domingo, 8 de junho de 2008

No meio da cidade tinha um muro, tinha um muro no meio da cidade


O muro de Berlim, ou o “muro da vergonha” como também é conhecido, é um dos símbolos mais fortes da guerra fria, pois se encontrava no mais importante front de batalha desta guerra, ele era a materialização de quase todos aspectos desta guerra, em especial, da visão de mundo do bloco socialista. Autoritarismo, desrespeito as liberdades individuais, sustentação de um sistema de mentira para enganar a população e etc., esses eram os alicerces que sustentavam o muro. Hoje o bloco socialista caiu, assim também como a DDR (sigla da Deutsche Demokratische Republik, antiga Alemanha socialista) não existe mais, porém o muro, embora materialmente derrubado parece ainda estar de pé.


O muro de Berlim está longe de ser uma cicatriz na história da Alemanha, o muro é ainda uma ferida aberta no coração da Alemanha, a qual sangra aos borbotões. Ambos os lados tem dificuldades de se reconhecerem como uma nação. Os “ossi”, como são chamados pejorativamente os alemães orientais, são na maioria das vezes vistos pelos alemães ocidentais como um fardo pesado o qual eles têm que carregar. Parte dos ocidentais, se vêem como aqueles que devem pagar a conta de um sistema que eles não construíram e deu errado. Preconceito, ressentimento e quase 50 anos de socialização em modelos de mundo muito diferentes ainda são barreiras muito fortes a serem superadas. Depois da festa da reunificação, regada a muita cerveja e salsicha, ficou uma ressaca que parece ser interminável.

2 comentários:

Fabrício Maciel disse...

Legal Brand, os muros morais são invisíveis aos olhos fragmentados do senso comum, e por isso mesmo bem mais difíceis de se derrubar, mas não impossíveis. Apenas a articulação de seus fundamentos a partir dos efeitos mais visíveis se apresenta como o caminho para tanto.

Roberto Torres disse...

É muito curioso o desinteresse em discutir um tema como esse na esfera pública. No fundo é a velha miopia intelectual e politica que não vê politica e assunto politico fora da agenda eleitoral.