quinta-feira, 26 de março de 2009

A Caixa Econômica Federal no Governo Lula


Rider de Azevedo Gonçalves Filho tem 48 anos e é funcionário concursado da Caixa Econômica Federal desde 1981, formado em Gestão Estratégica das Organizações, pela Unisul de Santa Catarina foi Superintendente da (CEF) na região entre 2004 e 2008 e nos conta como foi sua experiência na gestão de um dos maiores Bancos do País.


Sr. Rider o que é uma superintendência da Caixa Econômica Federal (CEF)?


Uma superintendência da Caixa é basicamente uma representação regional da presidência da empresa e dá o tom da atuação da mesma em cada região. Funciona numa cidade sede(no nosso caso, Campos) e é responsável pela atuação da Caixa na região( no nosso caso, Norte, Noroeste, região serrana(Friburgo) e Lagos(Macaé e Rio das Ostras), perfazendo um total de 33 municípios). A Caixa possui outras 6 superintendências no Estado com bases em Niterói, Volta Redonda e na cidade do Rio de Janeiro, que possui 4.A superintendência Norte Fluminense tem sob a sua subordinação 22 agências e é também responsável pelo repasse e fiscalização dos recursos do governo federal para as prefeituras.

Como o Sr. Foi escolhido para desempenhar essa função?

Ingressei na Caixa por concurso público em 1981 e de 1984 a 2003 exerci o cargo de gerente geral em 8 cidades na região Norte-Noroeste fluminense, o que me deu um vasto conhecimento sobre a realidade regional. Daí, no início do governo Lula, o PT decidiu apoiar a indicação do meu nome para assumir a Superintendência Regional, mesmo eu não sendo filiado ao partido.
Durante o seu tempo na Superintendência, como foi o relacionamento com o Partido dos Trabalhadores ?

O PT apoiou integralmente o meu trabalho nesses 5 anos, não tendo jamais criado nenhuma situação de desconforto ou constrangimento ou exigido alguma coisa em troca pelo fato de ter indicado o meu nome. Antes disso, me deu total liberdade para que nós pudéssemos implementar com sucesso uma política de governo que viesse a melhorar a qualidade de vida na região.

A Superintendência da CEF é responsável pelo repasse e fiscalização de recursos do Governo Federal, isso obriga o banco a atuar em parceria com as prefeituras da região. Como o Sr. analisa a relação da Caixa com as prefeituras?

A Caixa tem sido responsável pelo repasse dos recursos federais às prefeituras locais, além de acompanhar e fiscalizar a boa aplicação dos mesmos. No final de 2008 esses recursos formavam uma carteira de cerca de R$200 milhões, que são liberados de acordo com um cronograma de execução das obras.
Temos orientado as equipes das prefeituras no sentido de incluir projetos bem estruturados nos sites dos Ministérios, principalmente o das CIDADES, SAÚDE E TURISMO, já que os mesmmos são analisados e autorizados on-line pelos Ministérios, criando uma alternativa interessante de captação de recursos, em contraponto às emendas parlamentares.

A CEF administra os recursos do FGTS e é responsável pelo programa de construção de casas de casas populares o que foi feito nesse setor na região?

Em parceria com várias dessas prefeituras, realizamos diversas operações coletivas habitacionais com recursos subsidiados do FGTS, que juntamente com o programa PAR(programa de Arrendamento Residencial), promoveram a construção de cerca de 2.000 unidades habitacionais nos municipios de CAMPOS, MACAÉ, SÃO JOÃO DA BARRA, MADALENA, CONCEIÇÃO DE MACABU, CARDOSO MOREIRA, SANTO ANTONIO DE PÁDUA E SÃO JOSÉ DE UBÁ). Especificamente em Pádua, construímos uma Agro Vila, ou seja, um conjunto habitacional em área rural, com estrutura de atendimento de saúde, educação e social, além de orientação para plantio, artesanato(produção e venda), que fez com que as famílias beneficiadas tivessem acesso pleno à cidadania e dignidade(moradia e trabalho). Foi um grande trabalho da CAIXA em conjunto com a PREFEITURA DE PÁDUA, EMATER, MESA E EMPRESÁRIOS DE PÁDUA.Ações deste tipo nunca haviam sido promovidas anteriormente pela Caixa na região e pôde acontecer tendo em vista todo o direcionamento da política de governo voltada para o atendimento às camadas mais pobres da população.Ressalto que a escolha das prefeituras contempladas se deu em função do interesse e disposição do poder público local, merecendo o investimento da Caixa nesses municípios, independentemente da cor partidária do executivo local.
Pouco antes de eu sair, deixamos alinhavada a assinatura de um Protocolo de Intenções de R$ 270 milhões com a Prefeitura de Campos, de recursos para serem utilizados na construção de unidades habitacionais para público de baixa renda. Este protocolo deverá ser assinado ainda este mês.

Pensando nas grandes linhas da política do Banco qual foi a grande mudança do governo Lula?

A maior mudança foi o direcionamento do governo no sentido de tornar os produtos bancários acessíveis às camadas mais pobres da população, até então alijadas do mercado bancário nacional, fazendo com que o cidadão mais humilde pudesse ter uma conta bancária, crédito, financiamento para casa própria,etc.

Hoje é possível dizer que pessoas de baixa renda têm condições de possuir uma conta com cartão de crédito e cheque especial?

A Caixa criou a conta CAIXA AQUI, uma conta sem exigência de comprovação de renda, que permite a movimentação por cartão magnético e isento de tarifas bancárias e até de CPMF, bastando que a movimentação não ultrapasse a R$1.000,00. Abrimos milhares dessas contas na região e após algum tempo algumas delas mereceram receber cartão de crédito e um cheque especial de R$200, tendo a vista o controle e o equillibrio que alguns correntistas apresentavam.
A CEF possui um programa de micro crédito como o Sr. avalia os impactos dessa política e qual o percentual de inadimplência?

A disponibilização do micro crédito representa geração de emprego e renda, gerando desenvolvimento na região. Temos apoiado as pessoas físicas, através do penhor, crédito consignado, proger, etc. e as micro e pequenas empresas através de apoio creditício para capital de giro e aquisição de equipamentos, contribuindo para o fortalecimento da economia regional.
A caixa inovou na promoção de patrocínios na região. Como isso foi possível?

O governo Lula promoveu a descentralização das verbas de patrocínio, e assim a CAIXA pôde apoiar diversas iniciativas culturais na região, patrocinando peças teatrais, shows de MPB, concertos musicais, Palestras Empresariais, seminários, feiras temáticas, eventos esportivos, etc, fomentando as mais diversas manifestações culturais da nossa região. Foi um total de cerca de R$500 mil reais investidos nesses 5 anos. Campos e Nova Friburgo foram os municípios mais contemplados, já que apresentaram diversos projetos de boa qualidade.

As ações sociais do banco que beneficiam as camadas mais empobrecidas da região afetaram negativamente o lucro do banco?

Ao contrário, o lucro da Caixa quadruplicou nesses últimos 6 anos, comprovando que as atividades comercial e social de um banco podem caminhar juntas, quando há uma administração firme e criativa por trás.

A crise internacional em curso vai afetar os projetos da (CEF)? Os investimentos sociais do Banco podem sofrer cortes?

Por enquanto não há previsão de cortes nos investimentos da Caixa, já que ela é um dos maiores braços do governo federal no combate à crise e a recessão. Dessa forma a Caixa vem reduzindo sistematicamente suas taxas de juros desde o final do ano passado e há uma boa disponiblização de recursos para crédito, principalmente o habitacional, já que a construção civil é um dos maiores geradores de empregos no país, além de ajudar o governo a vencer o desafio da redução do déficit habitacional.

Por que o atendimento nas agências ainda é muito precário? Qual é o déficit de funcionários da CEF e por que ele permanece?

A Caixa é o único banco que atende o trabalhador brasileiro nas suas grandes demandas como o PIS, FGTS, SEGURO DESEMPREGO, ETC. Isso explica a grande procura por atendimento que as nossas agências têm. A Caixa vêm buscando minimizar esses impactos com diversas medidas de automação´como cartão do cidadão, terminais de auto atendimento, correspondentes bancários, etc, mas reconhecemos que há momentos em que essas medidas não são suficientes. De 2003 para cá a Caixa aumentou o quantitativo de empregados de 65.000 para quase 90.000 e a contratação de mais concursados passa necessariamente por uma autorização do Ministério da Fazenda. Estendemos a rede de atuação da Caixa na região com inauguração de novas agências em GUARUS, PELINCA, RIO DAS OSTRAS E NATIVIDADE, além de CAVALEIROS em Macaé, cuja obra está em andamento com previsão de término para maio/2009. Aumentamos também a rede de lotéricos e correspondentes bancários com cerca de 40 novos postos de atendimento na região, contribuindo para o fortalecimento da economia local nos bairros e distritos que receberam esses postos.

7 comentários:

Anônimo disse...

Propaganda barata do governo Lula. Este blog já foi melhor. . .

xacal disse...

Boa a entrevista...

Faltou perguntar por que o spread bancário nos bancos oficiais não diminuiu, como pregou o Lula...

Ninguém conseguiu me explicar até agora, e essa entrevista seria uma boa chance, como bancos tomam dinheiro a 1% ao mês e emprestam a 15%, e dizem na cara-de-pau que aí estão embutidos custos, e o fator-risco...

Um abraço...

Fabrício Maciel disse...

Ainda que a entrevista nao apresente pontos críticos ao governo, afinal trata-se de alguém de dentro de mecanismos institucionais que em seus limites tentam pelo menos cumprir as obrigações formais do governo, o esforço de Renato nesta entrevista é importante para explicitar a função de uma instituição como essa, que eu mesmo nao conhecia bem, e permite que elaboremos melhor a crítica, conhecendo melhor as obrigações e limites formais de nossas instituições.

George Gomes Coutinho disse...

Também interpretei a entrevista sob um ponto de vista pedagógico...

Anônimo disse...

A caixa aqui em Rondônia é um desrepeito ao cidadão, tanto funcionarios como clientes.

Você ainda nào sabe o que é a caixa ? Então veja aqui : http://desciclopedia.org/wiki/Caixa_Econ%C3%B4mica_Federal

Se a pagina não abrir pode ser seu anti-virus que foi corrompido por um daquelas gerentes pinóquio de uma daquelas agencias da caixa que existe nos predios da justiça federal por ai a fora.

Anônimo disse...

Parabéns pela entrevista Rider,como funcionário da CEF conheço seu trabalho um pouco mais de perto e você sempre me passou inspiração e respeito.Boa sorte aonde quer que você va assumir e qual função for.

xacal disse...

Concordo, mas o tema ao que me referi diz respeito ao sistema financeiro, e da função "pedagógica" que deveria ser adotada pelos bancos oficiais...

O próprio presidente Lula já apontou o alto "spread" dos bancos oficiais como um problema a ser enfrentado, que seria uma maneira de estimular as entidades privadas a baixarem suas gigantescas margens pela "concorrência regulatória", promovida pelo Estado e seus bancos...