segunda-feira, 24 de novembro de 2008

“Quem votou em Odete Roithman?”: Algumas palavras sobre os votos de Makhoul e Odete nas últimas eleições

por Brand Arenari
Nas duas últimas eleições municipais, fomos todos “surpreendidos” por uma expressiva votação em certos candidatos aos quais não se esperava muito. Quanto a isso, me refiro ao montante de votos obtidos pelo candidato Makhoul Mussalém nas eleições do ano de 2004, em que este concorreu pelo PT, e também à candidata Odete, que concorreu pelo PCdoB nas eleições deste ano. O candidato conhecido como “Dr. Makhoul” recebeu em 2004 cerca de 33.000 votos o que equivalia a quase 14% dos votos válidos, já a candidata “Professora Odete” obteve cerca de 27.000 votos, que devido a não computação dos votos do candidato Arnaldo Viana o cálculo da porcentagem dos votos de Odete não é segura.

Ao fim das eleições do ano de 2004 muito se falou que a surpreendente votação de Makhoul, se devia, sobretudo, ao prestígio pessoal deste médico em setores da classe média, ou seja, boa parte daqueles 33.000 votos era uma chancela de confiança pessoal no doutor. No entanto, nas eleições de 2008, a “Professora Odete”, que supostamente não contava com este prestígio obteve uma votação parecida, o que nos faz rever a primeira idéia apresentada sobre os votos de Makhoul.

Essas duas últimas eleições apresentaram quadros bem parecidos, o que nos encoraja mais a fazer comparações. Em ambas, o centro da disputa girou entorno do enfrentamento das forças de Garotinho contra as de Arnaldo Viana, os quais outrora eram aliados. E a partir deste quadro uma outra possibilidade para a interpretação destes votos aparece. Com todo respeito às figuras de Makhoul e Odete, nos parece mais razoável crer que há um grupo de eleitores, que varia entre 25.000 e 30.000, disposto a votar em quem se lhe apresente como sendo alguma possibilidade alternativa entre os grupos políticos de Arnaldo e Garotinho. Em outras palavras, podemos dizer que há cerca de 30.000 votos “avanço” em Campos, para usar uma expressão de nossa infância. No entanto, só podem “avançar” neles com algum sucesso aqueles que se apresentarem como alternativa genuína ou quase genuína aos grupos de Arnaldo e Garotinho.

Vale lembrar também, que o primeiro possível candidato a desfrutar desses votos, a saber, Paulo Feijó, foi, pelo contrário, o primeiro a pagar a conta deles. Na eleição de 2004, Paulo Feijó, que ainda tinha um prestígio político significativo, não foi capaz de convencer esse grupo que seria uma verdadeira alternativa para Campos o que lhe custou à participação no segundo turno da eleição. Já em 2008, com a imagem muito desgastada, essa conta a pagar lhe comprometeu o futuro político. A primeira impressão é, que primeiro Makhoul, e depois Odete, retiraram votos preciosos que poderiam ser de Feijó.

Há ainda muito que se perguntar sobre este grupo, até mesmo se ele realmente existe. Caso a primeira resposta seja positiva, outras tantas perguntas sobre a identidade deste grupo aparecem. As zonas eleitorais em que estes candidatos tiveram votação expressiva nos deixam algumas pistas a seguir, e uma série de tantas outras perguntas a se fazer. Existiria em Campos um grupo “blindado” às ofertas clientelistas que atingem tanto a massa quanto a elite de empresários e lobistas locais? Há reais possibilidades de expansão desse grupo? Essas perguntas entre tantas outras são indispensáveis àqueles que almejam ser alternativas no plano político, como também àqueles que se devotam a entender a política local.
O que é certo até aqui, é que há muito que se pesquisar e discutir para verificar as palavras acima. Porém, enquanto carecemos de pesquisas de longo alcance sobre o eleitorado campista, vamos tocando nossas conversas “botequinescas” sobre o tema, que às vezes, pela ausência de rigor metodológico, nos premia com criatividade e intuições vagas que ajudam no entendimento de nosso mundo.


23 comentários:

Roberto Torres disse...

Obviamente esse grupo nao existe enquanto uma consciencia de si mesmo e muito menos por causa dela. Se ele existe, e que creio que sim, é porque interesses que a política clientelista nao consegue atender assumem alguma sistematicidade no voto. É engracado como cada vez mais a tal da explicacao personalista me parece ridícula. Acho que a melhor crítica a se fazer a ela e que ela nao passa de mera tautologia. Dizer que Mackoul teve mt votoso porque ele é tem conhecimento pessoal é repetir o fato com palavras. O que precisa ser feito é dizer como e porque ele tem conhecimento pessoal, e com que tipo de pessoas.

George Gomes Coutinho disse...

De toda maneira o post de Brand é importante justamente por nos convidar a fazer aquilo que até o momento a maioria teria se esquivado: pensar a cidade no médio e longo prazo.

Algo muito mais interessante e trabalhoso do que o fácil adesismo que acompanhei no último mês...

VP disse...

Na esperança que a provocação do Brand faça aqueles que se afastaram dos partidos pensem numa estratégia para as próximas eleições municipais.

Se essas eleições deixaram uma lição é a de que não adianta movimentos voluntaristas no ano eleitoral.

Todo bom planejamento começa com um bom diagnóstico. Que juntem os cacos em tempo. Conversas de botiquins são fundamentais (sabem o quanto eu aprecio!), mas não suficientes. Torço para que consigam retomar os partidos que têm possibilidades de organizar movimentos sociais (de opinião) mais sólidos e profissionalizados.

Um primeiro passo positivo já foi dado, sem nem que nada combinassem com os eleitores: a derrota de determinados grupos que apoiaram Arnaldo.
Otimista que sou, provoco: imaginem o que seria do PT em Campos se Arnaldo tivesse ganhado as eleições?

A hora é de aproveitar o vácuo eleitoral. Os que alinharam o PT com Arnaldo estão derrotados. Que aproveitem o momento.

Enquanto a maioria está a pensar nas eleições presidenciais, seria de bom alvitre que se pensassem nas eleições de municipais de 2012! O tempo urge e sapucaí é grande.

Abraços,

Fabrício Maciel disse...

concordo com Brand, é mais por oposição às opções sempre dominantes do qeu por prestigio das campanhas alternativas.

Roberto Torres disse...

Mais aí está a questao mais interessante Fabrício. Acho que Brand está certo em dizer que nao é o prestígio pessoal de um ou de outro que explica esse relevante número de "eleitores alternativos" que Campos vem apresenta nas duas últimas eleicoes. E acho que também nao é pela capacidade de aglutitanacao de qualquer um dos partidos,que é decisiva como Vitor ressaltou. Na verdade, o que eu acho que existe é um descontentamento potencial que foi aglutinado de modo fragmentado em eleicoes! Precisamos entender de onde vem este descontentamento e com ele pode ser sistematicamente aglutinado em movimentos soiciais e na política partidária.

Brand Arenari disse...

Roberto, sobre a capacidade de alglutinacao que partidos poderiam ter em relacao a esses votos, eu diria que o PT seria a tendência natural. Porém, o PT de Campos é sinônimo de incompetência eleitoral, as escolhas que fez jamais o transformaram no partido forte que o PT é nacionalmente, pelo contrário, transformaram-no no que é hoje, um partido sem identidade e sem expressão em Campos. Pretendo escrever um post só sobre isso.
Abraco

Anônimo disse...

O PT em Campos aprendeu só o que havia de pior no PT Nacional! Não compareceu nas demais aulas...

Douglas Azeredo disse...

Bom... É a primeira vez que comento por aqui, de enorme relevância a observação que o texto levanta.
Roberto, com meu superficial conhecimento sobre a questão, acredito que se dividirmos por classes, esse descontentamento parte em sua maioria de uma parcela da classe média, incluída nessa classe, está uma parcela significativa dos jovens e da população na faixa até aproximadamente os 30 anos, que não se interessam pela política partidária, ou pelo menos assim eles dizem, digo isso pelos meus ex-colegas de turma do ensino médio, moradores de variados bairros da cidade e de distritos do interior do município, que sem esperanças e sem uma referência e com um melhor senso crítico [estudantes do CEFET Campos, sem querer desmerecer os demais estudantes] e também por primos na faixa etária dos 20 a 30 anos que acabaram optando pelo novo, mas claro que não foram apenas os estudantes quem votaram no Mackoul e na Odete. Porém, a grande questão ao meu ver é a classe média, pois quando digo a classe média, me refiro a ela como um todo, que isso fique bem claro, e aí que chega o ponto X, já que a elite [que nessa cidade é uma parcela mínima] sabe muito bem quais são os seus problemas, os mais abastardos podem não possuir o discernimento, o senso crítico, mas na hora que puderem dar o troco pode ter certeza que assim farão, seja no ambiente de trabalho, seja nas urnas tirando o grupo com o qual não está satisfeito, independente de qual seja o outro grupo a qual creditam o voto ou que esse outro grupo possua a mesma origem do que se encontra no poder. Agora a classe média [maioria da população de nossa cidade], devido a sua dimensão e estratificações, acaba sendo algo mais complexo chegar a um denominador comum, até porque na maioria das vezes a classe média prefere fechar os olhos, fingir que não está vendo, mesmo possuindo o conhecimento, o acesso a informação, enfim, como todos já sabemos prefere-se manter alienada. Não considero uma tarefa nada fácil, mas concordo plenamente que “precisamos entender de onde vem este descontentamento e com ele pode ser sistematicamente aglutinado em movimentos soiciais e na política partidária”, pois como o Vitor já falou, todo bom planejamento começa com um bom diagnóstico.

xacal disse...

Caros senhores,

Vou, como de costume, "meter a colher suja" no debate:

O ex-pt de Campos dos G. é um reflexo do caos do ex-pt fluminense...

É verdade que o fênomeno "garotinho" solapou boa parte da capacidade de aglutinação de forças políticas na região...
Não seria errado dizer que o ex-pt de Campos dos G.ainda padece da sua "incompreensão" do fênomeno...

Mas isso não é escusa, muito ao contrário...

O ex-pt local padece de uma "preguiça endêmica"...Talvez por isso oscile entre o discurso neo udenista, e a "esperança" de que surja algum "salvador" da pátria, com votos e virtudes, que sabemos, é um "prato cheio" para distorções e desvios, como aconteceu...

Boa parte do esforço do ex-pt para se firmar no cenário local se diluiu com o esvaziamento político das instâncias sindicais do funcionalismo, e com o "aparelhamento" das relações sócio-econômicas e políticas pelo avalanche de dinheiro da pmcg e da máquina...

Fiel a sua "preguiça" o ex-pt sempre tentou embarcar em projetos alheios, balançando entre os "garotinhos" e sua dissidências...

Cedeu a polarização, e não apresentou uma alternativa...

Assim, como havia pouco acúmulo, e pouco capital político acumulado, restou reeditar práticas nefastas para o controle da máquina partidária, onde a intenção era simplesmente "privatizar" a interlocução para auferir mais vantagens para cada grupo, sempre referenciado em cortes pessoais...

O advento da vitória de Lula aprofundou essas relações promíscuas, e artificiais...Criou-se uma quimera de que esse grupo local poderia reproduzir aqui o peso político das instâncias nacionais, mas o que se viu foi apenas a instrumentalização de recursos para garantir "feudos regionais" para os "capas pretas de Brasília e da capital do nosso Estado"...

Como reverter esse quadro...? Sinceramente, não sei...o nível de ausência do ex-pt local nas discussões importantes sobre nosso município é alarmante, muito embora alguns quadros detenham certa visibilidade, mas que não repercute em inserção social alguma...

Um abraço

Roberto Torres disse...

Doug, seja bem vindo ao Blog! Na verdade, nenhum de nós aqui é especialista nesse tema da política de classes em Campos. Nao temos uma pesquisa sobre isso. Estamos tentando especular um diagnóstico e voce também pode contribuir nisso! E, aliás, concordo com vc que a questao é mesmo a classe média! E dai que vem o descontentamento. Também acho que as elites economicas em campos sao convictamente conservadoras e dai nao sai nada que presta. Da classe média é que talvez possa survir algo novo, ainda que no comeco seja apenas uma "irritacao"... Felizmente existe a possibildiade de que, dependendo da correlacao de forcas, uma afinidade politica entre parte da classe média e setores pobres podem produzir mudancas. Acho que esse tipo de afinidade quase nunca se dá por um acordo cosciente de interesses, e muito mais por um consenso mais no nível de rejeicoes e afeicoes que nao chegam a formar uma consciencia de classe.

Acho que precisamos de uma afinidade de interesses entre os setores da classe média descontentes com a atual politica de Campos com parte relevante dos pobres capaz de resultar, por exemplo, em vitórias nas urnas. O problema é ganhar esses pobres do clientelismo da prefeitura. Concordo com Brand e Vitor que nao há como pensar nisso sem a vanguarda de um Partido.

Roberto Torres disse...

Xacal, concordo com cada palavra sua sobre o ex-Pt de campos!

xacal disse...

Roberto,

Concordo com o diagnóstico, mas duvido que seja plausível...

Setores médios da sociedade incorporam um certo descontentamento, e são capazes até de integrar um espectro político que repercuta essa "indignação"...

Mas falta a classe média um fator precípuo: consciência de classe...

A classe média é como um mataborrão que oscila muito mais devido a questões conjunturais, do que estruturais...

Ainda mais em um país onde a idéia de classe média é incipiente e recente...tardia como nosso próprio capitalismo...

Os limites da classe média podem ser observados na própria trajetória do pt e de Lula...enquanto o pt manteve sua base orgânica vinculada aos movimentos sociais hegemonizados por setores médios, o pt estancou em um "teto" político que impedia a conquista do poder...

Na transição, que levou o pt a fincar os pés nas classes populares, majoritariamente em regiões pobres do norte e nordeste, houve uma "desfiguração" do partido, em parte por uma visão "elitista" e "preconceituosa" do establishment partidário, que só enxergava os mais pobres através das mesmas lentes dos conservadores...mas que escondia em um discurso "moralista" que ruiu com o exercício da realpolitik...

o pt migrou do fundamentalismo vanguardista classe média, que lhe dava algum verniz ideológico, e pulou para um clientelismo de cores populistas, e transformou-se em uma "gelatina ideológica"...

faltou o "salto de qualidade" que superasse uma contradição que desde o nascimento o pt soube equilibrar, não sem ferimentos e lutas fraticidas: o sindicalismo revolucionário de orientação marxista, com as entidades eclesiais de bases cristãs...

Agora, não temos mais nada...
A tarefa de governar exauriu e aparelho o partido...viramos peças decorativas, incapazes de articular essa vanguarda que vocês citaram...

Roberto Torres disse...

Sim Xacal, e com isso o PT deixou de ser o ator coletivo capaz de juntar vanguarda crítica e aprendizado político dos pobres... Eu acho que a transicao do vanguardismo para o clientelismo foi impulsionada por que o PT precisou ampliar sua "base" (eleitoral) e o fez abandonando a estratégia de conscientizacao política de antes. Esse diagnostico também e bem comum, eu sei... mas o que incomoda bastante é que o PT nao fez nenhuma autocrítica séria sobre isso. E tenho a impressao de que nao se trata de um partido tao refem do governo quanto em outros casos... acho que a burocratizacao do partido, a "lei de ferro das oligarquias", nao foi a única responsável pela falta de criatividade ideológica do partido..

xacal disse...

Não meu caro, absolutamente...foi a arrogância típica de quem ganha eleição...

Aliás um debate antigo e desfocado dentro do ex-pt, que volta e meia dá o ar da sua (des)graça:
quem "tem voto" se acha detentor da "verdade política", e tenta submeter toda a lógica a um pragmatismo de mão única, e pobre de conteúdo...

Nós acompanhamos esse falso dilema aqui em Campos dos G. próximo a convenção que alugou o ex-pt local ao telhado de vidro, lembra-se...?o critério único, o dogma, eram as "pesquisas"...a visibilidade eleitoral, etc, etc...

Com o tempo, os "vencedores" solaparam a capacidade de "pensar" do partido, e de certa forma, a tarefa de governar absorveu quem "tinha pressa" em fazer suas convicções tornarem-se realidade, para depois poderem contar suas façanhas aos netos e bisnetos...

Roberto Torres disse...

Xacal, quando eu disse que o PT precisou ampliar suas bases, nao foi no sentido de justificar tudo que foi feito em prol disto. Claro que há muita arrogancia nesse movimento todo.

Acabei de ler uma entrevista com Werneck Wiana, um dos intelectuais de esquerda vivos mais interessantes e ativos que certamente já tivemos. Vale a pena dar uma olhada, ele traz relatos mt interessantes sobre essa crise do PT e da esquerda.
http://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=1001

xacal disse...

Nem eu atribuí esse sentido a sua fala, apenas tentei registrar o porquê, a partir de vivências próprias...

Douglas Azeredo disse...

Roberto, concordo com você e com o Xacal. É claro que a classe média não se reconhece como classe, não possui uma identidade, um faz um agrado ali, outro aqui e a classe média acredita ou finge que acredita que está sendo beneficiada diretamente e que tudo reina na mais perfeita harmonia. Sem dúvidas que o grande obstáculo é unir uma parcela considerável da classe média a uma parcela considerável de população de baixa renda de forma a produzir mudanças.

Brand Arenari disse...

O Debate está ótimo! Vou Fazer algumas poucas considerações.

1. Por mais que eu seja adepto destes debates e por muitas vezes uso de um certo desprezo quanto à métodos muito rígidos, acho que eles são importantes. Estamos muito cheios de certeza, a hora agora é de especular, como estamos fazendo, mas ainda não colocar pontos finais e certezas. Creio que há muito a se saber sobre esse tal grupo, e sobre a classe média em si, que é um espectro muito amplo.
2. Acho que precisamos abandonar o vício messiânico marxista. Não existe em lugar nenhum do mundo uma classe perfeita, brava, lutadora e honesta pronta para nos redimir. Não existe nada parecido como o proletariado que Marx pensou e o marxismo propagou. Esse romantismo precisa ser abandonado. Caso queiramos fazer política real, temos que jogar com as pecas que temos. E o que temos é um possível grupo que não é facilmente cooptado pelo clientelismo, que é o nosso grande inimigo em Campos. Então, antes de perguntar se este grupo tem vocação para a revolução, precisamos saber quem é realmente ele, e se existe reais possibilidades de expansão dele. Desse modo podemos garantir um avanço do processo democrático em nossas terras.
3. Acho também que apreendemos com o tempo que nenhuma classe ou setor da sociedade consegue ter sucesso político sozinha, não vai ser a classe média ou sei lá qual que nos salvará do mal.

Por enquanto é isso, abraço a todos e seja bem-vindo Doug

Brand Arenari disse...

Esqueci de dizer: Excelente diagnóstico do pt local Xacal!

Roberto Torres disse...

Brand, nao podemos mesmos voltar a esse romantismo reducionista. Ao projetar toda a fonte de virtude em uma classe "eleita", tal qual o povo de Israel, a imaginacao política da esquerda abandona sua principal tarefa: contribur na criacao de uma visao de mundo crítica, mais universalista que as anteriores, e que seja capaz de minimizar a própria diferenciacao de classe no convício entre os seres humanos... Mas, no terreno da Realpolitik (e como fazer política sem ele?), importa identificar as contradicoes sociais das quais uma nova articulacao de classe pode surgir... Quero dizer com isso que, se uma mudanca efetiva acontece em sociedades, ela se dá sempre pela "fusao" de interesses, pela constituicao inovadora de um novo ator coletivo a partir das diferencas de classe de antes. Mas, quando falo em fusao, nao quero ser confundido com uma certa nocao consensualista da política, que entende a busca do consenso como a acao política mais adequada para a mudanca social. Política e mudanca social se dao pelo conflito de classes! Pela dialética entre alianca e conflito!

Anônimo disse...

Só para fazer coro com meus colegas de blog: também concordo com Xacal!

Unknown disse...

Estou de passagem, rápido. Estou estudando para tentar Mestrado em Sociologia Politica na UENF e sem tempo no momento, para comentários. Apenas um recado para o Brand:no mes de maio ele procurou por Erik Schunk. O Erick me enviou um e-mail indicando o seu novo blog: http://erikschunk.blogspot.com/ . Dizia-me ele: "Criei um blog para semanalmente discutir questões políticas de nossa cidade". Encontrado o ator, divulgado, tarefa cumprida. Leio o blog de voces; tem muita densidade. Continuem no mesmo nível. Abraços.
Aguinaldo

Brand Arenari disse...

Obrigado pela atencao e pelo comentário Aguinaldo. Já entramos em contato com o Erik, em breve teremos uma entrevista dele aqui.
Abraco.