O artigo de FHC publicado no último domingo ainda repercute e talvez ainda irá repercutir por um tempo.... A motivacao do autor, junto com a incoerencia e os interesses implícitos dos argumentos, sao questoes centrais para discutir o "diagnóstico trágico" apresentado por FH. Acho que durante esta semana isto foi bastante discutido....
Por outro lado, será que interessa ao debate político e ao avanco da democracia somente considerar o diagnóstico da perspectiva de uma suspeita sobre seu autor? Será que é desejável, inclusive para o governo e o projeto político do PT, uma recusa a debater e enfrentar com argumentos as críticas do "princíope dos sociólogos"?
Confesso que fui convencido pelo Jornalista Alon Feuerwerker de que o PT e Lula ainda precisam responder com argumentos, sobretudo porque existem argumentos, ao diagnóstico do "caminho da servidão" (subperonismo, autoritarismo popular) do FH..... FH nao é burro, ainda que seja cínico.... e o PT nao pode menosprezar a importancia deste embate intelectual, mais no nível das idéias, ainda que seja indispensável apontar os interesses velados no discurso...
Aqui vai o artigo do Alon que me convenceu....
Por outro lado, será que interessa ao debate político e ao avanco da democracia somente considerar o diagnóstico da perspectiva de uma suspeita sobre seu autor? Será que é desejável, inclusive para o governo e o projeto político do PT, uma recusa a debater e enfrentar com argumentos as críticas do "princíope dos sociólogos"?
Confesso que fui convencido pelo Jornalista Alon Feuerwerker de que o PT e Lula ainda precisam responder com argumentos, sobretudo porque existem argumentos, ao diagnóstico do "caminho da servidão" (subperonismo, autoritarismo popular) do FH..... FH nao é burro, ainda que seja cínico.... e o PT nao pode menosprezar a importancia deste embate intelectual, mais no nível das idéias, ainda que seja indispensável apontar os interesses velados no discurso...
Aqui vai o artigo do Alon que me convenceu....
Eles caíram como patinhos (06/11)
Com seu artigo, FHC pretendeu colocar uma cunha entre o governo Lula e os intelectuais, entre a administração do PT e a crescente classe média. O PT ajudou-o a atingir o alvo.
O PT mordeu a isca atirada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Caiu como um pato. FHC escreveu artigo em jornais no último domingo afirmando que o PT conduz o Brasil para um autoritarismo em moldes “subperonistas”, com partidos e sociedade civil neutralizados, organizações sociais cooptadas e empresariado dependente do capital controlado, direta ou indiretamente, pelo Estado.
Tudo, segundo FHC, encimado pela figura do líder supremo, inquestionável.
Por que o PT se enrolou na armadilha posta por FHC? Pela maneira como reagiu. Recebeu uma crítica política e não respondeu politicamente. As reações variaram, mas tiveram um traço comum: a desqualificação. FHC está com inveja do sucesso de Luiz Inácio Lula da Silva. Suas afirmações nascem do inconformismo, compreensível num intelectual ferido em sua vaidade, suplantado, como presidente, por um metalúrgico de escolaridade formal precária.
Mas, e daí se FHC estiver movido por péssimos sentimentos, ou pelo rancor? No que isso invalida a crítica? Estivessem Lula e o PT menos tomados pela apoteose mental, procurariam fazer algum esforço para rebater FHC no mérito. Nada porém foi dito. O poder comportou-se de modo a reforçar a acusação, colocando-se acima dela a priori, como se parte da sociedade brasileira, mais conservadora (ou mais liberal, ou menos petista), estivesse preliminarmente impedida de participar do debate político, ou de criticar o governo.
Acusado de bonapartismo, o poderoso reagiu com viés bonapartista.
Um comportamento nascido da autossuficiência. Defeito que aliás FHC conhece bem. Ele deve saber o prejuízo que lhe causaram gracinhas como chamar os opositores de “fracassomaníacos”, ou aposentados de “vagabundos”. O tucano foi um mestre da desqualificação. O PT vai pelo mesmo caminho. Turbinados pela popularidade do líder, epígonos elaboram o index de quem pode ou não pode falar, está ou não está autorizado a criticar. Saiu da linha, tomou porrada.
No artigo, FHC acusou Lula de tentar matar moralmente os adversários. E o PT reagiu armando o pelotão de fuzilamento.
O PT e Lula, pouco a pouco, desacostumam-se ao diálogo com quem pensa diferente. Outro dia, o presidente foi surpreendido por um cidadão que lhe disse que não votava nele. “Eu não estou precisando do seu voto”, respondeu Lula, na lata. Para delírio e gargalhadas dos bajuladores em volta. Está tudo no YouTube.
Cercar-se de bajuladores é confortável para o príncipe. Mas nem sempre é saudável.
O Brasil é um país complexo, e os sucessos do governo Lula tornaram-no mais complexo ainda. Segundo um raciocínio tosco, o pobre que saiu da pobreza neste governo vai ser eternamente uma cabeça de gado a mais no curral eleitoral do nosso presidente. Por que é tosco? Porque quem sai da miséria, ou da pobreza, quer mais é ser dono da sua própria vontade. Quanto mais desenvolvida uma sociedade, maior a demanda por um comportamento democrático do governante.
Com seu artigo, FHC pretendeu colocar uma cunha entre o governo Lula e os intelectuais, entre a administração do PT e a crescente classe média. Pretendeu plantar em quem não é ferrenhamente petista a dúvida sobre a sinceridade dos propósitos democráticos do PT.
O PT ajudou-o a atingir o alvo.
O PT mordeu a isca atirada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Caiu como um pato. FHC escreveu artigo em jornais no último domingo afirmando que o PT conduz o Brasil para um autoritarismo em moldes “subperonistas”, com partidos e sociedade civil neutralizados, organizações sociais cooptadas e empresariado dependente do capital controlado, direta ou indiretamente, pelo Estado.
Tudo, segundo FHC, encimado pela figura do líder supremo, inquestionável.
Por que o PT se enrolou na armadilha posta por FHC? Pela maneira como reagiu. Recebeu uma crítica política e não respondeu politicamente. As reações variaram, mas tiveram um traço comum: a desqualificação. FHC está com inveja do sucesso de Luiz Inácio Lula da Silva. Suas afirmações nascem do inconformismo, compreensível num intelectual ferido em sua vaidade, suplantado, como presidente, por um metalúrgico de escolaridade formal precária.
Mas, e daí se FHC estiver movido por péssimos sentimentos, ou pelo rancor? No que isso invalida a crítica? Estivessem Lula e o PT menos tomados pela apoteose mental, procurariam fazer algum esforço para rebater FHC no mérito. Nada porém foi dito. O poder comportou-se de modo a reforçar a acusação, colocando-se acima dela a priori, como se parte da sociedade brasileira, mais conservadora (ou mais liberal, ou menos petista), estivesse preliminarmente impedida de participar do debate político, ou de criticar o governo.
Acusado de bonapartismo, o poderoso reagiu com viés bonapartista.
Um comportamento nascido da autossuficiência. Defeito que aliás FHC conhece bem. Ele deve saber o prejuízo que lhe causaram gracinhas como chamar os opositores de “fracassomaníacos”, ou aposentados de “vagabundos”. O tucano foi um mestre da desqualificação. O PT vai pelo mesmo caminho. Turbinados pela popularidade do líder, epígonos elaboram o index de quem pode ou não pode falar, está ou não está autorizado a criticar. Saiu da linha, tomou porrada.
No artigo, FHC acusou Lula de tentar matar moralmente os adversários. E o PT reagiu armando o pelotão de fuzilamento.
O PT e Lula, pouco a pouco, desacostumam-se ao diálogo com quem pensa diferente. Outro dia, o presidente foi surpreendido por um cidadão que lhe disse que não votava nele. “Eu não estou precisando do seu voto”, respondeu Lula, na lata. Para delírio e gargalhadas dos bajuladores em volta. Está tudo no YouTube.
Cercar-se de bajuladores é confortável para o príncipe. Mas nem sempre é saudável.
O Brasil é um país complexo, e os sucessos do governo Lula tornaram-no mais complexo ainda. Segundo um raciocínio tosco, o pobre que saiu da pobreza neste governo vai ser eternamente uma cabeça de gado a mais no curral eleitoral do nosso presidente. Por que é tosco? Porque quem sai da miséria, ou da pobreza, quer mais é ser dono da sua própria vontade. Quanto mais desenvolvida uma sociedade, maior a demanda por um comportamento democrático do governante.
Com seu artigo, FHC pretendeu colocar uma cunha entre o governo Lula e os intelectuais, entre a administração do PT e a crescente classe média. Pretendeu plantar em quem não é ferrenhamente petista a dúvida sobre a sinceridade dos propósitos democráticos do PT.
O PT ajudou-o a atingir o alvo.
10 comentários:
Muito lúcida a advertência do jornalista.
Mas, ainda creio que está em tempo a articulação de um discurso com outro patamar de qualidade, com elementos políticos e programáticos em outro nível.
Há uma aposta em uma "faticidade" vazia: os dados falam por si. Não creio nessa possibilidade. Os fatos são interpretados e há uma urgência na demarcação sobre a interpretação do Brasil neste momento. Uma tarefa política.
A oposição desistiu de fazer política, salvo o Aécio Neves (algo que o Xacal já alertou). Espero que o PT, como alerta o texto, não faça o mesmo...
Abçs
George
essa é outra preocupação grave que devemos ter...
é histórica no PT a tese de que os "quadros"(quem tem voto)não se submete a lógica do debate político...
não podemos esquecer que Lula encerra seu ciclo(será o primeiro...?)em 2010...
ótimas observações do Roberto e do jornalista...
abraços a todos...
É fato que o PT carece de intelectuais orgânicos do partido que sejam atuantes na chamada esfera pública. E não adianta conta com o apoio de intelectuais independentes nesses casos, ainda que seja louvável. Somente intelectuais de partido podem produzir efeitos mais eficazes na neutralização da retórica discursiva pseudo-analítica de FHC. Nesse caso, o "príncipe dos sociólogos" levou a melhor. Tendo em mente o raciocino do estudioso da Retórica, Chaim Perelman, os PTistas substituíram o "contra-argumento" pela desqualificação pessoal do oponente. Só alimentou ainda mais a soberba narcísico-hegeliana de Fernando Henrique.
abraços a todos,
Cadú.
Esse FHC não tem senso de ridículo, será que não sabe que o Brasil o detesta??? e a cada provocação fica mais fácil a Dilma vencer o Serra pois teremos a comparação entre os governos FHC e LULA.
Excelente texto o do jornalista, e vejo nele um aspecto interessante: talvez uma réplica sensata ao manifesto do FHC seja uma oportunidade única para se iniciar um debate político sério, sem cair em denuncismos vazios, pela primeira vez em muitos anos de política no país.
Pois e Rafael, tambem acho que o PT e Lula nao deveriam desperdicar esta chance.... mas a "lógica do poder" é foda
Caro Roberto,
nesse caso acho que a tarefa não é do Lula...
mas sim dos intelectuais orgânicos, dos quais carecemos, como bem diagnosticou o pensador...
essa é outra ponta dos nossos dilemas: o trabalho intelectual do partido sempre foi considerado um apêndice...
ficamos empobrecidos pela questão: partido de "massas" ou de quadros...
nesse sentido o trabalho intelectual, grosso modo, sempre se submeteu a essa polarização, e só tinha relevância quando corroborava uma ou outra parte...
perdão: pescador e não pensador, como disse...mas ele é pensador também, é claro...
Claro Xacal, o Wernek (ex PCB) fala que o PT é dominado por este dilema.
O PCB tinha uma visao de Brasil, uma interpretacao de nosso capitalismo, e parece que o PT nao buscou construir uma visao alternativa dos dilemas nacionais.
um abraco
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