quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

LULA – O MAIOR ESTADISTA BRASILEIRO


Fabricio Maciel e

Roberto Torres


Nenhum bom livro de história do Brasil celebrou algum estadista brasileiro, até agora, mais do que Getúlio. Talvez Juscelino tenha chegado perto, com seu super plano de desenvolvimento. Mas a questão central que marcou a era Vargas foi maior do que a questão do desenvolvimento. Ele precisou enfrentar a primeira questão social do Brasil moderno, ou seja, iniciar a institucionalização da condição da classe trabalhadora enquanto digna de respeito mínimo, através de direitos básicos. Esta grande ação estatal certamente incomodou as elites agrárias brasileiras da época, para as quais, boa parte de seus explorados davam com isso um passo a frente em sua condição social.

Atualmente, alguns rumores, tanto do bem quanto do mal, já comparam Lula a Getúlio. Nenhum outro presidente brasileiro provocou tão fortemente a comparação, nenhum outro ousou desafiar o lugar canonizado de Getúlio, “pai dos trabalhadores”, em nosso imaginário nacional. Por que tanto admiradores quanto inimigos não conseguem escapar da comparação? Por que Lula incomoda. É impossível não perceber sua singularidade como pessoa, homem público e principalmente líder político. A esta altura do campeonato, falar da trajetória pessoal de Lula já é o de menos. Não precisamos nos prender a esta propaganda ideológica. Podemos recorrer a realizações concretas deste grande estadista, para compreender porque ele já tomou o trono de maior estadista brasileiro de todos os tempos.

Depois da reabertura democrática institucional, o Brasil cambaleou por mais de uma década, apostando todas as fichas na política econômica derivada da reestruturação produtiva mundial das últimas três décadas. Agora, parece que o Brasil finalmente toma seu rumo. Não apenas por que a política econômica de Lula é melhor do que as anteriores, superando-as, e não simplesmente sendo mais uma continuidade, como maldosos críticos vêm tentando sugerir. O que mais incomoda a seus inimigos é que ele finalmente enfrentou a grande questão social brasileira desde a integração getulista dos trabalhadores: o abandono político de nossa ralé, a parte de nosso povo desqualificada pelo mercado, que há gerações vaga entre a miséria e o trabalho extremamente precário.

O Bolsa Família é apenas o começo de uma nova era, que busca integrar à nação brasileira sua classe mais carente. Afinal, este é o único sentido verdadeiro da idéia de nação. Este é o papel mais digno que um estadista pode realizar. Utilizar a força do Estado nacional, cuja idéia só faz sentido quando inclui proteção social de todas as classes, para compensar relativamente aqueles que perderam no mercado. Por isso Lula incomoda tanto, incomoda aos inimigos do povo, incomoda principalmente a frações privilegiadas de classes integradas que sempre utilizaram o termo nação ideologicamente, no sentido da brasilidade, no qual todos somos “um” apenas na alegria, e nunca nos privilégios.

Episódios recentes envolvendo a fúria irracional da grande mídia só comprovam o gigantismo de Lula. Pela primeira vez um estadista brasileiro consegue estabelecer um vínculo afetivo verdadeiro com sua nação, e principalmente com aqueles que mais precisam. Lula seria mais um ideólogo da nação se este vínculo fosse meramente um paternalismo afetivo, forte angariador de votos. Mas não é. Lula expressa sua preocupação com os mais carentes falando diretamente a eles e, mais do que isso, o que realmente importa, iniciando na prática a solução de seu problema.

Mais do que Getúlio, Lula realmente incomoda a maior parte dos privilegiados e a todo o pensamento conservador, liberal e meritocrático, que há tempo já se tornou religião civil no Brasil. Ele consegue driblar todo o egoísmo institucionalizado das elites e classes médias com suas medidas práticas e legítimas de transferência de renda. A força de Lula é tamanha que ele se comunica com a nação cotidianamente, usando em seu favor o potencial de um de seus maiores inimigos, a grande mídia. O atual mal-caratismo indutivista e reducionista desta instituição não consegue impedir que Lula diga sempre a verdade sobre o egoísmo de todos os que se sentem incomodados com sua política social. Esta atitude faz com que ele não seja apenas um governante institucional e um administrador, apenas mais um presidente, mas que incorpore o verdadeiro sentido de um estadista, a saber, o daquele que age concretamente em favor da segurança social de todos os seus representados. A inclusao no patamar de seguranca social de um cidadao digno (algo para o que a política social de Lula aponta no horizonte) é para o Estado Nacao chamado Brasil a questao mais visionária que se pode colocar na agenda política. E nisto Lula foi até hoje o maior.

A importancia de Lula como chefe de Estado é a sua forma inovadora, revolucionária de se fazer representar como tal. Ao invés de entrar no falso endereco do homem público que seria capaz de por as questoes de Estado àcima dos interesses políticos, Lula é o chefe de Estado mais importante da nossa história até aqui justamente porque mostra o outro lado desta fórmula: colocar questoes de Estado acima de interesses políticos é fazer com que determinados interesses, antes na completa berlinda, possam ser vistos como interesses de Estado. Se Getúlio foi grande por colocar os interesses dos "setores médios" na agenda nacional, Lula foi maior justamente porque fez isso com os excluídos.


(Aproveitamos para desejar um feliz 2010 a todos os nossos amigos e a todos os amigos do povo brasileiro. Desejamos que 2010 e os anos seguintes no Brasil vivenciem a continuação progressiva das mudanças sociais e da melhora de vida dos mais carentes. Dedicamos este texto a todas as pessoas que já sofreram privações materiais e morais no mundo. Dedicamos também a nossos pais, eternos batalhadores. A eles, nosso muito obrigado.)

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Reunião Anual dos Blogueiros - Versão 2.0

Prezad@s,

Amanhã teremos a segunda edição da reunião anual dos blogueiros mais ou menos etílicos. Ou seria uma reunião mais ou menos etílica? Ah, claro, não etílicos também devem ir. Não somos segregacionistas!

Tod@s estão convidad@s. Decerto não levarei vinil para sorteio mas pretendo levar algo aqui do acervo para ser degustado nessa festa tropical onde o subversivo senhor Samba pedirá passagem.

De todo modo aproveito, como é praxe, a chamada do companheiro Vitor Menezes:


Atenção senhores e senhoras! Atendendo intimação do pessoal do Sociedade Blog e do blog Outros Campos, este urgente! convoca solenemente todos os blogueiros que estiverem desocupados na próxima quarta, 23, 22h, para o nosso II Encontro.

Vamos aproveitar o furdunço da última noite do vinil do ano, na Taberna Dom Tutti (rua das Palmeiras, 23, próximo ao Alzira Vargas) para realizar mais este momento histérico.

Haverá amigo oculto de vinil. O sorteio é feito na hora e para participar basta levar um daqueles discos que você esqueceu no armário desde a adolescência.

No vinil vai rolar samba, para fechar o ano em alto astral.

Vamo que vamo!

PS: A histeria é por conta do Vitor.... Não nos responsabilizamos por patologias modernas demonstradas naquele espaço...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Lula vs. Globo


No início da década de 1980, centenas de milhares de brasileiros cantaram em coro “O povo não é bobo, abaixo a rede Globo!”, quando a corporação na qual se apoiou a ditadura militar censurou as mobilizações populares contra o regime militar, utilizando fotonovelas e futebol para tentar anestesiar a opinião pública. Hoje, um segmento crescente do público brasileiro expressa seu descontentamento frente o grupo midiático hegemônico.

Por Dario Pignotti*, no Le Monde Diplomatique (Cone Sul e Espanha), via
Vermelho

Medições de audiência e investigações acadêmicas detectaram um dado, em certa medida inédito, sobre as relações de produção e consumo de informação: a credibilidade da rede Globo, inquestionável durante décadas, começa a dar sinais de erosão. Contudo, é possível perceber uma diferença substantiva entre a indignação atual e o descontentamento daqueles que repudiavam a Globo durante as mobilizações de três décadas atrás em defesa das eleições diretas.

Em 1985, José Sarney, primeiro presidente civil desde o golpe de Estado de 1964, obstruiu qualquer pretensão de iniciativa reformista relativa à estrutura de propriedade midiática e ao direito à informação, em cumplicidade com a família Marinho – proprietária da Globo, da qual, aliás, era sócio. O atual chefe de Estado, Luiz Inácio Lula da Silva, parece disposto a iniciar a ainda pendente transição em direção à democracia na área da comunicação.

No início de 2009, no Fórum Social Mundial realizado na cidade de Belém, Lula convocou uma Conferência Nacional de Comunicação. A partir daí, mais de 10 mil pessoas discutiram em assembleias realizadas em todo o país os rumos da comunicação e definiram propostas para levar para a Conferência, realizada de 14 a 17 de dezembro, em Brasília.

“É a primeira vez que o governo, a sociedade civil e os empresários discutem a comunicação; isso, por si só, já é uma derrota para a Globo e sua política de manter esse tema na penumbra (...). O presidente Lula demonstrou estar determinado a instalar na sociedade um debate sobre a democratização das comunicações; creio que isso terá um efeito pedagógico e poderá converter-se em um dos temas da campanha (de 2010)”, assinala Joaquim Palhares, diretor da Carta Maior e delegado na Conferência.

O embate entre Lula e a Globo poderia ser resumido como uma disputa pela verossimilhança, um bem escasso no mercado noticioso brasileiro. Ao participar quase que diariamente de atos ou eventos públicos, o presidente dialoga de forma direta com a população, estabelecendo um contrato de confiança que contrasta com a obstinação dos meios dominantes em montar um discurso noticioso divorciado dos fatos que, às vezes, beira a ficção.

Lula configura um “fenômeno comunicacional singular; o povo acredita nele, não só porque fala a linguagem da gente simples, mas porque as pessoas mais carentes foram beneficiadas com seus programas sociais; isso é concreto, o Bolsa Família atende a 45 milhões de brasileiros que não prestam muita atenção ao que diz a Globo”, observa a professora Zélia Leal Adghirni, doutora em Comunicação e coordenadora do programa de investigação sobre Jornalismo e Sociedade da Universidade de Brasília.

“Por que Lula ganhou duas vezes as eleições (2002 e 2006), uma delas contra a manifesta vontade da Globo? Por que Lula tem uma popularidade de 80%?”, pergunta Adghirni, para quem “as teorias de comunicação clássica que estudamos na universidade não são aplicadas ao fenômeno Lula. Desde a teoria da ‘agulha hipodérmica’ até a da ‘agenda setting’, dizia-se que os meios formam a opinião ou pautam o temário do público, mas com Lula isso não ocorre: os meios de comunicação estão perdendo o monopólio da palavra”.

Por outro lado, como se sabe, a construção de consensos sociais não se galvaniza só com mensagens racionais ou versões críveis da realidade, também é necessário trabalhar no imaginário das massas, um território no qual a Globo segue sendo praticamente imbatível. A empresa do clã Marinho controla o patrimônio simbólico brasileiro: é a principal produtora de novelas e detém os direitos de transmissão das principais partidas de futebol e do carnaval carioca.

Frente à gigantesca indústria de entretenimento da Globo, o governo é praticamente impotente. Não obstante, a imagem do presidente-operário provavelmente ganhará contornos míticos em 2010, com o lançamento do longa-metragem Lula, o Filho do Brasil, que será exibido no circuito comercial e em um outro alternativo (sindicatos e igrejas). O produtor Luis Carlos Barreto prevê que cerca de 20 milhões de pessoas assistirão à história do ex-torneiro mecânico que se tornou presidente, o que seria a maior bilheteria da história no país.

O balanço provisório da política de comunicação de Lula indica que esta tem sido errática. Em seu primeiro mandato (2203-2007), impulsionou a criação de um Conselho de Ética informativa, iniciativa que arquivou diante da reação empresarial. Após essa tentativa fracassada, o governo não voltou a incomodar as “cinco famílias” proprietárias da grande imprensa local, até o final de sua primeira gestão.

Em seu segundo governo – iniciado em 1° de janeiro de 2007, Lula nomeou Hélio Costa como ministro das Comunicações, um ex-jornalista da Globo que atua como representante oficioso da empresa no ministério. Mas enquanto a designação de Costa enviava um sinal conciliador aos grupos privados, Lula seguia uma linha de ação paralela.

Em março de 2008, o Senado, com a oposição cerrada do PSDB, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, aprovou o projeto do Executivo para a criação da Empresa Brasileira de Comunicações, um conglomerado público de meios que inclui a interessante TV Brasil, para a qual, em 2010, o Estado destinará cerca de US$ 250 milhões. O generoso orçamento e a defesa da nova televisão pública feita pelos parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) indicavam que Lula havia decidido enfrentar a direita política e midiática. Ao mesmo tempo em que media forças com a Globo – ainda que não de forma aberta -, Lula aproximou posições com as empresas de telefonia (interessadas em participar do mercado de conteúdos e disputar terreno com a Globo) e algumas televisões privadas, como a TV Record – de propriedade de uma igreja evangélica.

A estratégia foi tomando contornos mais firmes no final do mês de outubro quando Lula defendeu, durante uma cerimônia de inauguração dos novos estúdios da Record no Rio de Janeiro, o fim do "pensamento único" capitaneado por alguns formadores de opinião (em óbvia alusão à Globo) e a construção de um modelo mais plural. Dias mais tarde, o mesmo Lula afirmava: “Quanto mais canais de TV e quanto mais debate político houver, mais democracia teremos (...) e menos monopólio na comunicação”.

Com um discurso monolítico e repleto de ressonâncias ideológicas próprias da Doutrina de Segurança Nacional (como associar qualquer objeção à liberdade de imprensa empresarial com ocultas maquinações “sovietizantes”), o grupo Globo lançou uma ofensiva, por meios de seus diversos veículos gráficos e eletrônicos, contra a incipiente tentativa do governo de estimular o debate sobre a atual ordem informativa, que alguns definem como um “latifúndio” eletrônico.

O primeiro passo neste sentido, assinala Joaquim Palhares, foi “esvaziar e boicotar a Conferência Nacional de Comunicação, retirando-se dela, dando um soco na mesa e saindo impestivamente para tentar deslegitimá-la”, movimento seguido por outros grupos midiáticos. O segundo movimento consistiu em articular um discurso institucional para fazer um cerco sanitário contra o contágio de iniciativas adotadas por governos sulamericanos como os da Argentina, Equador e Venezuela, orientadas na direção de uma reformulação do cenário midiático.

A Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) “temem que o que ocorreu na Argentina se repita no Brasil; eles veem essa lei como uma ameaça e começaram a manifestar sua solidariedade com a imprensa da Argentina”, afirma Zélia Leal Adghirni. O receio expresso pelas entidades representativas dos grandes conglomerados midiáticos é o seguinte: se o descontentamento regional contra a concentração informática ganha força junto à opinião pública brasileira, poderia romper-se a cadeia de inércia e conformismo que já dura décadas e, quem sabe, iniciar-se um gradual – nunca abrupto – processo de democratização.

O inverso também se aplica: se o Brasil, liderado por Lula, finalmente assumir como suas as teses do direito à informação e à democracia comunicacional, é certo que essa corrente de opinião, atualmente dispersa na América Sul, poderá adquirir uma vertebração e uma legitimidade de proporções continentais.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A contrarrevolução jurídica



por Boaventura de Sousa Santos







Está em curso uma contrarrevolução jurídica em vários países latino-americanos. É possível que o Brasil venha a ser um deles.

Entendo por contrarrevolução jurídica uma forma de ativismo judiciário conservador que consiste em neutralizar, por via judicial, muito dos avanços democráticos que foram conquistados ao longo das duas últimas décadas pela via política, quase sempre a partir de novas Constituições.

Como o sistema judicial é reativo, é necessário que alguma entidade, individual ou coletiva, decida mobilizá-lo. E assim tem vindo a acontecer porque consideram, não sem razão, que o Poder Judiciário tende a ser conservador. Essa mobilização pressupõe a existência de um sistema judicial com perfil técnico-burocrático, capaz de zelar pela sua independência e aplicar a Justiça com alguma eficiência.

A contrarrevolução jurídica não abrange todo o sistema judicial, sendo contrariada, quando possível, por setores progressistas.

Não é um movimento concertado, muito menos uma conspiração. É um entendimento tácito entre elites político-econômicas e judiciais, criado a partir de decisões judiciais concretas, em que as primeiras entendem ler sinais de que as segundas as encorajam a ser mais ativas, sinais que, por sua vez, colocam os setores judiciais progressistas em posição defensiva.

Cobre um vasto leque de temas que têm em comum referirem-se a conflitos individuais diretamente vinculados a conflitos coletivos sobre distribuição de poder e de recursos na sociedade, sobre concepções de democracia e visões de país e de identidade nacional.

Exige uma efetiva convergência entre elites, e não é claro que esteja plenamente consolidada no Brasil. Há apenas sinais nalguns casos perturbadores, noutros que revelam que está tudo em aberto. Vejamos alguns.

- Ações afirmativas no acesso à educação de negros e índios. Estão pendentes nos tribunais ações requerendo a anulação de políticas que visam garantir a educação superior a grupos sociais até agora dela excluídos.

Com o mesmo objetivo, está a ser pedida (nalguns casos, concedida) a anulação de turmas especiais para os filhos de assentados da reforma agrária (convênios entre universidades e Incra), de escolas itinerantes nos acampamentos do MST, de programas de educação indígena e de educação no campo.

- Terras indígenas e quilombolas. A ratificação do território indígena da Raposa/Serra do Sol e a certificação dos territórios remanescentes de quilombos constituem atos políticos de justiça social e de justiça histórica de grande alcance. Inconformados, setores oligárquicos estão a conduzir, por meio dos seus braços políticos (DEM, bancada ruralista) uma vasta luta que inclui medidas legislativas e judiciais.

Quanto a estas últimas, podem ser citadas as “cautelas” para dificultar a ratificação de novas reservas e o pedido de súmula vinculante relativo aos “aldeamentos extintos”, ambos a ferir de morte as pretensões dos índios guarani, e uma ação proposta no STF que busca restringir drasticamente o conceito de quilombo.

- Criminalização do MST. Considerado um dos movimentos sociais mais importantes do continente, o MST tem vindo a ser alvo de tentativas judiciais no sentido de criminalizar as suas atividades e mesmo de o dissolver com o argumento de ser uma organização terrorista.

E, ao anúncio de alteração dos índices de produtividade para fins de reforma agrária, que ainda são baseados em censo de 1975, seguiu-se a criação de CPI específica para investigar as fontes de financiamento.

- A anistia dos torturadores na ditadura. Está pendente no STF arguição de descumprimento de preceito fundamental proposta pela OAB requerendo que se interprete o artigo 1º da Lei da Anistia como inaplicável a crimes de tortura, assassinato e desaparecimento de corpos praticados por agentes da repressão contra opositores políticos durante o regime militar.

Essa questão tem diretamente a ver com o tipo de democracia que se pretende construir no Brasil: a decisão do STF pode dar a segurança de que a democracia é para defender a todo custo ou, pelo contrário, trivializar a tortura e execuções extrajudiciais que continuam a ser exercidas contra as populações pobres e também a atingir advogados populares e de movimentos sociais.

Há bons argumentos de direito ordinário, constitucional e internacional para bloquear a contrarrevolução jurídica. Mas os democratas brasileiros e os movimentos sociais também sabem que o cemitério judicial está juncado de bons argumentos.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Racismo na UERJ
Numa das poucas instituições sociais pela qual devotamos expectativas positivas quanto ao convívio com as diferenças e à diversidade de pensamento, observamos de tempos em tempos o outro lado da fachada liberal a qual alguns intelectuais, políticos e “celebridades” se apegam e teimam em negar o óbvio: a inefetividade de direitos universais manifestada no racismo de classe que quase sempre se traveste de racismo de cor. Os últimos acontecimentos na UERJ são graves e merecem reflexão. Que os representantes dos segmentos docente, discentes e de funcionários dessa comunidade universitária sejam vigilantes quanto à punição dos agressores. Divulgando o primeiro dos protestos realizados na UERJ:
ATO EM LEGÍTIMA DEFESA
Àquelas e Àqueles que aguardavam, o tempo chegou: Ato em Legítima Defesa a favor da equidade racial e repúdio as agressões raciais ocorridas na UERJ e no em torno.
No horário de Brasília às 17horas terça feira dia 15 de dezembro de 2009.
No Hall do Queijo
Em menos de uma semana agressões racistas ocorreram nesta Universidade. No sábado dia 05 de dezembro de 2009 a Negra estudante do serviço social foi agredida por aluno branco do IME – UERJ que a xingou de Chimpanzé e na última sexta feira dia 11 de dezembro, 3 alunos brancos do curso de FILOSOFIA - UERJ depredaram a sala Abdias Nascimento, sede coletivo Denegrir, a chutes, seguidos gritos ofenderam todas e todos as negras e os negros com as seguintes palavras: “ COTISTAS DE MERDA!, PODER ARIANO, PODER BRANCO, SOMOS BRANCOS POR ISSO SOMOS SUPERIORES E DOMINAMOS TUDO e pichações racistas onde afirma no banheiro feminino: “MULHERES NEGRAS SÓ PODEM TER 3 FILHOS POR QUE O 4º É FORMAÇÃO DE QUADRILHA”.
NÃO PODEMOS DEIXAR ISSO PASSAR EM BRANCO.

domingo, 13 de dezembro de 2009

O medo da rua

Quero começar dizendo que não desejo parecer arrogante escrever mais um texto de Berlim. Estou a trabalho e não de férias por conta própria. Uma das coisas que mais me impressiona é não sentir medo de andar na rua. É uma sensação impressionante. Apreciar a beleza de uma grande cidade, como qualquer capital brasileira, sem o medo da violência. A sociedade é altamente policiada, neurótica como nós brasileiros somos com nossa violência, mas por motivos distintos. As neuroses do velho mundo são mais íntimas. Não dependem de querermos nos livrar de um terço da população que ameaça a segurança do espaço público.
O medo que aqui se sente dos skinheads, uma minoria, é o medo que se sente no Brasil de uma maioria, principalmente nas capitais. Em Berlim se sente realmente o que é um espaço público, no qual você se sente tão a vontade quanto dentro de casa. No Brasil somos socializados com medo da rua. Ou se é classe média trancado no carro e no condomínio ou se socializa na brasilidade ambigua que lida com os vizinhos perigosos, em bairros pobres, com tato, medo e respeito passivo. Logo, os honestos e decentes sentem prazer quando o Caveirão sobe o morro e aparece no Fantástico. Nos sentimos um pouquinho defendidos.
Este dado parece associado ao erro de Roberto Damatta ao afirmar que no Brasil casa e rua são opostos. Não são assim por que a casa é o melhor lugar do mundo, mas por que a rua não é dos melhores. Por aqui, se fala em sociedade do risco. Mesmo se tendo a rua como um lugar seguro.
A noção de espaço público não se dissocia da idéia de segurança. O que todas as comparações entre centro e periferia que vem a mente da maioria das pessoas que conhece a Europa nunca percebe, entretanto, é que nossa violência depende da segurança deles. OU vice versa. O século XX foi o século da auto proteção da burguesia mundial e de seu espaço, de suas nações. Este fenomeno não se dissocia da divisão internacional da produção, que precariza as sociedades periféricas, tornando-as mais tensas, desiguais, nervosas e perigosas. Não se tem calma com as necessidades materiais ameaçadas. Logo, parece que o centro é mais civilizado, pois o maior grau de dignidade constroi uma sociedade mais calma, quase todo mundo sabe que vai achar sua comida em casa ao chegar.
Num refluxo do capitalismo mundial, agora a ralé tenta entrar no centro. É severamente controlada, atráves de uma tecnologia de Estado, de um biopoder, como diria Foucault, que agora se configura entre Atlantico NOrte e o Resto. ESte é o novo muro de Berlin. Esta é a nova ordem mundial. Os portoes do primeiro mundo estão fechados e bem controlados. A tecnologia de EStado agora é multinacional. OU será multicultural...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O que é multiculturalismo?

Fabrício Maciel


Tenho agora a oportunidade de conhecer Berlin, uma das capitais multiculturais do mundo. A cidade é marcada pela presenca de etnias distintas das nativas, dentre elas os arabes, dentre os quais muitos comerciantes. O convivio parece pacifico. O mundo funciona normalmente. Logo me lembrei do recente livro de Richard Sennett, Carne e Pedra, no qual ele analisa dentre outras coisas a realidade da Nova York multicultural, semelhante a nossa Sao Paulo, Cidade do Mexico, Bombaim, e tb Berlin. O autor percebe o multiculturalismo como um traco marcante destas cidades, nas quais o capitalismo funciona atraves de maos etnicas distintas que cada ves mais tem conseguido conviver juntas,
Este parece o mote de nosso tempo, do novo capitalismo, flexivel, no qual pessoas migram todo o tempo em busca da dignidade. a partir disso podemos pensar no que é o multiculturalismo como um todo, como uma marca economica e cultural do mundo moderno. Seu discurso é o do convivio, do acordo, do respeito a toda forma de diferenca e etnia, o que normativamente pode ser muito bom, a partir de qualquer valor moderno. Nenhum governo atualmente pode prescindir deste discurso e de uma pratica semelhante que de fato tem realisado bons acordos internacionais.
Esta é a epoca do presidente negro da nacao mais rica, do presidente nordestino no Brasil, dos nacionalismos latinoamericanos que oferecem pouco perigo a nova ordem mundial, pos bipolar, agora multipolar, na qual uma idéia predominante é que as relacoes e o jogo de poder entre as nacoes tornou se menos hierarquisado e mais dinamico, abrindo margem para o crescimento de nacoes perifericas. É o caso do Brasil. todos os numeros do governo Lula sao recordistas, o que neste aspecto nao deixa duvidas de que sua linha de governo e a melhor. Entretanto, ha algo sobre o qual pouco se reflete no mundo multicultural.
Trata se de uma hierarquia opaca entre nacoes ricas e pobres, esquecida e legitimada pela ideia de multi. tudo hoje e multi. os aparelhos eletronicos sao cada ves mais multi. e as pessoas tb. o drama da classe media mundial, estudado pelo proprio Sennett e por outros, é ter que se adaptar rapidamente as exigencias de qualificacao das empresas, e apresentar espirito de criatividade. ser multi de si mesmo. Entretanto, ha outro drama maior. o de uma rale mundial, multicultural, heretogenea, que agora vem tomando a europa num refluxo historico do capitalismo.
este expurgou ate durante o Welfare State a pobresa e precarisacao para sua periferia, atraves do processo de reestruturacao produtiva, no qual uma nova divisao de trabalho no mundo aperfeicoou a dominacao do Atlantico norte, vigente desde sempre. isso dependeu de uma nova divisao tecnologica, na qual a periferia fica com o trabalho bracal que sustenta o capitalismo mundial. mas o centro tb precisa deste trabalho. hoje muitos imigrantes da periferia se tornam rale no centro. etnia e nacionalidade quase se tornam sinonimo de classe. E o discurso multicultural afirma que esta e a epoca da igualdade na diferenca. Talves seja melhor falar em igualdade formal, com avanco de direitos e diferenca. Ou sera desigualdade na pratica e indiferenca?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Seminário - Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política

Prezad@s,

Venho divulgar o seguinte seminário, pilotado pelo Darlan Ferreira Montenegro:

Título: "O Avesso do Príncipe: Programa e Organização nas origens do Partido dos Trabalhadores"
Data: Sexta-feira, dia 11 de Dezembro de 2009.
Horário: a partir das 14:00 horas.
Local: sala 107 - CCH - UENF

Trata-se de seminário que ocorrerá dentre as atividades da disciplina do professor Rogério Dultra, em curso neste segundo semestre de 2009.

A revista Veja, e as artimanhas do senhor da mentira

Qualquer menino ou menina, mesmo muito jovem, sem sequer ter lido uma linha de algum manual medieval que os ensinasse a perceber a presença oculta daquele o qual nós não devemos falar o nome, sabe muito bem, ou já ouvir falar, que “ele” se esconde nos detalhes, e que é através destes que ele age.

E na matéria abaixo, oriunda do “Blog do Azenha”, o nosso Azenha mostra ser digno de uma cátedra inquisitorial das melhores universidades, porque mostrou saber sentir o cheiro de enxofre a milhas de distância. E eu que sou um leigo nestas artes, arrisco a dizer, que talvez a grande imprensa brasileira seja a morada que o “senhor da mentira” encontrou para atacar e confundir o povo de Deus.

"A corrupção, na Veja













Curioso: só neste último caso a denúncia da revista não tem nome, nem partido. Por que?

PS: O leitor Edu Marcondes me manda outra capa, de 2000 (governo FHC), para provar que pelo menos a Veja é coerente. É a capa que aparece abaixo.






segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Reingresso na UFF

Caros,

Repasso informações recebidas da UFF, particularmente dos professores de Campos dos Goytacazes:

A UFF Campos oferece 60 vagas para o reingresso no curso de Licenciatura em Ciências Sociais (Complentação Pedagógica) para Bachareis em Ciências Sociais. Oferecem, também 20 vagas no Bacharelado para graduados em Serviço Social, Letras, História, Geografia, Direito.
O período de inscrições para o concurso de Reingresso é de 4 a 10 de dezembro de 2009.
Mais informações em no site http://www.coseac.uff.br/reingresso/2010/vagas.htm.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A imprensa aloprou

Por Alberto Dines (01/12/ 2009)

A Folha de S.Paulo consegue se superar a cada nova edição. Mais surpreendente do que a publicação do abjeto texto de Cesar Benjamin (sexta, 27/11), sobre o comportamento sexual do líder metalúrgico Lula da Silva quando esteve preso em 1979, foi a completa evaporação do assunto a partir do domingo (29), exceto na seção de cartas dos leitores.

Num dia o jornal chafurda na lama, dois dias depois se apresenta perante os leitores de roupa limpa e cara lavada, como se nada tivesse acontecido. E pronto para outra.

Não vai pedir desculpas? Não pretende submeter-se ao escrutínio da sociedade? Não se anima a fazer um debate em seu auditório e depois publicá-lo como faz habitualmente? E onde se meteram os procedimentos auto-reguladores que as empresas de mídia prometem há tanto tempo quando se apresentam como arautos da ética? Não seria esta uma oportunidade para ensaiar algo como a britânica Press Complaints Comission (Comissão de Queixas contra a Imprensa)?

E por que se cala a Associação Nacional de Jornais? Este não é um episódio que põe em risco a credibilidade da instituição jornalística brasileira? Um vexame destas proporções não poderia servir de pretexto para retaliações futuras? Ficou claro que depois do protesto inicial ("Isto é uma loucura!"), o presidente Lula encerrará magnanimamente o episódio. A Folha, em compensação, enfiará o rabo entre as pernas.

Ninguém estrila

É bom não perder de vista o fato de que esta lambança de um jornal isolado será fatalmente estendida à mídia como instituição. E logo alimentará as inevitáveis desavenças da próxima campanha eleitoral. Isto não interessa aos que desejam preservar o resto de republicanismo desta imensa republiqueta nem àqueles que levam o jornalismo a sério e não querem vê-lo desacreditado, como acontece na Venezuela.

A verdade é que a imprensa brasileira aloprou, levou a sério sua proximidade com o show-business; a obsessão pelo espetáculo e pela "leveza" levou-a para o âmbito da ligeireza, vizinha da irresponsabilidade.

Por outro lado, o controle centralizado das redações associado ao terror de iminentes demissões em massa desestimula qualquer cautela e a mínima prudência. Ninguém estrila ou esperneia. Os jornalistas brasileiros, apesar de tão jovens, andam encurvados – de tanto dar de ombros e não importar-se.

Ano penoso

Há exceções, tênues, percebidas apenas pelos especialistas, porque nossa mídia – ao contrário do que acontece nos EUA e Europa – faz questão de apresentar-se indiferenciada, uniformizada, monolítica, sem nuances.

Este 2009 foi um ano penoso para a Folha, o jornal talvez prefira esquecê-lo. Mas seus parceiros de corporação deveriam refletir sobre o perigo de atrelar uma indústria ou instituição aos faniquitos juvenis de quem ainda não conseguiu assimilar os compromissos públicos de uma empresa privada de comunicação.

***

Em tempo: O recuo da Folha na edição de terça-feira (1/12) é ainda mais vergonhoso do que a denúncia da sexta-feira anterior. Colocar na boca do pivô do episódio que "o artigo de Benjamim é um horror" é uma manobra capciosa, covarde, para responsabilizar um articulista delirante e inocentar diretores irresponsáveis. A Nota da Redação, na seção de cartas, está atrasada quatro dias: pode satisfazer as dezenas de missivistas que se manifestaram, mas despreza os milhares que, horrorizados, leram o resto do jornal.

III Jornada de Políticas Sociais da UENF

Será em 03/12/09, das 8h às 17h, no Anfiteatro 4 do Centro de Convenções da Uenf, a 3ª Jornada do Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais da Uenf. O evento, que tem apoio da Capes, será aberto às 8h30 pela professora Sônia Martins de Almeida Nogueira. Em seguida, a professora Martha Tupinambá Ulhôa discorre sobre o tema 'Interdisciplinaridade na pesquisa em Artes'. Após a palestra haverá debate mediado pelo professor Marcelo Gantos.

Das 10h30 às 12h, será realizado um painel com trabalhos representativos das diversas linhas de pesquisa do Programa de Políticas Sociais. O painel será apresentado pelos alunos Carlos Moraes (Linha 1), Júlio Cezar Pinheiro de Oliveira (Linha 2), Paulo Sérgio Ribeiro da Silva Junior (Linha 3) e Josete Soares Peres (Linha 4). A coordenação dos trabalhos é da professora Silvia Alicia Martinez.

O professor João Lupi ministra palestra às 14h sobre o tema 'O doutorado interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC (Florianópolis): experiências, resultados e dificuldades'. Em seguida, às 15h30, haverá mesa-redonda para debater o tema 'A pós-graduação interdisciplinar: visões e expectativas'. Os debatedores serão os professores Pedro Geraldo Pascutti e Édson Correa da Silva. A moderadora será a professora Simonne Teixeira.

O encerramento está previsto para as 17h, quando será realizada a atividade cultural 'Tango & Dança', com o argentino Aldo Priore. Mais informações podem ser obtidas pelo tel (22) 2739-7281 ou pelo email pgps-cch@uenf.br.

Fonte: http://www.uenf.br.

domingo, 29 de novembro de 2009

Projeto Segundas Debates - UFF Campos - Palestra José Luiz Vianna da Cruz

UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

COORDENAÇÃO DE EXTENSÃO

Projeto de Extensão - “Segundas Debates: Estudos Acadêmicos Complementares à Graduação”.

CONVITE

O Projeto de Extensão Segundas Debates: convida você a participar da apresentação do relatório do projeto de extensão: “Estudos dos impactos sócio econômicos da implantação de estaleiro em Barra do Furado/Quissamã – RJ”, no dia 30 de Novembro de 2009, segunda-feira, no horário de 15:30h às 18:00h na UFF/Campos – sala 01.

Expositor: Profº. José Luiz Vianna da Cruz – Coordenador do projeto de extensão: “Estudos dos impactos sócio econômicos da implantação de estaleiro em Barra do Furado/Quissamã – RJ” e Diretor do Polo da UFF/Campos;

Mediadora: Profª. Ana Maria Almeida da Costa – Coordenadora de Extensão – UFF/Campos.

Profª. Ana Maria Almeida da Costa

Coordenadora

Informações: Rua José do Patrocínio, 71 – Centro – Campos dos Goytacazes – RJ. Tel. (22) 27220622 e 27330319, Ramal 4104 e 4112 no horário de 14:30h às 17:30h. Os certificados poderão ser solicitados na Secretaria da Coordenação de Extensão.

sábado, 28 de novembro de 2009

I Colóquio da Uenf em Educação Básica


Se você é professor ou professora da rede pública e deseja se informar em detalhes sobre o Plano Nacional de Formação de Professores (ParFor), que oferece cursos superiores de licenciatura em instituições públicas, a Uenf está criando a oportunidade ideal para tirar todas as suas dúvidas. Será realizado em 30/11, no Centro de Convenções da Universidade, o I Colóquio da Uenf em Educação Básica. Além de massificar informações sobre o Plano do MEC para qualificar os professores, o Colóquio vai discutir a educação superior a distância com professores do Norte e do Noroeste Fluminense.


O Colóquio começa às 9h e terá, entre outras, a presença da professora Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e membro do Conselho Nacional de Educação - Câmara de Educação Básica. O tema geral é o seguinte: 'Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica e a Educação a Distância: apontando as perspectivas para o Norte/Noroeste Fluminense'. O evento pretende motivar os professores do ensino básico e informá-los sobre os caminhos para acessar a formação de que necessitam, além de promover o conhecimento e adesão dos docentes da Uenf ao programa de educação a distância.

O primeiro item da programação será a abertura oficial, com a presença do reitor da Uenf, Almy Junior, e de representantes de outras instituições públicas que aderiram ao ParFor, o programa de qualificação de professores lançado pelo MEC. Também está prevista, a confirmar, a participação de representante da Secretaria de Estado de Educação. A mesa terá ainda a pró-reitora de Graduação da Uenf, Lílian Bahia; e o coordenador do curso de Biologia a distância pelo Cederj na Uenf, Milton Kanashiro.

Em seguida, às 9h30, a professora Maria Izabel Azevedo Noronha, da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, vai abordar aspectos do ParFor. Está prevista a presença de representantes das Secretarias de Educação do Estado e do Município de Campos, que deverão explicar como se dá a seleção dos professores que se candidatam às vagas e o encaminhamento destes nomes às universidades ou institutos participantes do programa. O público poderá fazer perguntas e esclarecer suas dúvidas.

A partir das 13h30, os participantes do Colóquio assistem a duas palestras: 'Apresentação da plataforma Moodle', com Daniel Salvador (Consórcio Cederj); e 'Produção de material didático para educação a distância (EAD)', com Cristiane Brasileiro (Cederj). Paralelamente, a partir das 14h, haverá uma oficina sobre a Plataforma Freire (ambiente da internet onde os professores se candidatam às vagas abertas pelas universidades) dirigida especificamente a representantes das secretarias de Educação dos Municípios e das Coordenadorias Estaduais. A oficina será ministrada por técnico da Capes, o órgão do MEC responsável pela elaboração e gestão desta política pública.

Às 15h10, todos se reencontram na mesa-redonda 'Educação a distância; uma modalidade que veio para ficar?'. Com a moderação do professor Milton Kanashiro, a mesa reunirá as professoras Ana Beatriz Garcia, docente da Uenf e diretora acadêmica do Cederj; e Rosana Giacomini, coordenadora do curso de Química a distância pelo Cederj na Uenf e participantes do Consórcio Cederj. O encerramento será às 17h.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O muro de Berlin, a exclusão, o território e a liberdade dos corpos

Roberto Torres

O vigésimo aniversário da queda do muro de Berlin foi marcado como uma comemoração da vitória da liberdade contra a tirania, em termos concretos, da vitória da democracia de mercado sobre a ditadura do socialismo de Estado. É este consenso que parece estar presente no “significado universal” da queda do muro. Eu não consigo encontrar nenhum argumento que invalide este sentido. Mas creio haverem alguns argumentos que demonstrem que esta semântica é incapaz de considerar as condições estruturais necessárias para que a queda de “um muro politicamente centralizado” opere de fato como um ganho de liberdade. O argumento é que o “muro politicamente centralizado” não é o único que restringe a “liberdade de movimento dos corpos” ( o que entendemos como o direito civil de “ir e vir”). Estruturalmente também podem atuar “muros politicamente descentralizados”, como sempre procurou mostrar Michel Foucault, capazes de restringir cotidianamente para onde certos corpos podem ou não se deslocar.
O “problema do muro” (de Berlin) é que ele é exposto em praça pública de modo que todos podem vê-lo sem nenhum esforço. Ele destaca desde sempre que a política se relaciona com o território, com a administração burocrático-militar de uma jurisdição. O muro se tornou uma forma de regular a relação entre território e corpo, entre certo território e certo tipo de corpo. Mas ele é apenas o recurso visível entre várias outras possibilidades de obter o mesmo sucesso. A tese de Foucault me parece avassaladora quanto a isso: a especificidade da “política moderna” é que ela é feita com enquadramentos, limites, decisões, que ocorrem de modo intransparente para o “público”. Elas acontecem em organizações autárquicas, as quais nem o “poder central”, representado na ideia do “Estado soberano”, com sua legitimidade juridicamente assegurada, nem a “opinião pública”, hegemonizada pela comunicação de massa, conseguem dirigir.
E é justamente o poder autônomo destas organizações para limitar e induzir o “movimento dos corpos” que confere à política moderna sua estrutura antidemocrática. Para Foucault, isso se condensa na fórmula “Estado policial versus Estado de direito”. Mas também a burocracia em geral, com o monopólio do “poder simbólico” (a começar pelo de emitir ou negar vistos, controlar fronteiras, e que sempre produz e controla a dinâmica dos corpos.), atua a revelia de tudo que venha da representação soberana do Estado. Em resumo: organizações políticas que não aparecem na política oficial executam poderes sobre o corpo cuja forma de operação ignora o que acontece nas proclamações e festejos da liberdade nas praças, nos parlamentos e na televisão.
O poder direcionado ao corpo, que o toma como “matéria” de suas operações, atua antes de tudo na relação do corpo com o território, ou seja, de modo a estruturar, a estabilizar expectativas no modo como o corpo ocupa o território. Nos dando um nome e assim dizendo onde é nossa casa, decretando nossa prisão, nos capacitando com recursos materiais e “imateriais” que nos credenciam a ocupar certos espaços etc. Nenhuma sociedade conseguiu tao bem fazer isso em detalhe, ainda que com enormes ansiedades geradas pela própria pretensão do controle sobre o rendimento do processo, como fez a sociedade moderna, espalhada pelo mundo todo. A política moderna vitoriosa é esta do corpo, convenientemente silenciosa, e não a política dos parlamentos, das eleições, da crítica, enfim, da democracia. A política do corpo que estrutura minuciosamente as possibilidades da ocupação do espaço começa na família. É nesta esfera institucional que o controle do espaço, através da exclusividade do território doméstico, e o controle do tempo, através do período reservado para a educação do filho, criam os pressupostos para tomar decisoes. A ideia de que a família é a “célula da sociedade” não poderia ser mais falsa. Tudo o que julgamos natural de ser praticado e estruturado na espera doméstica é o produto artificial (tornado realidade) de estruturas e poder sociais mais complexos que os laços de sangue ou qualquer coisa que possamos imaginar como “afeto espontâneo”. Laços afetivos, mesmo os reproduzidos no íntimo do lar, são socialmente estruturados já (embora também dentro) fora dele.

Um certo “instinto anarquista” incauto nos levaria a concluir que somente a “emancipação” deste poder seria algo em prol da democracia e da liberdade. O triunfalismo envolvendo o muro de Berlin é a visão de direita que insiste em ver somente na “emancipação” da organização estatal o caminho para a liberdade, como se (como sempre....) para participar do mercado não tivéssemos que desde sempre participar de alguma organização. No pano de fundo desta noção de “emancipação” está uma ideia de “liberdade” que nega a sua própria condição de possibilidade ao caracterizar sua negação como “imposição”, como se o indivíduo “livre” existisse contra o poder organizativo da sociedade, como se ele não fosse de modo organizado “tornado livre”. Uma crítica a este “como se”, a este passe de mágica discursivo, estará condenada a reproduzir uma exigência idealizada de democracia, cujo sentido é justamente ignorar que a política do dia a dia não é coordenada pela representação soberana e jurídica dela, enquanto não superar esta semântica da liberdade que esconde a gênese atualizada de todo agir livre: o acesso arbitrário a organizações que detêm a munição cognitiva e motivacional para a escolha e a decisão. Democratizar a política do mundo real é democratizar o acesso a organizações, desde a família nuclear até os meios de comunicação de massa.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pensando o Simpósio de Jornalismo Científico na UENF: Ecos da palestra de Marcelo Canellas

Venho divulgar texto publicado no último sábado na Folha da Manhã devidamente comentado pelo jornalista boa praça Gustavo Smiderle da Assessoria de Comunicação de UENF (ASCOM/UENF). Como estamos nas vésperas do evento penso que de fato as questões aí apresentadas possam ser um nutritivo aperitivo do que terá lugar no I Simpósio de Jornalismo Científico.

Boa leitura!

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Em entrevista publicada na edição deste sábado (21/11/09) do jornal Folha da Manhã (www.fmanha.com.br), o jornalista Marcelo Canellas toca em vários pontos que deverão ser debatidos em profundidade durante o 1.º Simpósio Nacional de Jornalismo Científico, que se realizará dias 25 e 26/11, no Centro de Convenções da Uenf. De forma explícita ou implícita, Canellas antecipa diversas questões de fundo da programação do Simpósio.

O jornalista participou do chamado ‘Pré-Simpósio’, na última quinta, 19/11/09, ministrando a palestra ‘O papel do jornalista na comunicação da ciência’. A entrevista foi concedida ao repórter Ewerton Corrêa, do segundo caderno da Folha da Manhã.

Cabe registrar que a inscrição no Simpósio pode ser feita gratuitamente até 23/11/09, em www.uenf.br/simposio.

Eis os pontos levantados por Canellas, com grifos nossos, seguidos dos respectivos comentários:

        I - Traduzir a linguagem técnica, fugir ao hermetismo

        ‘A contribuição que podemos dar é perceber o que a universidade ou instituto de pesquisa fazem pela própria comunidade. Quais são suas ações e de que modo elas interferem na vida de um todo. E essa ideia de que o conhecimento é algo hermético, que deve ficar circunscrito aos muros das universidades vai contra a democracia. É aí que entra o papel do jornalista, no sentido de ajudar os cientistas e os pesquisadores a tornarem o conhecimento gerado por eles acessível à população.’

Comentário:

Este é o aspecto mais básico, o ponto de partida da discussão: a importância da abertura e reforço de canais de interlocução entre a academia e os demais âmbitos da sociedade. Este ponto tende a ser consensual, mas ainda não toca — como o entrevistado fará adiante — em questões teoricamente mais aprofundadas.

        II - Jornalismo com profundidade

        ‘Precisamos formar jornalistas mais familiarizados com esse tema, com mais ferramentas teóricas, para discutir esse assunto e apresentá-lo para a população que é completamente leiga. Eu não acredito que seja necessária uma formação específica, ou seja, ser um médico ou biólogo, basta exercer um jornalismo como deve ser exercido, com profundidade, buscando conexão entre causa e consequência e tentando explicitar realmente como surgiu determinado conhecimento, como foi gerado e para que ele vai servir.’

Comentário:

Jornalismo de verdade, aplicado a qualquer área (Economia, Política, Ciência, Esporte etc), envolve apreciação crítica, consulta a diferentes fontes, explicitação do processo (e não apenas do resultado), abordagem do ingrediente político (quais são os interesses envolvidos, quais foram as concepções ou visões que se confrontaram até que alguma prevalecesse etc.).

Esta temática levantada por Canellas deve permear todo o Simpósio, mas há de ser analisada mais especificamente na mesa ‘Por um jornalismo científico mais crítico’, dia 25/11, quarta, às 16h, com a participação de Cilene Victor da Silva (presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico, ABJC), Ricardo André Vasconcelos (blog ‘Eu penso que...) e Adelfran Lacerda (ex-assessor de Comunicação da Uenf). O tema também é tocado pela presidente da ABJC na entrevista ao próximo número da revista Nossa Uenf (http://www.uenf.br/index.php#paginas/1233180726), que circulará a partir do Simpósio.

        III - Prioridades nas pesquisas

        ‘Um exemplo concreto é que das quatro principais doenças negligenciadas do mundo, três acontecem no Brasil. São doenças negligenciadas por falta de pesquisas científicas. A única que não acontece no Brasil é a doença do sono,existente na África. Mas a malária, leishmaniose e a doença de Chagas são todas elas doenças infecciosas originárias da pobreza, e os laboratórios não têm interesse em pesquisar. Então, caberia às universidades e institutos de pesquisa fazerem isso. Além disso, está faltando da parte da imprensa brasileira colocar esta discussão na sociedade. São milhões de brasileiros que estão carentes desse conhecimento’.

Comentário:

Por aqui se vê que a tarefa do Jornalismo Científico é bem mais complexa do que apenas ‘traduzir’ a informação científica para uma linguagem acessível. Quem decide sobre o que é prioridade nos investimentos em ciência e tecnologia? Como decide? Que interesses estão em jogo? Parece claro que o processo será mais transparente e democrático na medida em que setores mais amplos da sociedade sejam informados sobre estas questões.

O Simpósio terá uma mesa com representantes das três principais agências estaduais de fomento do país (Fapesp, Faperj, Fapemig). Eles vão debater os parâmetros que têm regulado o apoio à divulgação científica por parte destas instituições. Será em 26/11, quinta, às 14h.

        IV – Espaços para ciência na mídia

        ‘Existem jornais que têm espaços reservados para ciência e tecnologia, mas ainda é um espaço pequeno. Existe uma demanda reprimida que não é atendida pelos meios de comunicação.’

Comentário:

O aspecto qualitativo das matérias científicas é crucial, mas não é possível pensar em informação qualificada, elaborada e reflexiva sem espaços na mídia. Esta é uma questão nacional, que também cabe no contexto local de Campos (RJ) e região.

No âmbito local, em termos quantitativos, perdemos, junto com a interrupção na circulação do Monitor Campista, uma página semanal de noticiário sobre ciência e tecnologia. Em termos qualitativos, seria o caso de aproveitar o Simpósio para tentar propor a instalação de editorias de ciência nos nossos veículos de comunicação. O material produzido pelas assessorias é um avanço em relação à ausência de matérias sobre ciência, mas o horizonte a ser perseguido provavelmente é o de redações que utilizem estes releases como matéria-prima para suas próprias construções.


Leia também:

Cobertura da palestra de Canellas feita pela Ascom/Uenf:

http://www.uenf.br/index.php#paginas/1233180726

Doação de Cães - UENF

Prezad@s,


Está ocorrendo na UENF uma campanha para que os cães ali do campus, quase patrimônio histórico da instituição, tenham um lar de verdade.

Eis aqui os telefones da UENF: http://www.uenf.br/arquivos/PORTAL_UENF/arquivos/LISTA_TELEFONICA/lista_GERAL_ordem_alfabetica__atualizado_em_15_07_09.pdf

Caso tenham interesse vocês podem tentar entrar em contato com a prefeitura do campus, creio eu, para realizar esta boa ação.

Admito que não entendi exatamente como um animal pode ter morrido sem cuidados veterinários em uma universidade que possui um curso de "medicina veterinária". Ou ao menos eu pensava que existia algo assim por ali...

Mas.. divulgo as informações. Infelizmente aqui o quintal já possui dois adotados o que me impossibilita de dar uma força..

Abçs e divulguem a informação,

George

Adote um cachorro do campus

A Prefeitura da Uenf está dando início a uma campanha para retirar os cães que vivem no campus da Universidade. A ideia é transferir os animais para a Associação de Proteção aos Animais (APA), mas, para isso, a entidade necessita de doações. Quem puder ajudar deve entrar em contato com a Prefeitura da Uenf.

- Muita gente alimenta estes cachorros aqui dentro do campus, só que isso não basta. Eles precisam de um lugar seguro para ficar, porque aqui dentro vêm ocorrendo muitos problemas com eles - explica o prefeito da Uenf, professor Paulo Maia.

Os cachorros deverão ser transferidos para a Associação Protetora dos AnimaisSegundo Paulo Maia, já foram registrados quatro casos de atropelamentos de cães dentro do campus. Uma morte de um animal, por falta de cuidados veterinários. E, recentemente, um caso de ataque de cachorros a uma mulher dentro da Universidade, próximo da entrada principal, sem maior gravidade.

- Alimentar os cães não é suficiente, porque eles também precisam de atendimento veterinário. Além do risco de atropelamentos, há ainda a questão das zoonoses - afirma.

Segundo o professor, existem atualmente nove cães residindo dentro do campus da Uenf. Para cuidar de todos eles, a APA precisa de aproximadamente 15 kg de ração por mês. Os membros da comunidade universitária que se dispuserem a "adotar" um cão receberão da APA a orientação necessária para que as doações sejam efetivadas mensalmente. Paulo Maia informou que, uma vez retirados os cães, serão tomadas providencias para evitar a permanência de outros animais dentro do campus.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Palestra Marcelo Canellas hoje, 16h, no Centro de Convenções - UENF

Repassando recado da ASCOM/UENF

À comunidade universitária,

Reforçamos o convite para a palestra de hoje (quinta, 19/11), às 16h, a ser ministrada pelo jornalista Marcelo Canellas, no Centro de Convenções. Canellas, que ganhou mais de 20 prêmios nacionais ou internacionais, vai falar sobre 'O papel do jornalista na comunicação da ciência'.

Aberta ao público, a palestra é uma prévia do 1.º Simpósio Nacional de Jornalismo Científico, que ocorrerá na próxima semana (quarta e quinta, 25 e 26/11), no Centro de Convenções.

Para quem deseja participar das demais atividades do Simpósio, as inscrições continuam abertas até 23/11, em www.uenf.br/simposio. Já somos mais de 400 inscritos, mas ainda há vagas.

Comissão Organizadora / Ascom

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

XXIV ENCONTRO FRANÇA-BRASIL


- 23 de novembro de 2009 -
19h30: Recepção de boas vindas aos convidados.
Local : Hall do Liceu de Humanidades de Campos.
Exposição de reproduções de pinturas francesas.
20h: Jantar.

- 24 de novembro de 2009-
8h30: Abertura oficial com a execução dos hinos nacionais da França e do Brasil.
Local: Hall do Liceu.
9h: Apresentação de capoeira com Mestre Peixinho e sua equipe.
Local: Quadra de esportes do Liceu.
10h: Apresentação dos alunos do ensino médio.
Local: Quadra e auditório do Liceu.
12h: Almoço.
14h: Apresentação dos alunos do ensino fundamental.
Local: Auditório do Liceu.
16h: Pausa-café.
16h30: Palestra com Mme Chambeu.
Local: Hall do Liceu.
19h: Café Literário na quadra de esportes.
20h: Apresentação dos alunos do CELEMO.
Local: Auditório do Liceu.
21h: Apresentação do Coral da Faculdade de Direito de Campos, sob a regência do Maestro Jardel Maia.

Obrigada por sua presença, ela é muito importante para o sucesso do nosso trabalho !

Merci beaucoup !

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Entrevista ao Jornal O Diário (Parte 1)



A última vez que fui a Campos tive a oportunidade de conceder uma entrevista (que saiu hoje no jornal o diário http://www.odiarionews.net/wordpress/?page_id=35) ao simpático e inteligente jornalista Paulo Renato Pinto Porto. Aproveito este espaço para agradecer-lhe o convite, e ainda dizer que tivemos um interessante papo. Falamos de vários assuntos, desde a política local, passando pela nacional e internacional. Mas como o jornal impresso é limitado materialmente, ou seja, o espaço do papel é pequeno para análises mais profundas, é sempre impossível transmitir para leitor todo o conteúdo da conversa, a qual serve de base para a entrevista. Devido a isso, aproveitando a gancho me concedido pelo jornalista Paulo Renato Pinto Porto na entrevista, lançarei mão de nosso blog para alongar as minhas análises feitas na conversa que tive com ele.

Dedicar-me-ei aqui a respeito de três eixos da entrevista que considero importantes. O primeiro se refere às relações entre a UENF e a cidade de Campos (Parte1), e o segundo ao movimento político muda Campos e as transformações políticas deste movimento, assim também como sobre a figura de maior destaque político deste movimento, i.e., Garotinho (Parte 2), e um terceiro referente às experiências de um goytacá na Prússia, os choques culturais da vida num país tão diferente culturalmente (Parte 3).

Parte 1: A UENF e a cidade de Campos

Ao tentar entender esta difícil relação, não podemos nos furtar de analisar a sua gênese. O processo de implantação da UENF, como nos conta a bela pesquisa feita pelo sociólogo Glauber Rabelo, foi um processo traumático, dentro do qual, uma série de disputas políticas estavam em jogo. De um lado estava a “elite intelectual” local, representada pelas universidades particulares do município, sobretudo aquelas ligadas às humanidades, como a FAFIC e a faculdade de Direito de Campos. Estas tinham um projeto de universidade do norte fluminense, que seria mais ou menos a união delas, formando o que temos hoje na Uni-Flu. Do outro, estava Darcy Ribeiro, um homem cheio de sonhos e vontades titânicas que queria criar no interior do Rio de Janeiro uma universidade de patrão internacional. A partir deste ponto o conflito já estava posto, uma “elite intelectual” local que não queria perder seu poder, e do outro um político sonhador, dado a certos autoritarismos, que não reconhecia qualquer traço intelectual mais profundo na elite local, porque não via neles a vocação para a pesquisa e assim a possibilidade de se formar uma esfera propriamente acadêmica.

O segundo ponto do conflito se dá coma chegada dos professores da UENF. Ocorre aí um estranhamento mútuo, deles para com a cidade e da cidade para com eles. Muitos setores do município, assentados nos seus temores de perder o seu poder, estimularam na população um xenofobismo provinciano de ódio aos professores da UENF. Como se estes fossem forasteiros a sugar algo do município sem ter qualquer relação com ele, ou dar algo em troca. Ou espalhar a falácia que estes recebiam salários faraônicos à custa da pobreza da população local. Por outro lado, muitos professores não mostraram o menor interesse em ter um contato mais estreito com a cultura local, assim de algum modo, estimulando os preconceitos lançados contra eles. Esses dois quadros formaram uma cisão entre a cidade e a universidade de difícil reconciliação.

E é sobre esta reconciliação que queria enfatizar. O desafio das gerações presentes é o de dar novos contornos a essa história. A cidade com um todo, mas em especial as elites intelectuais e políticas locais, precisa entender que a UENF faz parte de Campos, a história de sucesso que a UENF vem construindo é sucesso também de Campos dos Goytacazes. E por outro lado será importante a incorporação de um quadro de professores e funcionários que tenham uma identificação afetiva com a universidade. Isso não quer dizer que seja eu contrário àqueles que não a tenham, mantendo uma relação tão somente profissional com a universidade, porém, só com estes é impossível construir o papel atuante na vida social e política que eu creio que uma universidade deve ter.

Eu sou muito otimista quanto a isso. Eu acredito muito como também espero que, em breve, poderemos olhar para a UENF e ver nela um papel decisivo para a história da cidade e da região no século XXI, tal como a escola de aprendizes e artífices (Escola técnica, CEFET, IFF) teve ao longo do século XX em Campos e na Região.

sábado, 14 de novembro de 2009

Palestra: UFF- Campos - "Cartas Sem Endereço"

CARTAS SEM ENDEREÇO: CONVERSAÇÕES SOBRE PESQUISA, TRABALHO DE CAMPO &ETNOGRAFIA NO MEIO URBANO

PALESTRA

Professor Doutor Marco Antônio da Silva Mello (Coordenador do LeMetro/UFRJ e Professor do Departamento de Antropologia da UFF e da UFRJ)


Na ocasião será exibido o filme etnográfico “10 Rue Lesage-Belleville: arqueologia urbana de um bairro popular parisiense".

Local: Auditório da Faculdade de Direito de Campos (FDC).

Horário: 18-21 hs.

Dia 18/11/09 (quarta-feira)

Realização: Coordenação do Curso de Ciências Sociais do Pólo Universitário da Universidade Federal Fluminense de Campos dos Goytacazes.

Apoio: Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (InEAC/INCT/UFF).

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Prorrogadas as inscrições para o I Simpósio Nacional de Jornalismo Científico (UENF)

I Simpósio Nacional de Jornalismo Científico

Comunicação de temas científicos para a sociedade em geral entra em pauta na Uenf.
Foram prorrogadas até 23/11/09 as inscrições para o 1.º Simpósio Nacional de Jornalismo Científico, que se realizará em 25 e 26/11/09, no Centro de Convenções da Uenf. Numa prévia do evento, o jornalista Marcelo Canellas, repórter especial da Rede Globo, ministra palestra durante o Pré-Simpósio, em 19/11, às 16h, no mesmo local. Cerca de 270 participantes se inscreveram no Simpósio durante o prazo inicialmente estabelecido.

O Simpósio vai reunir alguns dos mais importantes pesquisadores e profissionais da área de jornalismo científico do país, como o editor da revista Scientific American Brasil, Ulisses Capozzoli. Jornalista especializado em divulgação científica, mestre e doutor em Ciência pela USP, ele vai ministrar, no dia 25/11, às 15h, a palestra de abertura do Simpósio, intitulada 'Percepção pública da ciência: responsabilidades da mídia e do jornalista'.

No mesmo dia, às 16h, a mesa-redonda 'Por um jornalismo científico mais crítico' vai reunir o professor Cidoval Moraes de Souza (Universidade Estadual da Paraíba), a jornalista Cilene Victor da Silva (presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico-ABJC) e o jornalista Ricardo André Vasconcelos (autor do blog 'Eu penso que...'). A mesa será mediada pelo jornalista Martinho Santafé (Revista Visão Social).

Às 18h30, será realizado debate sobre o tema 'Cientista e divulgação: o papel das universidades e instituições de pesquisa', reunindo os jornalistas Maurício Yared (editor do programa Globo Universidade), Cláudio Márcio Magalhães (presidente da Associação Brasileira de TVs Universitárias-ABTU) e Adelfran Lacerda (ex-assessor de Comunicação da Uenf). A mediação do debate ficará a cargo da jornalista Fúlvia D'Alessandri, da Assessoria de Comunicação da Uenf.

No dia 26/11, às 14h, haverá mesa-redonda sobre o tema 'Apoio à divulgação científica', reunindo dirigentes de agências de fomento. As três Fundações de Amparo à Pesquisa mais importantes do país estarão representadas por Roberto Dória (chefe de Gabinete da Presidência da Faperj), Mariluce Moura (diretora de Redação da Revista Fapesp) e Vanessa Oliveira Fagundes (assessora de Comunicação da Fapemig). Em seguida, às 16h, o professor Luiz Antônio da Silva Teixeira, da Fiocruz, ministra palestra sobre o tema 'A cobertura jornalística da gripe suína no Brasil - uma abordagem a partir da História da Ciência'.

Fechando a programação, será realizada às 18h30 a Roda de Ciência sobre o tema 'A compreensão pública da ciência no século XXI'. Os debatedores serão a professora Maria das Graças Caldas (Unesp), o professor Walter Ruggeri Waldman (LCQUI/Uenf) e o jornalista Maurício Tuffani (Assessor de comunicação da Unesp e editor do blog Laudas Críticas). A Roda será moderada pelo jornalista Aluysio Abreu Barbosa, diretor de redação do jornal Folha da Manhã, de Campos.

O Simpósio terá ainda dois minicursos (sobre tratamento de imagem digital e confecção de blogs) e uma série de atividades paralelas.

Fonte: http://www.uenf.br/

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Por que Luiz Inácio desagrada Caetano Veloso


Pensei em escrever alguma coisa sobre o Caetano, mas encontrei este texto que diz tudo o que eu gostaria de dizer.


por Marta Peres, Professora da UFRJ,
publicado no blog www.viomundo.com.br, do Luis Carlos Azenha

Grande artista, não faz falta a Caetano Veloso um diploma de nível superior. Seus recentes comentários injuriosos a respeito do presidente com a maior aprovação da História do Brasil são indiscutivelmente coerentes - com sua visão de mundo, com a visão da classe a que pertence, assim como dos meios de comunicação que as constroem incansavelmente, bloqueando qualquer ensaio de questionamento ao seu insistente pensamento único.

Ao se referir a Lula como 'analfabeto', o termo está sendo utilizado de forma equivocada, pois 'analfabetismo' significa 'não saber ler nem escrever'. Imagino que ele esteja se remetendo, de maneira exagerada, ao fato de Lula não ter diploma de graduação, coisa que o compositor tampouco possui. Esse tipo de exigência não é nem mesmo cogitada ante outros artistas geniais como Milton, Chico, Cora Coralina... Gilberto Gil, ex-ministro do governo Lula, graduou-se, mas não em música... 'Ah, mas eles são artistas...'. E não seria a Política uma arte? Um pouco de Platão e Aristóteles não faz mal a ninguém...

Quanto à suposta 'cafonice' de nosso presidente, situado na revista americana Newsweek em 18° lugar entre as pessoas mais poderosas do mundo, Pierre Bourdieu (1930-2002) nos traz uma contribuição preciosa. De origem campesina, como Lula, o sociólogo francês criou conceitos que desmoronam o velho chavão do 'gosto não se discute'. Para Bourdieu, não só se deve discutir, como estudar, compreender, aquilo que se trata de, mais que uma questão de 'classe', uma questão de 'classe social'. Além do enorme abismo do ponto de vista propriamente econômico, os 'gostos diferenciadores', referentes ao 'estilo de vida', consistem na maior marca de violência simbólica e num fundamental instrumento de legitimação da dominação das classes dominadas pelas dominantes. Não somente é desigual a distribuição de renda numa sociedade dividida em classes, mas também o acesso à educação formal e informal - o hábito de freqüentar museus, espetáculos de teatro, música, dança - à sofisticação do vocabulário, às regras de etiqueta, à constituição da apresentação pessoal, dos 'modos' e atitudes corporais.

Obviamente, alcançar maior poder aquisitivo não possibilita a aquisição desse 'capital cultural' adquirido ao longo de toda uma vida no convívio com 'outras pessoas elegantes', ou seja, com a 'elite'. Uma expressão precisa para designá-las, utilizada corriqueiramente na Zona Sul do Rio, é 'gente bonita' - como sinônimo de portadores de determinadas marcas de classe evidentes pelo vestuário, linguajar, cabelos, corpos, modos, atitudes. Bourdieu demonstrou os aspectos, às vezes despercebidos, da 'construção social' do gosto, seja o gosto de Caetano, das elites, dos que gostariam de ser elite, pretendendo se distinguir da massa supostamente 'inculta'. Em outras palavras, as classes às quais pertencemos determinam, em grande parte, nossos critérios aparentemente inatos do que vem a ser elegância, numa relação de constante imitação, pelos 'cafonas', dos considerados detentores dos critérios de julgamento estético.

Lula não segue a corrente dos imitadores: mantém-se fiel à cafonice que o identifica com suas origens populares. Ah, como isso incomoda...

Embora seja assistido desde tempos imemoriais, lembrando que Norbert Elias estudou como a nobreza francesa era imitada por suas congêneres do resto da Europa no Ancien Régime, aqui, no Brasil, o fenômeno da distinção alcança as fronteiras do 'nojo', das reações fisiológicas desagradáveis, diante de tudo que possa remeter a atributos das classes populares, tudo que venha do 'povão'.

Não é à toa que o REUNI - Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais que tem como objetivo "criar condições para a ampliação do acesso e permanência na educação superior, no nível da graduação, pelo melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos existentes nas Universidades Federais" - seja alvo de críticas ferrenhas, apesar de vir ao encontro de demandas por mais vagas já presentes nos protestos estudantis da França e do Brasil há quarenta anos, os quais, aqui, jamais sequer haviam sido objeto de atenção pelos governos. A demanda por cidadania e não por privilégios restritos é assunto que dá nojo, dá 'gastura', como se fala no interior do Brasil. Mas isso são outros quinhentos...

Embora o acesso universal à educação deva ser uma meta, podemos questionar - como muitos eminentes acadêmicos questionam - que a universidade seja a única fonte de conhecimento legítimo, sob o risco de repetirmos, em outros moldes, o papel de detentora do saber exercido pela Igreja Católica Medieval. O que seria de nós sem a contribuição inestimável de tantos notáveis que por ela não passaram?

Pode-se argumentar, contudo, que o referido compositor não tem preconceito de classe ou contra a falta de diploma, pois pretende votar em Marina Silva que, como Caetano, não possui graduação, e que, como Lula, tem origem humilde. (O curioso é que, sendo a candidata à sucessão de Lula uma economista, dessa vez, a mesma é cobrada por não possuir mestrado e acusada de ter lutado contra a ditadura militar: sempre inventarão motivos contrários a políticas públicas que ferem ideais de distinção de classe). Ao contrário do que parece, os atributos de Marina caem como uma luva para nossa conservadora classe média leitora do Globo e da Veja e que jamais se assumirá preconceituosa: portar a nobre e indignada bandeira da causa verde faz disparar sua pontuação no quesito 'elegância'. Os que se preocupam ardentemente com a possibilidade de vida de seus netos e bisnetos são tocados em seu íntimo pelas questões ligadas à salvação das florestas.

Só que, mais uma vez, como a História sempre ajuda a enxergar, o buraco - na camada de ozônio - é mais embaixo: a destruição do planeta é a consequência inexorável de um sistema perverso que nele vem se instalando há alguns séculos. Ao longo de suas notáveis transformações, atingiu um ponto em que passou a se dar conta de seu próprio potencial de destruição e de identificar na preocupação com a natureza uma boa - e quem sabe, lucrativa - causa.

Do ponto de vista das chamadas 'Gerações' de Direitos Humanos, ao longo dos desdobramentos do capitalismo, a causa ecológica nasceu como a terceira filha. Enquanto a primeira, a segunda e a terceira gerações são identificadas com os ideais da Revolução Francesa - Liberdade, Igualdade e Fraternidade - a quarta, mais recente, relaciona-se a questões da Bioética e aos movimentos de segmentos minoritários ou discriminados da sociedade. A liberdade refere-se aos direitos civis e políticos, chamados de 'direitos negativos', pois limitam o poder exorbitante do Estado, que deve deixar o indivíduo viver e atuar politicamente. A igualdade consiste na luta pelos direitos sociais, culturais, econômicos, e demandam uma atuação 'positiva' do Estado no sentido de realizar ações que proporcionem condições de acesso de todos os indivíduos à educação, saúde, moradia, assistência social, dignidade no trabalho. Finalmente, a fraternidade esta ligada à ecologia, à preocupação com o destino da humanidade, irmanada por sua condição de habitante do planeta Terra.

Como se situaria o Brasil nessa História? Não vivemos mais no tempo de Marx, das jornadas de trabalho de 18 horas que não poupavam mulheres e crianças caindo mortas de fome ao redor das grandes máquinas sujas das fábricas. Hoje, longos tentáculos buscam mão de obra barata como a planta se dirige à luz do sol e os dejetos - da poluição e os seres humanos excluídos da participação em suas benesses - são escondidos do campo de visão dos que têm 'bom gosto'. Depois de destruir suas próprias florestas, os países ricos se preocupam e ditam regras da etiqueta politicamente correta aos pobres, abraçando a 'causa ecológica' com a mesma eloqüência que ontem defenderam que a 'mão invisível do mercado' traria a felicidade geral. Hoje, uma mão visível segura imponente a bandeira do orgulho verde. Porém, o corpo do qual faz parte constitui-se de fome, miséria, doença, condições abaixo de qualquer noção de dignidade da pessoa humana. A bandeira parece ser de um médico, mas o sujeito que a segura é um 'elegante' monstro. Chega a ser apelativo falar em salvar o planeta tirando de contexto uma causa que ninguém ousará contestar. Mas que tal pesquisar casos concretos de vínculos incontestáveis entre partidos verdes de diferentes países com os setores mais conservadores das respectivas sociedades? Visualizando a imagem do monstro, de braços dados com uma chiquérrima Brigitte Bardot salvando animais, faz todo sentido. A Bela e a Fera...

De modo algum defendo qualquer teleologia e que tenhamos que passar por fases que os outros já passaram. Nem que os sete anos de Governo Lula tenham se proposto a enfrentar bravamente, contra tudo e contra todos, o capitalismo que domina quase toda a superfície do planeta. Ninguém falou em Revolução, aliás, não era esse o combinado. Apenas assisto a um esforço hercúleo de instaurar políticas que ferem o coração desses mecanismos de violência, real e simbólica, que o julgamento do que é ou não cafona só vem a perpetuar, no sentido de minimizar o enorme fosso que separa os que têm e os que não têm acesso a conquistas históricas impreteríveis do Ocidente, independentemente de obediência a qualquer cronologia, identificadas com os direitos humanos: combate à fome à miséria, acesso universal à educação, à energia elétrica, diminuição da desigualdade ímpar que nos assola. Fraternidade, também quero, mas junto com a Liberdade, e principalmente, o que mais nos falta, Igualdade! Não igualdade no sentido anatômico, igualdade de condições, junto com a quarta geração.

Não indignar-se com a miséria, agarrar-se ferrenhamente a seus privilégios, assim como espernear diante de sinais de mudança, faz parte do aprendizado de cegueira, inércia e arrogância por que passam nossas elites com seu gosto sofisticado. Mas ao contrário de um regime de concordância geral, o ideal de democracia é caracterizado justamente pela coexistência de opiniões diversas a respeito das políticas do governo. À insatisfação proveniente de certo campo ideológico correspondem, certamente, avanços jamais assistidos na História do Brasil. Com vínculos ideológicos resumidos na figura de ACM, nutridora de uma ordem social desigual desde 1500, existe uma indiscutivelmente sincera elite baiana à qual, desagradar, é sinal de que Lula está no caminho certo!