domingo, 29 de novembro de 2009

Projeto Segundas Debates - UFF Campos - Palestra José Luiz Vianna da Cruz

UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

COORDENAÇÃO DE EXTENSÃO

Projeto de Extensão - “Segundas Debates: Estudos Acadêmicos Complementares à Graduação”.

CONVITE

O Projeto de Extensão Segundas Debates: convida você a participar da apresentação do relatório do projeto de extensão: “Estudos dos impactos sócio econômicos da implantação de estaleiro em Barra do Furado/Quissamã – RJ”, no dia 30 de Novembro de 2009, segunda-feira, no horário de 15:30h às 18:00h na UFF/Campos – sala 01.

Expositor: Profº. José Luiz Vianna da Cruz – Coordenador do projeto de extensão: “Estudos dos impactos sócio econômicos da implantação de estaleiro em Barra do Furado/Quissamã – RJ” e Diretor do Polo da UFF/Campos;

Mediadora: Profª. Ana Maria Almeida da Costa – Coordenadora de Extensão – UFF/Campos.

Profª. Ana Maria Almeida da Costa

Coordenadora

Informações: Rua José do Patrocínio, 71 – Centro – Campos dos Goytacazes – RJ. Tel. (22) 27220622 e 27330319, Ramal 4104 e 4112 no horário de 14:30h às 17:30h. Os certificados poderão ser solicitados na Secretaria da Coordenação de Extensão.

sábado, 28 de novembro de 2009

I Colóquio da Uenf em Educação Básica


Se você é professor ou professora da rede pública e deseja se informar em detalhes sobre o Plano Nacional de Formação de Professores (ParFor), que oferece cursos superiores de licenciatura em instituições públicas, a Uenf está criando a oportunidade ideal para tirar todas as suas dúvidas. Será realizado em 30/11, no Centro de Convenções da Universidade, o I Colóquio da Uenf em Educação Básica. Além de massificar informações sobre o Plano do MEC para qualificar os professores, o Colóquio vai discutir a educação superior a distância com professores do Norte e do Noroeste Fluminense.


O Colóquio começa às 9h e terá, entre outras, a presença da professora Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e membro do Conselho Nacional de Educação - Câmara de Educação Básica. O tema geral é o seguinte: 'Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica e a Educação a Distância: apontando as perspectivas para o Norte/Noroeste Fluminense'. O evento pretende motivar os professores do ensino básico e informá-los sobre os caminhos para acessar a formação de que necessitam, além de promover o conhecimento e adesão dos docentes da Uenf ao programa de educação a distância.

O primeiro item da programação será a abertura oficial, com a presença do reitor da Uenf, Almy Junior, e de representantes de outras instituições públicas que aderiram ao ParFor, o programa de qualificação de professores lançado pelo MEC. Também está prevista, a confirmar, a participação de representante da Secretaria de Estado de Educação. A mesa terá ainda a pró-reitora de Graduação da Uenf, Lílian Bahia; e o coordenador do curso de Biologia a distância pelo Cederj na Uenf, Milton Kanashiro.

Em seguida, às 9h30, a professora Maria Izabel Azevedo Noronha, da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, vai abordar aspectos do ParFor. Está prevista a presença de representantes das Secretarias de Educação do Estado e do Município de Campos, que deverão explicar como se dá a seleção dos professores que se candidatam às vagas e o encaminhamento destes nomes às universidades ou institutos participantes do programa. O público poderá fazer perguntas e esclarecer suas dúvidas.

A partir das 13h30, os participantes do Colóquio assistem a duas palestras: 'Apresentação da plataforma Moodle', com Daniel Salvador (Consórcio Cederj); e 'Produção de material didático para educação a distância (EAD)', com Cristiane Brasileiro (Cederj). Paralelamente, a partir das 14h, haverá uma oficina sobre a Plataforma Freire (ambiente da internet onde os professores se candidatam às vagas abertas pelas universidades) dirigida especificamente a representantes das secretarias de Educação dos Municípios e das Coordenadorias Estaduais. A oficina será ministrada por técnico da Capes, o órgão do MEC responsável pela elaboração e gestão desta política pública.

Às 15h10, todos se reencontram na mesa-redonda 'Educação a distância; uma modalidade que veio para ficar?'. Com a moderação do professor Milton Kanashiro, a mesa reunirá as professoras Ana Beatriz Garcia, docente da Uenf e diretora acadêmica do Cederj; e Rosana Giacomini, coordenadora do curso de Química a distância pelo Cederj na Uenf e participantes do Consórcio Cederj. O encerramento será às 17h.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O muro de Berlin, a exclusão, o território e a liberdade dos corpos

Roberto Torres

O vigésimo aniversário da queda do muro de Berlin foi marcado como uma comemoração da vitória da liberdade contra a tirania, em termos concretos, da vitória da democracia de mercado sobre a ditadura do socialismo de Estado. É este consenso que parece estar presente no “significado universal” da queda do muro. Eu não consigo encontrar nenhum argumento que invalide este sentido. Mas creio haverem alguns argumentos que demonstrem que esta semântica é incapaz de considerar as condições estruturais necessárias para que a queda de “um muro politicamente centralizado” opere de fato como um ganho de liberdade. O argumento é que o “muro politicamente centralizado” não é o único que restringe a “liberdade de movimento dos corpos” ( o que entendemos como o direito civil de “ir e vir”). Estruturalmente também podem atuar “muros politicamente descentralizados”, como sempre procurou mostrar Michel Foucault, capazes de restringir cotidianamente para onde certos corpos podem ou não se deslocar.
O “problema do muro” (de Berlin) é que ele é exposto em praça pública de modo que todos podem vê-lo sem nenhum esforço. Ele destaca desde sempre que a política se relaciona com o território, com a administração burocrático-militar de uma jurisdição. O muro se tornou uma forma de regular a relação entre território e corpo, entre certo território e certo tipo de corpo. Mas ele é apenas o recurso visível entre várias outras possibilidades de obter o mesmo sucesso. A tese de Foucault me parece avassaladora quanto a isso: a especificidade da “política moderna” é que ela é feita com enquadramentos, limites, decisões, que ocorrem de modo intransparente para o “público”. Elas acontecem em organizações autárquicas, as quais nem o “poder central”, representado na ideia do “Estado soberano”, com sua legitimidade juridicamente assegurada, nem a “opinião pública”, hegemonizada pela comunicação de massa, conseguem dirigir.
E é justamente o poder autônomo destas organizações para limitar e induzir o “movimento dos corpos” que confere à política moderna sua estrutura antidemocrática. Para Foucault, isso se condensa na fórmula “Estado policial versus Estado de direito”. Mas também a burocracia em geral, com o monopólio do “poder simbólico” (a começar pelo de emitir ou negar vistos, controlar fronteiras, e que sempre produz e controla a dinâmica dos corpos.), atua a revelia de tudo que venha da representação soberana do Estado. Em resumo: organizações políticas que não aparecem na política oficial executam poderes sobre o corpo cuja forma de operação ignora o que acontece nas proclamações e festejos da liberdade nas praças, nos parlamentos e na televisão.
O poder direcionado ao corpo, que o toma como “matéria” de suas operações, atua antes de tudo na relação do corpo com o território, ou seja, de modo a estruturar, a estabilizar expectativas no modo como o corpo ocupa o território. Nos dando um nome e assim dizendo onde é nossa casa, decretando nossa prisão, nos capacitando com recursos materiais e “imateriais” que nos credenciam a ocupar certos espaços etc. Nenhuma sociedade conseguiu tao bem fazer isso em detalhe, ainda que com enormes ansiedades geradas pela própria pretensão do controle sobre o rendimento do processo, como fez a sociedade moderna, espalhada pelo mundo todo. A política moderna vitoriosa é esta do corpo, convenientemente silenciosa, e não a política dos parlamentos, das eleições, da crítica, enfim, da democracia. A política do corpo que estrutura minuciosamente as possibilidades da ocupação do espaço começa na família. É nesta esfera institucional que o controle do espaço, através da exclusividade do território doméstico, e o controle do tempo, através do período reservado para a educação do filho, criam os pressupostos para tomar decisoes. A ideia de que a família é a “célula da sociedade” não poderia ser mais falsa. Tudo o que julgamos natural de ser praticado e estruturado na espera doméstica é o produto artificial (tornado realidade) de estruturas e poder sociais mais complexos que os laços de sangue ou qualquer coisa que possamos imaginar como “afeto espontâneo”. Laços afetivos, mesmo os reproduzidos no íntimo do lar, são socialmente estruturados já (embora também dentro) fora dele.

Um certo “instinto anarquista” incauto nos levaria a concluir que somente a “emancipação” deste poder seria algo em prol da democracia e da liberdade. O triunfalismo envolvendo o muro de Berlin é a visão de direita que insiste em ver somente na “emancipação” da organização estatal o caminho para a liberdade, como se (como sempre....) para participar do mercado não tivéssemos que desde sempre participar de alguma organização. No pano de fundo desta noção de “emancipação” está uma ideia de “liberdade” que nega a sua própria condição de possibilidade ao caracterizar sua negação como “imposição”, como se o indivíduo “livre” existisse contra o poder organizativo da sociedade, como se ele não fosse de modo organizado “tornado livre”. Uma crítica a este “como se”, a este passe de mágica discursivo, estará condenada a reproduzir uma exigência idealizada de democracia, cujo sentido é justamente ignorar que a política do dia a dia não é coordenada pela representação soberana e jurídica dela, enquanto não superar esta semântica da liberdade que esconde a gênese atualizada de todo agir livre: o acesso arbitrário a organizações que detêm a munição cognitiva e motivacional para a escolha e a decisão. Democratizar a política do mundo real é democratizar o acesso a organizações, desde a família nuclear até os meios de comunicação de massa.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pensando o Simpósio de Jornalismo Científico na UENF: Ecos da palestra de Marcelo Canellas

Venho divulgar texto publicado no último sábado na Folha da Manhã devidamente comentado pelo jornalista boa praça Gustavo Smiderle da Assessoria de Comunicação de UENF (ASCOM/UENF). Como estamos nas vésperas do evento penso que de fato as questões aí apresentadas possam ser um nutritivo aperitivo do que terá lugar no I Simpósio de Jornalismo Científico.

Boa leitura!

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Em entrevista publicada na edição deste sábado (21/11/09) do jornal Folha da Manhã (www.fmanha.com.br), o jornalista Marcelo Canellas toca em vários pontos que deverão ser debatidos em profundidade durante o 1.º Simpósio Nacional de Jornalismo Científico, que se realizará dias 25 e 26/11, no Centro de Convenções da Uenf. De forma explícita ou implícita, Canellas antecipa diversas questões de fundo da programação do Simpósio.

O jornalista participou do chamado ‘Pré-Simpósio’, na última quinta, 19/11/09, ministrando a palestra ‘O papel do jornalista na comunicação da ciência’. A entrevista foi concedida ao repórter Ewerton Corrêa, do segundo caderno da Folha da Manhã.

Cabe registrar que a inscrição no Simpósio pode ser feita gratuitamente até 23/11/09, em www.uenf.br/simposio.

Eis os pontos levantados por Canellas, com grifos nossos, seguidos dos respectivos comentários:

        I - Traduzir a linguagem técnica, fugir ao hermetismo

        ‘A contribuição que podemos dar é perceber o que a universidade ou instituto de pesquisa fazem pela própria comunidade. Quais são suas ações e de que modo elas interferem na vida de um todo. E essa ideia de que o conhecimento é algo hermético, que deve ficar circunscrito aos muros das universidades vai contra a democracia. É aí que entra o papel do jornalista, no sentido de ajudar os cientistas e os pesquisadores a tornarem o conhecimento gerado por eles acessível à população.’

Comentário:

Este é o aspecto mais básico, o ponto de partida da discussão: a importância da abertura e reforço de canais de interlocução entre a academia e os demais âmbitos da sociedade. Este ponto tende a ser consensual, mas ainda não toca — como o entrevistado fará adiante — em questões teoricamente mais aprofundadas.

        II - Jornalismo com profundidade

        ‘Precisamos formar jornalistas mais familiarizados com esse tema, com mais ferramentas teóricas, para discutir esse assunto e apresentá-lo para a população que é completamente leiga. Eu não acredito que seja necessária uma formação específica, ou seja, ser um médico ou biólogo, basta exercer um jornalismo como deve ser exercido, com profundidade, buscando conexão entre causa e consequência e tentando explicitar realmente como surgiu determinado conhecimento, como foi gerado e para que ele vai servir.’

Comentário:

Jornalismo de verdade, aplicado a qualquer área (Economia, Política, Ciência, Esporte etc), envolve apreciação crítica, consulta a diferentes fontes, explicitação do processo (e não apenas do resultado), abordagem do ingrediente político (quais são os interesses envolvidos, quais foram as concepções ou visões que se confrontaram até que alguma prevalecesse etc.).

Esta temática levantada por Canellas deve permear todo o Simpósio, mas há de ser analisada mais especificamente na mesa ‘Por um jornalismo científico mais crítico’, dia 25/11, quarta, às 16h, com a participação de Cilene Victor da Silva (presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico, ABJC), Ricardo André Vasconcelos (blog ‘Eu penso que...) e Adelfran Lacerda (ex-assessor de Comunicação da Uenf). O tema também é tocado pela presidente da ABJC na entrevista ao próximo número da revista Nossa Uenf (http://www.uenf.br/index.php#paginas/1233180726), que circulará a partir do Simpósio.

        III - Prioridades nas pesquisas

        ‘Um exemplo concreto é que das quatro principais doenças negligenciadas do mundo, três acontecem no Brasil. São doenças negligenciadas por falta de pesquisas científicas. A única que não acontece no Brasil é a doença do sono,existente na África. Mas a malária, leishmaniose e a doença de Chagas são todas elas doenças infecciosas originárias da pobreza, e os laboratórios não têm interesse em pesquisar. Então, caberia às universidades e institutos de pesquisa fazerem isso. Além disso, está faltando da parte da imprensa brasileira colocar esta discussão na sociedade. São milhões de brasileiros que estão carentes desse conhecimento’.

Comentário:

Por aqui se vê que a tarefa do Jornalismo Científico é bem mais complexa do que apenas ‘traduzir’ a informação científica para uma linguagem acessível. Quem decide sobre o que é prioridade nos investimentos em ciência e tecnologia? Como decide? Que interesses estão em jogo? Parece claro que o processo será mais transparente e democrático na medida em que setores mais amplos da sociedade sejam informados sobre estas questões.

O Simpósio terá uma mesa com representantes das três principais agências estaduais de fomento do país (Fapesp, Faperj, Fapemig). Eles vão debater os parâmetros que têm regulado o apoio à divulgação científica por parte destas instituições. Será em 26/11, quinta, às 14h.

        IV – Espaços para ciência na mídia

        ‘Existem jornais que têm espaços reservados para ciência e tecnologia, mas ainda é um espaço pequeno. Existe uma demanda reprimida que não é atendida pelos meios de comunicação.’

Comentário:

O aspecto qualitativo das matérias científicas é crucial, mas não é possível pensar em informação qualificada, elaborada e reflexiva sem espaços na mídia. Esta é uma questão nacional, que também cabe no contexto local de Campos (RJ) e região.

No âmbito local, em termos quantitativos, perdemos, junto com a interrupção na circulação do Monitor Campista, uma página semanal de noticiário sobre ciência e tecnologia. Em termos qualitativos, seria o caso de aproveitar o Simpósio para tentar propor a instalação de editorias de ciência nos nossos veículos de comunicação. O material produzido pelas assessorias é um avanço em relação à ausência de matérias sobre ciência, mas o horizonte a ser perseguido provavelmente é o de redações que utilizem estes releases como matéria-prima para suas próprias construções.


Leia também:

Cobertura da palestra de Canellas feita pela Ascom/Uenf:

http://www.uenf.br/index.php#paginas/1233180726

Doação de Cães - UENF

Prezad@s,


Está ocorrendo na UENF uma campanha para que os cães ali do campus, quase patrimônio histórico da instituição, tenham um lar de verdade.

Eis aqui os telefones da UENF: http://www.uenf.br/arquivos/PORTAL_UENF/arquivos/LISTA_TELEFONICA/lista_GERAL_ordem_alfabetica__atualizado_em_15_07_09.pdf

Caso tenham interesse vocês podem tentar entrar em contato com a prefeitura do campus, creio eu, para realizar esta boa ação.

Admito que não entendi exatamente como um animal pode ter morrido sem cuidados veterinários em uma universidade que possui um curso de "medicina veterinária". Ou ao menos eu pensava que existia algo assim por ali...

Mas.. divulgo as informações. Infelizmente aqui o quintal já possui dois adotados o que me impossibilita de dar uma força..

Abçs e divulguem a informação,

George

Adote um cachorro do campus

A Prefeitura da Uenf está dando início a uma campanha para retirar os cães que vivem no campus da Universidade. A ideia é transferir os animais para a Associação de Proteção aos Animais (APA), mas, para isso, a entidade necessita de doações. Quem puder ajudar deve entrar em contato com a Prefeitura da Uenf.

- Muita gente alimenta estes cachorros aqui dentro do campus, só que isso não basta. Eles precisam de um lugar seguro para ficar, porque aqui dentro vêm ocorrendo muitos problemas com eles - explica o prefeito da Uenf, professor Paulo Maia.

Os cachorros deverão ser transferidos para a Associação Protetora dos AnimaisSegundo Paulo Maia, já foram registrados quatro casos de atropelamentos de cães dentro do campus. Uma morte de um animal, por falta de cuidados veterinários. E, recentemente, um caso de ataque de cachorros a uma mulher dentro da Universidade, próximo da entrada principal, sem maior gravidade.

- Alimentar os cães não é suficiente, porque eles também precisam de atendimento veterinário. Além do risco de atropelamentos, há ainda a questão das zoonoses - afirma.

Segundo o professor, existem atualmente nove cães residindo dentro do campus da Uenf. Para cuidar de todos eles, a APA precisa de aproximadamente 15 kg de ração por mês. Os membros da comunidade universitária que se dispuserem a "adotar" um cão receberão da APA a orientação necessária para que as doações sejam efetivadas mensalmente. Paulo Maia informou que, uma vez retirados os cães, serão tomadas providencias para evitar a permanência de outros animais dentro do campus.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Palestra Marcelo Canellas hoje, 16h, no Centro de Convenções - UENF

Repassando recado da ASCOM/UENF

À comunidade universitária,

Reforçamos o convite para a palestra de hoje (quinta, 19/11), às 16h, a ser ministrada pelo jornalista Marcelo Canellas, no Centro de Convenções. Canellas, que ganhou mais de 20 prêmios nacionais ou internacionais, vai falar sobre 'O papel do jornalista na comunicação da ciência'.

Aberta ao público, a palestra é uma prévia do 1.º Simpósio Nacional de Jornalismo Científico, que ocorrerá na próxima semana (quarta e quinta, 25 e 26/11), no Centro de Convenções.

Para quem deseja participar das demais atividades do Simpósio, as inscrições continuam abertas até 23/11, em www.uenf.br/simposio. Já somos mais de 400 inscritos, mas ainda há vagas.

Comissão Organizadora / Ascom

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

XXIV ENCONTRO FRANÇA-BRASIL


- 23 de novembro de 2009 -
19h30: Recepção de boas vindas aos convidados.
Local : Hall do Liceu de Humanidades de Campos.
Exposição de reproduções de pinturas francesas.
20h: Jantar.

- 24 de novembro de 2009-
8h30: Abertura oficial com a execução dos hinos nacionais da França e do Brasil.
Local: Hall do Liceu.
9h: Apresentação de capoeira com Mestre Peixinho e sua equipe.
Local: Quadra de esportes do Liceu.
10h: Apresentação dos alunos do ensino médio.
Local: Quadra e auditório do Liceu.
12h: Almoço.
14h: Apresentação dos alunos do ensino fundamental.
Local: Auditório do Liceu.
16h: Pausa-café.
16h30: Palestra com Mme Chambeu.
Local: Hall do Liceu.
19h: Café Literário na quadra de esportes.
20h: Apresentação dos alunos do CELEMO.
Local: Auditório do Liceu.
21h: Apresentação do Coral da Faculdade de Direito de Campos, sob a regência do Maestro Jardel Maia.

Obrigada por sua presença, ela é muito importante para o sucesso do nosso trabalho !

Merci beaucoup !

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Entrevista ao Jornal O Diário (Parte 1)



A última vez que fui a Campos tive a oportunidade de conceder uma entrevista (que saiu hoje no jornal o diário http://www.odiarionews.net/wordpress/?page_id=35) ao simpático e inteligente jornalista Paulo Renato Pinto Porto. Aproveito este espaço para agradecer-lhe o convite, e ainda dizer que tivemos um interessante papo. Falamos de vários assuntos, desde a política local, passando pela nacional e internacional. Mas como o jornal impresso é limitado materialmente, ou seja, o espaço do papel é pequeno para análises mais profundas, é sempre impossível transmitir para leitor todo o conteúdo da conversa, a qual serve de base para a entrevista. Devido a isso, aproveitando a gancho me concedido pelo jornalista Paulo Renato Pinto Porto na entrevista, lançarei mão de nosso blog para alongar as minhas análises feitas na conversa que tive com ele.

Dedicar-me-ei aqui a respeito de três eixos da entrevista que considero importantes. O primeiro se refere às relações entre a UENF e a cidade de Campos (Parte1), e o segundo ao movimento político muda Campos e as transformações políticas deste movimento, assim também como sobre a figura de maior destaque político deste movimento, i.e., Garotinho (Parte 2), e um terceiro referente às experiências de um goytacá na Prússia, os choques culturais da vida num país tão diferente culturalmente (Parte 3).

Parte 1: A UENF e a cidade de Campos

Ao tentar entender esta difícil relação, não podemos nos furtar de analisar a sua gênese. O processo de implantação da UENF, como nos conta a bela pesquisa feita pelo sociólogo Glauber Rabelo, foi um processo traumático, dentro do qual, uma série de disputas políticas estavam em jogo. De um lado estava a “elite intelectual” local, representada pelas universidades particulares do município, sobretudo aquelas ligadas às humanidades, como a FAFIC e a faculdade de Direito de Campos. Estas tinham um projeto de universidade do norte fluminense, que seria mais ou menos a união delas, formando o que temos hoje na Uni-Flu. Do outro, estava Darcy Ribeiro, um homem cheio de sonhos e vontades titânicas que queria criar no interior do Rio de Janeiro uma universidade de patrão internacional. A partir deste ponto o conflito já estava posto, uma “elite intelectual” local que não queria perder seu poder, e do outro um político sonhador, dado a certos autoritarismos, que não reconhecia qualquer traço intelectual mais profundo na elite local, porque não via neles a vocação para a pesquisa e assim a possibilidade de se formar uma esfera propriamente acadêmica.

O segundo ponto do conflito se dá coma chegada dos professores da UENF. Ocorre aí um estranhamento mútuo, deles para com a cidade e da cidade para com eles. Muitos setores do município, assentados nos seus temores de perder o seu poder, estimularam na população um xenofobismo provinciano de ódio aos professores da UENF. Como se estes fossem forasteiros a sugar algo do município sem ter qualquer relação com ele, ou dar algo em troca. Ou espalhar a falácia que estes recebiam salários faraônicos à custa da pobreza da população local. Por outro lado, muitos professores não mostraram o menor interesse em ter um contato mais estreito com a cultura local, assim de algum modo, estimulando os preconceitos lançados contra eles. Esses dois quadros formaram uma cisão entre a cidade e a universidade de difícil reconciliação.

E é sobre esta reconciliação que queria enfatizar. O desafio das gerações presentes é o de dar novos contornos a essa história. A cidade com um todo, mas em especial as elites intelectuais e políticas locais, precisa entender que a UENF faz parte de Campos, a história de sucesso que a UENF vem construindo é sucesso também de Campos dos Goytacazes. E por outro lado será importante a incorporação de um quadro de professores e funcionários que tenham uma identificação afetiva com a universidade. Isso não quer dizer que seja eu contrário àqueles que não a tenham, mantendo uma relação tão somente profissional com a universidade, porém, só com estes é impossível construir o papel atuante na vida social e política que eu creio que uma universidade deve ter.

Eu sou muito otimista quanto a isso. Eu acredito muito como também espero que, em breve, poderemos olhar para a UENF e ver nela um papel decisivo para a história da cidade e da região no século XXI, tal como a escola de aprendizes e artífices (Escola técnica, CEFET, IFF) teve ao longo do século XX em Campos e na Região.

sábado, 14 de novembro de 2009

Palestra: UFF- Campos - "Cartas Sem Endereço"

CARTAS SEM ENDEREÇO: CONVERSAÇÕES SOBRE PESQUISA, TRABALHO DE CAMPO &ETNOGRAFIA NO MEIO URBANO

PALESTRA

Professor Doutor Marco Antônio da Silva Mello (Coordenador do LeMetro/UFRJ e Professor do Departamento de Antropologia da UFF e da UFRJ)


Na ocasião será exibido o filme etnográfico “10 Rue Lesage-Belleville: arqueologia urbana de um bairro popular parisiense".

Local: Auditório da Faculdade de Direito de Campos (FDC).

Horário: 18-21 hs.

Dia 18/11/09 (quarta-feira)

Realização: Coordenação do Curso de Ciências Sociais do Pólo Universitário da Universidade Federal Fluminense de Campos dos Goytacazes.

Apoio: Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (InEAC/INCT/UFF).

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Prorrogadas as inscrições para o I Simpósio Nacional de Jornalismo Científico (UENF)

I Simpósio Nacional de Jornalismo Científico

Comunicação de temas científicos para a sociedade em geral entra em pauta na Uenf.
Foram prorrogadas até 23/11/09 as inscrições para o 1.º Simpósio Nacional de Jornalismo Científico, que se realizará em 25 e 26/11/09, no Centro de Convenções da Uenf. Numa prévia do evento, o jornalista Marcelo Canellas, repórter especial da Rede Globo, ministra palestra durante o Pré-Simpósio, em 19/11, às 16h, no mesmo local. Cerca de 270 participantes se inscreveram no Simpósio durante o prazo inicialmente estabelecido.

O Simpósio vai reunir alguns dos mais importantes pesquisadores e profissionais da área de jornalismo científico do país, como o editor da revista Scientific American Brasil, Ulisses Capozzoli. Jornalista especializado em divulgação científica, mestre e doutor em Ciência pela USP, ele vai ministrar, no dia 25/11, às 15h, a palestra de abertura do Simpósio, intitulada 'Percepção pública da ciência: responsabilidades da mídia e do jornalista'.

No mesmo dia, às 16h, a mesa-redonda 'Por um jornalismo científico mais crítico' vai reunir o professor Cidoval Moraes de Souza (Universidade Estadual da Paraíba), a jornalista Cilene Victor da Silva (presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico-ABJC) e o jornalista Ricardo André Vasconcelos (autor do blog 'Eu penso que...'). A mesa será mediada pelo jornalista Martinho Santafé (Revista Visão Social).

Às 18h30, será realizado debate sobre o tema 'Cientista e divulgação: o papel das universidades e instituições de pesquisa', reunindo os jornalistas Maurício Yared (editor do programa Globo Universidade), Cláudio Márcio Magalhães (presidente da Associação Brasileira de TVs Universitárias-ABTU) e Adelfran Lacerda (ex-assessor de Comunicação da Uenf). A mediação do debate ficará a cargo da jornalista Fúlvia D'Alessandri, da Assessoria de Comunicação da Uenf.

No dia 26/11, às 14h, haverá mesa-redonda sobre o tema 'Apoio à divulgação científica', reunindo dirigentes de agências de fomento. As três Fundações de Amparo à Pesquisa mais importantes do país estarão representadas por Roberto Dória (chefe de Gabinete da Presidência da Faperj), Mariluce Moura (diretora de Redação da Revista Fapesp) e Vanessa Oliveira Fagundes (assessora de Comunicação da Fapemig). Em seguida, às 16h, o professor Luiz Antônio da Silva Teixeira, da Fiocruz, ministra palestra sobre o tema 'A cobertura jornalística da gripe suína no Brasil - uma abordagem a partir da História da Ciência'.

Fechando a programação, será realizada às 18h30 a Roda de Ciência sobre o tema 'A compreensão pública da ciência no século XXI'. Os debatedores serão a professora Maria das Graças Caldas (Unesp), o professor Walter Ruggeri Waldman (LCQUI/Uenf) e o jornalista Maurício Tuffani (Assessor de comunicação da Unesp e editor do blog Laudas Críticas). A Roda será moderada pelo jornalista Aluysio Abreu Barbosa, diretor de redação do jornal Folha da Manhã, de Campos.

O Simpósio terá ainda dois minicursos (sobre tratamento de imagem digital e confecção de blogs) e uma série de atividades paralelas.

Fonte: http://www.uenf.br/

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Por que Luiz Inácio desagrada Caetano Veloso


Pensei em escrever alguma coisa sobre o Caetano, mas encontrei este texto que diz tudo o que eu gostaria de dizer.


por Marta Peres, Professora da UFRJ,
publicado no blog www.viomundo.com.br, do Luis Carlos Azenha

Grande artista, não faz falta a Caetano Veloso um diploma de nível superior. Seus recentes comentários injuriosos a respeito do presidente com a maior aprovação da História do Brasil são indiscutivelmente coerentes - com sua visão de mundo, com a visão da classe a que pertence, assim como dos meios de comunicação que as constroem incansavelmente, bloqueando qualquer ensaio de questionamento ao seu insistente pensamento único.

Ao se referir a Lula como 'analfabeto', o termo está sendo utilizado de forma equivocada, pois 'analfabetismo' significa 'não saber ler nem escrever'. Imagino que ele esteja se remetendo, de maneira exagerada, ao fato de Lula não ter diploma de graduação, coisa que o compositor tampouco possui. Esse tipo de exigência não é nem mesmo cogitada ante outros artistas geniais como Milton, Chico, Cora Coralina... Gilberto Gil, ex-ministro do governo Lula, graduou-se, mas não em música... 'Ah, mas eles são artistas...'. E não seria a Política uma arte? Um pouco de Platão e Aristóteles não faz mal a ninguém...

Quanto à suposta 'cafonice' de nosso presidente, situado na revista americana Newsweek em 18° lugar entre as pessoas mais poderosas do mundo, Pierre Bourdieu (1930-2002) nos traz uma contribuição preciosa. De origem campesina, como Lula, o sociólogo francês criou conceitos que desmoronam o velho chavão do 'gosto não se discute'. Para Bourdieu, não só se deve discutir, como estudar, compreender, aquilo que se trata de, mais que uma questão de 'classe', uma questão de 'classe social'. Além do enorme abismo do ponto de vista propriamente econômico, os 'gostos diferenciadores', referentes ao 'estilo de vida', consistem na maior marca de violência simbólica e num fundamental instrumento de legitimação da dominação das classes dominadas pelas dominantes. Não somente é desigual a distribuição de renda numa sociedade dividida em classes, mas também o acesso à educação formal e informal - o hábito de freqüentar museus, espetáculos de teatro, música, dança - à sofisticação do vocabulário, às regras de etiqueta, à constituição da apresentação pessoal, dos 'modos' e atitudes corporais.

Obviamente, alcançar maior poder aquisitivo não possibilita a aquisição desse 'capital cultural' adquirido ao longo de toda uma vida no convívio com 'outras pessoas elegantes', ou seja, com a 'elite'. Uma expressão precisa para designá-las, utilizada corriqueiramente na Zona Sul do Rio, é 'gente bonita' - como sinônimo de portadores de determinadas marcas de classe evidentes pelo vestuário, linguajar, cabelos, corpos, modos, atitudes. Bourdieu demonstrou os aspectos, às vezes despercebidos, da 'construção social' do gosto, seja o gosto de Caetano, das elites, dos que gostariam de ser elite, pretendendo se distinguir da massa supostamente 'inculta'. Em outras palavras, as classes às quais pertencemos determinam, em grande parte, nossos critérios aparentemente inatos do que vem a ser elegância, numa relação de constante imitação, pelos 'cafonas', dos considerados detentores dos critérios de julgamento estético.

Lula não segue a corrente dos imitadores: mantém-se fiel à cafonice que o identifica com suas origens populares. Ah, como isso incomoda...

Embora seja assistido desde tempos imemoriais, lembrando que Norbert Elias estudou como a nobreza francesa era imitada por suas congêneres do resto da Europa no Ancien Régime, aqui, no Brasil, o fenômeno da distinção alcança as fronteiras do 'nojo', das reações fisiológicas desagradáveis, diante de tudo que possa remeter a atributos das classes populares, tudo que venha do 'povão'.

Não é à toa que o REUNI - Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais que tem como objetivo "criar condições para a ampliação do acesso e permanência na educação superior, no nível da graduação, pelo melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos existentes nas Universidades Federais" - seja alvo de críticas ferrenhas, apesar de vir ao encontro de demandas por mais vagas já presentes nos protestos estudantis da França e do Brasil há quarenta anos, os quais, aqui, jamais sequer haviam sido objeto de atenção pelos governos. A demanda por cidadania e não por privilégios restritos é assunto que dá nojo, dá 'gastura', como se fala no interior do Brasil. Mas isso são outros quinhentos...

Embora o acesso universal à educação deva ser uma meta, podemos questionar - como muitos eminentes acadêmicos questionam - que a universidade seja a única fonte de conhecimento legítimo, sob o risco de repetirmos, em outros moldes, o papel de detentora do saber exercido pela Igreja Católica Medieval. O que seria de nós sem a contribuição inestimável de tantos notáveis que por ela não passaram?

Pode-se argumentar, contudo, que o referido compositor não tem preconceito de classe ou contra a falta de diploma, pois pretende votar em Marina Silva que, como Caetano, não possui graduação, e que, como Lula, tem origem humilde. (O curioso é que, sendo a candidata à sucessão de Lula uma economista, dessa vez, a mesma é cobrada por não possuir mestrado e acusada de ter lutado contra a ditadura militar: sempre inventarão motivos contrários a políticas públicas que ferem ideais de distinção de classe). Ao contrário do que parece, os atributos de Marina caem como uma luva para nossa conservadora classe média leitora do Globo e da Veja e que jamais se assumirá preconceituosa: portar a nobre e indignada bandeira da causa verde faz disparar sua pontuação no quesito 'elegância'. Os que se preocupam ardentemente com a possibilidade de vida de seus netos e bisnetos são tocados em seu íntimo pelas questões ligadas à salvação das florestas.

Só que, mais uma vez, como a História sempre ajuda a enxergar, o buraco - na camada de ozônio - é mais embaixo: a destruição do planeta é a consequência inexorável de um sistema perverso que nele vem se instalando há alguns séculos. Ao longo de suas notáveis transformações, atingiu um ponto em que passou a se dar conta de seu próprio potencial de destruição e de identificar na preocupação com a natureza uma boa - e quem sabe, lucrativa - causa.

Do ponto de vista das chamadas 'Gerações' de Direitos Humanos, ao longo dos desdobramentos do capitalismo, a causa ecológica nasceu como a terceira filha. Enquanto a primeira, a segunda e a terceira gerações são identificadas com os ideais da Revolução Francesa - Liberdade, Igualdade e Fraternidade - a quarta, mais recente, relaciona-se a questões da Bioética e aos movimentos de segmentos minoritários ou discriminados da sociedade. A liberdade refere-se aos direitos civis e políticos, chamados de 'direitos negativos', pois limitam o poder exorbitante do Estado, que deve deixar o indivíduo viver e atuar politicamente. A igualdade consiste na luta pelos direitos sociais, culturais, econômicos, e demandam uma atuação 'positiva' do Estado no sentido de realizar ações que proporcionem condições de acesso de todos os indivíduos à educação, saúde, moradia, assistência social, dignidade no trabalho. Finalmente, a fraternidade esta ligada à ecologia, à preocupação com o destino da humanidade, irmanada por sua condição de habitante do planeta Terra.

Como se situaria o Brasil nessa História? Não vivemos mais no tempo de Marx, das jornadas de trabalho de 18 horas que não poupavam mulheres e crianças caindo mortas de fome ao redor das grandes máquinas sujas das fábricas. Hoje, longos tentáculos buscam mão de obra barata como a planta se dirige à luz do sol e os dejetos - da poluição e os seres humanos excluídos da participação em suas benesses - são escondidos do campo de visão dos que têm 'bom gosto'. Depois de destruir suas próprias florestas, os países ricos se preocupam e ditam regras da etiqueta politicamente correta aos pobres, abraçando a 'causa ecológica' com a mesma eloqüência que ontem defenderam que a 'mão invisível do mercado' traria a felicidade geral. Hoje, uma mão visível segura imponente a bandeira do orgulho verde. Porém, o corpo do qual faz parte constitui-se de fome, miséria, doença, condições abaixo de qualquer noção de dignidade da pessoa humana. A bandeira parece ser de um médico, mas o sujeito que a segura é um 'elegante' monstro. Chega a ser apelativo falar em salvar o planeta tirando de contexto uma causa que ninguém ousará contestar. Mas que tal pesquisar casos concretos de vínculos incontestáveis entre partidos verdes de diferentes países com os setores mais conservadores das respectivas sociedades? Visualizando a imagem do monstro, de braços dados com uma chiquérrima Brigitte Bardot salvando animais, faz todo sentido. A Bela e a Fera...

De modo algum defendo qualquer teleologia e que tenhamos que passar por fases que os outros já passaram. Nem que os sete anos de Governo Lula tenham se proposto a enfrentar bravamente, contra tudo e contra todos, o capitalismo que domina quase toda a superfície do planeta. Ninguém falou em Revolução, aliás, não era esse o combinado. Apenas assisto a um esforço hercúleo de instaurar políticas que ferem o coração desses mecanismos de violência, real e simbólica, que o julgamento do que é ou não cafona só vem a perpetuar, no sentido de minimizar o enorme fosso que separa os que têm e os que não têm acesso a conquistas históricas impreteríveis do Ocidente, independentemente de obediência a qualquer cronologia, identificadas com os direitos humanos: combate à fome à miséria, acesso universal à educação, à energia elétrica, diminuição da desigualdade ímpar que nos assola. Fraternidade, também quero, mas junto com a Liberdade, e principalmente, o que mais nos falta, Igualdade! Não igualdade no sentido anatômico, igualdade de condições, junto com a quarta geração.

Não indignar-se com a miséria, agarrar-se ferrenhamente a seus privilégios, assim como espernear diante de sinais de mudança, faz parte do aprendizado de cegueira, inércia e arrogância por que passam nossas elites com seu gosto sofisticado. Mas ao contrário de um regime de concordância geral, o ideal de democracia é caracterizado justamente pela coexistência de opiniões diversas a respeito das políticas do governo. À insatisfação proveniente de certo campo ideológico correspondem, certamente, avanços jamais assistidos na História do Brasil. Com vínculos ideológicos resumidos na figura de ACM, nutridora de uma ordem social desigual desde 1500, existe uma indiscutivelmente sincera elite baiana à qual, desagradar, é sinal de que Lula está no caminho certo!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Excluvismo agrário versus democracia rural

Por Paulo Sérgio Ribeiro

Não causou surpresa a posição da senadora Kátia Abreu (DEM-TO) frente ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Não poderia ser diferente por parte da “democrata” (sic) e dos demais intelectuais orgânicos do patronato fazendeiro cuja influência na política agrária se amplia com o monopólio da informação estabelecido neste país. Ademais, seria ingênuo pensar que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do MST é um fato político haurido apenas no calor das discussões sobre a ocupação recente da fazenda Cutrale em Iaras - SP por militantes sem-terra, embora a repercussão do evento tenha sido capitalizada com certo êxito pela bancada ruralista do Congresso em sua oposição àquele movimento social. O interesse de classe latente nessa nova investida contra o MST tem nome, o exclusivismo agrário, uma estrutura de poder que parece ditar o ritmo da mudança social tal como uma doença resistente a quaisquer remédios reformistas surgidos nesta ou naquela conjuntura. Antes de esboçar uma análise do conflito entre donos de terra e sem-terra no Brasil convém delimitar suas razões contrapostas desde a instauração da CPI do MST há pouco mais de duas semanas (21/10).

Comecemos pela justificativa de seus propositores. Em reportagem publicada no Estadão [1], Kátia Abreu, que além de senadora é presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), diz que o objetivo da CPI é apurar possíveis irregularidades decorrentes da não prestação de contas de recursos da União e de organizações internacionais destinados ao MST. O mote para tal investigação parlamentar remete a uma reportagem da Veja. Quanto à linha editorial desta revista reservo ao leitor o melhor juízo (valendo o mesmo para o jornal mencionado). Citando exclusivamente essa revista em um de seus pronunciamentos no Plenário do Senado, Kátia Abreu bebe da fonte e defende que os “atos ilícitos” do MST não podem ser aceitos, entre outros motivos, por reforçar a ausência de transparência pública do financiamento de suas atividades. Lançando mão de tal denúncia, a senadora questiona a legitimidade do movimento para propor uma revisão dos índices de produtividade como critério para a manutenção ou desapropriação de terras, pois, a seu ver, o MST não poderia exercer qualquer contestação desses índices enquanto promover ações que atentem contra o Estado de direito tais como invasões de prédios públicos e de fazendas. A senadora afirma ainda ser inadmissível resumir à noção de latifúndio improdutivo as propriedades rurais cuja produção equivale a um terço do PIB e que constituem o único setor a manter a balança comercial positiva.

Em nota de esclarecimento da Direção Nacional do MST [2], a denúncia passível de ser averiguada por uma CPI assume outro contorno. O movimento defende a convergência de sua causa, a democratização da terra, com a Constituição Federal que preconiza a desapropriação de propriedades rurais que não alcancem uma margem mínima de produtividade prevista em lei; explorem de modo insustentável os recursos naturais; não cumpram os direitos trabalhistas; e promovam o uso da terra para o contrabando ou cultivo de drogas. O critério de ocupação das propriedades rurais adotado pelo MST não é aleatório, pois observa uma ou mais condições legalmente prescritas para enquadrá-las no programa nacional da reforma agrária. Ressalta-se ainda na nota que o resultado do Censo Agropecuário de 2006 [3] aponta a persistência da concentração fundiária no país, uma das maiores do mundo, que alude à situação de uma fração diminuta dos proprietários rurais (1%) deter o controle de quase metade do território nacional (46%). A Direção Nacional do MST não desconhece a ocorrência de “desvios de conduta” em determinadas ocupações que se distanciam de sua linha política e induzem a uma visão distorcida do movimento. No entanto, a Direção ressalva haver em sua militância de base uma “infiltração” de agentes do latifúndio e/ou da polícia que manejariam ardilosamente esses desvios.

A meu ver, o ponto a ser discutido não é a maior ou menor permissividade no recrutamento de quadros do MST ou eventuais ganhos políticos da bancada ruralista em seu trânsito privilegiado com a imprensa tradicional, pois estas variáveis mais refletem do que determinam os limites da ação coletiva orientada por lutas redistributivas quando estendemos o escopo da análise acerca das dificuldades de viabilizar um novo estatuto da terra e, por conseguinte, uma reordenação institucional da estrutura de poder que sustenta o exclusivismo agrário. Uma ponderação feita por Roberto Torres em texto recente aqui no blog, “Sobre a CPI do MST”, ajuda-nos a interpretar o problema: “Como essa gente humilhada e desacreditada todos os dias consegue encontrar força para lutar por um futuro coletivo e construir solidariedade entre si não é nada óbvio, mas um fenômeno altamente improvável”.

Por que improvável? Esta pergunta suscita outras: quais segmentos correspondem ao patronato fazendeiro e à massa de trabalhadores rurais sem-terra e qual o peso relativo de cada um a partir de suas posições antagônicas na estratificação social? Entre os primeiros predominam oligarquias compostas de latifundiários, usineiros e pecuaristas cujo poder funda-se na grande propriedade e no controle da mão-de-obra mediante diversas relações de trabalho que, em alguns casos, recaem em formas contemporâneas de escravidão (vale a leitura do texto "Melaço de sangue", postado por Xacal em http://atrolha.blogspot.com). Essas oligarquias transigem facilmente com o ethos empresarial da agricultura modernizada sem, no entanto, deixar de configurar o segmento mais retrógrado da classe dominante brasileira. Com relação aos sem-terra, mesmo que se queira caracterizá-los pela noção usual de campesinato há de se fazer o devido reparo histórico, pois não se confundem com assalariados rurais, parceiros ou minifundistas senão com uma camada oprimida que se distingue nas classes dominadas do campo ou da cidade por sua luta diária para mobilizar os parcos recursos com os quais consegue minorar a fome e outras privações, não poucas vezes sob ameaça da violência privada de fazendeiros.

Ora, realmente é de se admirar que de um estado de miséria tenha se consolidado uma experiência auto-gestionária como o MST. Subscrevo o argumento de Roberto Torres de que é justamente isso o que assusta. Como esse contingente numeroso, embora pequeno diante das várias categorias de trabalhadores urbanos, provoca tamanha reação em determinados setores da sociedade brasileira? A despeito de valores de feição tradicionalista passíveis de ser atribuídos àquele movimento popular, trata-se, efetivamente, de uma insubordinação às formas arcaicas de vida em que seus membros estão presos antes por constrangimentos objetivos do que por qualquer espécie de apego a uma ilusória comunidade perdida, pois só podem mesmo condenar-se ao futuro ao romperem com as relações de subordinação pessoal vigentes no mundo rural. O temor é que essa idéia de futuro traduza um projeto societário suficientemente abrangente para se contrapor à comunidade de interesses instituída na expansão da fronteira agrícola.

Qual é o projeto dos ruralistas para o Brasil? Em síntese: transformar o país em uma imensa plantation sem deixar nenhuma margem a um modelo de produção que redefina a política social para o mundo rural. A posse da terra parece ser entendida como um direito consuetudinário para a senadora Kátia Abreu e os ruralistas a ela afinados quando expõe com uma clareza desconcertante os limites estreitos do projeto pelo qual ousa defender o indefensável: o acesso aos cofres públicos para financiar suas safras liberado de qualquer mecanismo de revisão dos índices de produtividade agrícola. O que justifica a (falsa) polêmica em torno desses índices, na medida em que ainda são balizados pelo Censo Agropecuário de 1975? Por que há temor entre os ruralistas se o setor agrícola bate recordes de produtividade quase que anualmente? A resposta é simples: qualquer expediente de regulação estatal da propriedade rural deve ser confrontado, porque implica na possibilidade de a terra ser pensada como um bem público e, logo, de esta orientação normativa dotar-se de eficácia nos conflitos de interesses envolvendo a reforma agrária. Daí o questionamento do repasse de recursos públicos ao MST sob a comparação absurda do padrão de produtividade de seus assentamentos com o respectivo à monocultura de exportação da grande propriedade.

Mesmo que quiséssemos resumir o debate a uma questão de desempenho econômico, não deixaria de ser duvidoso o progresso alcançável num quadro de dependência tecnológica de parcela significativa dos insumos (sementes geneticamente modificadas) e adubos pelos quais se pagam royalties a grupos transnacionais titulares de suas patentes. Ademais, a produtividade do setor agrícola ainda é associada ao mito da eterna elasticidade da oferta de terras que resulta, na prática, em grilagem e na ocupação de áreas submetidas à proteção permanente pela legislação ambiental. Um modelo de produção cujo progresso técnico não se converte em saltos qualitativos na oferta de alimentos para o mercado interno. Não obstante, há uma dimensão do problema agrário brasileiro não restrita ao campo econômico. Joel Rufino dos Santos a apreende de modo esclarecedor quando define os sem-terra como a materialização de uma “anomalia histórica” do território brasileiro [4]. Para Santos, o caráter anômalo de nosso processo de territorialização é a convivência de “povo” e “população” no mesmo espaço. Há uma homologia estrutural entre os sem-terra e a escravaria colonial por constituírem antes uma população do que um povo, já que o seu lugar na estratificação social implica estar no Brasil sem ter um lugar em seu território:

“Os elementos característicos do Estado-nação se apresentam no Brasil como retardo. O mais grave desses retardos, o que engole sistematicamente os projetos de desenvolvimento econômico e social, é a desterritorialização primitiva. A posse da terra funda a democracia rural, a apropriação do território funda a nação – esta diferença tem escapado, em geral, aos observadores de nossa história social. Os pobres no Brasil não descendem, como na Europa, de expropriados dos meios de produção, mas de escravos e servos, o que significa despossuídos. O que definia o escravo (negro ou índio) era, antes de tudo, a não-posse do seu próprio corpo – e a ocupação do território é o fundamento do que, no Ocidente, chamamos pessoa humana” (SANTOS, 2004, p.216).

Não é a toa que além dos muitos, mas insuficientes, assentamentos consolidados mediante o aporte do Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (Incra), os integrantes do MST ocupem um lugar intersticial no espaço físico e social – os acampamentos entre a cerca e a estrada –, demarcando para parte das massas rurais a parte que lhes cabe na divisão do trabalho: nada. Mesmo a aspiração acalentada por um militante sem-terra de simplesmente partilhar o mínimo socialmente aceitável na distribuição da riqueza a partir de um papel ancilar ao setor agrícola – os cultivos em pequena escala para o abastecimento de mercados locais – é tomada como uma virtual ameaça à conservação das condições adscritas do poder do latifundiário-oligarca, pois qualquer projeto de reforma agrária esbarra na rede de privilégios instituída no monopólio da terra. Daí a obsessão sociopata com a manutenção da ordem, mesmo que em bases ilegais, como o caso “Cutrale” o confirma, uma vez que a primeira “invasão” praticada fora a da empresa ao grilar terras públicas no município de Iaras - SP para a instalação de sua fábrica de sucos, uma informação que longe esteve de configurar o foco da cobertura jornalística. Um dado “menor” em face do efeito performativo produzido pela imagem de destruição de laranjais. Algo a ser avaliado pelo MST em sua ação estratégica.

Ao menos há um ganho inequívoco nessa ocupação. Na luta pela ampliação do possível o MST alcançou o "improvável": o capital cede terreno às lutas sociais por redistribuição, vide a recente e inédita devolução de terras griladas à União por parte de um representante do patronato fazendeiro, a Cutrale, que publicizou a revelância de as terras serem destinadas à reforma agrária [5]. Pasme, até o staff da Cutrale, cuja totalidade de terras ultrapassa em muito a área que grilou em Iaras - SP, consegue ser menos reacionário do que a bancada ruralista em sua posição irredutível de criminalizar esse movimento social.

[2] Disponível em: http://www.mst.org.br/node/8319.

[3] Disponível em:
[4] Cf. Santos, Joel Rufino de. Como podem os intelectuais trabalhar para os pobres? São Paulo: Global, 2004.

domingo, 8 de novembro de 2009

Como o PT e Lula deveriam considerar a análise de FHC?

O artigo de FHC publicado no último domingo ainda repercute e talvez ainda irá repercutir por um tempo.... A motivacao do autor, junto com a incoerencia e os interesses implícitos dos argumentos, sao questoes centrais para discutir o "diagnóstico trágico" apresentado por FH. Acho que durante esta semana isto foi bastante discutido....

Por outro lado, será que interessa ao debate político e ao avanco da democracia somente considerar o diagnóstico da perspectiva de uma suspeita sobre seu autor? Será que é desejável, inclusive para o governo e o projeto político do PT, uma recusa a debater e enfrentar com argumentos as críticas do "princíope dos sociólogos"?

Confesso que fui convencido pelo Jornalista Alon Feuerwerker de que o PT e Lula ainda precisam responder com argumentos, sobretudo porque existem argumentos, ao diagnóstico do "caminho da servidão" (subperonismo, autoritarismo popular) do FH..... FH nao é burro, ainda que seja cínico.... e o PT nao pode menosprezar a importancia deste embate intelectual, mais no nível das idéias, ainda que seja indispensável apontar os interesses velados no discurso...


Aqui vai o artigo do Alon que me convenceu....

Eles caíram como patinhos (06/11)

Com seu artigo, FHC pretendeu colocar uma cunha entre o governo Lula e os intelectuais, entre a administração do PT e a crescente classe média. O PT ajudou-o a atingir o alvo.

O PT mordeu a isca atirada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Caiu como um pato. FHC escreveu artigo em jornais no último domingo afirmando que o PT conduz o Brasil para um autoritarismo em moldes “subperonistas”, com partidos e sociedade civil neutralizados, organizações sociais cooptadas e empresariado dependente do capital controlado, direta ou indiretamente, pelo Estado.

Tudo, segundo FHC, encimado pela figura do líder supremo, inquestionável.

Por que o PT se enrolou na armadilha posta por FHC? Pela maneira como reagiu. Recebeu uma crítica política e não respondeu politicamente. As reações variaram, mas tiveram um traço comum: a desqualificação. FHC está com inveja do sucesso de Luiz Inácio Lula da Silva. Suas afirmações nascem do inconformismo, compreensível num intelectual ferido em sua vaidade, suplantado, como presidente, por um metalúrgico de escolaridade formal precária.

Mas, e daí se FHC estiver movido por péssimos sentimentos, ou pelo rancor? No que isso invalida a crítica? Estivessem Lula e o PT menos tomados pela apoteose mental, procurariam fazer algum esforço para rebater FHC no mérito. Nada porém foi dito. O poder comportou-se de modo a reforçar a acusação, colocando-se acima dela a priori, como se parte da sociedade brasileira, mais conservadora (ou mais liberal, ou menos petista), estivesse preliminarmente impedida de participar do debate político, ou de criticar o governo.

Acusado de bonapartismo, o poderoso reagiu com viés bonapartista.

Um comportamento nascido da autossuficiência. Defeito que aliás FHC conhece bem. Ele deve saber o prejuízo que lhe causaram gracinhas como chamar os opositores de “fracassomaníacos”, ou aposentados de “vagabundos”. O tucano foi um mestre da desqualificação. O PT vai pelo mesmo caminho. Turbinados pela popularidade do líder, epígonos elaboram o index de quem pode ou não pode falar, está ou não está autorizado a criticar. Saiu da linha, tomou porrada.

No artigo, FHC acusou Lula de tentar matar moralmente os adversários. E o PT reagiu armando o pelotão de fuzilamento.

O PT e Lula, pouco a pouco, desacostumam-se ao diálogo com quem pensa diferente. Outro dia, o presidente foi surpreendido por um cidadão que lhe disse que não votava nele. “Eu não estou precisando do seu voto”, respondeu Lula, na lata. Para delírio e gargalhadas dos bajuladores em volta. Está tudo no YouTube.

Cercar-se de bajuladores é confortável para o príncipe. Mas nem sempre é saudável.

O Brasil é um país complexo, e os sucessos do governo Lula tornaram-no mais complexo ainda. Segundo um raciocínio tosco, o pobre que saiu da pobreza neste governo vai ser eternamente uma cabeça de gado a mais no curral eleitoral do nosso presidente. Por que é tosco? Porque quem sai da miséria, ou da pobreza, quer mais é ser dono da sua própria vontade. Quanto mais desenvolvida uma sociedade, maior a demanda por um comportamento democrático do governante.

Com seu artigo, FHC pretendeu colocar uma cunha entre o governo Lula e os intelectuais, entre a administração do PT e a crescente classe média. Pretendeu plantar em quem não é ferrenhamente petista a dúvida sobre a sinceridade dos propósitos democráticos do PT.

O PT ajudou-o a atingir o alvo.

IX Semana de Ciências Sociais - UENF - CCH


Programação IX Semana de Ciências Sociais


Seg 09/11

9h – 12h – Credenciamento

14h - Cerimônia de abertura (local: Centro de Convenções)

14:30 - Palestra de abertura da 1° Semana Acadêmica Unificada

16h - Programação Integrada Ética e Deontologia - Antônio Pegorava (UERJ/SEAF)

Local: Centro de Convenções

18h –21h – Mesa (Des)construindo o gênero no Brasil: sexualidade e direitos civis

- Alan Soares dos Reis (advogado)
- Daniela Bogado (UENF)

Local: CCH

Ter 10/11

9h – 12h: Mesa
Racismo e inserção do negro na sociedade brasileira

- Emerson Ferreira Rocha (UFJF)
- Ludmila Gonçalves da Matta (UENF)

Local: Casa Ecológica

14h – 15h: Apresentação de trabalhos

Local: Casa Ecológica

15h – 18h: Mesa

Perspectivas do ambientalismo

- Aristides Soffiati (UFF)
- Felipe Vasconcellos (UENF)
- Luís Eduardo Nogueira (UENF)

Local: Casa Ecológica

18h – 21h: Programação Integrada

Reforma Curricular: um instrumento para o enfrentamento do futuro

-Eunice Trein (UFF)

Local: Centro de Convenções

Qua 11/11

8h – 12h: Programação Integrada

Biodiversidade, agricultura, biotecnologia e o meio ambiente: É possível a sustentabilidade?

- Miguel Pedro Guerra (UFSC)

Local: Centro de Convenções

14h-15h: Apresentação de trabalhos
Local: CCH

15h-18h: Mesa
Mulher e cidadania no Brasil: perspectivas e limites das políticas públicas para mulheres no Brasil

- Ana Paula Sciammarella (ISER)
- Marcella Beraldo (UNICAMP)

Local: CCH

18h – 21h: Mesa
Teoria social e movimentos sociais

- George Gomes Coutinho (UENF)
- Rodrigo Chaves de Mello (UFJF)

Local: CCH

Qui 12/11

9h-11h Palestra

Lutas camponesas e a questão fundiária no Brasil

- Hermes Cipriano de Oliveira (MST)
Local: Casa Ecológica

11h - 12h Apresentação de trabalhos
Local: Casa Ecológica

14h-18h Mesa
Reforma urbana e lutas sociais

- Cassio Brancaleone (IUPERJ)
- Rafael Borges Deminicis (MTD RJ)

Vídeo
Zona de conflito ?
Local: Casa Ecológica

18-20h - Oficina

Cia. Só Pega no Tranco
Local: CCH

Sex 13/11

09h-12h: Mesa

Panorama do sindicalismo brasileiro

- Fernando Perlatto (IUPERJ)
- Maycon Bezerra (SEPE)
Local: CCH

14h- 16h: Cerimônia de encerramento da 1ª Semana Acadêmica Unificada da UENF

Local: Centro de Convenções

PS: No post clique sobre o cartaz para ter uma visão ampliada do mesmo.

CONVITE: Zapatismo, anticapitalismo e movimentos sociais anti-sistêmicos na América Latina contemporânea

UFF-UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESR-INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLMVIMENTO REGIONAL

COORDENAÇÃO DE EXTENSÃO


CONVITE



O Projeto de Extensão Segundas Debates em parceria com a Disciplina de Movimentos Sociais, convida você a participar da Palestra: Zapatismo, anticapitalismo e movimentos sociais anti-sistêmicos na América Latina contemporânea, no dia 12 de novembro – quinta-feira (excepcionalmente), no horário de 16:00 ás 18:00 no ESR/UFF – sala 08, tendo como palestrante: Cássio Cunha Soares (Cientista Social, Doutorando em Sociologia pelo IUPERJ e Pesquisador do Centro de Estudos em Direito e Sociedade) e como debatedor: Hermes Cipriano/Mineiro (Setor de Produção do Assentamento da Reforma Agrária-Antônio de Faria/ MST – Campos dos Goytacazes – RJ).


O evento conta horas acadêmicas para os discentes.


Informações: Rua José do Patrocínio, 71 – Centro – Campos dos Goytacazes; RJ. Tel: 22 – 2722.0622 e 2733.0319, ramal: 4104 e 4112 no horário de 14:30 às 17:30. Os certificados poderão ser solicitados na secretaria da Coordenação de Extensão do ESR/UFF.



P.S: A professora Ana Maria da Costa solicita o incremento da seguinte informação: a atividade do Segundas debates, está sendo organizada em parceria com o Prof. Augusto Cesar de Oliveira/Disciplina: Movimentos sociais/UFF/Esr.

sábado, 7 de novembro de 2009

Perón, Getúlio, Lula - Emir Sader

Perón, Getúlio, Lula - Emir Sader

Quando acusou Lula de uma espécie de neoperonista, FHC vestia, em cheio, o traje da direita oligárquica latinoamericana. Que não perdoou e segue sem perdoar os líderes populares latinoamericanos que lhes arrebataram o Estado de suas mãos e impuseram lideranças nacionais com amplo apoio popular.

Os três – Perón, Getúlio e Lula – têm em comum a personificação de projetos nacionais, articulados em torno do Estado, com ideologia nacional, desenvolvendo o mercado interno de consumo popular, as empresas estatais, realizando políticas sociais de reconhecimento de direitos básicos da massa da população, fortalecendo o peso dos países que governaram ou governam no cenário internacional.

Foi o suficiente para que se tornassem os diabos para as oligarquias tradicionais – brancas, ligadas aos grandes monopólios privados familiares da mídia, aos setores exportadores, discriminando o povo e excluindo-o dos benefícios das políticas estatais. Apesar das políticas de desenvolvimento econômico, especialmente industrial, foram atacados e criminalizados como se tivessem instaurados regimes anticapitalistas, contra os intereses do grande capital. Quando até mesmo os interesses dos grandes proprietários rurais – nos governos dos três líderes mencionados – foram contemplados de maneira significativa.

Perón e Getúlio dirigiram a construção dos Estados nacionais dos nossos dois países, como reações à crise dos modelos primário-exportadores. Fizeram-no, diante da ausência de forças políticas que os assumissem – seja da direita tradicional, seja da esquerda tradicional. Eles compreenderam o caráter do período que viviam, se valeram do refluxo das economias centrais, pelos efeitos da crise de 1929, posteriormente pela concentração de suas economías na II Guerra Mundial, tempo estendido pela guerra da Coréia.

A colocação em prática das chamadas políticas de substituição de importações permitiram a nossos países dar os saltos até aqui mais importantes de nossas histórias, desenvolvendo o mais longo e profundo ciclo expansivo das nossas economias, paralelamente ao mais extenso processo de conquisas de direitos por parte da massa da população, particularmente os trabalhadores urbanos.

Se tornaram os objetos privilegiados do ódio da direita local, dos seus órgãos de imprensa e dos governos imperiais dos EUA. Dos jornais oligárquicos – La Nación, La Prensa, La Razón, na Argentina, ao que se somou depois o Clarin; o Estadao, O Globo, no Brasil, a que se somaram depois os ódios da FSP e da Editora Abril. Os documentos do Senado dos EUA confirmam as articulações entre esses órgãos da imprensa, as FFAA, os partidos tradicionais e o governo dos EUA nas tentativas de golpe, que percorreram todos os governos de Perón e de Getúlio.

Não por acaso bastou terminar aquele longo parêntese da crise de 1929, passando pela Segunda Guerra e pela guerra da Coréia, com o retorno maciço dos investimentos estrangeiros – particularmente norteamericanos, com a indústria automobilística em primeiro lugar -, para que fossem derrubados Getúlio, em 1954, e Perón, em 1955.

Mas os fantasmas continuaram a asombrar os oligarcas brancos, que sentiam que aqueles líderes plebeus – tinham desprezo pelos líderes militares, que deveriam, na opinião deles, limitar-se à repressão dos movimentos populares e aos golpes que lhes restabeleceriam o poder – lhes tinham roubado o Estado e, de alguma forma, o Brasil.

O golpe militar argentino de 1955 inaugurou a expressão “gorila” para designar o que mais tarde o ditador brasileiro Costa e Silva chamaria, de “vacas fardadas”. A direita apelava aos quartéis, porque não conseguia ganhar eleições dos líderes populares. Durante os anos 50, no Brasil, fizeram articulações golpistas o tempo todo contra Getúlio, até que o levaram ao suicídio. Tentaram impedir a posse de JK, alegando que tinha ganho as eleições de maneira fraudulenta. JK teve que enfrentar duas tentativas de levantes militares de setores da Aeronáutica contra seu governo, legitimamente eleito, tentativas sempre apoiadas pela oposição da época, em conivência com os governos dos EUA.

O peronismo esteve proscrito políticamente de 1955 a 1973. Até o nome de Perón era proibido de ser mencionado na imprensa. (Os opositores usavam Juan para designá-lo ou alguns de seus apelidos.) Quando foram feitas eleições com um candidato peronista concorrendo – Hector Campora -, ele triunfou amplamente e – ao contrário de Sarney no Brasil – convocou novas eleições, truiunfando Perón, que governou um ano, até que foi dado o golpe de 1976, pelas mesmas forças gorilas.

No Brasil, o governo João Goulart foi vítima do mesmo tipo de campanha lacerdista, golpista, articulada com organismos da “sociedade civil” financiados pelos EUA, articulados com a imprensa privada, convocando as FFAA para um golpe, que acabou sendo dado em 1964.

Perón, Getúlio e, agora, Lula, tem em comum a liderança popular, projetos de desenolvimento nacional, políticas de redistribuição de renda, papel central do Estado, apoio popular, discurso popular. E o ódio da direita. Que usou todos os “palavrões”: populista, carismático, autoritário, líder dos ”cabecitas negras”, dos “descamisados” (na Argentina). A classe média e o grande empresariado da capital argentina, assim como a clase média (de São Paulo e de Minas, especialmente) e o grande empresariado, sempre a imprensa das rançosas famílias donas de jornais, rádios e televisões.

É o ódio de classe a tudo o que é popular, a tudo o que é nacional, a tudo o que cheira povo, mobilizações populares, sindicatos, movimentos populares, direitos sociais, distribuição de renda, nação, nacional, soberania. FHC se faz herdeiro do que há de mais retrógado na direita latinoamericana – da UDN de Lacerda, passando pelos gorilas do golpe argentino de 1955, pelos golpistas brasileiros de 1964, pelo anti-peronismo e o anti-getulismo, que agora desemboca no anti-lulismo. Ao chamar Lula de neo-peronista, quer usar a o termo como um palavrão, como acontece no vocabulário gorila, mas veste definitivamente a roupa da oligarquia latinoamericana, decrépita, odiosa, antinacional, antipopular. Um fim político coerente com seu governo e com seus amigos aliados.

Postado por Emir Sader


Disponível em: http://www.agenciacartamaior.com.br/templates/index.cfm?alterarHomeAtual=1 (acesso em 07 de novembro de 2009)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Dois Recados - Simpósio de Jornalismo Científico e Rodrigo Serra Debatendo Royalties

Prezad@s,

Dois recados envolvendo ações da UENF. Um chamando para os minicursos que ocorrerão no "I Simpósio de Jornalismo Científico.

O outro refere-se ao projeto "Participação Política e Estado – implementação institucional de ações para o controle social dos governos locais".


O projeto em questão chama para a aula do professor Rodrigo Serra amanhã no IFF onde terá lugar o fundamental debate para esta região e arredores: a questão dos royalties.

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Prezados(as) inscritos no 1.º Simpósio Nacional de Jornalismo Científico,

Informamos que, além de prorrogar as inscrições para o Simpósio, incluímos dois minicursos na programação: 'Faça o seu blog' e 'Tratamento de imagem digital'. Eles serão ministrados respectivamente por Fabrício Silva Santos e Alexsandro de Azevedo, dois profissionais da área de Comunicação da Uenf. Os minicursos serão simultâneos, em 26/11, das 9h às 11h. Logo não será possível participar dos dois.

Como as vagas são limitadas, quem tiver interesse em um dos minicursos deve se apressar e inscrever-se na própria página do Simposio (www.uenf.br/simposio).

Já somos mais de 300 inscritos, entre jornalistas, estudantes de Comunicação, pesquisadores, pós-graduandos, bolsistas de Iniciação Científica e outros perfis de cidadãos e cidadãs. Apesar da excelente resposta em inscrições, pudemos prorrogar o prazo em vista da capacidade do Centro de Convenções da Uenf.

Agradecemos o interesse de todos e desejamos um excelente Simpósio!

Gustavo Smiderle e Fúlvia D'Alessandri
Jornalistas da Ascom/Uenf e membros da Comissão Organizadora
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Sábado dia 07.11.09 no IFF, no auditório Reginaldo Rangel, Rodrigo Valente Serra Professor/Pesquisador do Mestrado em Engenharia Ambiental do IFF, dará a aula: Royalties do Petróleo: diferentes formas de distribuir e aplicar as rendas do petróleo. Pretende-se apresentar as formas alternativas de distribuir e aplicar os royalties do petróleo à luz dos projetos de lei que tramitam na Câmara e no Senado; Assim como, proporcionar o debate sobre experiências de controle social sobre distribuição e aplicação das rendas do petróleo no Brasil e no mundo.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Adeus a Claude Lévi-Strauss


Mesmo aqueles(as) que não optaram pela especialização em antropologia dificilmente passaram imunes pelos textos de Claude Lévi-Strauss, que demarcam mudanças na concepção e aplicação da teoria antropológica e, sobretudo, na própria visão do Ocidente acerca dos povos até então caracterizados pelo que havia de mais arraigado no etnocentrismo eurocêntrico da primeira metade do século XX. Uma síntese do método de pensamento elaborado por Lévi-Strauss pode ser encontrada em "As estruturas elementares do parentesco". Em nossa graduação em ciências sociais na Uenf tivemos o privilégio de ler, fichar e resumir uma das obras magistrais de Lévi-Strauss, "Tristes Trópicos", cuja primeira edição data de 1955. Nesse livro se revela um desejo incontido de narrar suas viagens, as quais "odiava", da capital paulista ao interior do Brasil e deste rumo às fronteiras da civilização em sua passagem como professor vistante da Universidade de São Paulo na década de 1930. O contato com diferentes etnias indígenas, como os Cadiueu, os Bororo e os Nambiquara, fora objeto de pesquisa etnográfica dotada de excepcional tratamento estético e, não menos, de uma angústia ao antever que tais etnias em situação de isolamento quase irrestrito participariam de um tempo e de um espaço conservados apenas nas memórias de um antropólogo experiente. A violência do processo de aculturação e a destruição física e espiritual dos povos ainda tão pouco conhecidos na irreprimível expansão do Ocicente é retratada sem eufemismos na viagem catártica de um cientista solidário à condição humana. Descanse em paz, Lévi-Strauss.

Claude Lévi-Strauss morre aos 100 anos

4/11/2009

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – O antropólogo Claude Lévi-Strauss morreu, aos 100 anos, na madrugada do último domingo (1/11). O anúncio foi feito apenas nesta terça-feira (3/11) pela Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais de Paris (França).

Conhecido como o fundador da antropologia estruturalista, Lévi-Strauss participou, na década de 1930, da missão francesa que organizou alguns dos cursos da Universidade de São Paulo (USP) pouco após sua fundação, em 1934.

De acordo com Fernanda Arêas Peixoto, professora do Departamento de Antropologia da USP, a influência intelectual de Lévi-Strauss – que realizou no Brasil seus primeiros estudos de etnologia entre populações indígenas – transcende a antropologia.

“Ele foi sem dúvida um dos maiores antropólogos da história e, a partir de seus trabalhos ligados ao âmbito do parentesco e dos mitos, influenciou todos os ramos da antropologia. Mas, especialmente a partir de 1962, com a publicação de Pensamento selvagem, sua obra passou a dialogar com a filosofia. Daí em diante, o estruturalismo adquiriu uma importância enorme, com impacto na filosofia, na psicanálise, na crítica literária e nas ciências humanas de modo geral”, disse à Agência FAPESP.

Segundo Fernanda, que em 1991 defendeu na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) a dissertação de mestrado Estrangeiros no Brasil: a missão francesa na USP, o inegável impacto do pensamento de Lévi-Strauss sobre a antropologia brasileira se deu por meio de sua obra posterior à estadia no país.

“Na época da missão francesa, entre 1935 e 1938, ele era um jovem etnógrafo em período de formação. No Brasil, fez suas primeiras pesquisas de campo e trabalhos etnográficos. Publicou aqui seus primeiros trabalhos. Durante a Segunda Guerra Mundial, fixou-se nos Estados Unidos, onde completou sua formação”, contou.

A leitura de Lévi-Strauss feita pelo norte-americano David Mabury-Lewis, na década de 1960, exerceu forte influência na antropologia brasileira, reintroduzindo no país a obra do antropólogo nascido em Bruxelas, de acordo com Fernanda. Segundo ela, Mabury-Lewis participou naquele período do projeto Harvard-Brasil Central, realizado pelo Museu Nacional em parceria com a Universidade de Harvard (Estados Unidos).

Sob orientação de Fernanda, a mestranda Luiza Valentini está atualmente realizando uma pesquisa – com apoio da FAPESP – sobre a interação entre Lévi-Strauss, Dina Dreyfuss (sua esposa na época da missão francesa) e o escritor Mário de Andrade, que na década de 1930 empreendeu um amplo trabalho de campo sobre manifestações da cultura popular brasileira.

O trabalho tem base em documentação inédita da Sociedade de Cultura e Folclore dirigida por Andrade na época. “Mário de Andrade foi muito marcado por essa colaboração”, disse Fernanda.

Tristes trópicos

“Estudou na Universidade de Paris e demonstrou verdadeira paixão pelo Brasil, conforme registrado em sua obra de sucesso Tristes Trópicos, em que conta como sua vocação de antropólogo nasceu durante as viagens ao interior do país. Lévi-Strauss completaria 101 anos no fim deste mês”, divulgou a reitoria da USP em nota oficial.

Em 1927, Lévi-Strauss iniciou seus estudos em filosofia. Começou a lecionar em 1932. Em 1935, levado pelo “desejo da experiência vivida das sociedades indígenas”, como contou, aceitou lecionar na USP durante três anos. Nesse período, empreendeu diversas missões de estudo entre os índios Bororo e Nhambiquara, em companhia de sua esposa. O casal se separou em 1939, ao retornar à França. O antropólogo se casou novamente em 1945 e em 1954.

Banido do ensino em seu país, em decorrência das leis antissemitas da França ocupada do regime de Vichy (1940-1944), partiu para Nova York, onde teve contato com os surrealistas e se aproximou de Roman Jakobson, linguista que teve influência decisiva na construção de sua obra.

O pós-guerra foi um período instável para Lévi-Strauss, que publicou então suas primeiras obras de peso, ainda não reconhecidas. Foi adido cultural em Nova York e participou de missões da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na Índia e no Paquistão. Em 1950, foi nomeado professor da Escola Prática de Altos Estudos da França.

Em 1955, publicou Tristes trópicos, um relato de suas viagens que se tornou ao mesmo tempo um sucesso literário e uma referência científica. Publicou Antropologia estrutural em 1958 e em 1959 assumiu o Departamento de Antropologia Social do Collège de France, passando a desenvolver atividade intensa como autor e organizador, que lhe valeram crescente reconhecimento internacional. Depois de O Pensamento selvagem (1962) e os quatro volumes de Mitologias, passou a ser reconhecido com um dos grandes autores do século 20.

Em 1973, foi eleito para a Academia Francesa. Em 1985, acompanhou o presidente francês François Mitterrand ao Brasil. Suas coleções de objetos foram expostas no Museu do Homem, em Paris, em 1989. Suas fotografias do Brasil foram editadas em 1994.

O texto acima foi extraído de:
http://www.agencia.fapesp.br/materia/11301/especiais/claude-levi-strauss-morre-aos-100-anos.htm