domingo, 31 de agosto de 2008

Convite NEDIGER - UFF Campos

Na data de 05 de setembro, às 15 horas na UFF/ESR, o NEDIGER (Núcleo de Estudos sobre Ética Diversidade de Gênero, Etnia e Racismo) inicia as atividades de seu grupo de estudos "Emancipação Humana, Gênero e Racismo", que é parte complementar do projeto de pesquisa integrado "Mediações necessárias e possíveis ao processo de emancipação humana em Marx, no contexto da reestruturação produtiva capitalista e dos direitos humanos", realizada pelo núcleo.

A abertura do grupo de estudos ocorrerá com a apresentação intitulada "Diferentes leituras sobre a questão racial brasileira", realizada pelo prof. Edson Borges, Prof. de História da África e Antropologia da UCAM, mestre em Antropologia pela USP, pesquisador do Centro de Estudos Afro-Asiáticos e editor da revista Estudos Afro-Asiáticos.

Os interessados em participar devem enviar e-mail para nediger@vm.uff.br, informando dados como nome, telefones de contato, e-mail, curso que realiza e instituição/entidade a qual estão vinculados.

Na xerox da UFF encontra-se uma pasta (nº75) com textos relacionados a apresentação, que podem ser lidos previamente a mesma, no sentido de melhor embasar a sua compreensão e qualificar o debate a ser travado no encontro.

Haverá emissão de certificados aos participantes.

sábado, 30 de agosto de 2008

Machado de Assis - Curso promovido pelo PGPS - UENF


Prezad@s,

Divulgo importante iniciativa do curso de Políticas Sociais da UENF, de onde parte dos integrantes deste blog são oriundos, que é um curso sobre Machado de Assis e o século XIX ministrado pelo professor Dr. Thomas Sträeter de Heidelberg.

Detalhes no cartaz aqui deste post. Se me permitem emitir uma opinião... Parece ser imperdível!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

WGS sobre a imprensa

PARTE I




PARTE II

Mais uma positiva... contra o estereótipo

A The Economist mais uma vez realiza uma matéria sobre o Brasil. Desta vez sobre violência. Segue abaixo na íntegra.



Aug 21st 2008 | SÃO PAULO
From The Economist print edition

Contrary to stereotype, the murder rate is falling

Brazil
Not as violent as you thought



ASK foreigners what comes to mind when they think of Brazil, and a teenage gunman wearing flip-flops may not be far behind pirouetting footballers or carnival dancers in sequined bikinis. This image partly reflects the success abroad of films such as “City of God” and, more recently, a violent tale about Rio de Janeiro’s rampaging police called “Elite Squad”. It is also grounded in fact. One recent study suggested that Brazil had the fourth-highest murder rate among the world’s larger countries, behind Venezuela, Russia and Colombia. Since Brazil has 190m people, this adds up to a lot of corpses.

But something unforeseen is happening. The number of murders in Brazil is falling (see chart). Most of the improvement is due to a sharp fall in São Paulo, Brazil’s most populous state. Figures released by São Paulo’s government show that the number of murders has halved in the past five years. Strip out this state and things look less good. But there have been some improvements elsewhere. In Rio de Janeiro state the murder rate has declined from a high of 64 per 100,000 people in the mid-1990s to 39 last year. All this suggests that more recent national figures, when they are available, may see an acceleration in the downward trend.




AP A better chance of growing up

Even those who question the integrity of police statistics, like Sérgio Adorno of the University of São Paulo, say that something has changed. Nowhere more so than in places like Jardim Ângela, a poor suburb of São Paulo. In the 1990s it was dubbed the world’s most violent neighbourhood. That prompted a reaction, led by James Crowe, an Irish Catholic priest who has worked there for the past 17 years. It began with a pilgrimage to the nearby São Luís cemetery, where so many young men were buried. It resulted, among other things, in the creation of Brazil’s first community police force. The murder rate there has fallen from the equivalent of 112 per 100,000 people in 1995 to 33 in 2006.

There is much academic debate as to what else might lie behind the fall in São Paulo’s murder rate. Perhaps this is not surprising: argument continues over what caused a similar decline in the United States during the 1990s. In São Paulo’s case, there seem to be three reasons.

The first is tighter gun-control. A 2003 law restricted the right to carry guns. A subsequent amnesty and gun buyback programme took half a million weapons off the streets. The following year saw the first drop in the murder rate. A new effort to take more guns out of circulation will begin later this year.

Second, changes to policing have played their part. Killings involving São Paulo’s police have declined (at one point in the early-1990s they accounted for a fifth of all violent deaths). According to Josephine Bourgois of the Brazilian Forum on Public Safety, a research group, the police have also become better at solving murders. A 700-strong murder squad was set up, and claims to have raised the proportion of homicides that are solved from the national average of just 8% to 70%. The squad uses computer profiling to spot patterns and to act preventively.

The third factor is demographics. The 1990s saw a bulge in the proportion of 19-24 year-olds, which coincided with a rise in youth crime, points out Alicia Bercovich of IBGE, the statistics agency. Between 2000 and 2006, the proportion of 15-24-year-olds in São Paulo’s population fell slightly, from 19.4% to 17.6%.

In some places these broader trends have been reinforced with local changes, such as requiring bars to close earlier. A decline in the use of crack cocaine may also have helped. Finally, in some areas of São Paolo a criminal gang called the Primeiro Comando da Capital has acquired a temporary monopoly of criminal thuggery, reducing the need to kill rivals. Yet problems such as gang violence become easier to deal with when the murder rate is falling. If it continues to do so, at least one Brazilian stereotype may need to be retired.

domingo, 24 de agosto de 2008

Cana no Caderno Mais - FSP

Eis importante dossier no Caderno Mais da Folha de São Paulo sobre o problema da cana:

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/inde24082008.htm

Recomendável para nós de Campos dos Goytacazes, RJ, e também para os colegas Nordestinos que por aqui passam. Afinal, alguma sensatez deve predominar sobre este tema.

Como diria o professor Hélio Coelho: "Essa cana.. é sacana!"

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Mostra de Cinema da Faculdade de Medicina de Campos RJ

Divulgando aqui a sugestão de Elizabeth Gama:

O CORTE, do Costa Gravas, vai ser exibido hoje, 20/08, na 4ª Mostra de Cinema da Faculdade de Medicina de Campos às 18h, com entrada franca e aberta ao público em geral.

Como em todos os dias (vai até 22/8) haverá debate ao final da exibição. Os debatedores de hoje serão Aristide Sofiati, Sérgio Diniz e Jair Araújo.

A programação tem ainda:

21/08 - O CHEIRO DO RALO, comédia dirigida por Heitor Dhalia e protagonizada por Selton Mello. Debatedores: Odila Mansur, Renato Moreto e Aluísio Barbosa;

22/08 – UMA RELAÇÃO PORNOGRÁFICA, do diretor belga Frédéric Fonteyne, com Nathalie Baye e Sergi Lopez. Os debatedores serão: Lucia Talabi, Paulo Pinho e Vera Marques.

Agora é só para dar água na boca: A LULA E A BALEIA foi o filme de segunda feira e ontem foi a vez do fantástico A VIDA DOS OUTROS, com Marcelo Lessa, Roberto Carvalho Filho e Avelino Ferreira, como debatedores.

Vale a pena conferir e participar.


Obs: Costa Gravas é sempre imperdível... Vale a pena conhecer e, para os iniciados, debulhar a obra do mestre.

domingo, 17 de agosto de 2008

Maria Fumaça, Trem de Ferro?



É com grande prazer que divulgo aqui um vídeo em primeira mão, ao menos no mundo dos blogs, produzido pelo colega Gerson Tavares do Carmo, mestre em Cognição e Linguagem e doutorando em Sociologia Política no CCH/UENF. O vídeo em questão é de 2001 mas ainda não havia sido disponibilizado no You Tube, tarefa que realizei há alguns dias.

Trata-se de um curta metragem com quase 06 minutos de duração que nos apresenta, sob o inconfundível compasso do “Trenzinho do Caipira” do mestre Heitor Villa-Lobos, um tema extremamente interessante e complexo. Gerson trabalhou particularmente com o conceito de “memória” em sua dissertação e buscou se aventurar especificamente na memória dos Ferroviários que atuavam na Estrada de Ferro de Cantagalo.

Como documentário demonstra influências do aparentamente inesgotável “Nós que aqui estamos por vós esperamos”, filme de 1998 produzido pelo intrépido Marcelo Masagão. A influência é perceptível pela predominância em P/B do curta de Gérson e pelo estilo, com frases curtas mescladas em fotografias, visando conferir uma outra concepção de movimento ao que concebemos como dinâmica cinematográfica “padrão” hollywoodiana. Todavia além deste tipo de apresentação de documentário o curta também é entremeado por falas dos sobreviventes da Ferrovia, demonstrando evidente emoção na sua forma de lidar com a máquina.

Para os familiarizados com o conceito de “reificação” o documentário ilustra bem, nas falas dos personagens, este fenômeno tão moderno.

Dentre as grandes questões nacionais ainda não suficientemente debatidas o trabalho de Gerson também partilha de uma concepção determinada de desenvolvimento. O problema da “disputa por memória” é entremeada por questões políticas. E a tônica aqui é também recolocar em questão a nossa opção para sermos um país rodoviário, justamente com todos os produtos negativos (sociais e econômicos) que possam advir disto.

Por essas e outras, além de também destacar esse tipo específico da categoria da classe trabalhadora brasileira que teve importante participação neste processo de nossa formação de classe, o curta metragem de Gerson é interessante.

Bom filme!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

PROF. BERNARD LAHIRE EM JUIZ DE FORA

É com grande satisfação que divulgo a todos o mini curso oferecido pelo Prof. Bernard Lahire na Universidade federal de Juiz de Fora, cuja ementa segue abaixo. Cabe lembrar que trata-se aqui de um dos principais, senão o principal, ex-alunos e bourdiesianos mais críticos e influentes da atualidade.

TÓPICOS ESPECIAIS EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Prof. Bernard Lahire

Quinta feira dias 14 e 21 de Setembro das 14h às 17h no auditório do ICH/UFJF

“teoria disposicional e contextual da ação”


O curso pretende abordar temas referentes à construção de uma “teoria disposicional e contextual da ação”. O curso focará tanto os aspectos teóricos como a explicitação da noção de “disposição” e transferência de disposições, assim como os aspectos metodológicos, tais como a reconstrução cientifica das disposições, e, finalmente, os aspectos empíricos propriamente ditos, com ilustrações de pesquisas levadas a cabo pelo Prof. Lahire na França.


Bibliografia


Lahire, Bernard, A cultura dos indivíduos, Artmed, 2006

Lahire, Bernard, O homem Plural, Artmed, 2004

Lahire, Bernard, Retratos sociológicos, Artmed, 2003.

sábado, 2 de agosto de 2008

O sentido político do estilo de vida



Roberto Torres

No último texto que Brand publicou neste Blog, ele quis ressaltar o quanto uma sociedade regida pela ciência e pela perícia técnica pode atrofiar a definição do “bem viver”, do que é uma “boa vida” em termos coletivos, nos termos de uma quantificação sobre a vida. O tema empírico em foco, a recente “Lei Seca”, dizia respeito a um desses casos onde o Estado, por meio da Lei, regula deliberadamente o estilo de vida das pessoas, obrigando-as a escolher uma combinação determinada do consumo de álcool com a direção do automóvel. A questão prática torna-se a seguinte. Uma lei é criada justificando-se na tese, já amplamente comprovada na redução do número de mortes por acidentes depois de sua aplicação, de que a maior parte dos acidentes graves é causada pela combinação do álcool com o volante. Então, o Estado usa a Lei para retirar do estilo de vida de grande parte do que podemos chamar de “classe média” o tipo de comportamento que representa a extinção de muitas vidas, de pessoas desta própria classe, com as quais de algum modo estendemos nossa afeição familiar.
O tema da quantificação vem à tona quando fica evidente que o Estado está priorizando a expectativa de vida das pessoas em termos da duração e do risco de sua extinção. Este dado evidente nos causa certa perplexidade e apreensão, pois parece suspender a ordem normal das coisas, onde a política decide tomar conta que questões que julgamos espontaneamente não pertencer a ela. Parece evidente que o estilo de vida não deveria ser regulado por uma política de Estado visando aumentar a duração da vida biológica de (algumas) pessoas. É essa “politização anômica” que Brand no fundo denuncia quando questiona o uso da ciência para justificar este tipo de intervenção perniciosa. Em resumo, a politização do estilo de vida seria contrária à “normalidade política”, traindo a própria legitimação jurídico-democrática do Estado na medida em que viola do direito civil básico de “ir e vir”.
A regulação quantitativa da vida surge como algo estranho e fora da vida política, ou seja, como algo que existe por “si mesmo” e sem relação com as diferenças de poder. Existe uma visão de que o estilo de vida das pessoas não depende de relações de poder e que não implicam uma distribuição desigual de todo tipo de valor e reconhecimento na sociedade e em qualquer espaço político visto como tal. O pressuposto desta visão é o “esquecimento” de que, em “tempos imemoriais” de decisões arbitrárias, o Estado (com seu aparato burocrático e militar) agiu com o “arbitrário da força” não só para controlar como também para produzir o estilo de vida das pessoas. Esquece-se, acima de tudo, que a política pública assumiu um dia na História a tarefa de distribuir desigualmente tanto as condições como os estímulos concretos para que determinado tipo de pessoas, com modos de vida semelhantes, fossem arbitrariamente beneficiadas com estes recursos escassos. Cria-se um “silêncio coletivamente orquestrado” sobre o fato de que estes recursos significam antes de tudo o que Foucault chama de “bio-poder”, tudo aquilo que serve para fomentar a vida com injunções desigualmente distribuídas e aplicadas. Pensemos por exemplo no risco de vida que nossa “ralé” de pobres e miseráveis precisa naturalizar, às vezes com muito bom humor, por ter que viver de modo arriscado na linha de tiro da delinqüência, nas camas dos hospitais, nos ambientes contaminados e propícios à aquisição de doenças “de pobre”, chegando ao limite de “aceitar” a doença como parte do próprio corpo e logo ter a extensão de vida probabilisticamente diminuída. Para reagirmos ao poder da “estatística” precisamos saber que ela faz parte dos corpos humanos, que está habitando, como diria Bourdieu, “a zona mais oculta dos corpos”, sob a forma de uma segurança quantitativa em relação à vida, correspondendo a uma certeza probabilística que incorporamos em nosso “ser” de acordo com nossa origem social.
Esta distribuição desigual da segurança sobre a vida institui um regime de escassez em que a sociedade é, no limite, divida entre amigos e inimigos, numa oposição binária que por sua vez instaura uma contradição, ainda que latente, entre aqueles que o “poder social” escolhe “fazer viver” e aqueles a quem sentencia “deixar morrer”. Apenas em situações extremas, como no Nazismo, é que esta contradição latente costuma vir à tona, e uma raça tida como inferior ser abertamente perseguida em prol de uma vida melhor para a raça tida como superior. Mas é assim que todas as sociedades modernas, pelo menos as com pobreza e marginalidade significativas, que são 90% do mundo, fazem e/ou ratificam no ambiente de todas as suas instituições e práticas. Com o decorrer do tempo, no entanto, como o Estado monopoliza a força e com ela a capacidade de produzir bens simbólicos para disfarçar o seu uso nestas instituições e práticas, as famílias e classes privilegiadas pela distribuição desigual do bio-poder se esquecem de que todo seu estilo de vida depende desta apropriação diferencial da expectativa quantificada sobre vida.
Inclusive a própria reação crítica à quantificação do estilo de vida, típica de todas as variantes estéticas e políticas do “expressivismo” e da “vida autêntica, só faz sentido na suposição de que haja o privilégio de uma expectativa de vida experimentada espontaneamente em termos quantitativos. Todos nós que projetamos nossa vida em termos de uma carreira, ou sob a base dela, possuímos de modo quase natural a sensação de uma segurança quantitativa sobre a duração de nossa vida. A questão é que esta segurança existencial não existe para todos. E ela é uma questão política desde quando podemos saber que envolve a apropriação arbitrária de recursos e estímulos para a duração e a quantidade da vida. Não devemos estar fechados à descoberta de que o consenso secreto mais importante de nosso mundo social possa ser aquele que, escondendo uma guerra de “raças”, a pusesse em marcha por outros meios, mas sem nunca descuidar da disputa pela existência dos corpos em relação ao mundo.