O PT de Campos e o Garotismo
Parte 3: a “prefeiturização” do PT
por Brand Arenari e
Roberto Torres
Roberto Torres
Para entender o lugar do PT de Campos e sua evolução nestes intermináveis anos de “garotismo” nos parece necessário dividir (ainda que forcosamente) a trajetória do partido em duas fases. A primeira fase vai do rompimento do PT com as promessas do “Muda Campos” de Garotinho até a eleição municipal de 2000, quando o PT rompeu aliança com o candidato à reeleição Arnaldo Vianna e lançou Luiza Botelho como candidata a prefeita. Nesta etapa o PT era tipicamente um partido da assim chamada “sociedade civil organizada”. Suas principais lideranças vinham do movimento sindical, do MST e o partido tinha também certa influencia no movimento estudantil, sobretudo na antiga ETFC (Escola Técnica Federal de Campos).
O traco decisivo deste período talvez seja exatamente a capacidade, ainda que reduzida, de o partido oferecer possibilidades de carreira política sem depender dos dividendos de uma aliança com o “garotismo”, ou seja, da maquina política sustentada diretamente pela ocupação de posições em organizações do poder municipal. Este tipo de “carreira autônoma em relação ao garotismo” só era possível porque o partido conseguia organizar recursos (tanto materiais como simbólicos) da tal “sociedade civil organizada”. Prova disso é que, nesta primeira fase, tanto o ex-vereador Antonio Carlos Rangel como seu maior concorrente dentro do partido, Erik Schunk (hoje no PSoL), tinham forte capital político acumulado exatamente pela participação em organizações da “sociedade civil” (sindicalismo, no caso do primeiro, militância na aérea da saúde e penetração junto ao MST no caso do segundo e credibilidade no movimento estudantil no caso dos dois) e não nas organizações da prefeitura. Nesta fase podemos dizer, grosso modo, que o PT de Campos vivia o mesmo dilema do PT Nacional: como ser um partido que consiga penetrar nos setores desorganizados da cidade e da zona rurual? A grande diferença, no entanto, é que enquanto o PT nacional, a partir de 2002, começou a furar o bloqueio que o impedia de ter o apoio das massas, o PT de Campos jamais chegou perto disto – se chegasse teria, claro, ameaçado o “garotismo”. O que então mudou no PT local?
Desde que não conseguiu formar legenda para re-eleger o vereador Antonio Carlos Rangel (embora tendo sido um dos mais votados) para a Câmara Municipal em 2000 parece que o PT (comprovar esta tese exige uma pesquisa empírica) deixou paulatinamente de ser um partido da “sociedade civil organizada”, tornando-se um partido cada vez mais dependente de cargos e posições na organização do poder municipal para sobreviver. Desde então o partido tem que disputar espaços no “garotismo” para criar suas chances de carreira política – basicamente dinheiro e cabos-eleitorais oriundos da prefeitura. Junto com a falência de sua organização autônoma padece o partido gravemente da falta de lideranças carismáticas que consigam, em alguma medida, articular a insatisfação com o “regime do coronel bolinha”. O caso Makhoul em 2004 somente foi a tentativa de agregar um prestígio pessoal construído alhures para não sucumbir de vez.
A esta altura a pratica de filiações em massa para controlar as votações do partido em prol dos mais afoitos em disputar espaço dento do “garotismo” – sobretudo Hélio Anomal – já mostrava a forma caricatural da agremiação em seguir o modo de fazer política dominante na Cidade. O auge desta rendição ao “garotismo” foi a participação no governo Mocaiber, coroada pela candidatura de Hélio Anomal como vice de Arnaldo. Ainda que daí tenha saído o mandato da vereadora Odisséia, isto por si só não é nenhum avanço. Enquanto o capital político que a vereadora controla não for investido na reconstrução do partido como uma alternativa de poder, ou seja, na independência política frente ao “garotismo” não se poderá ter no horizonte uma alternativa que não seja uma mera oscilação entre os dois grupos que compõe o “garotismo”.
A única forma de o partido ressurgir da lama em que se meteu é olhar para os lados é buscar apoio em quem também não suporta mais o ambiente. Não adianta ficar esperando a insatisfação buscar o partido e vê-lo como alternativa. É preciso ir onde essa insatisfação é produzida. Cito dois exemplos desta insatisfação: o movimento dos professores, que é uma insatisfação articulada de um setor organizado, e os funcionários contratados que acumulam humilhação e raiva impotente com atrasos de salários e incerteza no emprego nas prestadoras de serviços (vide o caso da Nova Rio), mas não vêem nenhuma possibilidade de articular este sentimento ou mesmo de encará-lo como um problema efetivamente compartilhável. Que é uma tarefa difícil conseguir alguma penetração neste último setor, não resta a menor dúvida. A organização deste setor para funcionar como cabo-eleitoral é imprescindível tanto para Garotinho como para Arnaldo. E de fato a posição social de grande parte dos serventes, guardas, vigias, etc, os faz extremamente vulneráveis a este controle em época de eleição. Mas certamente existem rachaduras neste controle. Depois de alguns revezamentos dentro do “garotismo”, a busca por segurança (demanda inalienável de quem vive em uma situação instável) via emprego na prefeitura parece não desfrutar da credibilidade que já teve, sobretudo porque “a estação das tempestades e intempéries” já não ocorre só a cada quatro anos, com o risco do “outro lado ganhar” e empregar os “seus”. Ela pode vir a qualquer momento. Basta ir a uma escola municipal e conversar meia hora com uma funcionária da limpeza. A pergunta então é: se a tarefa de articular a insatisfação deste último setor é algo difícil e até improvável, que tipo de tarefa um partido como o PT pretende assumir na Cidade?
Diante desta questão nos parece ficar claro um dilema do PT em Campos. Diferentemente do PT a nível nacional o partido não possui identidade de classe, não sabe para quem falar e por isso o que falar. Não sabe onde buscar a forca do diferente e por isso não sabe para quem deveria ser um governo diferente. Em resumo: o partido não compreende e não formula, como organização que visa o poder, os conflitos sociais que Garotinho compreende tão bem para perpetuar seu modo de fazer política. Ora, se buscar o apoio dos setores organizados não basta para ameaçar o garotismo, mesmo sendo condição indispensável para isso, não resta outra alternativa a um partido que pretenda ser diferente “do que aí está” (para usar uma expressão de Leonel Brizola) senão acreditar no improvável e, no caminho de generalizar esta crença, aumentar a probabilidade deste improvável. Se é improvável que os servidores ameaçados pela insegurança econômica abandonem o barco do garotismo, continuará sendo impossível e até mesmo impesável algo diferente e novo enquanto não tivermos, do campo da política, um exemplo de que é possível viver sem isso.
24 comentários:
Nós do blog do núcleo do PT concordamos com a maior parte do diagnóstico (embora o quadro histórico da luta interna seja bem mais matizado). Contudo, faz-se necessário alguns reparos para entender a dinâmica institucional: 1º com a instituição do PED (processo de eleição direta), o partido, no âmbito nacional, tornou-se menos permeável às linhas de força dos movimentos sociais e voltou-se sobre si mesmo no sentido de atribuir aos mandatos (nas diferentes esferas do executivo e legislativo) o protagonismo interno. Tendência que só reforçou a polifonia discrepante das tendências e a formação do consenso interno via aplicação cirúrgica de doses de "lulol" (a figura de Lula figurando como cimento de última instância e vértice da equação político-eleitoral nacional). Portanto, se o propósito é compreender com o objetividade esse fenômeno e propor outro modo de interação com a sociedade civil, esse é o "mecanismo" que deve ser enfrentado! 2º para aqueles que optam pela intervenção no mundo real via militância partidária, os esforços analíticos têm que se converter em posicionamentos concretos e instrumentos específicos. Por isso, concentramos nosso esforços na consolidação da tese da candidatura própria para perfeito e trabalhamos para a formação de uma nominata forte para 2012. Além, é claro, de tentar ajudar no mandato da vereadora Odisséia.
Continua...
Gustavo,
Muito bom tê-los aqui, enriquecendo o debate.
Mas para apimentá-lo diria que, se o PT não entender o seu mundo, não ter claro para quem quer governar (para qual(is) classe(s)), toda fala de candidatura própria é vazia, não passa de palavras de ordem. No máximo causarão risos nos adversários.
E o que vimos do PT nos últimos meses permite-nos dizer que ele está cada vez mais chafurdado no “garotismo”. O que o mandato da vereadora do partido fez para distanciar-se desta pecha?
Enfim, o PT precisa de novas bases sociais para querer ser alternativa, mas parece que o PT não acredita nisso, só acredita nas táticas do “garotismo”, ou seja, ter cargos para poder “comprar” militância e votos. E quando nós achamos que as armas do inimigo é que são as únicas eficientes na guerra, estaremos sempre em desvantagem, sempre nos humilhando, sempre perdendo.
Abraco
O problema é que o PT daqui, atrasado e raquítico como sempre, atrasa a discussão: que sociedade civil queremos para o diálogo? quem são nossos ouvintes e interlocutores?
Como disse o Brand, resumir isso a agenda eleitoral(candidatura própria)é atroz, pobre e sem eficácia.
Então se é isso, basta embromar com o mandato, juntar dinheiro e captar votos.
Acho pouco para o PT, e para nossa biografia. Mas enfim, tem gente que se contenta com pouco.
Prezados,
Excelente a iniciativa de colocar a discussão em perspectiva histórica. As questões apontadas por vocês dão a oportunidade de debater com franqueza e honestidade e aprender mutuamente. Dois pontos fundamentais foram indicados: a dissipação de uma base social típica e uma progressiva dependência da estrutura de cargos e posições na estrutura do poder municipal. Gustavo Carvalho apresentou o elemento da alteração institucional interna representada pelo “Processo de Eleição Direta” (conhecido como PED) e as implicações em termo de permeabilidade aos movimentos sociais.
Me parece que a definição de “garotismo” ganha mais potencial explicativo quando se refere ao contato discursivo e clientelístico com o que vocês chamam de ralé estrutural. Este parece ser o diferencial que se sustenta numa forte estrutura financeira, política, comunicacional e social. Neste sentido, os problemas do PT de Campos estão longe de ser meramente locais ou uma adesão ao “garotismo”. É muito mais profundo e não é exclusivo do PT de Campos.
Na relação com os movimentos sociais seria interessante se pensássemos também a própria reconfiguração de alguns movimentos sociais. As transformações do movimento sindical, em especial a partir da década de 1990, apontam um novo sindicalismo do setor privado em relação a uma proposta de concertação social e de maior envolvimento com as disputas político-eleitorais. No sindicalismo do setor público, a década de 90 foi aterrorizante. As privatizações e a fragilização das categorias através de um forte processo de terceirização e de achatamento salarial enfraqueceu os sindicatos ligados a estes setores. A partir do governo Lula, houve uma vigorosa incorporação de quadros sindicais na estrutura do Estado. As alianças políticas sustentadoras do governo intensificaram a absorção de quadros dos movimentos sindicais e sociais em geral nos vários níveis do Estado. Hoje, há uma forte perda de autonomia dos movimentos sociais e os que buscam mantê-la tem grandes dificuldades para desenvolver a sua perspectiva de forma autêntica e consequente. Não precisamos nos deter numa minoria de pretensas lideranças hipócritas que criticam o clientelismo político mas asseguram sorrateiramente vantagens clientelistas no aparelho do Estado para si e alguns camaradas apadrinhados.
Em análises do campo político têm sido apontadas alterações significativas na dinâmica da manutenção do poder a partir do instituto da reeleição. O aprofundamento da promiscuidade com as forças econômicas e o “encarecimento” do apoio legislativo para a sustentação do governo e as grandes dificuldades de renovação da representação eleitoral. No nosso contexto regional, este quadro está “inflacionado” pela oferta dos recursos provenientes dos royalties. A abundância de recursos e o fortalecimento das relações de dependência societária em relação às políticas clientelistas do Estado chegam a um nível aterrorisante na nossa cidade, agravada pela capilarização dessas relações promíscuas. Esta capilarização produz efeitos políticos eleitorais evidentes, uma degradação moral generalizada além de criar uma nova elite suspeita de estar vinculada a desvios de verbas, superfaturamentos e outras práticas descaradas e criativas de dilapidação dos recursos públicos. O cenário é aterrador e a limpeza de um campo minado é extremamente delicada. Muitos que criticam o “garotismo” são descarados que até pouco tempo usavam métodos ligeiramente diferente, mas com conseqüências tão ou mais deletérias. Além dos descarados, muitas vezes descobrimos com espanto que pessoas que apresentam vigorosamente um discurso muito crítico podem estar envolvidas umbilicalmente com grupos que se beneficiaram e se beneficiam com estes esquemas. Estes arremedos do deplorável cabo Anselmo incitam a crítica mas se beneficiam de parte dos abusos cometidos.
Tratando mais especificamente do PT de Campos, a chave de análise proposta pelo companheiro de núcleo Gustavo Carvalho complementa a análise de vocês mas altera sensivelmente o diagnóstico. O PED implicou um afastamento de lideranças que possuíam trajetória no PT local mas que não se mobilizaram para assegurar espaço institucional e se fragilizaram nas disputas internas. Embora tenha aspectos muito positivos, o PED teve o efeito perverso de tornar o PT mais vulnerável à entrada de grupos com pouca relação com a história do partido, muitas vezes vinculadas a lideranças de caráter personalizado. As disputas de espaço de poder interno giraram em torno da conquista de apoio e mobilização de grupos fechados de filiados eleitores no PED (chamados zombeteiramente de “garrafinhas”). Importantes lideranças menos preparadas para este tipo de disputa interna perderam, progressivamente, a sua influência, muitas se afastaram das definições das diretrizes políticas definidas pelo diretório e pela executiva municipal. Acrescente-se a isto a absorção de importantes quadros partidários vinculados ao serviço público federal ou a empresas públicas (especialmente a Petrobrás) nas atividades gerenciais relacionadas direta ou indiretamente às políticas de expansão implementadas pelo governo. Acrescenta-se a essa “reconfiguração” um vazio geracional em relação à incorporação de quadros militantes jovens.
Este processo dissociativo levou a escolhas problemáticas, algumas traumáticas, como a participação no governo Mocaiber e a aliança com a candidatura Arnaldo. Esta desagregação já se manifestava antes. Por exemplo, no apoio à candidatura de Paulo Feijó, desconsiderando o candidato do próprio partido que não era reconhecido por setores expressivos do PT local.
Atualmente, nós do núcleo temos nos esforçado na construção de um diálogo interno que se comprometa com a definição de uma candidatura própria. Sobre este ponto, tem se consolidado um forte consenso.
[Preciso trabalhar, depois continuamos. Um grande abraço.]
Falou o nosso Golbery.
Aos articulistas Brand Arenari e Roberto Torres e aos comentaristas de peso Douglas, Gustavo Carvalho e Gustavo Lopes, meus parabéns. Com bisturis esterelizados, afiados e incisivos, vocês abriram tecnicamente e com sabedoria esse corpo que é o PT de Campos. É como se estivessemos diante da prancha inoxidável de uma entidade acadêmica. Aberto, cortado, separado por partes, totalmente identificado, inclusive os seus órgãos internos adoecidos e incuráveis. Mas o que fazer com esse corpo. Apesar dessa endemia que o fragilizou por demais, e por muitos anos ele não está morto e nem morre, apesar das muitas lideranças qualificadas que o deixaram, indo para casa e pararando de sonhar. Que medidas curativas se pode tomar. Deixou-se muito tempo com essa enfermidade do poder pelo poder, sem a sustentação sólida de uma construção que preferiu uma militância pragmática em detrimento da sua militância gratuita, ideológica e programática, que hoje seguiu outros caminhos ou abraçou outras siglas. O processo interno de eleição é um exemplo claro disso. Ele está na nossa sala. Esse corpo está na sala daqueles que fazem e vivem a política com a clareza de que o povo não é só a massa, não é uma porção de nada, descartável depois da urna. Exige-se a responsabilidade de se fazer política diferente. Sem vergonha de ser transparente, e andar de mãos dadas com a honestidade. Se não criarmos novas chances ou tirarmos todas as possibilidades, não adianta construir muros altos, nem nos escondermos atrás das películas escuras das nossas blindadas cabines duplas. A bomba está armada e vai estourar. Se não for na nossa poderá ser na cara de um filho, da esposa ou de um parente. Os sequestros relâmpagos, as saidinhas de banco, as invasões de casas estão a nossa espreita. É só chegar a vez e pode ser a última, pode ser a pedra. Eu pensava, mas ao meu ver, não somos diferentes. Utilizamos dos mesmos meios para chegar ao poder e quando lá chegarmos a cumplicidade e os compromissos assumnidos certamente vão calar a nossa voz. Mas nem tudo está perdido, é preciso abandonar os atalhos e achar o caminho para se ir adiante. Meus caros cirurgiões, diagnosticado o paciente, está na hora de dar a receita. Sigamos em frente porque o remédio existe.
Os comentários correspondem com a realidade do Partido. Parece que o PT é um corpo muito doente. Assim, como acontece com um corpo que tem partes ou parte dele com doença incurável, e o que é pior, contaminando os demais órgãos, o que se deve fazer.... amputar? Temos casos no PT de lideranças que ocuparam a presidência, foram candidatos a deputado, a vereador, até a vice-prefeito e o que produziram. Nada. São fracos de voto e de propósito. Tá na hora talvez não de amputar, mas de fazer alguns implantes.... Entendeu, Douglas.
Bem, eu concordo plenamento com os Gustavos de que nao sao problemas puramento de Campos. O PED, o enfraquecimento so movimentos sociais etc. Mas algo que é sem dúvida alguma agravado em Campos é que o processo de selecao de liderancas trazido pelo "fechamento do partido" às diretrizes do movimento social foi, segundo os próprios critérios deste fechamento, um desastre: as liderancas que se tornaram proeminentes nao possuiam competitividade eleitoral.
sobre a questao do que fazer, acho muito pouco apenas se comprometer com uma candidatura própria.
Porque eu acho muito pouco a decisao de lancar candidatura própria? : porque o partido nao tem discurso mobilizador que possa ultrapassar o patamar de Odete na última eleicao. Um discurso como esse nao se formula entre poucos amigos ou em reunioes fechadas, mas sim em contato com a pratica onde esse discurso já é na verdade produzido, onde os descontentes formulam, do jeito que sabem e podem, a sua insatisfacao.
Meus caros, quando Lula perdia uma eleicao ele nao parava de fazer política e de buscar conhecer o povo. É isso que ele é, acima tudo, um grande conhecer do povo produzido a partir do povo e de seus saberes, um intelectual organico.
Para quem fala Odisséia? Para os leitores da Folha da Manha? Para os blogueirmos? Para os 25% de Odete/Makhoul? É preciso bem mais.
Gente, parabéns pelo debate. Muitas coisas sobre campos que para mim ainda estavam obsucras ficaram mais claras.
Me parece que o PT nao enxerga mais a os trabalhadores campistas mais pobres como uma potencialidade, ao contrário do que faz o governo Lula nas suas políticas públicas na medida em que lanca programas nao só de transferencia de renda, mas de geracao de renda (que é um dos fatores que gera a nossa nova classe média). Ao ficarem vulneráveis aos efeitos colaterais do Garotismo(inevitavelmente), e com isso preocupados com uma coisa importante que é manter cargos na legenda do partido(e nao era o único partido preocupado com isso), deixaram de lado a potencialidade do elo que o PT tem com as classes trabalhadoras. O quadro para eles ficou opaco, e nesta opacidade também nao percebem o que é Campos dos Goytacazes e nao fizeram o que tinha que fazer, ou seja, seguir o modelo do Governo Federal conquistando as massas e atendendo às suas demandas usando a máquina pública. Porque a cidade tinha e ainda tem tudo pra ser diferente do que é.
Resta saber se eles querem deixar a opacidade de lado...
Pra quem ainda não conhece o estilo Xacal de debater e dialogar, eis um aperitivo:
"Falou o nosso Golbery!"
Gustavo Lopes tem toda razão quando afirma que: "estes arremedos do deplorável cabo Anselmo incitam a crítica mas se beneficiam de parte dos abusos cometidos".
Sr. Douglas da Mata, só não te conhecendo mesmo, pra se deixar levar por esse seu discurso enganador! Desse tipo de democracia que você tanto prega a gente já se livrou há algumas décadas!
Pede pra sair, Meganha!
Gente, sem querer entar numa de separa briga de marmanjo, mas essa estratégia de personalisar quem é mais ou menos democrático/autoritário é uma perdicao, nao leva ninguem a lugar nenhum. Só os liberais mais toscos, como os brasileiros, apregoam que democracia decorre de conviccao individual em favor da democracia, como se essa convicao fosse um propriedade de cada indivíduo e nao uma forma que incorporamos ou nao em nosso habitus na medida em que somos ou nao inseridos em formas democráticas de debate. Podemos sim ficar a vida inteira ocupados desta tarefa de vigiar que está ou nao sendo democrático. Eu nao acho que essa seja a melhor escolha: democracia é uma prática social, que, a meu ver, deve funcionar tanto melhor quando menos ela depender da "pureza do caráter democrático" das pessoas.
As comparações com Lula poderiam ser interessantes se não desconsiderassem um detalhe fundamental: a profunda diferença entre a política em escala local/municipal e nacional. Isso é tão básico que as críticas ajudam muito pouco a resolver os impasses e imobilismos. Que tal testar o argumento utilizando uma escala comparável?
Concordo plenamente com vários pontos: é pouco a decisão de lançar uma candidatura própria; o PT de Campos deve intensificar e atualizar permanentemente o seu contato com os movimentos sociais; o discurso mobilizador não se formula entre poucos e sim em consonância com os insatisfeitos.
Os passos estão sendo dados a partir do compromisso com uma candidatura própria do PT. Primeiro, busca de unidade partidária, interlocução e reincorporação de importantes quadros que estavam afastados. Segundo, estabelecimento de diálogo ativo e propositivo com os movimentos sociais. Terceiro, estabelecimento de diálogo para a construção de compromisso com outros partidos que desejem construir e viabilizar um projeto alternativo para a cidade.
Nós do núcleo, temos a expectativa que a equipe do Outros Campos continue a crítica e a cobrança diretas para que possamos fortalecer a perspectiva e ampliar as posições que buscam atender as demandas que são muitas e que precisam conseguir agregar o apoio dos indignados.
Insisto em dizer que nós esperamos contar com vocês para a intervenção no mundo real, via militância partidária. Toda ajuda, ainda é pouca!
Um grande abraço
Claro Gustavo, só estamos criticando por que temos interesse em ajudar e em tomar parte. Se eu estiver em Campos certamente nao vou me contentar em participar através do blogs.
um abraco,
Estive fora do ar e estou voltando ao debate hj.
Antes de mais nada gostaria de agradecer muito a participacao de todos: da galera do núcleo, do Douglas, do Felix e dos anônimos. Por pior que seja o cenário do PT de Campos hj, essa participação no debate pode ser vista como um alento de esperança, mostra algum interesse em mudar ou debater a vida do partido.
Quanto ao debate que travamos eu diria que, por mais que as comparações com o PT nacional e mudanças nacionais e históricas possam nos ajudar, e todos os argumentos apresentados quanto a isso são verdadeiros a meu ver, acredito que eles sejam secundários na explicação dos problemas do PT de Campos. E neste caso, apelar para eles, atrapalha mais do que ajuda na hora de ver os reais problemas, cria uma nuvem de fumaça. Em virtude disso acabo discordando com os diagnósticos feitos tanto pelo os Gutavos, como também os de Roberto e Djamilla.
Talvez, o último texto postado por eu e Roberto passe a ilusão de que o PT tenha sido importante em algum momento na história política da cidade, e que a partir de algum momento houve uma decadência de algo. A meu ver isto é um engano, se existe uma palavra para descrever o PT-Campos, ela é o “Fracasso”. Mesmo nos seus momentos mais “áureos” o PT fracassou sempre, não soube entender o mundo da política. Querer achar culpados externos a isso é querer abraçar um cadáver e morrer junto com ele. O velho precisa ser destruído para que o novo renasça, e o velho PT-Campos é “garotismo” até a alma. (Vou postar um novo texto para tratar disso e debater com mais detalhes).
Um abraço a todos
Caro Felix,
O diagnóstico só começou a ser feito, e o remédio só será eficaz se vier de todos nós.
Um abraço.
Caro Gustavo Lopez,
Gostaria de responder mais diretamente a sua última postagem, com a sinceridade que a amizade e a admiração permitem.
Como primeiro ponto, gostaria de deixar claro que meu principal compromisso não é com reconstrução do PT de Campos, mas sim com a construção de um projeto genuinamente alternativo para a cidade de Campos. A reconstrução do PT pode ser uma via para isso, a qual eu acredito, embora cada vez menos. Num olhar rápido, o PT tem sido nos últimos anos e ainda é um INIMIGO de quem quer algo alternativo para Campos. Por isso, se achar que o PT não tem condições de apresentar algo genuinamente (não uma mentira) alternativo para Campos, não estarei ao lado do partido que mais admiro nacionalmente. Para mim é primeiro Campos, depois o PT.
Quanto à militância não vou fugir desta luta, a nossa atuação neste blog a milhares de quilômetros de distância de Campos atesta isso
Quanto aos passos que já começaram a ser dados, como vc disse, podemos dizer que são passos muito trêmulos e sem confiança.
1. Unidade do Partido: de longe me parece (posso estar enganado) que, a unidade proposta pela direção é o silêncio da minoria, é um contrato que só interessa a uma parte, ou seja: “pela unidade do partido esqueçamos as diferenças e dêem todo apoio a mim”. Qual concessão a direção do partido fez em nome da unidade? Isso não é acordo pela unidade, mas sim anexação, igualzinha a que Hitler “propôs” à Áustria, à Tchecoslováquia e etc.
2. Diálogos com movimentos sociais e partidos: repito que posso estar enganado, mas estes passos estão muito lentos, quase invisíveis. Muito mais visíveis são os passos que o partido tem dado em direcao aos setores conservadores, esses são muito mais visíveis e rápidos. Muito mais rápido do que o diálogo com os sindicatos, tem sido as largas passadas em direcao ao PIG. Muito mais rápido do que a defesa dos trabalhadores escravizados em Campos foi o tiro de sem metros para mostrar solidariedade ao nobre edil Marcos Barcelar. Vou parar por aqui, mas poderia citar mais.
Como confiar que um partido que age assim esteja procurando mudança?
Na medida em que um modelo nacional dá certo no poder, como já estava a avaliacao do governo Lula em 2008, ele deve de alguma forma ser reforcado nas esferas locais. apresentar-se como uma alternativa que já está sendo realizada com êxito e bem avaliada pela populacao foi a estratégia de muitos outros núcleos do PT em Minas Gerais, por exemplo. A chance de se fazer frente ao que está sendo debatido aqui, o Garotismo, apareceu, ou nao? O que aconteceu, para que o PT em Campos tomasse uma estratégia diferente dos outros PTs locais em situacao parecida?
E não é que o nosso Golbery também tem os seus "reservoir dogs"?
Um abraço do Enganador, meu caro anônimo corajoso e verdadeiro.
Em tempo: desafio a quem quer que seja apresentar a incongruência entre discurso e prática. É só começar, que responderei uma a uma.
Aí saberemos quem engana quem.
Pois é, é o que eu imaginava.
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