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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Encontro de blogueiros de Campos hoje no Therapia´s

Prezad@s,

Hoje (23 de dezembro - terça-feira), 20 horas, no famoso "Therapia´s Bar" teremos uma primeira e possivelmente divertida oportunidade de encontrarmos parte dos responsáveis pelos blogs da cidade de Campos dos Goytacazes que tanto incomodaram no ano de 2008. E todos "a paisana" e descontraídos como deve ser em um ambiente de botequim.

Além das boas gargalhadas eu, como sociólogo, diria que o evento é demasiado interessante não somente pelo repertório de "causos", piadas e lembranças dos fatos que ali serão discutidos de forma apaixonada nas mesas.

Este será um momento de interação face-a-face em que o potencial crítico dos blogs quanto à esfera pública ganha ainda maior objetividade. Ali no espontaneísmo das animadas conversas, onde indivíduos de diferentes origens estarão se posicionando sem a "proteção" de seus computadores pessoais, que poderemos ver as retrações e proximidades dos projetos de sociedade que são vislumbrados na blogosfera como diria o Vitor Menezes. Sem falar das informações que costumam circular em reuniões pessoais e descontraídas onde não há a censura do texto escrito e publicizado, onde as redes interpessoais desnudam o que está "oculto" nos bastidores de um cidade com tantos esqueletos no armário.

Diria que é uma das oportunidades interessantes para vermos um agrupamento humano tão específico, se assim podemos dizer, interagindo espontaneamente.

De toda forma lhes vejo por lá neste "blogfest" de final de ano!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Sobre botequins, botecos e afins

George Gomes Coutinho

Ao me deparar hoje com o delicioso tema da Rede de Blogs de Campos-RJ não resisti e fui impelido a escrever essas parcas linhas sobre o tema. Botecos, botequins e bares na cidade. Nada mais citadino na nossa sociabilidade moderna.

Campos não tem cafés livres, literários, com uma pequena burguesia pulsante e ávida por novidades da avant-garde pós-nacional. Neste sentido os botequins ocupam um papel central na sociabilidade sócio-política-cultural na planície. É o espaço onde os grandes temas circulam, são discutidos com paixão e, não poucas vezes, onde são alicerçados os arranjos que só são possíveis em reuniões face-a-face. Os botecos e botequins fazem parte desta grande teia fluida chamada “Esfera Pública” onde os fluxos comunicativos encontram vazão e podem redundar em ações políticas, sociais e culturais relevantes para o nosso cotidiano e dos partícipes da cidade.

Nestes termos que me recordo de um determinado jornalista (sic), hoje em baixa, que não poucas vezes maldizia sobre o famoso “Therapia´s Bar”. Amaldiçoava publicamente o espaço e seus freqüentadores, referindo-se ao boteco alvinegro com franca hostilidade, justamente pode este simbolizar ainda algo de subversivo. Talvez mal soubesse ele que justamente ao invés de esvaziar o conteúdo político das espontâneas reuniões do Therapia´s este o reforçava ao trazer a tona o rótulo de um bar de “meio de esquerda e de meio intelectuais” como dizia o célebre Mário Prata. Não compreendia, o tal jornalista, o bem que fez ao destilar sua cólera irascível e uma falsa moral carola.

Na verdade os temas que já pude discutir neste famoso boteco, dos proprietários Assis e Dona Ângela, envolviam a insatisfação com o uso perdulário e irresponsável de recursos públicos, as patologias da sociabilidade campista, a corrupção sistêmica. Enfim, tudo aquilo que justamente representava simbolicamente o que a pena do referido jornalista defendia. Cada momento em que fazia suas ponderações implicava compreender que estávamos do lado correto. Não há legado do jornalista de coleira, lembrando aqui o Xacal, mas o Therapia´s continua.

Todavia não pensem que o botequim seja um espaço eminentemente anômico, sem regras estabelecidas. O boteco, como todo micro-cosmo social, estabelece suas regras tácitas para definir quem serão de fato seus freqüentadores, qual será o repertório das conversas, quais posturas devem ser incentivadas ou rechaçadas. É um espaço de interação social que explica porque determinados agrupamentos urbanos elegem espaço “a” e não espaço “b” para seus conluios. O boteco é um espaço seletivo, reproduz ali as regras sociais macro, e não podemos perder este ponto de partida. Em caso oposto estaremos idealizando esta importante instituição citadina e esquecendo o que de fato é: um espaço não harmônico, contraditório e em certos momentos até mesmo reprodutor de uma lógica agonística.

Prosseguindo, para além do Therapia´s, lamento profundamente que o “Mineiro Maneiro”, ali no “baixo Pelinca”, esteja neste momento fechado. Espero mesmo que retorne pois trazia uma das melhores cartas de cachaça da região, onde fui apresentado à deliciosa Germana, além de um cardápio portentoso, mineiro, com tudo o que esta cozinha tem de mais aprazível.

Por fim não poderia deixar de trazer a tona um boteco não campista.. O bar de Carlinhos Pisca-Pisca onde tive o prazer de fazer um breve e divertido trabalho de campo sobre a sociabilidade dos botecos na praia de Atafona. Este me ensinou esse importante detalhe das regras que se impõem sobre todo e qualquer espaço social. Incluso aí os botecos.

Longa vida aos botecos e botequins. São fundamentais para a Esfera Pública e para as nossas gargantas secas em dias suorentos de verão. Como diriam os alemães: "Prost!".