segunda-feira, 22 de junho de 2009

Recontagem


No momento em que o Irã experimenta uma grande indefinição em sua sucessão presidencial, talvez seja interessante lembrarmos de um evento ocorrido em 2000 no Estado da Florida nos EUA.

O filme “Recontagem” (Recount, 2000) traz uma descrição bastante razoável das 5 semanas de batalha judicial americana até o desfecho final que todos conhecemos. Mesmo para os pouco afeitos a discussões políticas o filme pode ser aproveitado para um debate acerca dos conceitos de validade e confiabilidade utilizados na metodologia de pesquisa social. Ou mesmo para discutir as potencialidades dos usos e abusos dos contrafactuais.


domingo, 21 de junho de 2009

A quem interessa o conservadorismo


O esforço da mídia hegemônica para deslegitimar o Congresso é a prova de que ela não gosta da Democracia.
Por Tales Faria, do Jornal do Brasil

Sempre gostei do jornalismo investigativo. E nunca fiz coro com aqueles que taxam como denuncismo aquilo que é simplesmente denúncia. E não vejo por que denunciar erros e desmandos em instituições seja uma forma de derrubá-las. Acho que, no mais das vezes, ajuda a aperfeiçoá-las.

Mas lembro muito bem um tempo em que sociólogos iluminados e arautos do conservadorismo defendiam arduamente a tese de que precisávamos parar com as denúncias. Que denuncismos não servem para preservar as instituições. Vi também o PT de um lado do balcão, bradindo o megafone das denúncias e, depois, na época do mensalão, atacando a irresponsabilidade dos acusadores. O mundo é assim, tudo depende de que lado cada turma está. Hoje tucanos e ex-pefelistas do DEM não falam mais em denuncismo. Resolveram bater pesado no Congresso. Como acho que DEM, PSDB e PMDB controlaram a maior parte do tempo o Congresso, especialmente o Senado, não posso deixar de concluir que essas denúncias vão acabar recaindo sobre eles próprios. Aí fico meio sem entender por que, então, insistem.

Para tentar compreender um pouco, resolvi dar um passeio pela internet. Naveguei por comentários dos blogs de política. Nos que reproduzem meus artigos, vi coisas como a do leitor que se assina Helvécio Pinton (hpinton@aurortextil.com.br):
“Há muito tempo defendia a ideia de que só uma bomba de nêutrons consertaria esse país. Começo a achar que, do jeito que andam as coisas, nem várias bombas de nêutrons dariam mais jeito... Estamos definitivamente arruinados em matéria de credibilidade”.

O internauta de apelido Beto (paraty47@bol.com.br) enviou:
“Todos os que criticam o período da ditadura militar lamentam a falta de oportunidade daquele período para os escândalos a que estamos assistindo no Executivo e no Legislativo. O limite do brasileiro é realmente muito grande. Em qualquer país civilizado esse Congresso já teria caído fora. Somos todos bobos porque não sabemos defender a nossa nação. Vivemos de jeitinho e somos conhecidos por isso lá fora. A cadeia está cheia de pequenos ladrões enquanto os grandes ladrões mandam no país. Quem manda concordar que as decisões sejam tomadas em Brasília, um verdadeiro arraial de Festa de São João”.

Vi até coisas como este comentário de Zilnard Carvalho (carvalho-43@hotmail.com):
“Quando Collor era candidato à Presidência, declarou certa vez que o Senado era um ninho de ratos e que iria acabar com isso. Ganhou, com uma avalanche de votos e foi deposto pelas intrigas do próprio Senado que soube comprar as declarações do irmão do Collor e, aproveitando-se da força da mídia, inventou, ensinou e incitou os caras pintadas de verde e amarelo a depor o presidente. Aquilo lá já deu até, como cria, chefe de quadrilha de matadores no Norte e Nordeste. Ali é o verdadeiro ninho ‘de tudo que é furto no país’, que o povo e a mídia, se querem uma nação passada a limpo, devem investigar mais ainda, e não fazer como o senhor Lula, que sempre passa a mão na cabeça deles como fez agora com o Sarney e suas trapalhadas. Será que o povo e a mídia já esqueceram que o Sarney, quando presidente do Brasil, esteve à beira do impeachement? Lembram-se quem, e o que o salvou? Pois aí está. Collor agora é da quadrilha e nós, quando povo, e a mídia continuamos a suar a camisa e fazer papel de palhaço às custas desta camarilha instalada em Brasília. O Brasil não é um país sério, disse um presidente francês. Aqui devia ter a guilhotina como teve a França. E a nossa política devia ser como no Líbano: roubou, perde a mão, estuprou é capado, e assim por diante”.

E veja o que postou o Paulo Fernando da Fonseca (paulofonseca60@yahoo.com.br) sobre artigo de outro colunista de política:
“Caro, improdutivo, escandaloso, portanto, nosso Congresso é de todo desnecessário. Sairia mais barato pagar a esses ladrões para que ficassem em suas bases”.

Pior. Em outra coluna, um internauta, dito Sergio-paulista (smassera@terra.com.br), postou a seguinte pérola:
“Este é o governo que permite tudo, desde que o apoie. Uma bomba H em Brasília resolveria todos os nossos problemas!”.

Bem, em política não há espaço para a ingenuidade. Vale perguntar por que quem resistia a dar eco a qualquer denúncia hoje finge não ouvir gritos de guerra como os dos desavisados comentaristas acima.


sábado, 20 de junho de 2009

I CONFERENCIA LOCAL DE CONTROLE SOCIAL

Prezad@s,

Divulgo com entusiasmo a programação da "I Conferência Local de Controle Social" em Campos dos Goytacazes, RJ, cidade no Norte Fluminense usualmente dotada de somas vultuosas de recursos e baixíssimo nível de "controle social" ou de "controles democráticos" sobre o erário.

Tanto o é que usualmente as ações de maior impacto político na cidade são deflagradas na esteira do que a literatura contemporânea chama de "judicialização da política", o que significa que o aparato judicial do Estado, mediante seu braço repressivo, desbarata e criminaliza práticas nefastas e ilegais contra o bem público. Mas, como venho argumentando, o revés da judicialização é a inércia dos atores atuantes na sociedade civil que tanto depositam sua fé cívica na ação da justiça quanto aguardam, placidamente, que o poder judiciário faça aquilo que deveria ser sua prerrogativa: a fiscalização do Estado e da classe política.

Por tudo isso a ousada tentativa, mais uma vez capitaneada pelo professor Hamilton Garcia de Lima (Laboratório de Estudos da Sociedade Civil e do Estado - UENF), deve ser acompanhada de perto pelos interessados nas tramas ocorridas no espaço público local. Afinal, fóruns e conferências como as que ele tem promovido são vias de injeçao de reflexividade e crítica em um espaço público carente de intervenções de alto nível (vide os miseráveis debates no legislativo local como um dos nossos exemplos mais patéticos).

Em suma, divulguem e prestigiem. Justamente por se tratar de um projeto de extensão universitária podemos ter aí deflagrados aprendizados políticos e gramáticas morais de grande valia para uma sociedade acostumada com dois móveis rastaquera da ação política: a ação carismática de um lado ou o poder sistêmico e instrumental do "dinheiro fácil" no outro.


I CONFERENCIA LOCAL DE CONTROLE SOCIAL

A Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) convida todas as entidades civis organizadas e demais interessados na articulação de um movimento de controle dos poderes públicos locais, a participar da I Conferência Local de Controle Social, que será realizada no próximo dia 24/06, às 18h30, no auditório do IFF (antigo Cefet - Campos), localizado na Rua Dr. Siqueira, 273 - Parque Dom Bosco - Campos dos Goytacazes. O evento contará com a presença de técnicos e representantes de movimentos sociais do Rio de Janeiro, Maringá e Campos, além de um representante da CGU, e fornecerá certificado de participação.


Promoção: PROEX/UENF, PROEX/IFF e FPECCR1

Apoio: CCH/UENF, FENORTE/TECNORTE e ANOREG/RJ2

Coordenação:

Hamilton Garcia (Cientista Político/UENF)

PROGRAMAÇÃO

Abertura:

Silvério Freitas (UENF), Roberto Moraes (IFF) e José Francisco (FPECCR)

Palestrantes:

RONI ENARA

Diretora executiva do ICF - Instituto da Cidadania Fiscal, órgão disseminador e gestor da Rede de Observatórios Sociais, que são entidades da sociedade civil que trabalham em favor da transparência e da qualidade na aplicação dos recursos públicos através do controle e da vigilância social no monitoramento das licitações públicas e de ações de educação fiscal.

DÉBORA SANTANA DE OLIVEIRA

Representante do movimento Rio Como Vamos, que integra a Rede cidadã por Cidades Justas e Sustentáveis, cujo objetivo é monitorar e aprimorar a qualidade de vida na cidade. O movimento nasceu inspirado na experiência bem-sucedida de Bogotá,, na Colômbia. No Brasil, a rede começou com o movimento Nossa São Paulo, que acompanha os principais indicadores e metas do Executivo e do Legislativo municipais, a fim de contribuir para a eficácia e transparência das políticas públicas.

FÁBIO FELIX DA SILVA - GERENTE DE FOMENTO AO FORTALECIMENTO DA GESTÃO E CONTROLE SOCIAL DA CGU

Servidor de carreira da Controladoria-Geral da União (Analista de Finanças e Controle), é responsável pela gestão das ações de estímulo ao controle social, das ações educacionais para ética e cidadania dirigidas a crianças e adolescentes, e das ações de fortalecimento da gestão pública.

FRANKLIN DIAS COELHO - PRÓ-REITOR DE EXTENSAO DA UFF

Professor e Assessor da Pró Reitoria de Extensão da Universidade Federal Fluminense – UFF. Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase em estudos do poder local, atuando, principalmente, nos seguintes temas: desenvolvimento local, políticas públicas, administração municipal, cadeias produtivas, pequenos empreendedores, inovações tecnológicas e cidades digitais.

DÉBORA SANTANA DE OLIVEIRA - RIO COMO VAMOS

Representante do movimento Rio Como Vamos que integra a Rede cidadã por Cidades Justas e Sustentáveis, com objetivo de monitorar e aprimorar seus indicadores de qualidade de vida. Tem como inspiração a experiência bem-sucedida iniciada na cidade de Bogotá, na Colômbia. No Brasil, a rede começou com o movimento Nossa São Paulo, que acompanha os principais indicadores e metas do Executivo e do Legislativo municipais, a fim de contribuir para a eficácia e transparência das políticas públicas .

RODRIGO VALENTE SERRA - Economista da Agencia Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

Professor/pesquisador do Mestrado em Engenharia Ambiental do IFF e Especialista em Regulação da ANP, possuindo experiência na área de Economia Regional, com pesquisas nos seguintes temas: cidades médias, desenvolvimento regional, royalties do petróleo: distribuição, desenvolvimento urbano e crescimento econômico.

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL: CLEBER TINOCO - Servidor publico, advogado e membro da rede blogs de Campos dos Goytacazes. Tem experiência na área de direito administrativo, com ênfase em licitação e contratos administrativos.

Debatedores:

Fábio Siqueira (Diretor Municipal do SEPE)

Geraldo Coutinho (Diretor Regional da FIRJAN)

Sobre as regras:

O formato das conferências que pretendemos realizar ao longo desse projeto comporta dois momentos: o da palestra-debate (em auditório) e da reunião deliberativa (em sala).

Como essa 1ª Conferência tem um certo caráter inaugural desse processo, até pela importância estrutural do tema, como subsídio p/ escolhas institucionais que faremos mais adiante, a mesa ficou grande e o espaço p/ o debate menor. Visando o melhor equilíbrio possível entre exposição/debate, adotamos o critério aproximadamente simétrico da distância p/ balizar a primeira rodada de exposição: quem vem de outros estados terá mais tempo do que os fluminenses e esses mais que os campistas.

Dos palestrantes, o que esperamos é uma carga condensada de informações e problematizações acerca de suas experiências/estudos, dos debatedores, que sistematizem as preocupações locais, à partir das exposições dos convidados, de forma a sistematizar as principais questões p/ a platéia e os palestrantes na 3ª rodada.



domingo, 14 de junho de 2009

Tragédia no Céu e na Terra

Fabrício Maciel


Antes do comentário quero publicizar os pêsames do Outros Campos, ainda que atrasados, a todos aqueles que neste momento sofrem a perda de algum ente querido em nossa última tragédia no ar. Acabo de ver o Fantástico e a novela midiática sensacionalizante da tragédia humana continua. O episódio atual é sobre um casal que aguarda notícias do filho. Com o coração apertado escrevo estas linhas. Após a tragédia no céu, na terra ela continua. Continua para as famílias, em particular, e para uma sociedade débil com seus dilemas sociais e humanos. A morte sempre foi ritualizada nas sociedades humanas. Nas modernas, ou avançadas, como gostamos de dizer, algo novo parece ocorrer. Os rituais, típicos da ação humana, naturalizam a dimensão sem precedentes das tragédias que vivemos. Naturalizam também suas causas, sempre omitidas ou simplificadas em nosso imaginário, o que explica a edição sensacionalista da mídia, seu reality show da tragédia.
A solidariedade de classe, em particular, da classe média, e a solidariedade nacional com as classes integradas, no geral, se completam. Não que a classe média seja boazinha, mas suas perdas humanas são sensacionalizadas de modo diferente daquelas da ralé. Nas primeiras são pessoas de verdade que morrem, alguém que fez algo de bom por sua sociedade, a ajudou a desenvolver, e está certo. No segundo caso, as mortes que surgem na mídia geralmente são de delinquentes, que só viram celebridades póstumas por serem considerados inimigos da mesma sociedade construída pelos primeiros. Está errado.
No geral, o triste fato permite algumas constatações igualmente tristes. Primeiro, para não sermos simplistas, a dimensão de perigo fora do alcance da tecnologia, sempre incompleta, fenômeno este mundial. Depois, a debilidade de uma esfera pública e de um imaginário nacional que geralmente funcionam por osmose, como paliativos, geralmente incapazes de se colocarem previamente com análise e ações práticas certo padrão de previsibilidade sobre a segurança nacional de todas as classes. Efeitos de um aprendizado moral e político historicamente fraco, queu só aprendeu a naturalizar certas desgraças como inevitáveis ou como espetáculos de dor. Tristes são estas famílias, com todo o direito. Triste é a nação brasileira agora, pela sensibilidade que o sensacionalismo ainda suscita, e pela incapacidade política. Triste sou eu escrevendo agora. Um abraço forte a todos que sentem agora diretamente ou não com tais perdas.

domingo, 7 de junho de 2009

Segundas Debates: Estudos Acadêmicos Complementares à Graduação

Prezad@s,

Divulgo evento promovido pela professora Ana Maria A. da Costa da UFF Campos.

Por conta da correria nem sempre consigo postar os avisos.. mas, desta vez foi possível!

Divulguem e prestigiem:

MEC - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESR - INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

COORDENAÇÃO DE EXTENSÃO

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

Projeto de Extensão: “Segundas Debates: Estudos Acadêmicos Complementares à Graduação.”

CONVITE

O Projeto de Extensão Segundas Debates, convida você a participar da Mesa-redonda Os Assentamentos Rurais e a Inclusão Produtiva: um caminho possível, no 15 dia de Junho - segunda-feira, no horário de 16:00 às 18:00 h no ESR/UFF-Campos – sala 01. Convidados:

David Barbosa – Coordenador Geral da COOPERPROCIC( Cooperativa de Produção e Comercialização dos Assentados de Ilha Grande e Che Guevara - Marreca);

Fábio Cunha Coelho – Professor e pesquisador da UENF-CCTA/LFIT .

Mineiro – ( Assentamento Antônio de Faria – Lagoa de Cima).

Profª Ana Maria Almeida da Costa

Coordenadora do Projeto


Informações: Rua José do Patrocínio, 71 – Centro – Tel. 27220622 e 27330319, Ramal 4104 e 4112 no horário de 14:30 às 17:30h. Os certificados poderão ser solicitados na Secretaria da Coordenação de Extensão.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

"Anjos e Demônios": possibilidades de nossos tempos

Fabrício Maciel
Ontem fui ver "Anjos e Demônios", do diretor Ron Howard, baseado na obra de Dan Brown. Não li o livro e por isso não sei se é fiel, mas de todo modo o filme inspira uma discussão central sobre a modernidade. Trata-se da velha guerra entre ciência e religião, ou talvez entre formas dintintas de fé. O filme mostra dificuldades e ambiguidades dos dois lados, e no final faz uma alusão típica dos últimos tempos, ou seja, a necessidade e a possibilidade positiva de união de ambas.
A trama se desenrola no estilão clássico de serial killer. Com a descoberta de uma teconologia que permitiria um uso sem precedentes da força da anti-matéria, a "partícula de Deus", por parte da ciência, é despertado o interesse de uma sociedade secreta, os Illuminati, repudiada na idade média pela Igreja católica, por conta dos interesses científicos que ameaçavam a mesma. Na ocasião da morte do papa e da fragilidade da igreja com sua cadeira de lider vazia, os Illuminati aproveitam para se vingar ritualmente, repetindo o assassinato de quatro homens importantes da igreja, como foi feito com eles no passado, e para destruir totalmente a Igreja, com a força da tal tecnologia, roubada por eles no filme.
É interessante a tensão e ambiguidade em toda a trama. Mostra o quanto há ou pode haver de ciência na religião e vice-versa. A grande descoberta científica em jogo pode ter desdobramentos desastrosos quando em mãos de fanáticos. Do mesmo modo que cientistas podem virar fundamentalistas religiosos, como os Illuminati, pois na verdade trata-se de uma guerra entre duas religiões, no filme, tendo uma delas a ciência como deus. Uma coisa é fazer uso do saber científico, que até um interesse religioso moderado pode fazer. Outra é trata-lo como deus, o que não supera em nada a radicalidade do pensamento religioso.
Para nossa época esta discussão, que apenas levanto aqui, é fundamental, pois todas as combinações são possíveis, e algumas são melhores do que outras. Falo das combinações entre saberes científico-tecnológicos e usos moderados ou radicais. As descobertas em si não garantem um mundo melhor. Seu uso é determinado por forças em tensão, dentre elas a esboçada na guerra secular entre ciência e fé. O dado que parece novo nas últimas décadas pós guerra fria é a tendência crescente de conciliação. Este parece ser o valor destes tempos, o que não garante o fim de conflitos e maus usos de saberes.
O que define também os usos é a moral. E esta parece agora abrir boas possibilidades de combinações moderadas, o que não está garantido, mas possibilitado, e depende de posicionamentos moderados para ganhar força. Talvez uma força da moderação para se chegar a uma moderação de forças. A ciência tem essa possibilidade, se for auto-crítica, sem deixar seu próprio ofício virar deus. Não é por acaso que uma obra de arte tão aceita pelo público faça alusão à união entre ciência e fé. Este tipo de síntese já está presente em nosso imaginário atual. Já ficou claro durante o século XX que forças fundamentalistas em tensão, científicas, religiosas, ou combinadas, geram muitas mortes. Temos agora uma porta aberta para um mundo melhor. Mas ainda é apenas uma possibilidade para uma nova história.