terça-feira, 9 de fevereiro de 2010



O oráculo de Montenegro

Não caros, não se trata da religiosidade mágica dos cidadãos da república de Montenegro, mas de uma “previsão” de Carlos Alberto Montenegro, presidente do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), alardeada aos quatro cantos no ano passado sobre o teto eleitoral de Dilma Rousseff, Chefe da Casa Civil e pré-candidata à Presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo Montenegro, o teto até então estimado em 15% seria facilmente suplantado pelo eleitorado do também pré-candidato José Serra, governador do Estado de São Paulo pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e principal adversário de Dilma na corrida presidencial. Da previsão ao “imprevisto”: a TV Bandeirantes divulgou em 29 de janeiro pesquisa da Vox Populi que demonstrava diminuição da diferença entre Serra e Dilma. Em 01 de fevereiro a CNT / Sensus confirmava empate técnico entre ambos [1]. Ao contrário de telejornais como Bandeirantes e Record, o Jornal Nacional (Rede Globo) não fez qualquer menção àquelas pesquisas. O blogueiro Rodrigo Vianna nos ajuda a desnudar esse “silêncio ensurdecedor” ao tomar por referência o blog “Balaio do Kotscho” (29/04/2009) o qual considera as declarações de Montenegro como tributárias da tese (e do desejo) de que a transferência de votos de Lula para Dilma ou quaisquer outros candidatos da situação teriam um limite intransponível em face de uma candidatura de oposição, sobretudo se for a de José Serra, numa eleição plebiscitária como a de 2010.

Não nos cabe repercutir pesquisas eleitorais senão pensarmos o seu significado a partir do estelionato jornalístico acima mencionado. Diante da possibilidade de todo indesejável, mas nem sempre ponderável, dos resultados das pesquisas contrariarem determinada perspectiva de uma problemática dominante – as eleições de 2010 – opta-se, simplesmente, por não divulgá-los, posto vigorar um movimento de opinião que não coaduna com as preocupações políticas de quem paga as pesquisas. Noutros termos: a Rede Globo divulga há anos as pesquisas eleitorais do IBOPE, que, por sua vez, mede regularmente a audiência dos programas televisivos, sendo a audiência um dos critérios para a destinação das verbas públicas de publicidade. Eis um jogo do tipo “cara eu ganho, coroa você perde”, não acham? Uma problemática é dominante por interessar os agentes com poder decisório que pretendem estar informados sobre os meios de organizar a sua ação política, concentrando-os de modo a dificultar a produção de “contra-problemáticas”, como lembra Bourdieu. Desse modo, a mera variância de resultados das pesquisas eleitorais implica que o objeto de luta de hoje e de sempre das forças progressistas é difundir os meios pelos quais seja facultado aos eleitores de todas as classes formular seus próprios instrumentos de defesa contra um consenso manipulado, ademais porque a transferência de votos de Lula para Dilma exige uma elaboração renovada de temas e problemas que correm o risco de serem traduzidos, para prejuízo da maioria, pelo ethos de classe de uma imprensa tradicional desapegada de qualquer pudor ao atuar como partido de oposição.

No mais, não se pode acusar Montenegro de incoerência. Afinal, seus exercícios de futurologia, mesmo que frustrados pela realidade, não desmentem o Jornal Nacional no seu “modo de fazer” [2].

[1] Informações divulgadas pelos blogs “Rodrigo Vianna” e “Vi o Mundo”. Disponível em http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16382. Acesso em 08 de fevereiro de 2010.
[2] Uma alusão ao título do livro de Willian Bonner sobre o JN, publicado ano passado.

2 comentários:

Se7e/5 disse...

Mãe de um feto violado, afirma sua inocência e prova que a agulha de tricô indiciada como arma do crime não correspondia ao número da embalagem. Abortilda Semedo, afirmou que vai processar a fábrica de agulhas pelo incidente que está provocando todos os problemas vividos actualmente com a justiça e opinião pública. Numa primeira justificação, ainda a quente, logo após o parto, a alegada violadora, confessou que tudo aconteceu quando estava tricotando uma camisolinha de seda para o seu pequenino rottweiler de 2 aninhos, já que ela costumava trabalhar nuinha e com as pernas bem abertas, só que nessa vez, incompreensivelmente, uma das agulhas escapou para dentro da vagina. “Eu achei muito estranho, mas não liguei e se não fosse um cliente a queixar-se que tinha sido mordido, dizia ele, pelo feto que estagiava no meu útero, ainda hoje andaria procurando a agulha nº 5,5”. Numa segunda explicação, Abortilda Semedo disse que “Se eu soubesse que estava prenha não teria enfiado uma agulha até ao útero, né?”

Anônimo disse...

o spammer novamente...
sai pra la filho da puta.