terça-feira, 6 de abril de 2010

Cuidado com a neutralidade!

Fabrício Maciel
Cada dia a mais rumo às eleições é um a menos para as análises. Todo intelectual brasileiro que se preza ou que tenha um nomezinho a zelar tem que se pronunciar. Tenho observado mais uma vez o canto da sereia da neutralidade. A neutralidade é forte porque quase nunca se apresenta como tal. Ela simplesmente é. É simplesmente uma tentativa de interpretação dos fatos da "conjuntura". Somos bombardeados a cada dia com uma chuva de "análises sóbrias" sobre as eleições, sobre a evidente disputa entre PT e PSDB, a trajetória dos candidatos e bla, bla, bla. Análises sóbrias, principalmente de nossos cientistas políticos. Não dá mais pra aguentar esta onda. A galera vai ter que se posicionar. Só dois exemplos: outro dia vi a "análise" de Bernardo Ricupero, colunista do Yahoo, e a de um de nossos maiores nomes, Werneck Vianna, no site "Gramsci".
A primeira é um bom exemplo da "neutralidade" e da análise "sóbria". Descrição da conjuntura e de fatos recentes. No fim PT e PSDB pouco diferem. A análise pouco ajuda o leitor a se definir. A segunda é mais assumidamente crítica. Não sei o que é pior. Pois a crítica de Werneck sintetiza outro canto da sereira que acaba falando contra o PT, ainda que não explicitamente nem intencionalmente. Ora, se se encontra sempre defeitos e continuidades no governo PT, e só se tem um adversário forte do outro lado, a quem tal análise crítica favorece, na véspera da eleição? É claro que aprendemos sempre com o mestre Werneck. Mas precisamos ser críticos da crítica. (esta frase é só para antecipar a "crítica" da "neutralidade", em contrapartida, que dirá: cuidado com os "críticos"!!!) O cerne da crítica em questão é que o PT no fundo nunca foi o que deveria ou poderia ser.
Ora, a questão deveria ser aqui o que ele realmente tem sido. E isso já vem sendo argumentado aqui: os números, ora mais uma vez eles...deixam claro que o PT é superação e inovação em termos de política econômica, política externa e política social. Não somos nós que dizemos. Uma das principais testemunhas que se pronuncia cotidianamente é a "comunidade internacional". Nome bonito este. Melhor ainda é uma das poucas coisas bonitas que ela as vezes faz, que é reconhecer um bom governo. E só reconhece quando é bom mesmo...Lula está quase sempre em todos os grandes jornais internacionais e na boca dos representantes do mundo, dos políticos e de seus acessores.
Enquanto internamente, as análises sóbrias em todo o seu brio (seria melhor, sutileza?)apontam para a continuidade em todos os aspectos, fingindo reconhecer "avanços" no governo Lula. Coisas do tipo: ele até fez tal coisinha...É tipico das análises sóbrias, politicamente corretas e, o mais importante, "neutras". No fim, como faz Ricupero, e é só um de milhoes de exemplos, recorre-se sutilmente às análises "sobrias" de FHC. Ai é sacanagem...Aí eu não aguento...Não dá mais pra aguentar esta neutralidade. Vamo mostrar a cara minha gente, que o bicho já ta pegando...

3 comentários:

Anônimo disse...

Get up, stand up: stand up for your rights!
Get up, stand up: stand up for your rights!
Get up, stand up: stand up for your rights!
Get up, stand up: don't give up the fight!

Bob Marley

Anônimo disse...

Bob Marley inspirou o escritor!

Fabrício Maciel disse...

pelo menos o sarcarmo e a poesia, bem intencionados ou não, não são "neutros", Bob não era "neutro", não era "puro", quem dera que Bob estivesse inspirando eleitores brasileiros no lugar de Fernando Henrique...

O sarcarmo é bem vindo neste blog, desde que não seja neutro e que não sugira que os oponentes sejam ingênuos...