Hoje é 31 de março de 2009. Há 45 anos atrás agrupamentos de militares, que recebem seu soldo pago pelo contribuinte de esquerda, direita, centro, apolítico, ateu, decidem romper a normalidade institucional sem consultar a população. Apoiados pela lumpenpetitburgeoise e pela imprensa nacional interrompem o ciclo democrático iniciado mais ou menos após a 2ª Grande Guerra.
Os "Gorilas" então, bancados por dinheiro de impostos, resolvem estuprar, torturar, prender... Em nome do Estado. Sempre bancados pelo dinheiro de impostos. Tendo a legitimidade do monopólio "legítimo" da violência. São agentes do Estado e em nome deste atuam.
Agora, 45 anos depois, os "Gorilas", que recebem suas aposentadorias provenientes do dinheiro do contribuinte, em pleno Estado democrático de direito, acham super natural comemorar, mais uma vez com o meu, o seu, o nosso dinheirinho suado ganho sem molestar ninguém, os 45 anos do Golpe. Não precisamos passar por isso.
Por mais esse escárnio eu pergunto o que falta para passarmos a limpo os arquivos? Quem assinou a petição de ação para os "Gorilas"? O que de fato fizeram? Quantos realmente mataram "em nome da democracia"?
Usualmente opto por textos mais analíticos. Mas, análise tem limite. Me incomoda profundamente saber que, dentre os países da América Latina, o Brasil forneça confortável guarita aos torturadores bancados pelo Estado.
8 comentários:
Com o dinheiro público se promove o esquecimento da história. Os cultores da "anistia" irrestrita assim pensam, esquecendo apenas de dizer que os crimes de Estado durante a ditadura são imprescritíveis segundo as convenções internacionais das quais o Brasil é signatário.
Estes clubes são privados George... Embora isto não tira o teor de escárnio do evento.
A postura é válida contra privilégios sociais embasados pelo Estado que, como Bourdieu diria, neste caso se desdobra em seu potencial mais particularista. Até hoje netos de homens que torturaram pessoas naquela época recebem pensões especiais de cinquenta mil reais. Um estado interditor das liberdades individuais é ao mesmo tempo efeito e causa de um aprendizado político nacional fraco.
Bill, minha crítica foi mais no sentido que o Fabrício colocou.
Não é razoável que em uma realidade com pretensões republicanas recebam pensões e soldos aqueles que praticaram crimes em nome do Estado. E, concordando mais uma vez com o Fabrício, inclusive aí seus herdeiros.
É moralmente inaceitável.
As reparações para profissionais que tiveram suas carreiras destruídas pelo regime (incluso aí as progressões funcionais de carreira cujo parâmetro deveria ser o mérito) é moralmente correto. Mas, estes senhores receberam honrarias e subiram em patente TORTURANDO em nome do Estado.
Inaceitável.
Eu concordo com os dois. Minha questão dizia respeito somente ao teor do texto, que me pareceu não compreender este detalhe. Em campos eu morei ao lado de um senhor que era do clube do exército, estava aposentado, e na ocasião da morte de um de seus companheiros de exército - não me lembro ao certo quem era, mas sua morte repercutiu em função de seu envolvimento com a tortura - estava muito melancólico. muitos ainda estão soutos, festejano em seus clubes a anistia. E o governo Lula pouco fez, ou nada fez, para reverter este quadro de impunidade.
a discussao é interessante pois parece nos remeter a uma caixa preta moral de nossa sociedade. de vez em quando aparece no Fantástico alguém tentando futucar o problema, mas logo depois se engaveta. Tem espaços obscuros de nossa moralidade conservadora onde o governo não irá enquanto o pensamento social como um todo não mudar. ainda parece legitimo ao nosso senso comum as congratulações a quem "manteve a ordem quando o país podia desmoronar", ainda que hoje apenas uns poucos timidamente assumam isso.
Fabrício tem razao. Nao construimos um senso comum de ingnacao em relacao a ditadura, como eu acho que existe em outros países como a Argentina.
mais uma vez estamos de acordo...
E no caso da Argentina as "Mães de Praça de Maio", por exemplo, além das mobilizações permanentes de crítica à ditadura e ao Estado truculento, criaram um outro estado de coisas.
Justamente por terem ocupado o espaço público.
Aqui grupos como o "tortura nunca mais" são fundamentais mas precisariam desta disposição, de ocupação do espaço público, para evitarmos que opiniões como da Folha de São Paulo defenda que tivemos uma "ditabranda".
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