Mostrando postagens com marcador racismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador racismo. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 9 de julho de 2010



São Paulo para os "paulistas"?




Recebi hoje um email de uma colega de pós-graduação em Sociologia aqui da UNESP-Araraquara e tal como ela fiquei mais indignado do que perplexo. Trata-se de um "Manisfesto São Paulo para os Paulistas". Eis o acesso à página do "manifesto": http://manifesto.rg3.org/. Ainda voltarei a este assunto para proceder a uma análise mais pormenorizada do conteúdo não manifesto desse "manifesto", mas alguns aspectos já podem ser salientados aqui. Trata-se, no que diz respeito à sua divulgação oficial, de um movimento não vinculado a partidos políticos e cuja expressão pública se fundamenta numa imagem dos "paulistanos" como que ressentidos por sua identidade estar maculada pela presença massiva de nordestinos que se arrogam ao direito de serem reconhecidos como cidadãos paulistanos sem prejuízo de sua origem não-paulistana. Curioso é que nas "instruções" aos manifestantes há uma prévia (e pouco convincente) tentativa de dissociá-la de temas como "racismo", "nazismo" e "auto-determinação". No entanto, em relação ao último, há um certo delize (inevitável, claro) dos seus divulgadores: a convocação de uma manifestação para hoje, 9 de julho, feriado civil no Estado de São Paulo em homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932 ou, a depender da perspectiva histórica que se adote, à tentativa de golpe contra o Governo de Getúlio Vargas que havia arregimentado forças contra o pacto oligáquico sob hegemonia paulista. A evocação de tal data que, sem dúvida, mobiliza um senso de pertencimento a uma identidade difusamente denominada "São Paulo" leva a pensar que o falso problema que esses manifestantes querem fazer crer como verdadeiro é que São Paulo faz "fronteira" com o Brasil e isto pesa muito nos ombros dos "paulistanos" ciosos de interesses que, aos seus próprios olhos, seriam verdadeiramente "nacionais". Em suma, tais interesses não seriam dignos de serem partilhados por essa choldra que verdadeiramente carregou (e carrega) nos ombros toda sorte de exploração econômica e sofrimento moral desde o fausto da industrialização em São Paulo. Felizmente, acredito (melhor, espero) que esses manifestantes não sejam representativos da maioria dos cidadãos paulistanos nascidos ou não na cidade ou no estado de São Paulo. Eis o comentário da colega que me enviou o email, postado na página do "Manifesto", que merece ser transcrito, pois nutre nossa inteligência e resgata nossa dignidade:

"Caros manifestantes,

Vocês iniciam seu manifesto declarando que 'Nenhuma Discriminação é mais brutal do que a discriminação contra si mesmo'. Sou obrigada a discordar. Não há pior discriminação do que aquela feita com o outro. É fácil olhar para si mesmo e ver aquilo que se quer encontrar. Difícil mesmo é olhar o outro que é diferente e aceitá-lo como ele é. O nordestino não é estrangeiro, como também está escrito no início do manifesto. É tão brasileiro quanto vocês e eu. E como é fácil responsabilizá-los pelas mazelas sociais que assolam o nosso estado (sim, também sou paulista e paulistana!) e não ao nosso desinteresse pela política gerado pela nossa individualidade e egoísmo. Violência, hospitais lotados, escolas sem vagas, favelas... não são exclusividades do estado de São Paulo, senhores... O país inteiro sofre com isso... o mundo 'emergente' inteiro. Cômodo demais culpar os "baianos" como vi alguém postar aqui. Por que vocês paulistas (tenho vergonha de me assumir como tal do ponto de vista desse manifesto) se acham superiores aos nordestinos? Que base científica, estatística têm os senhores para afirmarem tudo o que afirmam no manifesto? Gostaria de saber.

Em determinados momentos vocês acusam o governo federal de NUNCA ter investido em São Paulo. Senhores... voltem às salas de aula de História, por favor. Isso não é verdade. Vocês apresentam dados que colocam São Paulo como um estado carente de recursos federais... de onde vêm tais dados? Quais as fontes onde vocês pesquisaram para chegar a tais conclusões? Por favor, pesquisem mais, leiam mais sobre política, economia e sociologia. Não sejam arbitrários, não se utilizem do senso comum puro.

O manifesto, tal como está colocado, a meu ver, é sim preconceituoso, beira a xenofobia e expressa algo do que havia na ideologia facista. Cuidado com o que escrevem e postam na Internet, senhores. Ela é democrática, mas o conceito de democracia não traz nele liberdade ilimitada. Existem limites, os direitos do outro, que devem ser respeitados.

Fernanda Feijó - paulista, paulistana, mas antes de tudo Brasileira. Cientista Social de formação, que ama São Paulo, quer ver seu estado e sua cidade desenvolverem-se cada vez mais. Mas que luta, principalmente, por uma BRASIL mais justo e solidário".

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Racismo na UERJ
Numa das poucas instituições sociais pela qual devotamos expectativas positivas quanto ao convívio com as diferenças e à diversidade de pensamento, observamos de tempos em tempos o outro lado da fachada liberal a qual alguns intelectuais, políticos e “celebridades” se apegam e teimam em negar o óbvio: a inefetividade de direitos universais manifestada no racismo de classe que quase sempre se traveste de racismo de cor. Os últimos acontecimentos na UERJ são graves e merecem reflexão. Que os representantes dos segmentos docente, discentes e de funcionários dessa comunidade universitária sejam vigilantes quanto à punição dos agressores. Divulgando o primeiro dos protestos realizados na UERJ:
ATO EM LEGÍTIMA DEFESA
Àquelas e Àqueles que aguardavam, o tempo chegou: Ato em Legítima Defesa a favor da equidade racial e repúdio as agressões raciais ocorridas na UERJ e no em torno.
No horário de Brasília às 17horas terça feira dia 15 de dezembro de 2009.
No Hall do Queijo
Em menos de uma semana agressões racistas ocorreram nesta Universidade. No sábado dia 05 de dezembro de 2009 a Negra estudante do serviço social foi agredida por aluno branco do IME – UERJ que a xingou de Chimpanzé e na última sexta feira dia 11 de dezembro, 3 alunos brancos do curso de FILOSOFIA - UERJ depredaram a sala Abdias Nascimento, sede coletivo Denegrir, a chutes, seguidos gritos ofenderam todas e todos as negras e os negros com as seguintes palavras: “ COTISTAS DE MERDA!, PODER ARIANO, PODER BRANCO, SOMOS BRANCOS POR ISSO SOMOS SUPERIORES E DOMINAMOS TUDO e pichações racistas onde afirma no banheiro feminino: “MULHERES NEGRAS SÓ PODEM TER 3 FILHOS POR QUE O 4º É FORMAÇÃO DE QUADRILHA”.
NÃO PODEMOS DEIXAR ISSO PASSAR EM BRANCO.