam, pelo voto, que querem ser governadas por determinado cidadão, é certo que um outro cidadão, mesmo sendo um Magistrado, diga que essa escolha não é válida? Com que base válida pode-se admitir que “uma vontade” valha mais do que “100.000 vontades”? O que, então, significa o tal Poder Popular, a quem é concedido o Direito, e não o Dever, de preencher determinado cargo público? No caso de Campos, o mais curioso foi que o Judiciário além de haver anulado o pleito, de onde saí vencedor, proibiu-me de candidatar-me novamente na eleição que aconteceu alguns meses depois, em substituição àquela. E o que é pior: Na sentença que concluiu pela anulação (uma peça de mais de 30 folhas) não consta sequer indício, muito menos qualquer afirmação, de que tenha eu, enquanto candidato, cometido qualquer crime eleitoral, ou, de qualquer modo, tenha utilizado qualquer prática condenável na conquista do voto.

3. Qual foram as principais marcas da sua curta administração? E quais foram os interesses contrariados?
Campista: As principais marcas: Administração, transparência e ética. Os interesses contrariados foram os daqueles que não gostam de que o dinheiro público seja administrado com transparência e ética.

4. O senhor acredita que fazer política sem utilizar certos mecanismos clientelistas seria uma ingenuidade, sobretudo na realidade que temos em Campos? É possível enfretar os grupos que estão hoje no poder a partir de uma política em que estes mecanismos não desempenhem um papel importante? Como?
Campista: A definição de “mecanismos clientelistas” é de difícil compreensão. No governo FHC aconteceram os chamados programas sociais, e na época se dizia que isso ajudou a reelegê-lo. Recentemente disseram o mesmo sobre o Lula, com o “bolsa escola” e assemelhados. Nas eleições de 2004, em Campos, a Prefeitura tinha o “vale-alimentação” e o Estado o “vale-cidadão”.Será que tais práticas podem ser consideradas de “mecanismos clientelistas”? – Pessoalmente, acho que não. Num país, como nosso, onde a renda é profundamente concentrada, e a fome uma realidade, o Poder Público pode e deve dar ênfase aos programas sociais que funcionam como uma espécie de distribuição de renda. Dizer que isso tenha o poder de influir positivamente numa eleição, tenho dúvidas, pois se sabem histórias de eleitores que recebem tais benesses de um político e votam no adversário.Acho que aqueles que afirmam que isso influi no resultado da eleição são os mesmos que defendiam antes o ponto de vista que “o brasileiro não sabe votar”.
De outro lado, se “clientelismo” pode ser definido como retribuição, isso é outra coisa. Isso existe, acho, desde os primórdios do Brasil, e realmente pode influir consideravelmente no resultado de uma eleição. A retribuição do favor pelo voto é uma tônica nas eleições proporcionais (vereador, deputado estadual, etc.), mas pouco influente nas eleições majoritárias ( prefeito, governador, etc). Nestas, outros fatores( idéias, perfil e história pessoal do candidato) têm maior peso no resultado. Naquelas, a retribuição vem permeada do fator gratidão, valor que me parece muito caro à história da brasilidade. Lembro-me de uma frase famosa de um Deputado Estadual daqui da região que repetia que “um favor pessoal rende mais votos do que uma rua calçada”. À pergunta como mudar, eu respondo que só quando o eleitor brasileiro, em sua maioria, vier a compreender que o voto é um direito seu e não um dever. Isso será, no entanto, muito difícil enquanto estiver na Constituição que o voto, embora sendo um Direito, é obrigatório. É óbvio que, em sendo um direito, não pode ser obrigatório.

5. Hoje o Senhor está filado ao PT, como avalia os últimos movimentos do seu partido, desde a participação no governo Mocaiber como também a postura do partido frente à próxima eleição?
Campista: Não tenho condições de responder a essa pergunta, porque, ante outros compromissos inadiáveis, não tenho participado das discussões. Mas, por conhecer as principais lideranças partidárias, tenho o sentimento de que as decisões são ponderadas, democráticas e justas.

6. Como ex-prefeito de Campos, quais os principais desafios que o senhor acha que o próximo prefeito de Campos deve enfrentar?
Campista: O maior desafio continua sendo o de saber e de decidir qual a melhor destinação da aplicação dos recursos dos royalties de petróleo, traduzida no melhor benefício à sociedade.

6 comentários:

Anônimo disse...

pífias as respostas...

bill disse...

Já que Royaties é o mote de todo político campista, deveriam empossar o presidente da Petrobrás...

VP disse...

Esperava mais...

Anônimo disse...

Esperar mais de Carlos Alberto Campista???

Putz! Pare o mundo que eu quero descer...

Fabrício Maciel disse...

Ele não entrou em nenhuma polêmica (nós também fomos pouco provocativos nas questões) pois esteve no olho do furacão do momento mais agudo da crise campista recente. As respostas têm pretensões de neutralidade, o que é impossível, como faz um professor tentando se afastar do objeto, semelhante um pouco ao que fez o Sérgio Diniz em sua entrevista neste blog.

Rosalvo disse...

Carlos alberto campista estava apagado politicamente;pois bem ,foi eleito pelo voto popular com prestigios do seu padrinho e a regeiçao do garotinho (naquele omento)e o indispensavel , conclusivo e fundamental apoio de feijo (naquele momento),porem nao discuto a decisao judicial ,mas acho que so o c.a.campista pagou o ''pecado'' e o eleitor confirmou com o voto na eleiçao extemporanea e pagou o preço.