domingo, 30 de novembro de 2008

Mais sobre os “descontentes de Odete”...


por Roberto Torres




Acho que o debate sobre a origem social dos votos de Odete gira em torno de duas questões fundamentais: 1) de qual grupo (s) social (ais) vem o descontentamento com o modelo político dominante em Campos?e 2) como este descontentamento pode ter se difundido ou ainda pode se difundir? No decorrer do debate, falamos sobre uma tal “classe média” como sendo a possível fonte desse descontentamento, e estamos buscando imaginar como isso pode se dar. Gostaria de acrescentar alguns elementos nesta análise, por enquanto enfocando mais a questão 1.

Uma das teses do Ministro de Assuntos Estratégicos, meu xará Roberto Mangabeira Unger, é que “a mudança mais importante por que vem passando a sociedade brasileira é o surgimento de nova pequena burguesia: uma classe média sedenta de oportunidades, dedicada à auto-ajuda econômica, educativa e espiritual e impaciente com as imposturas dos políticos, a frivolidade dos ricos e a irrelevância dos intelectuais.”...Esta tese constitui parte importante de sua reflexão sobre como e para quem a esquerda precisa formular idéias e programas. Para Mangabeira, esta classe seria decisiva na política da esquerda na medida em que ela constitui “o ímã a que são atraídas as massas populares: seguir o exemplo dos emergentes talvez seja hoje o projeto de vida mais difundido no país”.

A preocupação maior de Mangabeira é identificar os “suportes sociais” de uma esquerda criativa e radical, levando-se em conta a tese obvia de que a “classe operária” não pode mais ser apontada como candidata natural a esta tarefa. O raciocínio do Ministro (ex inimigo fervoroso de Lula) parte de uma premissa sociológica que é a seguinte: não há nenhuma classe social que, por definição, seja portadora de interesses capazes de transformar a sociedade para melhor. O que há é o surgimento de “novos interesses”, como os destes emergentes, capazes de serem interpretados intelectual e politicamente de um modo que eles possam ganhar uma direção transformadora e universalizante. Mas não há uma pre-determinação sobre estes interesses que os defina como algo decididamente “bom” ou “ruim” para um projeto de transformação social. Os interesses surgem de uma classe, mas se abrem a interpretações que podem faze-los mais ou menos abertos à uma fusão com outros interesses, de outras classes. Acrescendo a isso, como Mangabeira parece saber muito bem, que a inexistência de uma pre-determinação política não significa indeterminação. Há uma afinidade probabilística entre diferentes interesses que fazem, por exemplo, que o interesse “pequeno-burgues” em investir na produção se case com o interesse das camadas pobres em busca de emprego, caso estes pobres sejam empregáveis.

Mangabeira acredita que uma esquerda inventiva no campo das idéias e em sua aplicação institucional pode direcionar para o “bem” os interesses particulares desta classe média emergente. Embora eu ache que ele é um pouco otimista em seu diagnóstico, acreditando por exemplo que a vida religiosa (evangélica) desta classe possui um enorme potencial de solidariedade com outras classes, o que me parece não ser exatamente assim, o vínculo mais amplo entre o diagnóstico e ação parece ser muito interessante. Segundo ele, estaria nesta classe, e nos seus interesses “em aberto”, o potencial para o Estado criar uma política social não bifurcada, compartilhada pelos pobres e pela “nova classe média”, visto que “escola pública, hospital público e previdência pública só para pobres não servem para ninguém”..

Acho que nosso debate sobre o clientelismo e seus descontentes em Campos toca nas mesmas questões que o Ministro deseja debater a nível nacional... e assim como meu xará, eu também tenho um fio de esperança que, em sabendo ouvir os outros, os supostos interessados em reformular a esquerda aqui na Planície ajudem a entender essa chama de mudança com o sonho de tingir uma orientação transformadora para ela..

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Quem matou Odete Roithman? : a busca continua

Dando seqüência ao proveitoso debate que tivemos, trago aqui alguns dados e considerações a mais sobre esta questão que nos persegue: Quem votou em Odete Roithman?

Adianto aos leitores que, as tabelas abaixo não podem ser consideradas de valor científico, estão muito aquém do rigor e reflexão necessária pra tal objetivo, certamente contém erros, desde cálculos (porque o calculista é um dos “ases da matemática”, risos), como também na seleção dos grupos, os quais exigiram maiores reflexões e melhores conhecimentos da geografia de Campos. Enfim, é uma tarefa para especialista da área, coisa que nem de longe sou. Mesmo assim, acredito que estes dados, mesmo sendo produto de um esforço inicial e amador, podem ser de grande valia para as análises que estamos fazendo em conjunto com a comunidade blogueira. Conto também com a contribuição dos leitores atentos para corrigirmos os possíveis e prováveis erros.

Escolhi montar três grupos distintos de bairros, um com bairros tidos como da classe média, outro com alguns bairros de Guarus, e um terceiro com bairros e distritos da baixada. Há muitos outros dados significativos em Campos, mas por ora apresento estes que ilustram três desempenhos diferentes da candidata.

Quanto às tabelas abaixo, o que mais nos saltam os olhos, é uma provável comprovação da suspeita da maioria dos leitores e comentadores, ou seja, os votos de Odete se concentram mais nos setores médios da sociedade. Embora tenha ela obtido votos em todo o município, é muito significativo o seu desempenho nos bairros onde se concentram a chamada classe média. Se separássemos as análises por local de votação, essas diferenças aparecem mais nítidas ainda. Um exemplo disso é que locais como os colégios Liceu, Laura de Vicunha e Auxiliadora a média de Odete fica entorno de 23% dos votos válidos, acima da média de 19,1% que é do centro, bairro ao qual pertencem esses locais de votação.

A análise dos grupos 1 e 2 estão abertas para nossas especulações, não estou seguro, mas parece que Odete teve um melhor desempenho nos bairros em que se tem uma maior renda dentro destes grupos, como no caso do Jardim Carioca no “Grupo 1” e Goitacazes no “Grupo 2”. Mas não sei ao certo os dados de renda destes bairros, são apenas hipóteses vagas. No caso de Farol, a distância do centro da cidade pode ser um empecilho a uma campanha com poucos recursos, como foi a de Odete.

Enfim, muitas ainda são as perguntas a serem respondidas e elaboradas, sigamos em frente.

Tabelas

Grupo 1 Grupo 2

Grupo 3







Doações para os desabrigados - informe Ascom/UENF

Campanha para vítimas das chuvas - doações até as 15h de hoje (sexta)

O grupo de colegas que organizou a campanha de doação de roupas para as vítimas das fortes chuvas que têm atingido a cidade de Campos agradece intensamente as doações feitas durante esta semana. O grupo relembra que ainda serão recebidas doações até as 15h de hoje (sexta, 28/11) na diretoria do CBB.

Quem não teve condições de entregar sua contribuição poderá se reportar diretamente à Defesa Civil de Campos, em Guarus, através do telefone 2738-6000.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Concurso Público UFF - Campos RJ

Prezad@s,

Como é praxe neste espaço divulgo aqui recado dos professores José Luis e Ana Maria, a UFF Campos dos Goytacazes, de concurso cujo prazo para inscrição finda já amanhã (28/11). Segue o texto:

"Renato e George,

Apesar do pouco tempo para divulgação, por favor inclua no blog de vocês.
Obrigada e um abraço,
Ana Maria/Uff

Sou o Diretor do ESR-Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento
Regional, da UFF, em Campos dos Goytacazes/RJ. Temos um concurso aberto para
Prof. Adjunto DE, em economia política,ainda este ano, e gostaríamos de ter
candidatos da mais alta qualidade.O prazo para inscrições está se esgotando.
Gostaria que vocês nos ajudassem enviando essa informação para toda a sua
lista de e-mail,principalmente para a sua lista de ex-alunos de Doutorado. O
edital está na página da UFF. É o edital nº 307/2008. O LINK É
http://www.uff.br/copemag/
As inscrições foram prorrogadas para até sexta-feira, amanhã, dia 28 de
novembro.
Atenciosamente
José Luis Vianna da Cruz - Diretor do ESR/UFF/Campos dos Goytacazes/RJ"

Como já foi ventilado em comentários anteriores, divulgamos com prazer este tipo de comunicação no blog.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

2010: uma incógnita!

Passadas as eleições municipais de 2008 os partidos começam a projetar cenários para as eleições de 2010. Esse fenômeno não deveria causar espanto, pois os partidos são feitos para ganhar eleições. Mas o que se pode esperar para o próximo pleito presidencial? Mais precisamente: qual o impacto de 2008 nas eleições de 2010?

As respostas ainda são muito vagas. O cenário é absolutamente nebuloso. As experiências das eleições de 2002 e 2006 são insuficientes, além de contraditórias. Um exemplo: em 2006, Lula obteve em média melhores resultados nos municípios administrados pelos partidos de oposição, particularmente pelo antigo PFL. Fenômeno que surpreendeu muitos analistas. Acreditava-se que o candidato do PSDB levasse ligeira vantagem nesses municípios. Qual foi a surpresa? Esperavam que Lula repetisse a distribuição de desempenho das eleições de 2002, ou seja, concentrado nos municípios administrados pelo PT. Não foi o que ocorreu. Explicação? Pode colocar na conta do Bolsa Família: o maior programa de transferência direta de renda do planeta foi aplicado nos municípios onde se concentra a pobreza (óbvio, não?), “coincidentemente” os mesmos municípios administrados pelos partidos de oposição. Interessante que esses eleitores foram acusados de, ao votarem no Lula, agirem como que “comprados” pelo BF. Ninguém lembrou que esses mesmos eleitores, 2 anos antes (em 2004), haviam votado e eleito prefeitos dos partidos de oposição ao Governo Federal.


A pergunta permanece: em 2010 qual será o papel dos prefeitos? Ninguém sabe! A única certeza que se tem até o momento joga ainda mais dúvidas na projeção do cenário para 2010, qual seja, Lula não disputará as próximas eleições. Tampouco está definido o seu candidato.

Poder-se-ia perguntar: mas e a Dilma? Novamente, ninguém sabe! Apenas desconfio que seja o chamado “boi de piranha”, mas se o boi atravessar intacto o rio, bom. Senão entra outro (talvez já escolhido, e ninguém nunca saberá). Mas repito: são apenas desconfianças.

Outra questão que torna ainda mais nebuloso o cenário é o PMDB. Foi o partido com melhor desempenho nas eleições municipais, mas tem um histórico de descentralização, exatamente o que garante sua permanência como um único partido. Grupo heterogêneo somente se mantém unido em respeito a suas diferenças. Isso pode ser observado em vários níveis: na organização partidária, na distribuição de recursos do fundo partidário, nas estratégias de coligações, na etc. A única saída que vejo para uma coordenação para lançar um candidato à presidência em 2010 seria a candidatura do Aécio Neves (não me surpreenderia se isso ocorresse, por mais improvável que pareça até o momento).

O PSDB tenta coordenar suas estratégias de modo a evitar o fratricídio ou mesmo a mitose (com a defecção do Aécio). O acordo vigente entre os dois maiores grupos do PSDB é quase uma reedição do acordo “café-com-leite”, mas está ameaçado de duas formas: primeiro, o cargo de presidente é único, ou seja, não pode ser dividido, o que significa que umas das partes deverá necessariamente ceder – não se esqueçam que são os dois maiores colégios eleitorais do país. Segundo fator é o descontentamento das bancadas do outros Estados, apesar de se submeterem ao poder de Minas Gerais e São Paulo, buscarão ser o fiel da balança, aumentando assim seu poder de barganha. Na teoria das coalizões o poder do ator não é mensurado apenas por seu tamanho, mas também por sua posição estratégica. Ou seja, a gota d’água passa ter importância fundamental quando o copo já está cheio, pois ela fará transbordar.

Em adição, temos ainda os chamados “terceiros partidos”, que poderá ser um conglomerado deles (PSB, PDT, PL, PP). Para ilustrar essa influência basta comparar os ataques por meio da imprensa aos candidatos em 2002 e 2006. Roseana Sarney era franca favorita a ir ao segundo turno em 2002 contra o Lula, e foi alvejada até sucumbir pelos meios de comunicação e demais órgãos do estado também dominados pelo PSDB (logo em seguida Ciro Gomes foi a “bola da vez). Já em 2006, Heloísa Helena obteve quase que um apoio formal dos órgãos da imprensa. Qual a diferença? HH retirava votos do Lula, enquanto que Roseana e Ciro competiam pelo eleitorado tradicional do PSDB.

Ainda existe o componente externo que é a crise econômica. Ninguém sabe exatamente onde pode chegar e a quem irá afetar. Acho temerário a oposição adotar um discurso apocalíptico nesse momento (e José Serra já percebeu isso), pois pode perder o apoio de setores produtivos que sempre financiam as eleições. Tudo que os financiadores não querem ouvir agora é o discurso histérico do fim do mundo, pois sabem que, em se tratando de economia, a administração das expectativas é essencial. Candidato que se portar como os ambientalistas prevendo o fim do mundo não será “bem-vindo” por aqueles que financiam as campanhas.

Em resumo, o que se pode dizer é que existem muitas variáveis ainda não definidas que afetarão as eleições de 2010. E, por definição, variáveis variam! Só não me venham com certezas.

Doações para desabrigados

Repassando Informe da Assessoria de Comunicação (ASCOM) da UENF:

A Defesa Civil de Campos está arrecadando roupas, colchonetes, além de roupas de cama e banho para distribuir entre os desabrigados da enchente que afetou alguns bairros de Campos. Quem puder ajudar deve fazer a entrega na Diretoria do CBB, que estará centralizando as doações até dia 28 de novembro.



A informação é da secretária do LCA/CBB, Edilma Muniz.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

“Quem votou em Odete Roithman?”: Algumas palavras sobre os votos de Makhoul e Odete nas últimas eleições

por Brand Arenari
Nas duas últimas eleições municipais, fomos todos “surpreendidos” por uma expressiva votação em certos candidatos aos quais não se esperava muito. Quanto a isso, me refiro ao montante de votos obtidos pelo candidato Makhoul Mussalém nas eleições do ano de 2004, em que este concorreu pelo PT, e também à candidata Odete, que concorreu pelo PCdoB nas eleições deste ano. O candidato conhecido como “Dr. Makhoul” recebeu em 2004 cerca de 33.000 votos o que equivalia a quase 14% dos votos válidos, já a candidata “Professora Odete” obteve cerca de 27.000 votos, que devido a não computação dos votos do candidato Arnaldo Viana o cálculo da porcentagem dos votos de Odete não é segura.

Ao fim das eleições do ano de 2004 muito se falou que a surpreendente votação de Makhoul, se devia, sobretudo, ao prestígio pessoal deste médico em setores da classe média, ou seja, boa parte daqueles 33.000 votos era uma chancela de confiança pessoal no doutor. No entanto, nas eleições de 2008, a “Professora Odete”, que supostamente não contava com este prestígio obteve uma votação parecida, o que nos faz rever a primeira idéia apresentada sobre os votos de Makhoul.

Essas duas últimas eleições apresentaram quadros bem parecidos, o que nos encoraja mais a fazer comparações. Em ambas, o centro da disputa girou entorno do enfrentamento das forças de Garotinho contra as de Arnaldo Viana, os quais outrora eram aliados. E a partir deste quadro uma outra possibilidade para a interpretação destes votos aparece. Com todo respeito às figuras de Makhoul e Odete, nos parece mais razoável crer que há um grupo de eleitores, que varia entre 25.000 e 30.000, disposto a votar em quem se lhe apresente como sendo alguma possibilidade alternativa entre os grupos políticos de Arnaldo e Garotinho. Em outras palavras, podemos dizer que há cerca de 30.000 votos “avanço” em Campos, para usar uma expressão de nossa infância. No entanto, só podem “avançar” neles com algum sucesso aqueles que se apresentarem como alternativa genuína ou quase genuína aos grupos de Arnaldo e Garotinho.

Vale lembrar também, que o primeiro possível candidato a desfrutar desses votos, a saber, Paulo Feijó, foi, pelo contrário, o primeiro a pagar a conta deles. Na eleição de 2004, Paulo Feijó, que ainda tinha um prestígio político significativo, não foi capaz de convencer esse grupo que seria uma verdadeira alternativa para Campos o que lhe custou à participação no segundo turno da eleição. Já em 2008, com a imagem muito desgastada, essa conta a pagar lhe comprometeu o futuro político. A primeira impressão é, que primeiro Makhoul, e depois Odete, retiraram votos preciosos que poderiam ser de Feijó.

Há ainda muito que se perguntar sobre este grupo, até mesmo se ele realmente existe. Caso a primeira resposta seja positiva, outras tantas perguntas sobre a identidade deste grupo aparecem. As zonas eleitorais em que estes candidatos tiveram votação expressiva nos deixam algumas pistas a seguir, e uma série de tantas outras perguntas a se fazer. Existiria em Campos um grupo “blindado” às ofertas clientelistas que atingem tanto a massa quanto a elite de empresários e lobistas locais? Há reais possibilidades de expansão desse grupo? Essas perguntas entre tantas outras são indispensáveis àqueles que almejam ser alternativas no plano político, como também àqueles que se devotam a entender a política local.
O que é certo até aqui, é que há muito que se pesquisar e discutir para verificar as palavras acima. Porém, enquanto carecemos de pesquisas de longo alcance sobre o eleitorado campista, vamos tocando nossas conversas “botequinescas” sobre o tema, que às vezes, pela ausência de rigor metodológico, nos premia com criatividade e intuições vagas que ajudam no entendimento de nosso mundo.


domingo, 23 de novembro de 2008

Pessimistas e otimistas: uma questão de cenários

Acostumado aos imbróglios acadêmicos, nunca me senti confortável em discussões onde todos concordavam. Confesso: sinto uma enorme afeição por conflitos. Não simplesmente por acreditar que toda a unanimidade é burra, mas por achar que a probabilidade de todos estarem errados é pior do que ter a certeza de que, num conflito, ao menos uma fração estará menos equivocada que outra. Acho que isso tem a ver com o tal liberalismo político de Stuart Mill (que meus amigos cismam em creditar a Habermas).

Nas ciências sociais os imbróglios são muitos. Raras são as oportunidades de observarmos na realidade os contra-factuais teóricos (isso quando alguém que se auto-intitula teórico constrói supostas teorias que permitem ao menos um contra-factual teórico).

Quiçá, tenhamos com a crise econômica uma oportunidade de ouro, qual seja, a de testarmos as assertivas dos apocalípticos teóricos da ecologia que viam no “desenfreado” crescimento econômico a causa do suposto desaparecimento da vida no planeta terra. Onde estão aqueles que idolatram as “verdades” hollywoodianas do Al Gore?

Os outrora chamados de pessimistas têm a possibilidade de se mostrarem agora otimistas! Ao menos terão a chance de mostrar a “falsificabilidade” de suas teses (algo que se esqueceram ao inferir quantidade de dióxido de carbono por camadas polares no século IV).

A tal “verdade inconveniente” pode agora ser testada sem “assalto à razão”: se o crescimento econômico gera aumento da temperatura global, então... um crescimento econômico menor ou até mesmo uma recessão global implicaria, necessariamente, numa diminuição do aumento da temperatura também global. A teoria que, se comprovada, só poderia ser observada por aqueles que conseguissem bancar um “apezinho” em outro planeta, agora pode ser observada na realidade aqui mesmo no planeta Terra; ou não. Chegou a vez de testar se o contra-factual se tornar fato real!

Pois bem, quando é que veremos a descida da empilhadeira hollywoodiana em que o pomposo Al Gore anunciava o “lasciate ogni esperanza”?

sábado, 22 de novembro de 2008

O que significa ser velho no Brasil?


por Roberto Torres


Segundo projeção do IBGE, em 2025 o Brasil terá 40% dos idosos de toda a América Latina. O estrato significativo de idosos já é um tema político que preocupa os formuladores de políticas de Estado. Como Michel Foucault queria mostrar, a questão mais importante do Estado moderno é o patrocínio da vida dos “amigos da sociedade” e o descaso estratégico com seus “inimigos”. Assim se dá, para ele, a “luta de racas” em todas as sua dimensões possíveis: entre pessoas de diferentes cores, origens sociais, faixas etárias e tudo que mais possa configurar uma diferenciação entre os que representam uma existência bem sucedida e aqueles que mostram a assustadora face de uma vida decadente.

O Estado moderno precisa assegurar publicamente que ele consegue controlar a circulação dos inimigos, ou seja, de todos aqueles que representam a decadência de uma modelo de “boa vida” que os cidadãos compartilham ainda que implicitamente, pelos medos e reações automáticas que demonstram diante dos “doentes”, “ inválidos”, “brochas”, e mórbidos de todo tipo. Sem dúvida prolongar a vida é a meta mais importante que o Estado mobiliza para formular, legitimar e implementar suas políticas tendo em vista o comportamento dos diferentes estratos sociais e do restante da sociedade em relação a esses estratos específicos.

O envelhecimento é sempre um problema porque ele ameaça exibir pessoas muito perto da morte e que nos fazem lembrar que, no limite, não se pode controlar pela quantificação a questão da vida; esta que, somente no Estado moderno, se tornou uma questão pública. Parece que quando um estrato envelhecido da população assume visibilidade ele poem em xeque o critério de legitimação da noção de boa vida que orienta toda a relação umbilical entre Estado e ciência nas sociedades ocidentalizadas de todo o Planeta. A questão do “sentido qualitativo” da vida parece assumir certa proeminência quando o desafio não é mais o de fazer as vidas individuais durarem e sim o de atribuir um sentido ao resultado bem sucedido.

O que significa ser velho num país hiper-sexualizado como o Brasil, onde a exaltação da juventude é, explícita ou implicitamente, a base de todos os nossos valores nacionais?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Sobre botequins, botecos e afins

George Gomes Coutinho

Ao me deparar hoje com o delicioso tema da Rede de Blogs de Campos-RJ não resisti e fui impelido a escrever essas parcas linhas sobre o tema. Botecos, botequins e bares na cidade. Nada mais citadino na nossa sociabilidade moderna.

Campos não tem cafés livres, literários, com uma pequena burguesia pulsante e ávida por novidades da avant-garde pós-nacional. Neste sentido os botequins ocupam um papel central na sociabilidade sócio-política-cultural na planície. É o espaço onde os grandes temas circulam, são discutidos com paixão e, não poucas vezes, onde são alicerçados os arranjos que só são possíveis em reuniões face-a-face. Os botecos e botequins fazem parte desta grande teia fluida chamada “Esfera Pública” onde os fluxos comunicativos encontram vazão e podem redundar em ações políticas, sociais e culturais relevantes para o nosso cotidiano e dos partícipes da cidade.

Nestes termos que me recordo de um determinado jornalista (sic), hoje em baixa, que não poucas vezes maldizia sobre o famoso “Therapia´s Bar”. Amaldiçoava publicamente o espaço e seus freqüentadores, referindo-se ao boteco alvinegro com franca hostilidade, justamente pode este simbolizar ainda algo de subversivo. Talvez mal soubesse ele que justamente ao invés de esvaziar o conteúdo político das espontâneas reuniões do Therapia´s este o reforçava ao trazer a tona o rótulo de um bar de “meio de esquerda e de meio intelectuais” como dizia o célebre Mário Prata. Não compreendia, o tal jornalista, o bem que fez ao destilar sua cólera irascível e uma falsa moral carola.

Na verdade os temas que já pude discutir neste famoso boteco, dos proprietários Assis e Dona Ângela, envolviam a insatisfação com o uso perdulário e irresponsável de recursos públicos, as patologias da sociabilidade campista, a corrupção sistêmica. Enfim, tudo aquilo que justamente representava simbolicamente o que a pena do referido jornalista defendia. Cada momento em que fazia suas ponderações implicava compreender que estávamos do lado correto. Não há legado do jornalista de coleira, lembrando aqui o Xacal, mas o Therapia´s continua.

Todavia não pensem que o botequim seja um espaço eminentemente anômico, sem regras estabelecidas. O boteco, como todo micro-cosmo social, estabelece suas regras tácitas para definir quem serão de fato seus freqüentadores, qual será o repertório das conversas, quais posturas devem ser incentivadas ou rechaçadas. É um espaço de interação social que explica porque determinados agrupamentos urbanos elegem espaço “a” e não espaço “b” para seus conluios. O boteco é um espaço seletivo, reproduz ali as regras sociais macro, e não podemos perder este ponto de partida. Em caso oposto estaremos idealizando esta importante instituição citadina e esquecendo o que de fato é: um espaço não harmônico, contraditório e em certos momentos até mesmo reprodutor de uma lógica agonística.

Prosseguindo, para além do Therapia´s, lamento profundamente que o “Mineiro Maneiro”, ali no “baixo Pelinca”, esteja neste momento fechado. Espero mesmo que retorne pois trazia uma das melhores cartas de cachaça da região, onde fui apresentado à deliciosa Germana, além de um cardápio portentoso, mineiro, com tudo o que esta cozinha tem de mais aprazível.

Por fim não poderia deixar de trazer a tona um boteco não campista.. O bar de Carlinhos Pisca-Pisca onde tive o prazer de fazer um breve e divertido trabalho de campo sobre a sociabilidade dos botecos na praia de Atafona. Este me ensinou esse importante detalhe das regras que se impõem sobre todo e qualquer espaço social. Incluso aí os botecos.

Longa vida aos botecos e botequins. São fundamentais para a Esfera Pública e para as nossas gargantas secas em dias suorentos de verão. Como diriam os alemães: "Prost!".

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

III Encontro de Pesquisadores da UFF (Campos-RJ)

Prezad@s,

Divulgo aqui o III Encontro de Pesquisadores da Universidade Federal Fluminense, particularmente dos profissionais do Instituto de Ciências Sociais e Desenvolvimento Regional, em Campos dos Goytacazes, RJ. Ocorrerá na próxima semana, entre 17 e 19 de novembro.

Notem que o evento programado do Nediger (já divulgado abaixo), com a palestra do professor Marcelo Paixão, será também a palestra de abertura do III Encontro local de pesquisadores da UFF.

Divulguem e prestigiem.

III Semana de Pesquisadores do Instituto de Ciências da Sociedade de Desenvolvimento Regional (ESR/UFF)

Desigualdades e Políticas Sociais experiências e desafios



17 de novembro
17h00min h. Abertura do concurso banners de alunos/ Iniciação científica

18h30min h Palestra de abertura - “Racismo e Desigualdade no Brasil” Prof. Dr. Marcelo Paixão (IE/UFRJ)

18 de novembro

09h30min – 12h00min I Mesa – “Racismo, Sexismo e ações afirmativas” Profa. Ms.Isabel Cristina Chaves Lopes (Coord)

09h00min Afinal, quem manda na família?
Profa. Dra. Rosany Barcellos de Souza (UFF)

09h20min O que fazer com o conceito de “raça”?
Prof. Dr. Aristides Arthur Soffiati Netto (UFF)

09h40min O Pensamento Social Brasileiro e a questão racial: da ideologia do “branqueamento” às “divisões perigosas”
Prof. Ricardo César Costa (UFF)

10h20min Serviço Social, defesa de direitos e Estatuto da Igualdade Racial Prof. Ms. Marco Antônio Pedro Vieira (Faculdade Redentor)

10h40min Preconceito Racial e Violência: Cidadania nas escolas?
AS. Msda. Samantha Oliveti de Góes (UERJ).

11h00min A arte como mediação na educação para a emancipação humana
Prof. Ms. Isabel Cristina Chaves (UFF)

14h00min - 17h30min Mesa Redonda - A Região Norte Fluminense: heranças e perspectivas

Profa Dra. Delma Pessanha Neves (ICHF/UFF)Profs. Drs. Aristides Soffiati (ESR/UFF) José Luis Vianna da Cruz (ESR/UFF)

17h30min – 18h30min Avaliação de trabalhos de Iniciação Científica

18h30min - 22h00min Palestra - Cooperativas e economia popular no Rio de Janeiro: a experiência da Incubadora Tecnológica de Cooperativas
Prof. Ms. Javier Ghibaudi (UFRJ)


19 de Novembro

09h30min – 12h00min II Mesa – “Trabalho, Região e Desenvolvimento”
Prof. Dr. Hernán Armando Mamani (Coord)


09h00min As regiões Norte e Noroeste fluminense e os grandes projetos de investimento
Prof. Dr. Jose Luis Vianna da Cruz (UFF)

09h30min Globalização, tecnologia e trabalho: novas possibilidades no mundo pós-moderno
Ms. Karina Barra Gomes (UENF)

10h00min As “portas de saída da assistência social”: uma crítica ao PGTR como estratégia de enfrentamento ao desemprego em Campos dos Goytacazes
Pofa. Dra. Érica Thereizinha Almeida (UFF)

10h30min Qualificação e Informalidade na Construção Civil
Prof. Dr. Hernán Mamani (UFF)

11h00min Trabalho, Mercado de trabalho e Catadores de lixo: que relação pode ser estabelecida?
Prof. Msdo. Carlos Antonio Moraes (UFF)


14h00min - 18h00min III Mesa – Combate à Pobreza, Política Social e Serviço Social
Profa. Dra. Rosany Barecellos de Souza Profa. Ms. Ketnen Rose Medeiros Barreto

14h00min Territórios de pobreza e cidadania: uma discussão sobre programas de transferência de renda em Campos dos Goytacazes
Profa. Dra. Denise de Moura Juncá

14h20min Interinstitucionlidade e Interdisciplinaridade: desafios à sua operacionalização

Profa. Ms. Katarine de Sá Santos Prof. Msdo. Carlos Antônio Morares

14h40min Intervenção em Segurança Pública: os caminhos a percorrer

Mstda. Alessandra Florido da Silva Ribeiro

15h00min Favelização x Educação - entre a Utopia de uma educação popular e a realidade opressora das comunidades

Antônio Ricardo Catellar Marques

15h30min Serviço Social e Educação: caminhos para a construção da participação social
Profa. Ms. Katarine de Sá Santos

15h50min O Assistente Social no Âmbito das Políticas Sociais Brasileiras

AS. Edilamar Viana da Silva

16h10min A Afirmação e a Negação Profissional na Construção do Saber de Aprendizes do Serviço Social

Profa. Dra. Ivana Arquejada Faes

16h30min Grupo de Assistência ao Trabalho do Assistente Social (GATAS). Sistematização da Prática e do discurso

Profa. Dra. Isabela Sarmet

18h00min Divulgação de resultado de concursos de Banners

19h00min - - 22h00minh Palestra de Encerramento - A formação Profissional dos Assistentes Sociais
Prof. Dra. Larissa Dahmer (ESS/UFF)
Gilmar Mendes, quem são os terroristas?

por Gilson Caroni Filho

como nao temos escrito nada nos últimos dias, aqui vai um artigo interessante sobre o nossa reconstrucao política do passado.


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, tem se notabilizado por um sentimento de urgência no que julga ser seu principal papel como magistrado: dar sustentação jurídica às teses da oposição parlamentar e seu braço midiático no combate ao governo Lula. Mas o faz de forma tão atabalhoada que constrange até mesmo os “bons companheiros”.
Mendes tem sido alvo de crítica até de contumazes articulistas da grande imprensa, uma vez que o primarismo de suas manifestações desnuda, e expõe ao ridículo, uma estratégia traçada para se manter ativa até 2010. Não foi por outro motivo que o jornalista Elio Gaspari, conhecido pelo antipetismo raivoso, escreveu em sua coluna, na Folha de São Paulo, do último domingo:
“O ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, precisa decidir qual é seu lugar no estádio. Ele pode ficar na tribuna de honra, de toga, lendo votos capazes de servir de lição. Pode também vestir as camisas dos times de sua preferência, indo disputar a bola no gramado. Não pode fazer as duas coisas”.
O alerta de Gaspari se respalda na experiência de quem conhece o jogo e tem noção mais acurada do "timing" exigido. Sabe que um juiz que emite prejulgamentos sobre processo em que terá que se manifestar oficialmente se expõe à perda de legitimidade. A judicialização da política guarda similitudes profundas com o noticiário editorializado. E a afinidade de dois campos distintos, quando se torna muito evidente, produz estragos consideráveis para os objetivos das forças conservadoras.
Ao afirmar que “terrorismo também é crime imprescritível”, em alusão aos que participaram da luta armada contra o regime de 64, o ministro demonstrou que segue a semântica da ditadura militar que recomendou aos jornais da grande imprensa a classificação de “terroristas” a todas as ações armadas praticadas por guerrilheiros. Em questão, além da isenção do presidente do Supremo, está seu embasamento conceitual sobre terrorismo.
Diante da confusão, é preciso discutir o que se entende como terror. Afinal, a resistência armada contra a opressão é admitida até pela Carta de Direitos Humanos da ONU. Qual a diferença disso em relação a atos terroristas tal como são definidos pelo direito internacional?
Como indagou o jornalista Cid Benjamim, em artigo publicado em 2001, no Jornal do Brasil, ”teria sido Marighella um terrorista, tal como os autores dos atentados nos Estados Unidos? Teria sido Lamarca um terrorista? E os sandinistas, que derrubaram a ditadura de Somoza? Estadistas hoje respeitados, que lideraram revoluções armadas – como Fidel Castro, por exemplo – foram também terroristas? E os combatentes da Resistência Francesa, também eram eles terroristas?”
Seria interessante o presidente da mais alta corte do país ser apresentado aos protocolos das convenções de Genebra, onde não se confunde terrorismo com direito à resistência, pois neste "não se verifica a intenção de intimidação da sociedade, mesmo porque o que se pretende com o exercício de tal prerrogativa é exatamente o maior apoio possível da maioria da sociedade em favor da causa patrocinada”.
Um olhar menos indulgente sobre a ditadura de 1964 lhe permitiria ver um regime que tinha como metodologia o terrorismo de Estado. Altos comandantes militares fortaleciam e protegiam da vista da opinião pública e da precária justiça existente - com represálias e censuras - os centros de torturas e seus protagonistas mais conhecidos, como o falecido delegado Sérgio Fleury.
Com o governo Médici, o aparato repressivo chegou ao auge com a criação da Operação Bandeirantes. Ler sobre o caso Parasar, capitaneado pelo brigadeiro João Paulo Burnier, para que o serviço de salvamento da FAB entrasse na repressão política, matando ou jogando no alto-mar os corpos dos opositores políticos, talvez servisse como bom exercício de reflexão para Gilmar Mendes. Quem sabe contextualizando a tortura, o ministro não se dê conta de que anistiar quem a praticou seja defender o real terrorismo? É isso que a sociedade espera do judiciário brasileiro? Que se torne uma instituição típica de países conhecidos pela violação de direitos humanos?
Talvez seja o caso de recomendar ao ministro a leitura de “Eros e Civilização”. Nele, Herbert Marcuse afirma categoricamente:
“Esquecer é também perdoar o que não seria perdoado se a justiça e a liberdade prevalecessem. Esse perdão reproduz as condições que reproduzem injustiça e escravidão: esquecer o sofrimento passado é perdoar as forças que o causaram - sem derrotar essas forças”.
É disso que se trata. Ou acertamos nossas contas com o passado - e desse acerto reunimos condições para avançar - ou ficamos refém de um simulacro de democracia.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Palestra UFF/Nediger - Palestra Prof. Marcelo Paixão

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

NEDIGER - Núcleo de Estudos sobre Ética e Diversidade de Gênero, Etnia e Racismo.



Na data de 17 de novembro, às 18 horas na UFF/ESR, o Nediger/UFF (Núcleo de Estudos sobre Ética, Diversidade de Gênero, Etnia e Racismo) dará continuidade às atividades de seu grupo de estudos “Emancipação Humana, Gênero e Racismo”, que é parte complementar do projeto de pesquisa integrado “Mediações necessárias e possíveis ao processo de emancipação humana em Marx, no contexto da reestruturação produtiva capitalista e dos direitos humanos”, realizada pelo núcleo.



A apresentação deste dia, intitulada “RACISMO E DESIGUALDADES NO BRASIL”, será realizada pelo economista da UFRJ prof. Dr. Marcelo Paixão e fará parte também da abertura do III Encontro de Pesquisadores da UFF/ESR e da atividade de comemoração do Dia da Consciência Negra organizado pelo Nediger.



Na ocasião o professor estará lançando o seu livro “Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2007-2008”. Ed. Garamond.



O economista Marcelo Paixão é professor do Instituto de Economia da UFRJ; coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (LAESER); coordenador e idealizados do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, 2007-2008, e autor de Desenvolvimento Humano e Relações Raciais (DP&A, 2003), Manifesto Anti-Racista: idéias em prol de uma utopia chamada Brasil (DP&A, 2006) e a Dialética do Bom Aluno: relações raciais e o sistema educacional brasileiro (FGV, 2008).



Endereço UFF/ESR: Rua José do Patrocínio, 71 – Centro, Campos dos Goytacazes/RJ.

Telefax: (22) 2733-0319

e-mail NEDIGER: nediger@vm.uff.br

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Uma inovadora maneira de fazer política

"O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, está usando a internet para esclarecer como será o processo de transição no país. A página chamada Change.gov está sendo usada pelos responsáveis pela campanha de Obama para fornecer um guia para o processo e pedir sugestões aos cidadãos americanos. O site também permite que os internautas se candidatem a um cargo no novo governo.A página também quer que os cidadãos americanos contem suas histórias a respeito do que a campanha de Obama significou para eles e relatem a sua "visão" do que querem que aconteça nos Estados Unidos."

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Yes, can we?


Foreign Policy

Obama's Stance on Foreign Policy

Barack Obama will continue the long American tradition of smart diplomacy to keep the country safe while improving America’s standing in the world.

McCain's Stance on Foreign Policy

John McCain will carry on George Bush’s policy of unilateral action that puts American troops in harm’s way without exhausting diplomatic options.

Estas proposições nos interessam na vitória de B. Obama. Ainda que seja extremamente vaga, a idéia de diplomacia exposta pelos dois candidatos tem uma diferença: a de McCain já conhecemos, há 8 anos, a de Obama não. Acho que é isso que significa, ìnconscientemente, a esperança que este jovem mobilizou com o lema “yes, we can!”. A diplomacia nos é o tema mais sensível, já que sob os republicamos experimentamos o limite de nossa experiência de risco, quando G. Bush rebaixou a antes dicotomia ideológica aliados/ comunistas a aliados/ terroristas, isto foi uma perda política sem precedentes. A anterior se baseava na eficiência de dois sistemas de prover a melhor forma de vida, a nova se baseia na unilateralidade, como exposta acima por Obama. Afinal existe um sistema vitorioso, os inimigos teriam agora que se localizar em algum lugar, foram localizados no lado do fanatismo religioso e do gosto gratuito de sangue. Não há como fazer política internacional sem opositores, com inimigos, porque estes não sentam na mesa de negociação. Parece que há uma tendência a se sentar na mesa, de se enxergar opositores políticos nos Castros, em Chaves ou no Irã, por parte de Obama. Esta tendência é o que mobiliza nossas esperanças.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Noite do Vinil - 05/11/2008 - Especial Mutantes



Prezad@s,

Amanhã teremos aqui em Campos dos Goytacazes-RJ, na Taberna Don Tutti, noite do vinil dedicada aos Mutantes.

Sempre há controvérsias ao falarmos sobre essa banda.. Portanto vá lá para debater os impactos desses paulistas na nova música brasileira pós 1960.

Cine Clube Villa Maria - 08/11/2008 - 16:30



12:08 Leste de Bucareste (A fost sau n-a fost?) Dir.Corneliu Porumboiu - 2006 -Romênia
Ganhador da Câmera de Ouro em Cannes para o melhor diretor estreante; e melhor filme européio.

O enredo de “12:08” é curioso: uma pequena cidade romena se prepara para o natal, enquanto um programa de televisão se prepara para um especial sobre uma revolução ocorrida 16 anos atrás. Mas, durante a transmissão do programa, uma dúvida é levantada: a revolução realmente ocorreu?

Ao contar essa singela história, Corneliu aproveita para criticar, sempre de maneira sutil e bem humorada, o comunismo que existia no país e a apatia da população. O diretor também não poupa a precariedade do país de sua ironia: a forma como ele retrata a televisão na cidade é hilária, e é o ponto alto do filme (na verdade, é quase metade dele). Aliás, pode-se apontar como defeito do filme o seu começo, muito lento, e que demora a situar o espectador. Aos poucos, percebemos do que o filme se trata, quem são aqueles personagens e o que fazem da vida. Tudo muito bem construído, dando a profundidade necessária para que a discussão no programa de televisão faça sentido.

Sábado 8 novembro 16:30h

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Convite Nediger - UFF Campos

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

NEDIGER - Núcleo de Estudos sobre Ética e Diversidade de Gênero, Etnia e Racismo.



Na data de 17 de novembro, às 18 horas na UFF/ESR, o Nediger/UFF (Núcleo de Estudos sobre Ética Diversidade de Gênero, Etnia e Racismo) dará continuidade às atividades de seu grupo de estudos “Emancipação Humana, Gênero e Racismo”, que é parte complementar do projeto de pesquisa integrado “Mediações necessárias e possíveis ao processo de emancipação humana em Marx, no contexto da reestruturação produtiva capitalista e dos direitos humanos”, realizada pelo núcleo.



A apresentação deste dia, intitulada “RACISMO E DESIGUALDADES NO BRASIL”, será realizada pelo economista da UFRJ prof. Dr. Marcelo Paixão e fará parte também da abertura do III Encontro de Pesquisadores da UFF/ESR e da atividade de comemoração do Dia da Consciência Negra organizada pelo Nediger.



Na ocasião o professor estará lançando o seu livro “Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2007-2008”. Ed. Garamont.



Os interessados em participar devem enviar e-mail para nediger@vm.uff.br, informando dados como nome, telefones de contato, e-mail, curso que realiza e instituição/entidade a qual estão vinculados. Quem já enviou estes dados à época da primeira palestra deverá somente enviar seu nome.





Endereço UFF/ESR: Rua José do Patrocínio, 71 – Centro, Campos dos Goytacazes.

Telefax: (22) 2733-0319

domingo, 2 de novembro de 2008

Como transformar o capitalismo?


por Roberto Torres


A existência de uma crise econômica como a atual sem dúvida alimenta a esperança de uma transformação histórica do capitalismo. Os mais infantis se dão por satisfeitos em alardear que o sistema está em convulsão, e sugerem que a crise econômica por si mesma irá produzir algo como a derrocada do capitalismo. Penso que o desafio da esquerda, em escala mundial, é o de produzir uma visão de mundo além dessa posição infantil que seja capaz de se transformar em política de Estado. E acho que uma análise política deste desafio pode começar por distinguir, weberianamente, estes dois níveis de ação social: 1) o nível da racionalização cultural, onde se produzem e se transforam as visões de mundo e 2) o nível da racionalização societal, onde as visões de mundo assumem formas institucionais e onde o Estado sem dúvida pode desempenhar um papel decisivo.

No primeiro nível a questão é saber como se pode transformar a visão de mundo hegemônica que sustentou o capitalismo neoliberal nos últimos trinta anos. Trata-se de como questionar a noção vigente de racionalidade econômica, sintetizada no chamado Consenso de Washington. Isto significa um processo de “convencimento” cujo alvo deve ser o de demonstrar a irracionalidade da racionalidade econômica vigente. Sem dúvida este processo de “convencimento” envolve muito mais que argumentos racionais, já que no plano das “profecias políticas” também o componente afetivo desempenha um papel decisivo. A irracionalidade a ser evidenciada precisa assumir concretude nos interesses dos grupos e estratos sociais que sustentam a racionalidade vigente. Neste sentido, a “luta de classes” também desempenha papel decisivo.

No segundo nível, a questão é saber em que medida a nova visão de mundo e a nova noção de racionalidade econômica poderiam se tornar uma politica de Estado, ou seja, como esta visão de mundo poderia se institucionalizar. Tal foi o que ocorreu quando o keynesianismo se tornou uma política de Estado após a depressão de 1929, em contextos bem diversos, marcados tanto pelo socialismo como pelo totalitarismo de extrema-direita. O que confere a diversidade dos modelos sem dúvida é a relação de legitimidade de classes sociais específicas com a política de Estado. Outra coisa, muitíssimo importante, é saber quais são os Estados nacionais, ou qual “constelação pós-nacional”, levaria a cabo a institucionalização de uma nova noção de racionalidade econômica, sustentando-a nas lutas de classes pelo monopólio de definir o que economicamente racional.

Bem, obviamente isso não é uma receita de como transformar o capitalismo. Tentei apenas articular alguns caminhos analíticos da sociologia política de Max Weber para pensar a dinâmica de mudança ideológica e institucional que pressupomos em um processo efetivo de mudança social. Acho que Max Weber pode ajudar muito a refletir sobre a crise, sobretudo para enfrentar algumas questões que o pensamento de Karl Marx não enfrenta muito bem.