Na seqüência de nossas entrevistas, apresentamos aos nossos leitores um impressionante bate-papo com uma das figuras mais importantes do “Muda Campos”, o médico Adilson Sarmet Moreira. Vice-prefeito de Campos do Governo Garotinho (1989-1992), fundador do PSB e longa jornada política no PT, Sarmet tem muito a contribuir no debate. Em meio a tantas especulações peculiares aos cenários eleitorais imprevisíveis como presenciamos, o entrevistado nos leva a questionamentos importantes do que pensamos ser a política em Campos, em especial, na ascensão e queda do movimento MUDA CAMPOS.
1- Neste momento em que vivenciamos de forma generalizada um sentimento de revisão do movimento "Muda Campos", que completa 20 anos de sua eclosão, qual balanço que o senhor faz deste movimento?
Sarmet: Primeiro é preciso frisar que não estamos completando 20 anos de vigência do Muda Campos. Quem dera! O que temos nas últimas duas décadas é o domínio do populismo na política de Campos. Vou relembrar como e por que surgiu o movimento Muda Campos e quanto tempo pôde sobreviver. No final da década de 1980, havia um grupo dominante em Campos que era o grupo que se acumpliciava com a ditadura ou se beneficiava dela. Esse grupo conservador se mantinha alternando candidatos como Zezé Barbosa e, de forma mais light, Rockfeller de Lima, porque ele era um homem de origem popular. O último governo de Zezé Barbosa coincidiu com o momento de esgotamento da ditadura, e a sociedade ansiava por um novo momento para o País. A inquietação era visível não só nos meios intelectuais ou em setores da classe média, mas também nos segmentos populares. Onde você fosse, num bar, num botequim ou numa quitanda, a conversa política se estabelecia. Naquele contexto, alguns setores começavam a desejar um novo modelo político e administrativo para Campos. Eu, particularmente, me envolvi muito e comecei a articular um movimento supra-partidário, que intitulamos Muda Campos. Publiquei um convite na Folha da Manhã a todos os setores interessados na perspectiva de mudança para o município.
- Publicou um convite?
Sarmet: Sim, paguei o espaço e publiquei. Além do convite pelo jornal, fiz convite telefônico a todas as lideranças que eu achava que poderiam dar uma contribuição àquele novo momento, inclusive pessoas ligadas a setores significativamente conservadores, como Raul Linhares, Amaro Gimenes e outros. Na época, conversei com Odilon Martins, então diretor do CDL, sobre a possibilidade de se iniciar um movimento dessa ordem, e ele me ofereceu as instalações da entidade para sede do movimento. Conversando com José Luis Vianna da Cruz, entendemos que deveríamos desencadear uma discussão que não fosse puramente política ou partidária, mas que fosse ampliada para os interesses da cidade. Ele então lembrou que existia um trabalho feito ainda no governo de Raul Linhares, chamado Projeto Cidades de Porte Médio, que era um trabalho técnico, acadêmico, que incorporava todas as grandes questões de Campos. Chamamos, então, as pessoas que tinham participado daquele trabalho para participar no início das discussões. Havia ainda uma inquietação em torno de um novo momento nas associações de moradores, que começaram a se estruturar. Adão Faria era presidente da Famac, a Federação das Associações de Moradores de Campos. Discutimos então um programa para a cidade tendo como ponto de partida os subsídios do projeto Cidades de Porte Médio, que nos parecia o mais moderno naquele momento. Assim foi desencadeado o movimento Muda Campos, que no início não tinha a participação de Garotinho. Quem respondeu à primeira chamada para discussão, pelo PDT, foi Sérgio Mendes, que era membro do Diretório do partido. Só mais adiante, com o crescimento do movimento, é que houve interesse do Garotinho em participar. O movimento crescia, e houve até quem tentasse dar outra conotação a ele, mas nós começamos a dar o caráter político da mudança. Houve pressões políticas muito grandes, a ponto de Odilon ter sido obrigado a retirar o espaço gentilmente cedido no CDL. Então Lenício Cordeiro, da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia (SFMC), abriu as portas da entidade e as discussões foram reiniciadas. A essa altura Garotinho já tinha tido contatos pessoais comigo. Eu tinha insistido na participação dele nas discussões, e ele foi a algumas reuniões. Nessa época, a única possibilidade concreta de mudança estava depositada naquele jovem radialista, eleito deputado estadual com ampla votação nas classes mais baixas e demonstrando grande capacidade de liderança e potencial de crescimento. Mostramos a ele a importância de conquistar a classe média. Na saída de uma dessas reuniões, Garotinho conversava comigo e com Ranulfo Vidigal e falou ‘Ranulfo, olha um ótimo nome para nossa campanha: Muda Campos!’ A campanha agregou todos os setores inquietos com a ditadura e com a política de Campos, agregou fortemente a intelectualidade e a juventude. No plano partidário, fez-se a coligação e fui o candidato a vice-prefeito pelo PSB. Nunca antes se tinha visto em Campos tanta gente boa reunida em torno de um projeto. Discutimos coletivamente as linhas de ação, saiu um livrinho que foi um programa de governo, cada um se apresentava, contribuía, tudo foi democraticamente discutido. Osório Peixoto, um poeta e sonhador, foi um que nos ajudou muito naquele momento. Fizemos uma campanha absolutamente pobre, em cima de um caminhão, com aparelhos de som apenas razoáveis. A assessoria parlamentar de Garotinho também ajudou muito na organização dos comícios, e assim iniciamos um grande movimento. Chamo a atenção que conseguimos encantar até mesmo lideranças do Centro Norte Fluminense para Conservação da Natureza (CNFCN), que são normalmente arredios ao engajamento político-partidário. Uma vez ganha a eleição, Garotinho logo mostrou sua imaturidade e instabilidade. Antes mesmo da posse ele já me propunha que ingressasse no PDT para assumir a prefeitura para ele sair para fazer a carreira dele, articulando a vaga de vice-governador de César Maia, então tido como candidato de Brizola. Eu disse a ele que aquela era atitude profundamente imatura, que ele tinha primeiro que fazer um currículo. Hoje, com a presença das universidades e muito particularmente da Uenf, eu teria quadros técnicos para tocar um governo voltado para o interesse público, mas na época não havia a menor condição. Então, o governo foi montado com políticos da confiança do esquema de Garotinho, mas em todas as secretarias foi agregada gente da melhor qualidade, que não era necessariamente do PSB, mas que tinha afinidade com as idéias de esquerda. Eram petistas de coração, que deram uma grande contribuição ao governo.
Durante dois anos, Garotinho conduziu governo de forma extremamente interessante. Ele mexeu em todas as feridas da cidade. Atuou junto aos assentados de Rio Preto, que estavam abandonados; levantou a questão da cultura; discutiu as questões da educação; implantou os Centros de Qualidade de Vida; melhorou a infra-estrutura da saúde; criou uma ouvidoria popular, para a qual chamou Osório Peixoto. Discutiram-se questões ligadas ao Museu, ao Trianon, enfim, ele começou a trazer o povo mais periférico a participar da administração. Lembro de ter enfatizado isto na primeira prestação de contas do governo. Quando todos falavam nas ruas que tinham sido calçadas, eu disse que o grande mérito do governo era ter aberto a avenida da participação popular. Hoje a gente não tem a clara compreensão porque o tempo passou, mas as mudanças foram extremamente significativas. Houve uma ruptura com o passado. Só que a figura política do Garotinho não foi capaz de compreender que ele era um líder maior que deveria agregar outros líderes para caminharem juntos. Ele começou a tentar manipular e destruir as lideranças que surgiam. Uma delas, só a título de exemplo, foi Fernando Leite. Ele tinha sido eleito deputado estadual, e, percebendo as barreiras que Garotinho criava para o crescimento dele, eu perguntei: E aí, como é que vai o Fernando? A resposta foi assim: doutor, ele é deputado para um mandato só! Ele condenou ali alguém que poderia ser muito útil à sociedade, ele começou a ver seus aliados como adversários. Comigo foi parecido. Embora se sentisse inseguro com minhas posições, ele precisou de mim, lidou comigo, me indicou para dirigir o Hospital Ferreira Machado. Depois de inúmeros fracassos, viabilizei a abertura do Hospital. Àquela altura o grupo que tinha integrado a aliança através do PSB estava no PT. Ele rompeu com aquelas figuras, e se deu o rompimento político. Ali o Muda Campos já estava acabado. De lá para cá, o que houve foi um projeto de governo populista que se vem sem mantendo em cima de figuras díspares, com características diferentes, mas com o mesmo objetivo, seguido pelo mesmo grupo econômico que se beneficia dela e dos mesmos comparsas políticos. Os mesmos de Garotinho, de Arnaldo e de Alexandre, com pequenas variações. Quero me fazer entender: a ruptura de 1988 valeu à pena, mas o que tem que ser rompido hoje é o populismo como projeto para Campos.
2- O Senhor acredita que exista um desejo, e também capacidade, de parte do nosso quadro político atual em operar uma real ruptura com as marcas políticas que o "Muda Campos" deixou? Caso sim, que (quais) grupo(s) poderia(m) fazer isso?
Sarmet: Em primeiro lugar, devo reiterar que não é o Muda Campos que está esgotado. Aquele movimento foi abortado dois anos depois da vitória de 1988, e o que precisa ser superado é o populismo como projeto. Quanto às possibilidades de superação, o desejo da sociedade é tão forte hoje quanto era em 1988. É verdade que a sociedade está menos organizada ou menos motivada nos segmentos populares do que antes, porque as associações de moradores, sindicatos, enfim, os setores ditos organizados foram cooptados e destruídos. Os conservadores continuam, como antes, achando que são formadores de opinião, mas não elegem ninguém. No entanto há uma inquietação popular em todos os níveis, em qualquer segmento, voltando ao que ocorria no final do governo Zezé. As pessoas dizem: o que vamos fazer? Em quem vamos votar? Quando isso vai acabar? Acho que o momento é altamente propenso a uma reformulação política, mas o quadro político local a meu ver é assustador. Infelizmente não vejo perspectiva de que das lideranças políticas atuais surja um movimento capaz de fazer a derrocada deste estado político que se estabeleceu em Campos.
No segundo turno da eleição municipal de 2004, estabeleceu-se já alguma possibilidade de mudança na cidade. Querendo ou não, gostando ou não dele, achando ele bom ou mau político, Carlos Alberto Campista era, pela sua integridade, inteligência e espírito público, uma figura capaz de começar a fazer mudanças radicais no processo político e administrativo da cidade. Infelizmente, ao ter que meter a mão no registro dos recursos públicos que estavam sendo dilapidados de todas as formas, naquele momento a Justiça o tirou de cena, alegando que a candidatura dele teria comprado votos. Eu estranho que a Justiça não tenha compreendido o que todo mundo falava: praticamente todo mundo comprava votos, e se o prefeito foi eleito por um coligação que comprava votos, os vereadores foram eleitos da mesma forma. Isto vale para a coligação vencedora e para a coligação adversária, que tinha sido flagrada com a boca na butija, com os R$ 318 mil apreendidos na véspera da eleição. Pena que a Justiça não tivesse cassado a todos ou, do contrário, tivesse preservado o Campista, que foi o único realmente punido. Pior: punindo ele, abortou-se ali a possibilidade de uma ruptura através de um quadro político. Hoje o movimento tem que surgir da insurreição das bases. O povo, os setores que pensam, os setores que refletem têm que começar a se inquietar e a ver que não temos sequer um vereador para defender as causas populares. Ninguém espera que elejamos um prefeito se não tivermos ninguém que possa repercutir na Câmara. Não há a menor possibilidade. Só se a Justiça, tardiamente, compreender que pode beneficiar o processo político e agir corajosamente cassando todo mundo, de modo que tenhamos uma eleição pobre. Aí, sim, há chance de pessoas de bem se elegerem e começarmos um novo ciclo.
3 - O Senhor foi um dos principais atores da aliança que o PT fez nas eleições de "88", a partir disso o PT tornou a fazer alianças com outros governos campistas, como o senhor encara esta tendência do PT em Campos? Acredita que esta postura pode ter contribuído para o PT não ter a mesma representatividade em Campos como tem no cenário nacional?
Sarmet: No início do Muda Campos, eu era presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que eu tinha fundado ao lado de figuras como Carlos Alberto Campista, Ivete Marins, Adão Faria e Dr. Daniel Pinto Coelho. Antes eu tinha procurado integrantes do PT, desejoso que estava de me filiar ao partido, mas fui rejeitado porque achavam à época que médico não era trabalhador. Eu já era petista de coração, mas tinha ajudado a fundar o PSB e tentamos na época que o PT abrisse mão de seu candidato próprio à eleição de 1988 para formarmos uma grande frente de esquerda com a participação do PT. Felizmente, embora os donos do PT de então não quisessem articular a aliança para derrubar o quadro conservador que dominava a cidade, quase todos os petistas se integraram no movimento Muda Campos. Então, na verdade, o PT e eu já estávamos muito próximos um do outro. Defendemos a aliança, naquela ocasião, e defendemos em diversas outras situações, porque estamos certos de que ninguém governa sozinho, ninguém impõe só o seu modelo. A democracia exige o compartilhamento das diferenças. E foi graças a esse conceito que se conseguiu a eleição de Lula. Agora, vamos à outra parte da pergunta. Ainda no governo Arnaldo Vianna, antes de ele se mostrar tão vulnerável ao que se conceituou com possível corrupção, nós fomos advogados de que o PT pudesse participar com ele do governo municipal. Porque tínhamos em comum um grande adversário, que era a figura do Anthony Garotinho, que nessa época estava absolutamente vivo e forte e com riscos para o município, para o estado e para o País. Essa aliança levou até alguns dos nossos a secretarias, mas não durou muito tempo, porque as alianças que propomos não são de submissão, mas de compartilhamento. Ultimamente, o PT fez aliança com o prefeito Alexandre Mocaiber. Vou analisar essa discussão de forma até cômoda, porque não tenho freqüentado os intestinos do PT já há algum tempo, pois isto tem me causado grande desconforto. Não abro mão de ser petista, mas não tenho compartilhado as discussões. E o que eu vi naquele momento era um governo municipal apodrecido, as pessoas tapavam o nariz, todo mundo falando em corrupção, em dilapidação do dinheiro público. Apesar da fortuna dos royalties, o município estava quebrado. Naquela época, não acho que tenha sido uma aliança. Acho que o PT se ofereceu ao Alexandre, e este até o aceitou, porque via pelos jornais que estávamos só à espera da decisão dele, porque tínhamos ótimos quadros. Não são apenas bons quadros que fazem um bom governo, mas também bom um projeto político, que não existiu. Quando o Alexandre saiu por força da operação da Polícia Federal, parece que o PT aí sentiu o cheiro da corrupção, que saiu no jornal, e não quis mais voltar. Hoje eu continuo a achar que o PT deve fazer aliança.
4- Falando em aliança, o PT local está próximo de fazer uma aliança inédita com o PSDB, como o senhor avalia esta possibilidade?
Sarmet: Com PSDB, acho que é possível. Aliás, sou defensor antigo de que PT e PSDB se aliassem em nível nacional. Se isto ocorresse, não precisaríamos de partidos de aluguel para dar sustentação aos governos. Não haveria mensalão em todos os governos como tem existido. Agora, em Campos o PT e o PSDB podem se entender. Mas não se discutem vias com candidatos no bolso, por melhores que sejam eles, menos ainda se não tivermos os melhores candidatos do mundo.
Por outro lado, há outras possibilidades a serem discutidas. O vice-prefeito de Campos, Roberto Henriques, é um político inteligente. Até que se prove o contrário, é probo, é ousado e tem ambições políticas, embora a meu ver tenha errado, durante seu governo interino, ao nomear figuras carimbadas de Garotinho, como Suledil Bernardino e Auxiliadora Freitas, com todo o respeito às duas figuras. Mas se Henriques for o candidato do PMDB, eu acho que o PT pode discutir uma aliança com ele. Ainda mais agora que ele tem melhores condições de mostrar independência em relação ao Garotinho, ainda que lhe faça uma visita de solidariedade pelas acusações que pesam contra ele.
5- No tempo em que o senhor esteve na prefeitura de Campos, os recursos eram infinitamente menores aos de hoje, tendo em vista esse quadro de "fartura" financeira, em sua opinião, como a próxima prefeitura poderá empregar melhor esses recursos?
Sarmet: Primeiro, eu dou um pirulito a quem souber como são aplicados os royalties atualmente, pois ninguém sabe. O que faz um governo de excelência não é ter muitos recursos, mas sim ter bons projetos, ter quem os execute e ter probidade, responsabilidade, compromisso com a população. Tenho certeza de que se surgir um governo capaz de fechar as torneiras do desperdício, vamos nos transformar em referência nacional, e não da forma negativa como temos aparecido. Não digo um governo que venha a erradicar a corrupção, que é como tiririca, mas que a combata intensamente pelo menos no primeiro e no segundo escalão. Não adianta dizer que está financiando isso ou aquilo. Quando uma fábrica de macarrão que recebeu financiamento fecha, o que ocorre? Não será uma estratégia para retirar dinheiro público de circulação?
Para não se pensar que estamos desanimados, gostaria de estimular cada vez mais a juventude de Campos e todos os que sonham com uma Campos melhor a participar mais efetivamente da inquietação política e da participação partidária. Assim poderemos substituir as velhas figuras já carcomidas e que se sentem saciadas pela corrupção.
6 - Do alto dos seus vastos anos de experiência na política campista, o que falta hoje em nossa política local? Fala-se muito em valores morais, como honestidade e etc., é só isso mesmo que nos falta?
Sarmet: Por falar em valores morais, um dia desses eu entrava num hortifruti e um senhor me saudou enfaticamente, falando bem alto que eu era uma reserva moral da sociedade. Eu retruquei: ‘sou reserva moral, mas estou na reserva’. Quer dizer, os valores morais não podem estar nos discursos. Estamos vendo onde as puritanas acabam. Acho que deve existir um esforço de transparência, de cobrar absoluta transparência do governo. Não estou falando de botar placa numa praça cuja reforma valha X e escrever que o custo é quatro vezes X. Transparência é possibilitar a discussão do orçamento, é o orçamento participativo. Quem vai participar? Todos os setores interessados e organizados. É desse conflito e dessa discussão que vamos encontrar a resposta sobre onde empregar bem o dinheiro público. Agora, ainda sobre valores morais, tenho ouvido insistentemente de pessoas ligadas aos setores populares observações do tipo ‘é natural que eles roubem, doutor, mas não precisava roubar tanto’. Acho que aí está um sinal de valores morais fortemente deteriorados. É uma pena que isso esteja tão forte em nossa sociedade. Mas mesmo assim ainda há os que acham que o roubo não se justifica, e a Justiça no País está melhorando. Por mais que se preocupem, por mais que não gostem, a Polícia está melhorando. As coisas vão melhorar de um jeito ou de outro. Ninguém imagina que a Assembléia Legislativa vá continuar eternamente como tem sido, nem a Câmara Municipal de Campos.
1- Neste momento em que vivenciamos de forma generalizada um sentimento de revisão do movimento "Muda Campos", que completa 20 anos de sua eclosão, qual balanço que o senhor faz deste movimento?
Sarmet: Primeiro é preciso frisar que não estamos completando 20 anos de vigência do Muda Campos. Quem dera! O que temos nas últimas duas décadas é o domínio do populismo na política de Campos. Vou relembrar como e por que surgiu o movimento Muda Campos e quanto tempo pôde sobreviver. No final da década de 1980, havia um grupo dominante em Campos que era o grupo que se acumpliciava com a ditadura ou se beneficiava dela. Esse grupo conservador se mantinha alternando candidatos como Zezé Barbosa e, de forma mais light, Rockfeller de Lima, porque ele era um homem de origem popular. O último governo de Zezé Barbosa coincidiu com o momento de esgotamento da ditadura, e a sociedade ansiava por um novo momento para o País. A inquietação era visível não só nos meios intelectuais ou em setores da classe média, mas também nos segmentos populares. Onde você fosse, num bar, num botequim ou numa quitanda, a conversa política se estabelecia. Naquele contexto, alguns setores começavam a desejar um novo modelo político e administrativo para Campos. Eu, particularmente, me envolvi muito e comecei a articular um movimento supra-partidário, que intitulamos Muda Campos. Publiquei um convite na Folha da Manhã a todos os setores interessados na perspectiva de mudança para o município.
- Publicou um convite?
Sarmet: Sim, paguei o espaço e publiquei. Além do convite pelo jornal, fiz convite telefônico a todas as lideranças que eu achava que poderiam dar uma contribuição àquele novo momento, inclusive pessoas ligadas a setores significativamente conservadores, como Raul Linhares, Amaro Gimenes e outros. Na época, conversei com Odilon Martins, então diretor do CDL, sobre a possibilidade de se iniciar um movimento dessa ordem, e ele me ofereceu as instalações da entidade para sede do movimento. Conversando com José Luis Vianna da Cruz, entendemos que deveríamos desencadear uma discussão que não fosse puramente política ou partidária, mas que fosse ampliada para os interesses da cidade. Ele então lembrou que existia um trabalho feito ainda no governo de Raul Linhares, chamado Projeto Cidades de Porte Médio, que era um trabalho técnico, acadêmico, que incorporava todas as grandes questões de Campos. Chamamos, então, as pessoas que tinham participado daquele trabalho para participar no início das discussões. Havia ainda uma inquietação em torno de um novo momento nas associações de moradores, que começaram a se estruturar. Adão Faria era presidente da Famac, a Federação das Associações de Moradores de Campos. Discutimos então um programa para a cidade tendo como ponto de partida os subsídios do projeto Cidades de Porte Médio, que nos parecia o mais moderno naquele momento. Assim foi desencadeado o movimento Muda Campos, que no início não tinha a participação de Garotinho. Quem respondeu à primeira chamada para discussão, pelo PDT, foi Sérgio Mendes, que era membro do Diretório do partido. Só mais adiante, com o crescimento do movimento, é que houve interesse do Garotinho em participar. O movimento crescia, e houve até quem tentasse dar outra conotação a ele, mas nós começamos a dar o caráter político da mudança. Houve pressões políticas muito grandes, a ponto de Odilon ter sido obrigado a retirar o espaço gentilmente cedido no CDL. Então Lenício Cordeiro, da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia (SFMC), abriu as portas da entidade e as discussões foram reiniciadas. A essa altura Garotinho já tinha tido contatos pessoais comigo. Eu tinha insistido na participação dele nas discussões, e ele foi a algumas reuniões. Nessa época, a única possibilidade concreta de mudança estava depositada naquele jovem radialista, eleito deputado estadual com ampla votação nas classes mais baixas e demonstrando grande capacidade de liderança e potencial de crescimento. Mostramos a ele a importância de conquistar a classe média. Na saída de uma dessas reuniões, Garotinho conversava comigo e com Ranulfo Vidigal e falou ‘Ranulfo, olha um ótimo nome para nossa campanha: Muda Campos!’ A campanha agregou todos os setores inquietos com a ditadura e com a política de Campos, agregou fortemente a intelectualidade e a juventude. No plano partidário, fez-se a coligação e fui o candidato a vice-prefeito pelo PSB. Nunca antes se tinha visto em Campos tanta gente boa reunida em torno de um projeto. Discutimos coletivamente as linhas de ação, saiu um livrinho que foi um programa de governo, cada um se apresentava, contribuía, tudo foi democraticamente discutido. Osório Peixoto, um poeta e sonhador, foi um que nos ajudou muito naquele momento. Fizemos uma campanha absolutamente pobre, em cima de um caminhão, com aparelhos de som apenas razoáveis. A assessoria parlamentar de Garotinho também ajudou muito na organização dos comícios, e assim iniciamos um grande movimento. Chamo a atenção que conseguimos encantar até mesmo lideranças do Centro Norte Fluminense para Conservação da Natureza (CNFCN), que são normalmente arredios ao engajamento político-partidário. Uma vez ganha a eleição, Garotinho logo mostrou sua imaturidade e instabilidade. Antes mesmo da posse ele já me propunha que ingressasse no PDT para assumir a prefeitura para ele sair para fazer a carreira dele, articulando a vaga de vice-governador de César Maia, então tido como candidato de Brizola. Eu disse a ele que aquela era atitude profundamente imatura, que ele tinha primeiro que fazer um currículo. Hoje, com a presença das universidades e muito particularmente da Uenf, eu teria quadros técnicos para tocar um governo voltado para o interesse público, mas na época não havia a menor condição. Então, o governo foi montado com políticos da confiança do esquema de Garotinho, mas em todas as secretarias foi agregada gente da melhor qualidade, que não era necessariamente do PSB, mas que tinha afinidade com as idéias de esquerda. Eram petistas de coração, que deram uma grande contribuição ao governo.
Durante dois anos, Garotinho conduziu governo de forma extremamente interessante. Ele mexeu em todas as feridas da cidade. Atuou junto aos assentados de Rio Preto, que estavam abandonados; levantou a questão da cultura; discutiu as questões da educação; implantou os Centros de Qualidade de Vida; melhorou a infra-estrutura da saúde; criou uma ouvidoria popular, para a qual chamou Osório Peixoto. Discutiram-se questões ligadas ao Museu, ao Trianon, enfim, ele começou a trazer o povo mais periférico a participar da administração. Lembro de ter enfatizado isto na primeira prestação de contas do governo. Quando todos falavam nas ruas que tinham sido calçadas, eu disse que o grande mérito do governo era ter aberto a avenida da participação popular. Hoje a gente não tem a clara compreensão porque o tempo passou, mas as mudanças foram extremamente significativas. Houve uma ruptura com o passado. Só que a figura política do Garotinho não foi capaz de compreender que ele era um líder maior que deveria agregar outros líderes para caminharem juntos. Ele começou a tentar manipular e destruir as lideranças que surgiam. Uma delas, só a título de exemplo, foi Fernando Leite. Ele tinha sido eleito deputado estadual, e, percebendo as barreiras que Garotinho criava para o crescimento dele, eu perguntei: E aí, como é que vai o Fernando? A resposta foi assim: doutor, ele é deputado para um mandato só! Ele condenou ali alguém que poderia ser muito útil à sociedade, ele começou a ver seus aliados como adversários. Comigo foi parecido. Embora se sentisse inseguro com minhas posições, ele precisou de mim, lidou comigo, me indicou para dirigir o Hospital Ferreira Machado. Depois de inúmeros fracassos, viabilizei a abertura do Hospital. Àquela altura o grupo que tinha integrado a aliança através do PSB estava no PT. Ele rompeu com aquelas figuras, e se deu o rompimento político. Ali o Muda Campos já estava acabado. De lá para cá, o que houve foi um projeto de governo populista que se vem sem mantendo em cima de figuras díspares, com características diferentes, mas com o mesmo objetivo, seguido pelo mesmo grupo econômico que se beneficia dela e dos mesmos comparsas políticos. Os mesmos de Garotinho, de Arnaldo e de Alexandre, com pequenas variações. Quero me fazer entender: a ruptura de 1988 valeu à pena, mas o que tem que ser rompido hoje é o populismo como projeto para Campos.
2- O Senhor acredita que exista um desejo, e também capacidade, de parte do nosso quadro político atual em operar uma real ruptura com as marcas políticas que o "Muda Campos" deixou? Caso sim, que (quais) grupo(s) poderia(m) fazer isso?
Sarmet: Em primeiro lugar, devo reiterar que não é o Muda Campos que está esgotado. Aquele movimento foi abortado dois anos depois da vitória de 1988, e o que precisa ser superado é o populismo como projeto. Quanto às possibilidades de superação, o desejo da sociedade é tão forte hoje quanto era em 1988. É verdade que a sociedade está menos organizada ou menos motivada nos segmentos populares do que antes, porque as associações de moradores, sindicatos, enfim, os setores ditos organizados foram cooptados e destruídos. Os conservadores continuam, como antes, achando que são formadores de opinião, mas não elegem ninguém. No entanto há uma inquietação popular em todos os níveis, em qualquer segmento, voltando ao que ocorria no final do governo Zezé. As pessoas dizem: o que vamos fazer? Em quem vamos votar? Quando isso vai acabar? Acho que o momento é altamente propenso a uma reformulação política, mas o quadro político local a meu ver é assustador. Infelizmente não vejo perspectiva de que das lideranças políticas atuais surja um movimento capaz de fazer a derrocada deste estado político que se estabeleceu em Campos.
No segundo turno da eleição municipal de 2004, estabeleceu-se já alguma possibilidade de mudança na cidade. Querendo ou não, gostando ou não dele, achando ele bom ou mau político, Carlos Alberto Campista era, pela sua integridade, inteligência e espírito público, uma figura capaz de começar a fazer mudanças radicais no processo político e administrativo da cidade. Infelizmente, ao ter que meter a mão no registro dos recursos públicos que estavam sendo dilapidados de todas as formas, naquele momento a Justiça o tirou de cena, alegando que a candidatura dele teria comprado votos. Eu estranho que a Justiça não tenha compreendido o que todo mundo falava: praticamente todo mundo comprava votos, e se o prefeito foi eleito por um coligação que comprava votos, os vereadores foram eleitos da mesma forma. Isto vale para a coligação vencedora e para a coligação adversária, que tinha sido flagrada com a boca na butija, com os R$ 318 mil apreendidos na véspera da eleição. Pena que a Justiça não tivesse cassado a todos ou, do contrário, tivesse preservado o Campista, que foi o único realmente punido. Pior: punindo ele, abortou-se ali a possibilidade de uma ruptura através de um quadro político. Hoje o movimento tem que surgir da insurreição das bases. O povo, os setores que pensam, os setores que refletem têm que começar a se inquietar e a ver que não temos sequer um vereador para defender as causas populares. Ninguém espera que elejamos um prefeito se não tivermos ninguém que possa repercutir na Câmara. Não há a menor possibilidade. Só se a Justiça, tardiamente, compreender que pode beneficiar o processo político e agir corajosamente cassando todo mundo, de modo que tenhamos uma eleição pobre. Aí, sim, há chance de pessoas de bem se elegerem e começarmos um novo ciclo.
3 - O Senhor foi um dos principais atores da aliança que o PT fez nas eleições de "88", a partir disso o PT tornou a fazer alianças com outros governos campistas, como o senhor encara esta tendência do PT em Campos? Acredita que esta postura pode ter contribuído para o PT não ter a mesma representatividade em Campos como tem no cenário nacional?
Sarmet: No início do Muda Campos, eu era presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que eu tinha fundado ao lado de figuras como Carlos Alberto Campista, Ivete Marins, Adão Faria e Dr. Daniel Pinto Coelho. Antes eu tinha procurado integrantes do PT, desejoso que estava de me filiar ao partido, mas fui rejeitado porque achavam à época que médico não era trabalhador. Eu já era petista de coração, mas tinha ajudado a fundar o PSB e tentamos na época que o PT abrisse mão de seu candidato próprio à eleição de 1988 para formarmos uma grande frente de esquerda com a participação do PT. Felizmente, embora os donos do PT de então não quisessem articular a aliança para derrubar o quadro conservador que dominava a cidade, quase todos os petistas se integraram no movimento Muda Campos. Então, na verdade, o PT e eu já estávamos muito próximos um do outro. Defendemos a aliança, naquela ocasião, e defendemos em diversas outras situações, porque estamos certos de que ninguém governa sozinho, ninguém impõe só o seu modelo. A democracia exige o compartilhamento das diferenças. E foi graças a esse conceito que se conseguiu a eleição de Lula. Agora, vamos à outra parte da pergunta. Ainda no governo Arnaldo Vianna, antes de ele se mostrar tão vulnerável ao que se conceituou com possível corrupção, nós fomos advogados de que o PT pudesse participar com ele do governo municipal. Porque tínhamos em comum um grande adversário, que era a figura do Anthony Garotinho, que nessa época estava absolutamente vivo e forte e com riscos para o município, para o estado e para o País. Essa aliança levou até alguns dos nossos a secretarias, mas não durou muito tempo, porque as alianças que propomos não são de submissão, mas de compartilhamento. Ultimamente, o PT fez aliança com o prefeito Alexandre Mocaiber. Vou analisar essa discussão de forma até cômoda, porque não tenho freqüentado os intestinos do PT já há algum tempo, pois isto tem me causado grande desconforto. Não abro mão de ser petista, mas não tenho compartilhado as discussões. E o que eu vi naquele momento era um governo municipal apodrecido, as pessoas tapavam o nariz, todo mundo falando em corrupção, em dilapidação do dinheiro público. Apesar da fortuna dos royalties, o município estava quebrado. Naquela época, não acho que tenha sido uma aliança. Acho que o PT se ofereceu ao Alexandre, e este até o aceitou, porque via pelos jornais que estávamos só à espera da decisão dele, porque tínhamos ótimos quadros. Não são apenas bons quadros que fazem um bom governo, mas também bom um projeto político, que não existiu. Quando o Alexandre saiu por força da operação da Polícia Federal, parece que o PT aí sentiu o cheiro da corrupção, que saiu no jornal, e não quis mais voltar. Hoje eu continuo a achar que o PT deve fazer aliança.
4- Falando em aliança, o PT local está próximo de fazer uma aliança inédita com o PSDB, como o senhor avalia esta possibilidade?
Sarmet: Com PSDB, acho que é possível. Aliás, sou defensor antigo de que PT e PSDB se aliassem em nível nacional. Se isto ocorresse, não precisaríamos de partidos de aluguel para dar sustentação aos governos. Não haveria mensalão em todos os governos como tem existido. Agora, em Campos o PT e o PSDB podem se entender. Mas não se discutem vias com candidatos no bolso, por melhores que sejam eles, menos ainda se não tivermos os melhores candidatos do mundo.
Por outro lado, há outras possibilidades a serem discutidas. O vice-prefeito de Campos, Roberto Henriques, é um político inteligente. Até que se prove o contrário, é probo, é ousado e tem ambições políticas, embora a meu ver tenha errado, durante seu governo interino, ao nomear figuras carimbadas de Garotinho, como Suledil Bernardino e Auxiliadora Freitas, com todo o respeito às duas figuras. Mas se Henriques for o candidato do PMDB, eu acho que o PT pode discutir uma aliança com ele. Ainda mais agora que ele tem melhores condições de mostrar independência em relação ao Garotinho, ainda que lhe faça uma visita de solidariedade pelas acusações que pesam contra ele.
5- No tempo em que o senhor esteve na prefeitura de Campos, os recursos eram infinitamente menores aos de hoje, tendo em vista esse quadro de "fartura" financeira, em sua opinião, como a próxima prefeitura poderá empregar melhor esses recursos?
Sarmet: Primeiro, eu dou um pirulito a quem souber como são aplicados os royalties atualmente, pois ninguém sabe. O que faz um governo de excelência não é ter muitos recursos, mas sim ter bons projetos, ter quem os execute e ter probidade, responsabilidade, compromisso com a população. Tenho certeza de que se surgir um governo capaz de fechar as torneiras do desperdício, vamos nos transformar em referência nacional, e não da forma negativa como temos aparecido. Não digo um governo que venha a erradicar a corrupção, que é como tiririca, mas que a combata intensamente pelo menos no primeiro e no segundo escalão. Não adianta dizer que está financiando isso ou aquilo. Quando uma fábrica de macarrão que recebeu financiamento fecha, o que ocorre? Não será uma estratégia para retirar dinheiro público de circulação?
Para não se pensar que estamos desanimados, gostaria de estimular cada vez mais a juventude de Campos e todos os que sonham com uma Campos melhor a participar mais efetivamente da inquietação política e da participação partidária. Assim poderemos substituir as velhas figuras já carcomidas e que se sentem saciadas pela corrupção.
6 - Do alto dos seus vastos anos de experiência na política campista, o que falta hoje em nossa política local? Fala-se muito em valores morais, como honestidade e etc., é só isso mesmo que nos falta?
Sarmet: Por falar em valores morais, um dia desses eu entrava num hortifruti e um senhor me saudou enfaticamente, falando bem alto que eu era uma reserva moral da sociedade. Eu retruquei: ‘sou reserva moral, mas estou na reserva’. Quer dizer, os valores morais não podem estar nos discursos. Estamos vendo onde as puritanas acabam. Acho que deve existir um esforço de transparência, de cobrar absoluta transparência do governo. Não estou falando de botar placa numa praça cuja reforma valha X e escrever que o custo é quatro vezes X. Transparência é possibilitar a discussão do orçamento, é o orçamento participativo. Quem vai participar? Todos os setores interessados e organizados. É desse conflito e dessa discussão que vamos encontrar a resposta sobre onde empregar bem o dinheiro público. Agora, ainda sobre valores morais, tenho ouvido insistentemente de pessoas ligadas aos setores populares observações do tipo ‘é natural que eles roubem, doutor, mas não precisava roubar tanto’. Acho que aí está um sinal de valores morais fortemente deteriorados. É uma pena que isso esteja tão forte em nossa sociedade. Mas mesmo assim ainda há os que acham que o roubo não se justifica, e a Justiça no País está melhorando. Por mais que se preocupem, por mais que não gostem, a Polícia está melhorando. As coisas vão melhorar de um jeito ou de outro. Ninguém imagina que a Assembléia Legislativa vá continuar eternamente como tem sido, nem a Câmara Municipal de Campos.
22 comentários:
Na veia...! como se diz no futebol...!
Grande entrevista...
Daqui a pouco vcs vão montar um virtual-talk-show...hehehe
Excelente entrevista.
Parabéns a Turma do blog.
Excelente a entrevista com o médico e político Dr. adilson Sarmet.
A análise cuidadosa dos últimos 20 anos da política em Campos e os limites e possibilidades de mudança nas próximas eleições, são elementos importantes para todos aqueles que estão preocupados na construção de um novo projeto para este município.
Parabéns!
No ambiente da folha da manhã tem gente de cabelos em pé com essas entrevistas. Vcs estão sempre a frete!
ass: O Tipógrafo
Tremei, Folha, Tremei!
Se não for pedir muito, teria como vcs darem um Workshop pra galera da “folha”? A última entrevista da Folha com o Gel Coutinho foi constrangedora, o próprio entrevistado disse para o entrevistador que a pergunta era meio descabida. O entrevistador da “folha” ao questionar se Campos estava preparada para ter um prefeito usineiro, associou a situação dos EUA a de Campos. Disse que o preconceito contra Obama seria algo como o preconceito contra os usineiros em Campos. Aí, o entrevistado teve que corrigir o entrevistador, dizendo que não era uma boa comparação. Só faltou o entrevistador da “folha” dizer que Inojosa foi nosso Martin Luther King!
Grande entrevista. Achei que Sarmet tem uma visão enriquecedora sobre o movimento de desarticulação das elites politicas de esquerda em torno do muda campos, sem cair em nenhum tipo de culpabilização pessoal.
Parabéns pela entrevista, bastante educativa inclusive. Acabo de enviar um e-mail em massa com o link para ela. Acho que todos os estudantes, aqueles que votarão pela primeira vez, aqueles que votaram há vinte anos, todos, devem ler o que diz Dr. Adilson. Um poderoso instrumento de análise, que a maioria dos eleitores desconhece, pois vinte anos é uma geração inteira.
Ótima entrevista. Foi uma boa oportunidade para conhecer sobre a história política do municipio, já que o Muda Campos nasceu apenas um anos depois de mim.
Caro Brand e demais organizadores do blog Outros Campos,
Muito boa e oportuna a entrevista. O debate qualificado enriquece a análise política. Fica evidente com a lembrança das memórias de Sarmet, que se juntam às de outros, a oportunidade que se pode estar desperdiçando no momento.
Também é crucial se fazer a autocrítica de que é preciso acumular para realizar transformações.
Abs,
Abs
Meus sinceros parabéns aos organizadores do Blog Outros Campos pela primorosa entrevista com o médico Adilson Sarmet.
O Dr. Adilson com este pronunciamento conseguiu fundir, em um só momento, o resgate parcial de uma categoria - tradicionalmente respeitada na região - hoje maculada por suspeitas inumeráveis de corrupção por anos..., com uma urgente visão imparcial da história política recente de nosso município!
É lição obrigatória tanto para os jovens eleitores como para os calejados de outrora, cuja memória política mutante já se foi faz tempo!
Digo mais, a Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia, com sede em Campos dos Goytacazes, deveria dar ampla visibilidade em seus anais, do que fora expresso por este médico - profissional e homem público como poucos entre nós -.
wwO que posso dizer ao ler essa entrevista é que sou menos ignorante da história política recente do município. A análise de Sarmet traduz aquilo que em jargão sociológico chamamos de "razão histórica". Parabéns pela série de entrevistas.
Depois da ampla repercussão que esta entrevista teve, tenho a impressão que, para além do inegável e facilmente detectável valor histórico desta entrevista, parece que ela está também tendo um forte valor afetivo-político. Ao nos contar sobre o universo emocional do início “muda campos”, repleto de esperança e com uma dose de sonho revolucionário, tem despertado essas emoções nos leitores.
Adilson Sarmet, o blog “Outros Campos” mais uma vez agradece a entrevista.
Detesto estragar o aparente consenso estabelecido em torno da entrevista com o Dr. Adilson Sarmet, mas creio que está sendo omitido um elemento fundamental nesta discussão. O Dr. Sarmet com o seu aliancismo que inclui até Roberto Henriques (diferente de Garotinho no quê?) não nos oferece uma proposta de saída da confusão política estabelecida não apenas no quadro partidário campista, mas também em nível nacional, pela guinada à direita do PT. Quem acha que vai se substituir Arnaldo ou Garotinho no poder político campista com a aliança com o PSDB ou com o próprio PMDB realmente quer nos vender um projeto falido que apenas saciará o ego de uns poucos, sem chances eleitorais reais. Afinal, por que iriam os pobres trocar seis por média dúzia? Se é para ficar com as práticas políticas que ai estão, a "massa" vai fazer a opção inteligente de votar em Arnaldo ou no candidato indicado por Garotinho. Por qual razão mágica se votaria no grupo do Paulo Máfia das Ambulâncias Feijo ou no Roberto Discursante em Banquinho de Madeira no Boulevard Henriques? Ora, convenhamos, muito dificilmente. A saída? Para começo de conversa, um pouco de compromisso com a organização popular já ajudaria. Mas para os interessados na tal terceira via vão ter que sair da pedra e sujar os pés em bairros distantes para organizar os pobres para resistir ao poder das diferentes quadrilhas que controlam seu cotidiano? Quem topa?
Vou começar respondendo à crítica de que Sarmet não propõe nada. Com um pouquinho de atenção, é possível perceber que a própria entrevista como um todo é uma proposta, é um exemplo de posicionamento corajoso e verdadeiro diante do quadro político atual, dando nome a todos os bois e dizendo exatamente como houve uma mudança em Campos e por que ela foi implodida precocemente. Este é o grande aprendizado que devemos ter, constatar que há um potencial de mudança, sempre há, se não entrarmos na onda de que hoje tudo é fluido e não há mais espaço para utopias. Concordo com Sarmet, sentimos agora um vazio como em 88, e a articulação de forças de mudanças é uma questão de contingência, sobre a qual este blog por exemplo pretende se reforçar e somar forças democráticas de compartilhamento, como disse Sarmet, e não de submissão.
Um pouquinho de atenção na entrevist do Dr. Sarmet mostra que ele vislumbra fazer aliança inclusive com Roberto Henriques. O Dr. Sarmet relativiza o fato de que RH foi pego saindo da mansão do Garotinho no Cosme Velho exatamente quando o seu chefe político estava tomando uma geral da PF. Bom, se isso não for o bastante, ainda temos a aliança com o PSDB de Paulo Feijó e Zito, isto apenas para ficar no Rio de Janeiro. Em suma, vá ser amplo em articular forças de mudança lá em Santo Eduardo!
esse exclusivismo bolchevista de vanguarda é uma doença, mas é pior do que o câncer, pois ao menos esse útlimo evolui...
colocam toda "legimitadade e autenticidade" em alternativas ditas populares, mas que na verdade são dirigistas e aparelhadoras...
em toda minha rasa e pobre experiência que ouvi esse discurso, ele estava associado a uma prática de movimentos onde só uma pequena elite se locupletava dos aparelhos e das benesses...
não que despreze a necessidade de organização e mobilização popular, mas alguém precisa avisar a esse pessoal da comuna de paris que as formas de organização, os interesses e a sociedade estão diluídos em um "caldo de cultura" individualista que torna necessário superar "velhas práticas" de organização em nome de outras novas...
é por isso que movimentos como SEPE, dentre outros continuam atoaldos no imobilismo que relega a catergoria a uma representaividade medíocre,que sequer cumpre seu papel economicista na luta...
tenha santa paciência, alguémm tire as viseiras laterais desse pessoal...humpf
quer problematizar a questão da política de aliança, faça, mas faça com qualidade...
resumir a necessidade de amplias o espectro de ação dos setores que desejam superar o muda campos a questões pessoais é dose para leão...
esse pessoal que diz adorar favela tangencia o discurso do garotinho...mais um empurrãozinho estarão liderando milícia, ou trabalhando em uma "ong" insuspeita(???)
Pois é Xacal, sua criticidade parece tangenciar o fato de que mudança requer identidade de classe, ou pelo menos algum tipo de ruptura com a classe original. Além disso, repudir o chamado à organização popular em nome de pragmatismo claramente eleitoral é que me parece ser uma espécie de viseira. Afinal, se é para justificar aliança que envolva gente do quilate de Paulo Feijó e Zé Camilo Zito, então que se faça às claras e que nos poupem dessa conversa fiada de que Campos precisa de mudança. Afinal, o que mudarão hoje o PT e o PSDB, principais responsáveis pela condição miserável em que está imersa a política partidária no Brasil? Porque não dá para ser pai do mensalão em Brasília e vestal defensora da moral e bons costumes em Campos. Sei não, pelo jeito, o Arnaldo Popozão ainda leva essa de lambuja! Mas depois não culpem nem os extremistas de esquerda, nem os favelados!
caro anônimo,
parece que só enxerga ruptura a seu gosto, tipo oranizãção de sovietes e assalto ao palácio de inverno...
no contexto atual, qualquer possibilidade que passe ao largo de arnaldo, mocaiber pode ser considerada avanço...
se teremos os parceiros ideais, creio que não...
afinal a história da "identidade" de classe está também tão cheia de golpes e contragolpes...
disse e repito, vc que não quis ou lê e não entende: há necessidade de recuperar a capacidade de intervenção organizada da sociedade...
mas é necessário repensar, em tempos de internet e de banalização da idiotice e individualismo, as práticas e métodos de abordagem...
qual a fórmula, confesso que não sei...
apenas estou certo que o modo até então aplicado se esgotou...
não preciso lembrar aos incautos que lutamos não por um grêmio estudantil, e sim por um orçamento de 1,5 bilhão...
estamos às vésperas das eleições, e aí, como diria Lênin: O que fazer?
Acho que está passando da hora de Campos sair do caos político,sendo governado por verdadeiras quadrilhas.É só dar uma conferida nos bens dessa turma.Solução urgente...O dr.Adil son deveria se organizar como soluçaõ,não só pelas idéias mas pela história moral
O erro do "anônimo" é crer que a identidade de classe esteja pronta no Brasil p/ ser interpelada por uma política de identidade pura. Entre nós, esta via foi derrotada no início do séc. XX quando o anarco-sindicalismo foi esmagado, e em seguida o comunismo, pelo composto de repressão + interpelação populista de Estado (pós-30). Desde então, trata-se de recriar uma cultura de classe popular libertadora no seio de movimentos transformadores limitados mas prenhes de crítica à dominação clepto-burguesa hegemônica.
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