quarta-feira, 30 de julho de 2008
Que Cazzo é Esse????????
Os autores, dois professores da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e um da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) se dedicam a discutir elementos pesados da teoria social contemporânea, oferecendo um menu eclético, mas, ainda assim, “deglutível” (perdoem o neologismo). Os textos são leves e partilham desta nova obsessão das ciências contemporâneas, e não só das sociais, que é a divulgação científica.
Destaco particularmente a entrevista do belga Frédéric Vandenberghe como um dos feitos do blog. - http://quecazzo.blogspot.com/2008/06/entrevista-com-frdric-vandenberghe.html
Boa leitura!
PS: Senti falta apenas dos marcadores que poderiam facilitar, sobremaneira, a navegação pelos temas do blog.
Revista Nossa UENF - nº 3
http://www.uenf.br/Uenf/Downloads/ASCOM_433_1216299306.pdf
É só clicar no link acima.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
A MÁQUINA VAI BEM, OBRIGADO
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Ainda existe uma esperança no PT de Campos
quarta-feira, 9 de julho de 2008
“Lei Seca”: qual sociedade nós queremos?*
Certa vez, Heidegger disse que a ciência é a típica forma de pensamento de uma sociedade decadente. Eu como sou um ignorante completo da filosofia heideggeriana, não sei o que ele quis dizer com essa frase, mas nem por isso sou impedido de tecer conjecturas a respeito dela. Ao meu ver, a patologia oriunda da introdução exagerada de um “pensamento científico” em uma sociedade, tem muito a ver com a atrofia que esta gera entre os indivíduos e grupos no que tange a fazer avaliações sobre as condições últimas da existência. Assim poderemos dizer: pobres são aqueles indivíduos ou grupos incapazes de avaliar profundamente qual caminho devem seguir. Desse modo, ao relegar ao “pensamento científico” a base das decisões sobre as quais deveremos tomar em relação aos caminhos de nossa sociedade e da conduta de nossa ação, apequenamos as possibilidades de avaliação sobre nossa existência. Numa linguagem mais sociológica, poderíamos dizer que, o empobrecimento do debate gerado pela supremacia do “pensamento técnico-científico” oculta toda gama de valores que estão em jogo, e porque não dizer (num sentido sociológico) que mantêm intacta a ordem do sistema, agindo inconscientemente de forma bastante conservadora.
Em vista do que comentamos acima, somos capazes de ver como a pergunta “qual sociedade nós queremos” é reduzida à colocação de vírgulas ou de guerras estatísticas nos nossos principais debates (com isso não quero dizer que instrumentos como a estatística e a própria ciência não sejam importantes, mas sim dizer que eles estão deslocados de suas funções). Somos enganados, ou nos enganamos, ao acreditar que a ciência é capaz de responder todas as questões, como é o caso da polêmica nova “Lei Seca”. Perdemos muito tempo discutindo se cota permitida deve ser 0,2 ou 0,5 ou 0,5000, numa expectativa infantil de que a ciência possa nós dar uma medida exata de como nós devemos nos comportar. E com isso negligenciamos inúmeras questões fundamentais que giram entorno dessa lei.
II
Seria impossível neste pequeno texto analisar ou mesmo listar todos os pontos de suma importância que se referem a este debate e que estão escondidos, por isso vou elencar alguns e comentar apenas um. Dos pontos a serem debatidos poderíamos citar que (1) esta lei pune a maioria pelo desvio de uma minoria, isto é, os que sempre lidaram com o álcool e o trânsito de forma saudável terão seus direitos cerceados pelo desvio de uma minoria; (2) o conservadorismo arraigado (no popular, caretice) cria um bode expiatório entorno do problema, neste caso o bode expiatório é o álcool. Crer que o déficit de concentração e outros impactos físicos gerados por uma taça de vinho ou por um copo de cerveja possam ser muito diferentes dos gerados pela exposição ao sol forte durante uma atividade esportiva por algumas horas ou o exagero numa refeição “pesada”, também não parece razoável. (3) Não nos perguntamos sobre todas as motivações entorno desta lei, ou será que o único objetivo é a proteção de vidas? Ninguém se pergunta se existe nela o interesse de um determinado segmento religioso (o qual cada vez aumenta mais seu poder no congresso) em impor seu estilo de vida sobre toda a população. E por último, mas não esgotando as questões sobre esta lei, podemos nos perguntar qual sociedade nós queremos, o que implica em perguntar qual modelo de Estado nos queremos. Queremos um Estado tutelar que infantiliza os indivíduos? Enfim, dentre estes aspectos gostaria de ressaltar a força moralista conservadora que serve ocultamente como a motivação principal de muitas das “ações coletivas” da sociedade brasileira.
A radicalidade desta lei denota claramente a incapacidade de lidar com o problema, que sem dúvida tem origem na incapacidade de tematizar profundamente e de forma madura questões desta natureza. Ao ter que lidar com a densidade emocional que envolve o lado sombrio do ser humano, -- muito bem representado pelo mito de Plutão e o seu reino, no qual drogas, sexo, violência entre outros elementos que fazem parte de nossa condição tem um papel de destaque -- a nossa sociedade se acovarda e escolhe a saída mais fácil, porém não a mais eficaz. Para solucionar os inúmeros problemas do nosso trânsito criamos um “bode expiatório” para ser sacrificado em praça pública na esperança que tudo se resolva. Uma cultura de agressividade no trânsito, aliada a péssima condição de nossas estradas, ao péssimo sistema de transporte e à um código de trânsito não aplicado, desaparecem ante a esse “bode expiatório”. Somos incapazes de ver o estrago causado por uma cultura agressiva no trânsito em que uma “fechada” é confundida com uma afronta à virilidade, uma ultrapassagem um ataque à honra, e uma alta velocidade uma afirmação da masculinidade. O trânsito brasileiro é a manifestação de um estado de guerra em que outras ansiedades que nada tem a ver com o álcool são extravasadas. Só mesmo acreditando que o álcool é uma coisa do diabo para achar que ele tem poderes de transformar um cidadão pacato em um potencial assassino no trânsito. O álcool pode ser tão somente o combustível que acentua as características dos indivíduos que vivenciam o trânsito de forma agressiva e como uma afirmação da virilidade. Não sou bom em estatísticas, mas acho que nós deveríamos nos perguntar se nos acidentes em que motoristas tinham bebido, se o carro não era mais do que um meio de transporte para este motorista.
Se seguirmos está lógica na qual moralismo se associa ao cientificismo teremos a receita pronta para uma escalada conservadora sem limites, a qual mantêm a sua hegemonia justamente porque anula as possibilidades de debate antes mesmo de seu surgimento. Para proteger a vida, restringiremos o viver.
* Este texto é apenas um convite ao debate, o espaço é muito pequeno para que desenvolvesse os vários temas que mencionei no texto a contento.
domingo, 6 de julho de 2008
CAMPANHA NACIONAL UNIFICADA PELA REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO SEM REDUÇÃO DE SALÁRIO
I have just read and signed the online petition:
"CAMPANHA NACIONAL UNIFICADA PELA REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO SEM REDUÇÃO DE SALÁRIO"
hosted on the web by PetitionOnline.com, the free online petition
service, at:
http://www.PetitionOnline.com/cut4025n/
I personally agree with what this petition says, and I think you might
agree, too. If you can spare a moment, please take a look, and consider
signing yourself.
Best wishes,
George Gomes Coutinho
quinta-feira, 3 de julho de 2008
quarta-feira, 2 de julho de 2008
I Encontro Estadual de Ensino de Sociologia
A despeito da Vejinha e de FHC finalmente a Sociologia adentra as fileiras, junto de sua avó a filosofia, do Ensino Médio (ou ensino secundário) após o longo exílio nos anos de chumbo. Cabe apenas reforçar que no lugar destas tiveram lugar as temíveis "Moral e Cívica" e "OSPB" com sua retórica nacionalista e francamente anti-reflexiva.
Bem, como muito tem sido especulado, vide a Vejinha, divulgo o I Encontro Estadual de Ensino de Sociologia (site do evento: http://www.ieees.fe.ufrj.br/) onde muito poderá ser desmistificado. Dentre as questões os visitantes verão que não estarão sendo ensinadas temas como "faça sua própria guerra de guerrilhas em sua escola", "linchando o burguês". "queimando igrejas em cinco passos" ou "deflorando as filhas da classe média" como querem crer.
Em verdade, apesar de ser um tema absolutamente polêmico em um país de analfabetos funcionais, a sociologia e a filosofia podem ser mecanismos deflagradores de processos de reflexividade contribuindo tanto para o famoso "conhece-te a ti mesmo" quanto também para situar jovens em formação diante de temas e processos que afetem a qualidade de suas vidas em sociedade.
Assim este primeiro encontro é oportuno para esta conjuntura. Divulguem, conheçam e participem.
terça-feira, 1 de julho de 2008
Retórica da Intransigência contra o Biodiesel
Nos últimos dias, duas publicações sobre o biodiesel chamaram a atenção. A primeira fora publicada pela revista “The Economist”, no dia 26 de junho, e trouxe uma análise positiva à produção brasileira no artigo “Lean, green and not mean”. Expressava claramente um posicionamento contrário à crítica ecológica e alimentar, que prevê o desmatamento da Amazônia e o aumento dos preços dos alimentos como conseqüências indesejáveis da produção do biodiesel.
A “The Economist” trazia ainda análises da pesquisadora Márcia de Moraes (USP), onde se desmistifica as condições de trabalho na maioria das plantações de cana – por este estudo, as mortes por motivos de trabalho nos canaviais brasileiros são menores do que em outros setores produtivos similares (a mecanização é um dos principais fatores explicativos, em algumas regiões já é responsável por mais de 60% da colheita). Dessa forma, a matéria foi um tiro certeiro nos principais pilares das críticas conservadoras tanto externas quanto internas.
Não obstante, hoje o jornal americano “The New York Times” traz uma crítica ao biodiesel que desconsidera absolutamente a produção brasileira. O jornalista Jad Mouawad, que nasceu em Beirute e fora criado em Paris, analisa os riscos das variações climáticas para os preços do biodiesel pelas recentes inundações dos Estados produtores de milho (corn belt – principalmente, Iowa, Illinois, Indiana e Ohio).
Em duas páginas de matéria (intitulada "Weather Risks Cloud Promise fo Biofuel") , o jornalista não cita sequer uma única vez a produção brasileira. Também nada fala sobre a tecnologia Flex, criada no Brasil, que permite a utilização de múltiplas matrizes energéticas, que poderia diminuir os riscos das variações de preços ao consumidor.
Não é novidade alguma a disseminação do medo como tática de mercado. Entretanto, a matéria do “The New York Times” torna ainda mais clara a forte atuação na imprensa de grupos de interesses da indústria petrolífera.
Se a crítica ecológica não tem fundamento, então, criticaram-se os riscos do desabastecimento alimentar. Como também não se sustentaram por muito tempo, o risco das variações de preços é a mais nova invenção da velha tática do conservadorismo como forma de frear as evoluções e os progressos.
Nas duas primeiras críticas (ecológica e abastecimento alimentar), havíamos presenciado as “teses da ameaça”, já que a introdução do biodiesel ameaçaria tanto as florestas quanto os preços dos alimentos (apesar de serem contraditórias, se ameaça o abastecimento, não poderia ameaçar a floresta, pois esta já não existiria! Mas a lógica não é o forte destes críticos...). O discurso das oscilações dos preços, provocadas pelas variações climáticas, inova a retórica e insere a “tese dos efeitos perversos”, pois a alternativa do biodiesel introduziria ainda mais imprevisibilidades nos mercados.
Para completar a tríade das “retóricas da intransigência” de Albert Hirschman falta apenas a “tese da futilidade”. Quiçá esta esteja reservada aos próprios críticos e suas críticas!
Entrevista com Carlos Alberto Campista
Avisamos aos nossos leitores que esta entrevista contou com a participação do blogueiro “Xacal” do “A Trolha”.
Campista: Acho que sim. O próprio Prefeito Mocaiber é de uma geração política que começou com o Garotinho. Avalio que se trata de um processo normal de evolução política e social, onde uma geração substitui a anterior.
2. A eleição municipal de 2004, que o elegeu, foi absolutamente conturbada, tanto que anulada. Não obstante a perda do mandato, o Sr. foi o único que sofreu sanções jurídicas de inelegibilidade. Alguns atores, como Adilson Sarmet em entrevista a esse blog, apontam que sua curta administração na prefeitura foi exemplar, desse modo contrariando muitos interesses. O Sr. acredita que pode haver alguma conexão entre a maneira como o senhor conduziu a prefeitura e as punições seletivas aplicadas pelo Poder Judiciário?
Campista: Conforta-me, sobremaneira, que pessoas da qualidade ética do Dr. Adilson Sarmet tenham aprovado as práticas políticas de minha curta gestão como Prefeito. Significa que essas práticas podem, no futuro, tornar-se a regra e não a exceção. Entendo que “as punições seletivas” a que se refere a pergunta, se devem mais à chamada “judicialização da política”, onde cada vez mais os impasses próprios da política são dirimidos pelo Judiciário, e não pelo povo, a quem, constitucionalmente, cabe o direito de preencher os cargos eletivos.Alguns cargos, como o de Prefeito, não são preenchidos por concurso público, mas providos pela escolha livre e direta dos cidadãos que têm direito ao voto.Então, é de se perguntar, em primeiro lugar: Se mais de 100.000 pessoas afirmam, pelo voto, que querem ser governadas por determinado cidadão, é certo que um outro cidadão, mesmo sendo um Magistrado, diga que essa escolha não é válida? Com que base válida pode-se admitir que “uma vontade” valha mais do que “100.000 vontades”? O que, então, significa o tal Poder Popular, a quem é concedido o Direito, e não o Dever, de preencher determinado cargo público? No caso de Campos, o mais curioso foi que o Judiciário além de haver anulado o pleito, de onde saí vencedor, proibiu-me de candidatar-me novamente na eleição que aconteceu alguns meses depois, em substituição àquela. E o que é pior: Na sentença que concluiu pela anulação (uma peça de mais de 30 folhas) não consta sequer indício, muito menos qualquer afirmação, de que tenha eu, enquanto candidato, cometido qualquer crime eleitoral, ou, de qualquer modo, tenha utilizado qualquer prática condenável na conquista do voto.
3. Qual foram as principais marcas da sua curta administração? E quais foram os interesses contrariados?
Campista: As principais marcas: Administração, transparência e ética. Os interesses contrariados foram os daqueles que não gostam de que o dinheiro público seja administrado com transparência e ética.
4. O senhor acredita que fazer política sem utilizar certos mecanismos clientelistas seria uma ingenuidade, sobretudo na realidade que temos em Campos? É possível enfretar os grupos que estão hoje no poder a partir de uma política em que estes mecanismos não desempenhem um papel importante? Como?
Campista: A definição de “mecanismos clientelistas” é de difícil compreensão. No governo FHC aconteceram os chamados programas sociais, e na época se dizia que isso ajudou a reelegê-lo. Recentemente disseram o mesmo sobre o Lula, com o “bolsa escola” e assemelhados. Nas eleições de 2004, em Campos, a Prefeitura tinha o “vale-alimentação” e o Estado o “vale-cidadão”.Será que tais práticas podem ser consideradas de “mecanismos clientelistas”? – Pessoalmente, acho que não. Num país, como nosso, onde a renda é profundamente concentrada, e a fome uma realidade, o Poder Público pode e deve dar ênfase aos programas sociais que funcionam como uma espécie de distribuição de renda. Dizer que isso tenha o poder de influir positivamente numa eleição, tenho dúvidas, pois se sabem histórias de eleitores que recebem tais benesses de um político e votam no adversário.Acho que aqueles que afirmam que isso influi no resultado da eleição são os mesmos que defendiam antes o ponto de vista que “o brasileiro não sabe votar”.
De outro lado, se “clientelismo” pode ser definido como retribuição, isso é outra coisa. Isso existe, acho, desde os primórdios do Brasil, e realmente pode influir consideravelmente no resultado de uma eleição. A retribuição do favor pelo voto é uma tônica nas eleições proporcionais (vereador, deputado estadual, etc.), mas pouco influente nas eleições majoritárias ( prefeito, governador, etc). Nestas, outros fatores( idéias, perfil e história pessoal do candidato) têm maior peso no resultado. Naquelas, a retribuição vem permeada do fator gratidão, valor que me parece muito caro à história da brasilidade. Lembro-me de uma frase famosa de um Deputado Estadual daqui da região que repetia que “um favor pessoal rende mais votos do que uma rua calçada”. À pergunta como mudar, eu respondo que só quando o eleitor brasileiro, em sua maioria, vier a compreender que o voto é um direito seu e não um dever. Isso será, no entanto, muito difícil enquanto estiver na Constituição que o voto, embora sendo um Direito, é obrigatório. É óbvio que, em sendo um direito, não pode ser obrigatório.
5. Hoje o Senhor está filado ao PT, como avalia os últimos movimentos do seu partido, desde a participação no governo Mocaiber como também a postura do partido frente à próxima eleição?
Campista: Não tenho condições de responder a essa pergunta, porque, ante outros compromissos inadiáveis, não tenho participado das discussões. Mas, por conhecer as principais lideranças partidárias, tenho o sentimento de que as decisões são ponderadas, democráticas e justas.
6. Como ex-prefeito de Campos, quais os principais desafios que o senhor acha que o próximo prefeito de Campos deve enfrentar?
Campista: O maior desafio continua sendo o de saber e de decidir qual a melhor destinação da aplicação dos recursos dos royalties de petróleo, traduzida no melhor benefício à sociedade.