terça-feira, 10 de junho de 2008

Analisando a nossa identidade



O blog “Outros Campos” anuncia uma nova série temática. Além das entrevistas que continuarão sendo apresentadas neste blog, pretendemos também oferecer aos nossos leitores uma seqüência de postagens entorno da unidade temática intitulada “Analisando nossa identidade”.
Muitos autores tem nos falado sobre a capacidade de grupos sociais serem reflexivos sobre a constituição dos valores e práticas que orientam o desenvolvimento interno de sua sociedade. Teríamos nós a capacidade de transcender nossos limites enquanto sociedade através de um aprendizado social que certamente passa pela avaliação das bases que orientam nossa ação. Nesta proposta contribuem muitos autores, desde o filósofo Charles Taylor, como também o sociólogo Norbert Elias, este último que metaforicamente colocou sociedades no “divã”. A partir disso, tomo este post como um convite a esta tarefa, na qual possamos debater e refletir sobre aspectos que compõem o que somos nós enquanto sociedade, na esperança que isso contribua para o desenvolvimento da mesma. Lembrando que, a palavra “Desenvolvimento” é tomada aqui no sentido amplo do termo, porque parece que o economicismo que cega a maioria de nossas análises, toma a palavra desenvolvimento como algo automaticamente relacionado à economia. Nesta lógica tacanha, “desenvolvimento” reduz-se a trazer empresas, gerar empregos, aumentar a arrecadação dos Royaltes e etc. Por isso vimos um anônimo aqui postar que se os recursos investidos na UENF fossem investidos nas indústrias locais, trariam mais desenvolvimento para Campos. Essa postura de naturalização da ordem de valores vigentes nos torna incapaz de tecer aquilo que o filósofo Charles Taylor chama de “avaliações fortes”, ou seja, aquelas avaliações sobre as bases que conduzem nossas ações e mesmo de quem somos nós.
Enfim, o blog “Outros Campos” pretende com isso contribuir com a tarefa iniciada pelos blogueiros da cidade, ou seja, a ampliação dos debates e conseguintemente a ampliação da capacidade que nós temos em nos avaliar enquanto sociedade.

2 comentários:

Fabrício Maciel disse...

Interessante Brand. Me lembra vários pontos da discussão weberiana sobre ciência e política como vocação, sobre a qual você talvez possa falar melhor do que eu. Parece que o técnico sem espírito é o que prevalece na política contemporânea, agindo pelos interesses materiais mais imediatos. A única identidade que existe no que se chama de classe política atual é movida pelo potencial de poder de influência local e a posse de bens materiais. A identidade que apresentamos neste blog, bem mais complexa do que o rótulo vazio de idealistas que recebemos de críticos muito mais pragmatistas do que capazes de discutir alguma coisa, é a que se move pela possibilidade de articulação de sentido para o mundo além dos interesses pragmáticos que movem por impulso a grande maioria das pessoas. Não por acaso, há quem diga que seja inocência acreditar que projetos vençam eleições. Sabemos que não é assim. Tal crítica não pode compreender que vencer eleições é o menor propósito, não que seja descartado, de uma verdadeira crítica social que procura tematizar os fundamentos da ação política. Expor as vísceras do funcionamento do sistema político contemporâneo, guiado pelo mesmo espírito pragmatista e incrédulo do tipo de crítica que sofremos, é o interesse identitário que sustentamos.

Roberto Torres disse...

Ótimo fabrício! Eu acho que esse quadro é o que tem mais a ver com nosso blog.

Acho que aqui podemos debater se nossa identidade é tradicional ou moderna, e quais os valores naturalizados que guiam nossas ações.