quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Pacote Fotos e Imagens Históricas de Campos dos Goytacazes - RJ -- Início do século XX


Prezad@s,

Divulgo interessante pacote de imagens históricas de Campos dos Goytacazes que recebi do Thiago Venâncio, do blog "Bioinformatics".

Não me perguntem a origem da coleção... Estou apenas passando adiante.

A foto que ilustra este post é, para os que não reconheceram, da Praça São Salvador. Possivelmente a imagem foi registrada no primeiro quartel do século XX.

Para obter o pacote completo de imagens clique aqui.

Atualização 30/10/2008 - 21:53:

As fotos em questão foram compiladas por Vagner Basílio.

Atualização em 04/08/2010 - 12:42

Fiz o upload também no 4shared a pedidos: http://www.4shared.com/file/cQaRKR5Z/Fotos_de_Campos_Antigas.html

Bom download!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Os Cariocas e sua Decadência


por Ricardo Wisser, carioca, sociólogo e
mestrando em ciencias sociais pela UFJF




Nas eleições do segundo turno no Rio de Janeiro tivemos uma polarização entre dois tipos de candidatos: o blasé zona sul, “cool”, pseudo-crítico e o tecnocrata de direita.
Fernando Gabeira (PV) é o típico candidato de classe média que desfruta de todo o seu capital de relações pessoais com artísticas e intelectuais para dar-lhe a legitimidade necessária. Gabeira é o típico carioca “gente boa”, “de bem com a vida”. No entanto, este termo aqui significa o fato de que o próprio ideal de “carioca” não se confirma senão por meio de uma generalização do ponto de vista específico de classe, sem dúvida, dominante. Este personagem exige toda uma ‘fenomenologia’.
Toda vez que imaginamos o “carioca”, ele em geral, está conversando informalmente com os amigos no bar da esquina, correndo na praia ou mesmo aplaudindo o pôr-do-sol no arpoador. Tudo na “santa paz” de quem não precisa se preocupar com as urgências mundanas. Todavia, este tipo proveniente de uma classe social específica, da burguesia carioca, não se constitui enquanto alguém, como alguns sociólogos apontam refratário às instituições modernas. Ao contrário, ele goza da tranqüilidade de quem já está totalmente integrado a elas. No fundo, o “carioca”, melhor dizendo, o burguês carioca “de vanguarda” como se diz Gabeira é o já conhecido blasé. Este, já descrito por Georg Simmel, é justamente aquele com quem e com que nada se identifica. Ele é um tipo humano covarde porque está sempre disposto a se adequar a tudo na medida em que todas as opiniões são válidas e conciliáveis.
Com charminho “cool”, encarnado na questão ecológica que, diga-se de passagem, preocupação burguesa que adere cada vez mais ao mercado de produtos ecologicamente corretos (e mais caros do que os convencionais) com o ar de estarem sendo os mártires ecológicos enquanto na verdade trata-se de estilização da vida. Não que a questão ecológica não seja relevante, pelo contrário, mas seu potencial crítico torna-se apagado quando parece que tudo se resolve via mercadorias.
Eduardo Paes (PMDB) é o candidato de direita para quem a sociedade se resume, em essência, ao “fetichismo da mercadoria”. Este conceito de Marx expressa bem o espírito deste candidato na medida em que a economia fetichista do liberalismo interpreta o mercado (e sua transferência de valor) a partir da circulação de mercadorias. O mundo e o mercado nos aparecem como se fossem relações entre coisas e não entre pessoas. É se inspirando nesta idéia que podemos ter uma visão mais geral de como isso funciona. Numa forma bem exagerada: políticas públicas são reduzidas a obras, construção de pontes ou repavimentação de ruas. A cidade só é percebida na sua dimensão material, como se fosse composta exclusivamente de ruas, prédios, calçadas e não por pessoas hierarquizadas em classes sociais.
Como qualquer bom candidato de direita Paes percebe o mundo de forma superficial, curto-prazista e fragmentada. Assim como a forma de lidar com a delinqüência é colocar mais policiais na rua ou comprar mais viaturas a maneira mais (na verdade menos) eficaz de melhorar a educação é construindo escolas, como se num “passe de mágica” as crianças fossem se sentir incentivadas a estudar. Ou ainda, imaginemos o esforço (naturalizado por nós leitores) de controle do corpo e da atenção exigido pela leitura. Fragmentados, pois a sociedade aparece como um conjunto estanque de problemas (como segurança pública, saúde, educação e etc.) a serem resolvidos separando aquilo que deveria relacionar. A forma seccionada de enxergar a sociedade contribui para a forma curto-prazista e paliativa de política pública justamente enxergar a sociedade de maneira compartimentada.
Para concluir é preciso afirmar que mesmo no charme pseudo-esquerda ou na visão limitada de quem vê a sociedade como composta de ruas, carros, prédios, isto é, de coisas. Em relação à política foi sempre necessário tomar um passo atrás até porque, como diria Pierre Bourdieu, “as grandes profecias são polissêmicas” .

VIII Semana de Ciências Humanas (CCH - UENF) - Análise Social e Meio Ambiente: Por uma Perspectiva Interdisciplinar

Prezad@s,

Orgulhoso divulgo aqui a programação da "VIII Semana de Ciências Humanas" que este ano tem por foco o seguinte tema: Análise Social e Meio Ambiente: Por uma Perspectiva Interdisciplinar.

É o oitavo ano consecutivo em que estudantes e as coordenações de curso trabalham em prol da divulgação científica, em debates de alto nível, no Centro de Ciências do Homem.

Eis os detalhes do evento. Divulguem e participem!

INSCRIÇÕES

Período de inscrição: 10 de outubro a 3 de novembro de 2008

Horário: 14:00h às 18:00h / As quartas-feiras no pátio do CCH – UENF

Local do Evento: Prédio do Centro de Ciências do Homem - UENF
Av. Alberto Lamego, 2000, Parque Califórnia – CEP 28013-602 – Campos dos Goytacazes, RJ. Maiores Informações semanacch2008@gmail.com

Segunda-feira (03/11)

14:00 às 16:30 – Abertura Solene
Centro de Convenções da UENF
16:30 às 18:00 –Credenciamento, feira de artesanato e Abertura Cultural - Uma homenagem a música popular brasileira - Pátio do CCH
Terça- feira (04/11)

8:00 às 10:00 - Debate: Natureza e meio
ambiente: causas e implicações de uma
mudança conceitual (sala 209 CCH)
Palestrantes: Mestre Leonardo Bis (UFES)
Drª. Paula Mousinho (UENF)

8:00 às 10:00 – Oficina de cerâmica – ceramis-
tas do projeto “Caminhos de barro” UENF.
10:00 às 10:30 – Coffee Break (sala 208 CCH)

10:30 às 12:30 - Debate: Crescimento urbano, população e meio ambiente no século XXI
(sala 209 CCH)
Palestrantes: Dr. Luiz de Pinedo (CEFET)
Dr. Manoel Ricardo Simões (UERJ)

14:00 às 15:00 – Apresentação de trabalhos

15:00 às 18:00 – Mesa: Conflitos ambientais no Brasil contemporâneo: atores, causas e conseqüências. (Auditório CCH)
Palestrantes: Dr. Ronaldo Lobão (UFF)
Doutorando Fábio Reis Motta (UFF)
Dr. Javier Lifschtiz (UENF)

18:00 às 18:30 –Coffee Break (Sala 208 CCH)
18:30 às 19:30 – Lançamento do documentário: “Saberes tradicionais das comunidades da Mata Atlântica” (Javier Alejandro Lifschtiz )

Quarta-feira (05/11)

8:00 às 12:00 – Minicursos:

Planejamento urbano e a questão ambiental (Sala 209 CCH) – Drª Teresa Peixoto (UENF)
Avanços e limitações do direito ambiental no Brasil (Sala 210a CCH) - Drª Miriam Fontenelle (FDC)

10:00 às 10:30 – Coffee Break (Sala 208 CCH)

14:00 às 15:00 – Apresentação de trabalhos

15:00 às 18:00 – Mesa: Economia, ecologia e conflitos ambientais do “desenvolvimento” (Auditório CCH)
Palestrantes: Dr. Marcos Pedlowski (UENF)
Dr. Carlos Rezende (UENF)
Dr. Klemens Laschefski (UFV))

18:00 às 18:30 –Coffee Break (Sala 208 CCH)

18:30 às 19:30 – Lançamento do livro “Atores sociais, participação e ambiente” (Espaço de exposição de fotos)

19:30 –Cultural (D.C.E.) – Festa da VIII Semana Acadêmica

Quinta-feira (06/11)
8:00 às 10:00 - Debate: Os desafios da educação na construção de um pensamento ambiental (Sala 209 CCH)

Palestrantes: Doutorando Miguel Siano (UENF)
Mestre Hélio Gomes (CEFET)

8:00 às 10:00 – Oficina de instrumentos musicais com materiais da natureza (Sala 210a CCH)
Prof. Armando Pereira
10:00 às 10:30 – Coffee Break (Sala 208 CCH)

10:30 às 12:30 - Atualidades da questão agrária no Brasil (Sala 209 CCH)

Palestrantes: Dr. Paulo Marcelo (UENF)
Hermes Cipriano (MST)
Dr. Canrobert Costa Neto (UFRRJ)

14:00 às 15:00 – Apresentação de trabalhos

15:00 às 18:00 – Mesa: Globalização e Meio Ambiente (Auditótio CCH)

Palestrantes: Dr. Frederic Vandenberghe (UFRRJ)
Dr. Glauco Tostes (UENF)

18:00 às 18:30 –Coffee Break ( Sala 208 CCH)

Sexta-feira (07/11)

9:30 às 12:00 – Debate: Desenvolvimento regional: os paradigmas sociais e ambientais e sua aplicação no norte fluminense (Auditório CCH)

Palestrantes:Dr. Aristides Sofiati (UFF)
Dr. Roberto Moraes (CEFET)
Carlos Ronald Macabu (Secretário de Meio ambiente de Campos)

16:00 às 17:00 – Encerramento Solene – Centro de
Convenções da UENF

I MOSTRA DE FOTOGRAFIAS:
“OLHAR ETNOGRÁFICO”
DIAS: 05/11 E 06/11
LOCAL: SALA DE EXPOSIÇÃO

domingo, 26 de outubro de 2008

Espinosa - Sobre as instituições pós eleições

Melancolicamente cabe uma breve reflexão aqui relacionada a Espinosa (1632-1677) para o momento pós eleições em Campos dos Goytacazes: "(O) Estado cuja segurança e liberdade dependam das virtudes privadas dos governantes está fadado à ruína, pois o essencial se encontra na qualidade das instituições".

Esta síntese foi elaborada pela Filósofa Marilena Chauí e está no livro recém lançado "Corrupção: Ensaios e Críticas" (Edufmg) organizado por Avritzer, Bignotto, Guimarães e Starling. Sugestivo pois ilustra somente o tamanho do desafio que teremos aqui enquanto sociedade civil nos próximos 04 anos. A despeito do resultado final.

sábado, 25 de outubro de 2008



Eric Hobsbawm sobre a crise do capitalismo

Alheio ao que ocorre nos "mesmos Campos" entre Rosinha e Arnaldo, trago alguns trechos da entrevista recente (concedida a BBC) de alguém que passou a vida reconstruindo cientificamente as eras do capitalismo, nos falando sobre a crise atual do sistema.

“A esquerda está virtualmente ausente. Assim, me parece que o principal beneficiário deste descontentamento atual, com uma possível exceção – pelo menos eu espero – nos Estados Unidos, será a direita”, disse.



Muitos consideram o que está acontecendo como uma volta ao estadismo e até do socialismo. O senhor concorda?
Bem, certamente estamos vivendo a crise mais grave do capitalismo desde a década de 30. Lembro-me de um título recente do Financial Times que dizia: O capitalismo em convulsão. Há muito tempo não lia um título como esse no FT.
Agora, acredito que esta crise está sendo mais dramática por causa dos mais de 30 anos de uma certa ideologia “teológica” do livre mercado, que todos os governos do Ocidente seguiram. Porque como Marx, Engels e Schumpter previram, a globalização - que está implícita no capitalismo - não apenas destrói uma herança de tradição como também é incrivelmente instável: opera por meio de uma série de crises.

E o que está acontecendo agora está sendo reconhecido como o fim de uma era específica. Sem dúvida, a partir de agora falaremos mais de (John Maynard) Keynes e menos de (Milton) Friedman e (Friedrich) Hayek.


Todos concordam que, de uma forma ou de outra, o Estado terá um papel maior na economia daqui por diante. Qualquer que seja o papel que os governos venham a assumir, será um empreendimento público de ação e iniciativa, que será algo que orientará, organizará e dirigirá também a economia privada. Será muito mais uma economia mista do que tem sido até agora.


E em relação ao Estado como redistribuidor? O que tem sido feito até agora parece mais pragmático do que ideológico...
Acho que continuará sendo pragmático. O que tem acontecido nos últimos 30 anos é que o capitalismo global vem operando de uma forma incrivelmente instável, exceto, por várias razões, nos países ocidentais desenvolvidos.


No Brasil, nos anos 80, no México, nos 90, no sudeste asiático e Rússia nos anos 90, e na Argentina em 2000: todos sabiam que estas coisas poderiam levar a catástrofes a curto prazo. E para nós isto implicava quedas tremendas do FTSE (índice da bolsa de Londres), mas seis meses depois, recomeçávamos de novo.


Agora, temos os mesmos incentivos que tínhamos nos anos 30: se não fizermos nada, o perigo político e social será profundo e ainda mais depois de tudo, da forma com a qual o capitalismo se reformou durante e depois da guerra sob o princípio de “nunca mais” aos riscos dos anos 30.

O senhor viu esses riscos se tornarem realidade: estava na Alemanha quando Adolf Hitler chegou ao poder. O senhor acredita que algo parecido poderia acontecer como conseqüência dos problemas atuais?
Nos anos 30, o claro efeito político da Grande Depressão a curto prazo foi o fortalecimento da direita. A esquerda não foi forte até a chegada da guerra. Então, eu acredito que este é o principal perigo. Depois da guerra, a esquerda esteve presente em várias partes da Europa, inclusive na Inglaterra, com o Partido Trabalhista, mas hoje isso já não acontece. A esquerda está virtualmente ausente, Assim, me parece que o principal beneficiário deste descontentamento atual, com uma possível exceção – pelo menos eu espero – nos Estados Unidos, será a direita.


O que vemos agora não é o equivalente à queda da União Soviética para a direita? Os desafios intelectuais que isto implica para o capitalismo e o livre mercado são tão profundos como os desafios enfrentados pela direita em 1989?
Sim, concordo. Acredito que esta crise é equivalente ao dramático colapso da União Soviética. Agora sabemos que acabou uma era. Não sabemos o que virá pela frente. Temos um problema intelectual: estávamos acostumados a pensar até então que havia apenas duas alternativas: ou o livre mercado ou o socialismo. Mas, na realidade, há muito poucos exemplos de um caso completo de laboratório de cada uma dessas ideologias.


Então eu acho que teremos de deixar de pensar em uma ou em outra e devemos pensar na natureza da mescla. E principalmente até que ponto esta mistura será motivada pela consciência do modelo socialista e das conseqüências sociais do que está acontecendo.


O senhor acredita que regressaremos à linguagem do marxismo?
Desde a crise dos anos 90, são os homens de negócio que começaram a falar assim: “Bem, Marx predisse esta globalização e podemos pensar que este capitalismo está fundamentado em uma série de crises”. Não acredito que a linguagem marxista será proeminente politicamente, mas intelectualmente a natureza da análise marxista sobre a forma com a qual o capitalismo opera será verdadeiramente importante.


O senhor sente um pouco recuperado depois de anos em que a opinião intelectual ia de encontro ao que o senhor pensava?
Bem, obviamente há um pouco a sensação de schadenfreude (regozijo pela desgraça alheia). Sempre dissemos que o capitalismo iria se chocar com suas próprias dificuldades, mas não me sinto recuperado.


O que é certo é que as pessoas descobrirão que de fato o que estava sendo feito não produziu os resultados esperados. Durante 30 anos os ideólogos disseram que tudo ia dar certo: o livre mercado é lógico e produz crescimento máximo. Sim, diziam que produzia um pouco de desigualdade aqui e ali, mas também não importava muito porque os pobres estavam um pouco mais prósperos.


Agora sabemos que o que aconteceu é que se criaram condições de instabilidades enormes, que criaram condições nas quais a desigualdade afeta não apenas os mais pobres, como também cada vez mais uma grande parte de classe média. Sobretudo, nos últimos 30 anos, os beneficiários deste grande crescimento têm sido nós, no Ocidente, que vivemos uma vida imensuravelmente superior a qualquer outro lugar do mundo. E me surpreende muito que o Financial Times diga que o que se espera que aconteça agora é que este novo tipo de globalização controlada beneficie a quem realmente precisa, que se reduza a enorme diferença entre nós, que vivemos como príncipes, e a enorme maioria dos pobres.

7 anos da Autonomia Universitária da UENF

Prezad@s,

Na linha das comemorações dos 15 anos da Universidade Estadual do Norte Fluminense eu aproveito para trazer aqui um boletim da Ascom que nos rememora a conquista da autonomia, alcançada há 7 anos atrás.

Muitos dos colegas do "Outros Campos" estavam lá, atuando como militantes do movimento estudantil, em prol do direito de auto-determinação da Universidade sobre si, em claro atrito ante interesses "alienígenas", forâneos ao universo acadêmico, então cristalizados em figuras como Ana Lucia Boynard e o então governador Anthony "Garotinho" Mateus. Devemos lembrar que não poucas vezes Boynard, Mateus e depois a própria Rosinha foram condecorados com o título de "persona non grata" no campus, prêmio concedido pelo sempre combativo movimento estudantil da instituição.

Certamente fomos um dos primeiros movimentos sérios de oposição implacável ao então governador. Isto o levou, em clara demonstração de destempero emocional típica dos aprendizes do bom e velho despotismo, a colocar o dedo em riste diante do então magnífico reitor, senhor Salassier Bernardo, e bradar descontroladamente que "não negociava com grevistas".

Os que estavam no campus avançado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, ali no caminho para Farol de São Thomé, lembram-se deste fato... Em seguida houve o espancamento deliberado de estudantes que foi noticiado pela imprensa nacional, televionada e impressa, sendo um dos fatos políticos que levaram finalmente à conquista da autonomia universitária.

Ora, o que configurava a pauta de reivindicação principal? O direito da universidade se auto-determinar, conferindo poder (empoderamento??) ao reitor eleito e reconhecido por sua comunidade. Empoderar aquele que foi democraticamente eleito. Surreal em qualquer momento histórico, menos na conjuntura em que o Luis Bonaparte da Lapa foi governador.

Não tenho dúvidas que na cidade de Campos dos Goytacazes este modus operandi possa retornar ao executivo municipal.

Aguardemos. Todavia rememoremos por ora a vitoriosa campanha da autonomia universitária, um momento único, em que mais uma vez a truculência foi derrotada por um mínimo de persistência, articulação discursiva e publicização dos fatos na esfera pública. Justamente o oposto do ethos representado pelo casal Garotinho.

PS: O boletim da Ascom é de 23 de outubro, última quinta-feira.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Revista Nossa UENF - Nº 4 - Especial 15 anos da UENF


Prezad@s,

É praxe divulgar nesse espaço a Revista Nossa UENF, preparada pela sempre competente Ascom (Assessoria de Comunicação) da instituição. Todavia este é um número especial na medida em que uma das 15 melhores universidades brasileiras completa seus quinze anos. Desta feita cabe demarcar que é uma edição que comemora, nada mais e nada menos, a nossa instituição "debutante".

Diria que é um privilégio acompanhar esta data se pensarmos que, por exemplo, muitas instituições universtárias importantes do mundo já tem mais séculos de existência do que o Brasil tem de "descoberto". Mais interessante ainda é saber que estamos ajudando a construir esta mesma universidade e, cada qual do Outros Campos, lutou em diferentes momentos por ela.

Enfim... Temos muito o que comemorar. Campistas e não campistas.

Aqui (basta clicar) você pode ter acesso a este número da Revista.

Lembro apenas que e edição em "papel" de fato ainda será lançada.

Boa leitura!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Cine Clube Villa Maria - Parte II


Prezad@s,

Divulgo aqui a importante iniciativa do Gustavo Olviedo, do "Caido em Campos" (ver link na lista de blogs recomendados), onde ele preparou uma segunda rodada do "Cine Clube Villa Maria". Reproduzo texto do curador do Cine Clube:

"A partir deste sábado começaremos o ciclo chamado 'filmes ao redor de uma mesa' (ver mais abaixo os detalhes). E começaremos com um filme que para os sociólogos e historiadores pode ser muito interessante pois trata acerca do Positivismo Jurídico forçado ao extremo: O filme Conspiração, de Frank Pierson.


Na sua crítica do filme 'A Queda – As últimas horas de Hitler', Isabela Boscov, editora da revista Veja, falou o seguinte:



'...Um dos melhores filmes sobre Adolf Hitler é aquele em que ele não aparece – Conspiração, do diretor americano Frank Pierson, sobre a Conferência de Wannsee, na qual se discutiu a implementação da "solução final", o eufemismo para o extermínio dos judeus. Sentados à volta de uma mesa, numa mansão isolada no campo, Kenneth Branagh e outros grandes atores debatem durante horas atalhos jurídicos, questões semânticas e problemas técnicos (por exemplo, a capacidade de incineração dos fornos versus o número de cadáveres a ser produzido a cada dia). Alguns dos presentes se dão conta da enormidade do que está em pauta, mas para a maioria o tema da reunião não passa de um emaranhado burocrático a ser desnovelado ao gosto do seu dirigente. As pessoas que estão em volta dessa mesa não são os fracassados que Hitler alçou à condição de super-homens, como Himmler, Goebbels e Martin Bormann. São advogados, médicos, historiadores, administradores. Que eles se abanquem para elaborar um estatuto do assassinato em escala industrial de seres humanos faz com que o espectador sinta o chão fugir-lhe dos pés. Que domínio é esse que aquele homúnculo com um bigode ridículo tinha sobre homens mais inteligentes do que ele, é a primeira pergunta que se faz. A seguinte é se qualquer homem ou mulher, de qualquer época, poderia então consentir num pacto semelhante...'



O filme não está editado em dvd no Brasil, portanto se trata de uma oportunidade única de assistir esta peça.


Gustavo Alejandro Oviedo





Se entendemos que um filme é ação e movimento, pensar numa história que se desenvolve ao redor de uma mesa ou numa sala pode parecer, a principio, a coisa mais chata do mundo para assistir. Em 1948, Alfred demonstrou com Festim Diabólico (The Rope) que a essência cinematográfica não se define apenas pela variedade de locações. Ou seja, um história que transcorre num único ambiente não é (necessariamente) teatro filmado. Estes exemplos evidenciam que a habilidade narrativa consiste em justamente em manter o espectador atento e interessado com grandes diálogos, bom ritmo e atores brilhantes.

Sábado 25 Outubro
Conspiração (Frank Pierson, 2001)
Um documento achado em Berlim por investigadores norte-americanos sobre o holocausto nazista foi o ponto de partida para este emocionante filme. Em 1942, um grupo de hierarcas alemães se reúnem para definir “A Solução Final”, o extermínio em massa de milhões de judeus nos territórios conquistados. A discussão que se estabelece entre os protagonistas que estão tratando um assunto tão macabro mantém o espectador atento graças ao desempenho dos atores. Com Kenneth Brannagh e Stanley Tucci.

Sábado 1 Novembro
12 Homens e uma Sentença ( 1956, Sidney Lumet)
Clássico indiscutido. Um grupo de jurados deve decidir entre a morte ou a liberdade de um acusado de assassinato. Um interessantíssimo estudo de personagens liderados pelo grande trabalho de Henry Fonda.

Sábado 8 Novembro
12:08 A Leste de Bucareste (Corneliu Porumboiu, 2006)
Comedia Romena premiada em Cannes. Neste seu primeiro filme o diretor demonstra uma capacidade narrativa notável: no décimo aniversário da revolução que derrocou o ditador Caseauscu, um programa de debates na TV de uma pequena cidade a leste da capital quer saber: eles participaram ou não do movimento?



Na Casa de Cultura Villa Maria - Sábados 16:30h"

O cinema tem esse poder de reunir elementos que impulsionam a auto-compreensão e a reflexividade humana. Portanto ajuda em muito a oxigenar a nossa carcomida esfera pública.

Participem e divulguem.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Permanecer para que tudo possa mudar


De tempo em tempo ocorre um retorno de uma antiga concepção que tende a relacionar grau civilizatório alcançado por um país com expressões como “tradição” e “cultura”. O que geralmente se quer ressaltar é que a história de um povo é reconhecida em sua solidez institucional, que promove limites normativos dentro dos quais a inovação e a mudança são aceitas. Se é sólida a cultura em um período relativamente longo de tempo, há a tendência de considerar o país “civilizado”, a despeito do grau de desenvolvimento econômico alcançado. Portanto, a mudança aceitável é a incremental, não estrutural. Nas instituições econômicas, ocorre o mesmo: as análises de risco econômico, como o “risco Brasil” leva em conta exatamente a possibilidade de permanência do grau institucional alcançado, por exemplo, a tendência a honrar contratos firmados. É por isso que o Governo Lula representa um dos maiores saltos civilizatórios feito pelo Brasil.

1 – A história institucional

Nossa história é feita de rupturas institucionais duras e conviveu com uma profunda latência à quebra de expectativas de agentes políticos e econômicos. Após a proclamação da república sabe-se lá quantas vezes as expectativas institucionais foram alteradas. Já ouvi alguns senhores lembrarem que votaram em uma eleição, mas não sabiam se votariam na seguinte. Recentemente: Ditadura, a não posse de Tancredo, A Nova Constituição, Collor, planos econômico, congelamento de poupanças... quais são nossas expectativas em relação ao futuro diante de tantas mudanças?

2 – O Partido dos Trabalhadores

Já faz 28 anos desde que o PT se tornou um partido político. Muito mais que isso, um partido de esquerda de massas que representava finalmente as possibilidades de mudanças na equação de classe que perdurava: uma pequena parte com o bolo e o resto sem convite para a festa. Uma desigualdade social lastimável e vergonhosa que resistia a tudo, mesmo ao fato de ser o Brasil o país que mais cresceu desde a segunda guerra mundial, até a década de 70. O novo partido aglutinava bandeiras e tinha tintas socialistas e uma indefectível tendência à mudança radical, à revolução. Estava ali a ameaça às expectativas dos agentes, econômicos ou não, e esta verborragia petista renovou as expectativas passadas de mudanças bruscas, inclusive antes de lula tomar posse. Mas estes extremos se tornaram insustentáveis, como se a garra revolucionária fosse tomada de uma preguiça macunaímica e uma programática tucana, misturado com uma pragmática leninista. No fim, deu no que deu, Lula afirmando: “nunca fui de esquerda”.

3 – De intelectuais e tucanos.

O PSDB é uma social democracia liberal que tentou em oito anos de governo federal impedir os excessos de estado e escassez de mercado, estabilizar a moeda e promover políticas sociais para atenuar as conseqüências humanas de tal “projeto”. Estabilizou a moeda, a um preço altíssimo, indicou caminhos de promoção de renda e fez da estabilidade monetária o ponto arquimédico para se pensar na estabilidade institucional. O Real adquiriu a face de uma tradição secular consensual, e se fez marca de um país que em um aspecto se mantinha estável. Foi só isso. Não fez nação com a estabilidade monetária. Os custos humanos viriam em 2002...

4 – Eleições

A posse do operário fora precedida de encontros entre membros do governo que se encerrava e do novo governo. O intelectual apertou a mão do operário, a esquerda estava sentada com o centro, o capital com o trabalho (ainda que isto soe demodé). Esta imagem talvez seja o símbolo mais forte da nova república. Havia uma renovação sem ruptura institucional, e um revezamento de entidades políticas antagônicas no plano político, ainda que não o fosse no plano político-programático. O que há de novidade é isto.

5 – Alguns anos depois

Estável institucionalmente e, o que parece, financeiramente, já que o país resiste, ainda, a uma crise econômica sem precedente. Não há como negar que a substância desta força seja a manutenção de marcos institucionais após dois governos sucessivos. Ou melhor, há sim, mas não há como negar que a substância desta força seja também a manutenção de marcos institucionais após dois governos sucessivos. Não há sorte nisso, a não ser que queiram acreditar em bruxaria, oráculos e magia. Há competência, não deste ou daquele governo, mas daquilo que PSDB e PT souberam expressar juntos até agora: uma nação, como uma civilização, se constrói com expectativas institucionais correspondidas no tempo.

6 - Enfim

O país é sólido economicamente agora, na crise? Creio, é por que é sólido institucionalmente. Promover a permanência, ás vezes, pode ser a postura política mais revolucionária no momento.

A MODERNIDADE COMO DESAFIO TEÓRICO Ensaios sobre o pensamento social alemão - Lançamento do Livro


Prezad@s,



É com indisfarçável alegria que divulgo este lançamento fresquinho, recém saído do forno, da Editora da PUC do Rio Grande do Sul (Porto Alegre).



Trata-se de importante contribuição para a reflexão acerca da teoria social alemã intitulada "A modernidade como desafio teórico – Ensaios sobre o pensamento social alemão". O livro é organizado por Adelia Miglievich (UENF), Brand Arenari (Humboldt – Berlin), Emil Sobottka (PUC-RS), Remo Mutzenberg (UFPE) e Roberto Dutra (Humboldt – Berlin), onde cada qual comparece com um artigo. Será lançado na 32ª Reunião da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS) no próximo dia 27 em Caxambu e certamente deverá ter outros lançamentos pelo país.



Eu tenho uma modesta contribuição onde penso Georg Lukács (o meu xará húngaro mais ilustre) e o pensamento social da assim chamada "Escola de Frankfurt" no ensaio: "Georg Lukács: O espectro da teoria da reificação no pensamento crítico alemão do século 20".



Neste sentido aguardo críticas!



No mais divulguem, prestigiem e, claro, comprem o livro (risos).


Grande abraço,



George Gomes Coutinho



PS: Infelizmente não estarei presente no lançamento em Caxambu. Mas brindem o livro por mim quem estiver por lá no lançamento!

PS2: Para os campistas vale lembrar que a capa conta também com a luxuosa elaboração estética do meu camarada e artista multimídia Rudolf Rotchild.

PS3: Divulgo aqui os autores e o sumário do livro. Notarão que não por acaso boa parte do staff do "Outros Campos" se faz presente:

Sumário

Apresentação .................................................................................. 7

1. Revendo o lugar da sociologia alemã no Brasil: do uso
instrumental à pesquisa da recepção . Glaucia Villas Bôas .... 19

2. Um outro olhar sobre a modernidade: breves apontamentos
sobre a formação da sociologia alemã . Brand Arenari .......... 35

3. Compreensão histórica e natureza humana segundo Dilthey
. Dario Teixeira ....................................................................... 51

4. A fenomenologia como escada para o céu. Uma reconstrução
crítica da epistemologia do amor de Max Scheler
. Frédéric Vandenberghe ......................................................... 73

5. Os absolutos relativos masculino e feminino na cultura
trágica: um ensaio sobre a modernidade em Georg Simmel
. Adelia Maria Miglievich Ribeiro .........................................119

6. Weber e o desencantamento do mundo: uma interlocução
com o pensamento de Nietzsche . Renarde Freire Nobre .... 141

7. As idéias e a dinâmica social na sociologia das religiões
de Max Weber . Eurico A. Gonzalez Cursino dos Santos ..... 167

8. Georg Lukács: o espectro da teoria da reificação no pensamento
crítico alemão do século 20 . George Gomes Coutinho ........ 187

9. A Escola de Frankfurt nos anos 1930. Sobre a teoria crítica
de Max Horkheimer . Emil Albert Sobottka .......................... 207

10. Theodor W. Adorno: pensar contra o pensamento é pensar o
que desagrada ser pensado . Maria Eduarda da Mota Rocha,
Paulo Marcondes Ferreira Soares e Remo Mutzenberg... 227

11. Freud, Fromm e Adorno: acerca da recepção da psicanálise
nos trabalhos empíricos da escola de Frankfurt
. Jessé Souza ........................................................................ 259

12. Ética discursiva ou luta por reconhecimento? Sobre o
lugar da moralidade em Habermas e Honneth
. Fabrício Maciel e Roberto Torres ..................................... 273

13. A Teoria dos sistemas sociais em Niklas Luhmann:
algumas reflexões . Fabrício Monteiro Neves e
Clarissa Eckert Baeta Neves ................................................ 293

Sobre os autores ...........................................................................311

Os autores

Clarissa Eckert Baeta Neves é Doutora em Sociologia pela Universidade
de Müenster, na Alemanha, professora associada da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pesquisadora
CNPq e coordenadora do Grupo de Estudos sobre Universidade/
GEU/UFRGS. Membro do comitê de avaliação da área de
Sociologia/CAPES. Membro da comissão editorial da Revista
Sociologias (UFRGS). Tem produção científica destacada na área
de Sociologia da Educação e Estudos Comparados em Educação
Superior. Participa atualmente do Fulbright New Century Scholar
Program 2007/2008. Co-organizou, dentre outros, o livro Niklas
Luhmann: A Nova Teoria dos Sistemas (Ed. UFRGS) e Sociologia,
pesquisa e cooperação (Ed. UFRGS).

Dario Teixeira é professor de filosofia da Universidade Estadual do
Norte Fluminense (Rio de Janeiro). Sua formação se concentrou
nas áreas da Fenomenologia, da Filosofia da Linguagem e da
Teoria do Conhecimento e dedica-se atualmente ao estudo das
bases históricas e teóricas das orientações fenomenológica, lógico-
semântica e hermenêutica dominantes na filosofia contempor
ânea. Coordena o projeto de pesquisa intitulado .Epistemologia
da Compreensão: sobre as relações entre explicar e compreender
nos estudos históricos, culturais e sociais. (FAPERJ), que tem
por objetivo a identificação e análise das determinações relativamente
independentes da noção de compreensão que decorreriam
de concebê-la como tendo por objeto privilegiado ou significa-
ções ou estados mentais ou propósitos interativos.

Eurico Antônio Gonzales Cursino dos Santos é Doutor em Sociologia
pela Universidade de Brasília (UNB), com formação complementar
pela New York University. É professor adjunto de sociologia
na UNB. Publicou como co-organizador o livro Política
e Valores (Ed. UNB), além de artigos e capítulos em coletâneas
sobre a religiosidade no Brasil, dentre eles, Die soziale Aufbau
des Sklaven: die Religion Brasiliens (Das moderne Brasilien. VS314
Verlag) e Magia, ética e desigualdade no Brasil (A invisibilidade
da desigualdade brasileira Ed. UFMG).

Fabrício Maciel é sociólogo e mestre em Políticas Sociais pela
UENF. Atualmente é pesquisador do CEPEDES . Centro de pesquisas
sobre desigualdade (www.cepedes.ufjf.br) na UFJF, coordenado
pelo Prof. Jessé Souza. É autor do livro .O Brasil-nação
como ideologia. (São Paulo: Annablume, 2007) e de alguns artigos
sobre teoria social, teoria do reconhecimento e pensamento
social brasileiro.

Fabrício Monteiro Neves é bacharel em Ciências Sociais e Mestre
em Políticas Sociais pela Universidade Estadual do Norte Fluminense
(UENF). Membro do Núcleo de Estudos em Teoria Social
(NETS). Dedica-se aos temas da sociologia da ciência e do conhecimento
e teoria social com ênfase em sociologia da inovação
e da tecnologia. Atualmente é doutorando do Programa de Pós-
Graduação em Sociologia /UFRGS, bolsista CAPES. Publicou,
em co-autoria, dentre outros: Conhecimento e imaginário socioló-
gico (Teoria & Sociedade. UFMG) e o que há de complexo no
mundo complexo: Niklas Luhmann e a teoria dos sistemas sociais
(Sociologias. UFRGS).

Frédéric Vandenberghe é professor de sociologia no IUPERJ desde
2007. lecionou em várias universidades na Europa, nos Estados
Unidos e no Brasil. Publicou inúmeros artigos e livros, dentre
estes: Une histoire critique de la sociologie allemande. Alié-
nation et réification (1997-1998, 2 vols.), As sociologias de Georg
Simmel (2005), Complexités du posthumanisme. Trois essais
dialectiques sur la sociologie de Bruno Latour (2006). Encontra-se,
atualmente, no prelo seu novo livro Teoria social realista. Um
diálogo franco-britânico (UFMG).

George Gomes Coutinho é bacharel em Ciências Sociais e Mestre
em Políticas Sociais pela Universidade Estadual do Norte Fluminense
(UENF). Membro do Núcleo de Estudos em Teoria Social
(NETS). Atualmente, doutorando do Programa de Pós-Gradua-
ção em Sociologia Política /UENF. Volta-se para os temas da teo-
ria social, globalização e democracia. Publicou, em co-autoria,
dentre outros: Modelos de democracia na era das transições (rev.
Civitas. PUCRS).

Glaucia Villas Bôas é professora do Departamento de Sociologia e
do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia
(PPGSA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Estudou na
Universidade de Erlangen-Nuernberg e doutorou-se pela Universidade
de São Paulo. Dedica sua docência e pesquisa às áreas de
Pensamento Sociológico Brasileiro, Teoria Sociológica e Sociologia
da Cultura. É autora de Mudança Provocada. . Passado e
futuro no pensamento sociológico brasileiro (FGV, 2006) e A
Recepção da sociologia alemã no Brasil (Topbooks, 2006). Organizou,
em parceria, as coletâneas Ideais de Modernidade e
Sociologia no Brasil. Ensaios sobre Luiz de Aguiar Costa Pinto
(Editora da UFRGS, 1999) e Evaristo de Moraes Filho. Um intelectual
humanista (Topbooks 2005). Coordena o Núcleo de Pesquisa
em Sociologia da Cultura no Instituto de Filosofia e Ciências
Sociais da UFRJ. É bolsista do CNPq/Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Jessé Souza é Doutor em Sociologia pela Karl Ruprecht Universität
Heidelberg e livre docente em sociologia pela Universität Flensburg,
com pós-doutorado pela New School for Social research de
Nova Iorque e pela Universität Bremen, na Alemanha. Escreveu
e organizou diversos livros sobre teoria social, sociologia política
e teoria da modernização periférica. Mais recentemente, Die
naturalisierung der ungleichheit (VS Wissenschaften) e A teoria
crítica no século 21 (Annablume). Atualmente, é professor titular
de sociologia da Universidade Federal de Juiz de Fora e coordenador
do Centro de Pesquisa sobre desigualdade social (CEPEDES/
UFJF). É bolsista do CNPq/Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico, coordenando pesquisa
PRONEX vinculada ao referido centro de pesquisa.

Maria Eduarda da Mota Rocha é Mestre e Doutora em Sociologia
pela Universidade de São Paulo, com graduação em Ciências Sociais
e Comunicação Social. É professora adjunta do Departamento
de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em
Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco. Desenvolve
pesquisa no campo da Sociologia da Cultura, com artigos publica
ções sobre publicidade, cultura de consumo e meios de comunica
ção.

Paulo Marcondes Ferreira Soares é Mestre e Doutor em Sociologia
pela Universidade Federal de Pernambuco. É professor adjunto
do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-
Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco.
Desenvolve seu trabalho na área da Sociologia da Arte com
publicações sobre vanguarda brasileira, Tropicália, projeto construtivo,
penetráveis e arte experimental.

Renarde Freire Nobre é Professor Adjunto no Departamento Sociologia
e Antropologia da UFMG. Doutor em Sociologia pela USP,
com a tese .Nietzsche e Weber: dois pólos de um mesmo mundo,
dois mundos.. Publicou, dentre outros, Perspectivas da razão:
Nietzsche, Weber e o conhecimento (Ed. Argumentum); Nietzsche
e a estilização de um caráter (RevistaTrans/Form/Ação);
Três teses comparativas entre os pensamentos de Weber e de
Nietzsche (Revista RBCS), Racionalidade e tragédia cultural
no pensamento de Max Weber (Revista Tempo Social); é coorganizador
de Levi-Strauss: leituras brasileiras (Ed. UFMG).

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Show da Hellvis - 17 de outubro - Quartel do Chopp



Prezad@s,

Dando prosseguimento à turnê mundial da banda Hellvis, iniciada no "Bar do Gordo" há um mês atrás, estaremos tocando no QLounge (Quartel do Chopp) ali no final da avenida Pelinca.

No repertório teremos a presença elétrica de figuras como Ray Charles, Little Richard e tantos outros em uma versão potente. Rock, soul, e afins...

Para os que não conhecem a Hellvis cabe avisar que fazemos uma leitura contemporânea, low-tech e energética dos velhos sucessos do Rei gravados entre a década de 1950 e 1970.

Tragam amigos, família, animais de estimação...

sábado, 11 de outubro de 2008

Governo Lula: uma postura grandiosa diante da crise


Por Roberto Torres



A posição do governo Lula diante da crise financeira americana tem sido a melhor possível. Ontem, em reunião no FMI, o ministro Guido Mantega expressou de forma muito clara como o nosso Governo percebe a crise. Mantega defendeu que a crise é do modelo de gestão financeira e de desenvolvimento econômico de quem sempre se pôs como modelo para o mundo, e a quem o FMI nunca levanta suspeitas e investigações sobre a “saúde” e a sustentabilidade do modelo de desenvolvimento econômico.

Enquanto os países “em desenvolvimento” são alvos incontestes da ação reguladora do FMI, sobre a suspeita constante de “populismo” e “corrupção”, o centro financeiro do capitalismo global fica livre para as jogatinas e malabarismos irresponsáveis com o economia mundial; está é a mensagem que Guido Mantega transmite de modo claro e enfático ao mundo. Com essa postura, o Governo traz em questão a legitimidade do próprio FMI e logo de toda a estrutura institucional que sustenta e torna palatável o funcionamento do capitalismo tal como ele é hoje. Temos a honra de nossos porta vozes expressarem a hipocrisia neoliberal que prega austeridade para os países periféricos e sustenta o “vício” irresponsável dos agentes financeiros (apostadores) de Wall Street e Southampton.

Já a decadência do credo neoliberal está personificada na postura de FHC, que no fundo gostaria que o Governo brasileiro fosse o primeiro candidato às imposições de cortes e “economias” do FMI. Sem ter nada a dizer sobre o fato do Brasil estar suportando a crise de um modo vigoroso e corajoso, a subserviência provinciana de Fernando Henrique e do PSDB não vê outra saída senão pedir conselhos ao Fundo Monetário, quando a posição mais ousada e criativa, cujas condições o Brasil acumulou ao longo do governo Lula, tem sido a do próprio Governo: criticar com palavras e exemplos o capitalismo irresponsável e desumano que domina o consenso político liderado pelos EUA.


sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Ah se o mundo votasse...!

Você está desesperado com a situação da sua cidade? Você não tem mais esperanças na política municipal? Você não acredita no poder do seu voto no segundo turno? Não se preocupes mais!

Você ainda pode votar nas eleições dos EUA. Isso mesmo. Um site disponibilizou uma votação virtual para a presidência americana. Se valerá alguma coisa? Quiça o mesmo que em Campos...

Crueldades à parte, o site é interessante. Mesmo que não seja um instrumento científico para mensurar as preferências dos habitantes do planeta, vale a pena conferir como os internautas do mundo inteiro se postam diante dos Democratas e Republicanos. Já foram computados mais de 180.000 votos em 188 países diferentes.

Ao que parece o McCain precisa mudar a comunicação de sua campanha. Definitivamente, o republicano que pretende Governar o Mundo com seus canhões apontados para as nádegas alheias não vai muito bem. Nos bastidores já se ouve que César Maia e Alckimin irão assessorá-lo juntamente com uma grande turma de marqueteiros. A ver!



quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Como um cachorro” 1- ou: a fruição no reino da necessidade


por Roberto Torres


Quase quatro da madrugada, numa festa dos estudantes da Universidade Federal de Juiz de Fora, na praça do Campus próximo aos bairros pobres e favelas da parte alta da Cidade: um catador de latinhas chama a atenção de todos ao iniciar uma disputa física com um cachorro. Era um rapaz negro, aparentando menos de trinta anos, que projetou naquele cachorro uma raiva e uma agressividade urgentes que certamente não se formaram por causa do bicho. Não era a este que se dirigia toda a luta desesperada, em estado de êxtase, do jovem catador por uma espécie de consideração e de apreço que só cabiam aos pares que compartilhavam a festa como festa. Neste momento de prazer e fruição dos estudantes de classe média, os rapazes pobres do entorno participavam da festa alheia para ganhar um trocado e assim aliviar o regime de urgência de suas vidas, marcadas pela ameaça e pela privação tanto material como simbólica.

Estes rapazes estão na festa por necessidade, subordinação de todos os momentos e “esferas da vida” (inclusive a esfera afetivo-sexual) à urgência de uma renda em dinheiro e de um crédito social básico que permita a vida simbólica ser experimentada com autonomia, e por isso não partilham com os estudantes daquilo que tem e que confere valor social na ocasião da festa: o prazer despreocupado. É precisamente a despreocupação relativa com o “reino das necessidades materiais e simbólicas urgentes” o que permite aos jovens criados com significativo afastamento do jogo sério, de “vida ou morte”, disputa pela possibilidade de dominar o estigma de fracassado ou delinqüente, todo o privilégio de fruir a vida numa festa com amigos e amigas.

Mas enquanto os garotos “bem nascidos e criados” desfrutam do privilégio das noitadas livres da preocupação com o “como será o amanha”, os garotos pobres vivem a noitada sempre atormentados por esta questão prática e de significado existencial imenso para todos os que ainda não a resolveram. Por sentirem que não acumulam capital econômico e capital simbólico suficientes para “queimar” dinheiro, entregar o corpo, sem comprometer seriamente o porvir da vida material e simbólica, garotos e garotas da “ralé estrutural” não podem exercer o “distanciamento do papel”, condição básica para qualquer tipo de prazer despreocupado (fruição). Assim, por exemplo, a vida sexual das adolescentes nunca se liberta do medo e da ameaça bem real e arbitrária do estigma de fáceis, vagabundas, de modo a legitimar o uso instrumental e sem consideração afetiva de seus corpos por rapazes que, por sua vez, também não podem se afastar das disputas por honra com os outros homens, a qual se mostra na própria luta instrumental pelas mulheres.

O mito de que, apesar de todas as privações possíveis e inegáveis, as pessoas muito pobres não são impedidas de gozar a vida no sexo é mito justamente porque ignora que gozar a vida em qualquer sentido e lugar depende de já ter a vida defendida das ameaças materiais e simbólicas de privação corporal. Apesar de ser muito esquisito e controverso querer analisar o gozo sexual dos pobres, e caso não acreditemos que o sexo é um tipo de graça doada por deuses que manipulam a vida e as condições objetivas da existência humana, o uso da razão nos obriga a saber que só é possível tomar distância do que é sério, do que envolve nossa sobrevivência material e simbólica no dia a dia, na condição de já termos herdado uma posição estratégica que nos garanta a reprodução segura de nossa vida simbólica e material pelos menos até o limite físico do corpo diante do mundo, ou seja, a morte.

O peso implacável da preocupação e da urgência com a sobrevivência material e simbólica faz com que aquilo que “deveria ser” fruição seja a ritualização sem autonomia de tudo que atormenta constantemente as pessoas quando elas não sabem como afastar o risco do estigma e da ameaça de privação material. Assim, vemos que nos bailes funks as garotas expostas ao risco constante da estigmatização sexual participam de um ritual onde a exibição do corpo estigmatizado, com o foco na bunda, ou seja, a prisão ao papel, se configura como o próprio esforço para aliviar o estigma, bem sucedido na mesma medida em que os rapazes também exibem a bunda, cooperando na tarefa da des-estigmatização. Claro que o sucesso do rito traz um imenso prazer! Como de fato as funkeiras confessam ao esperarem com ansiedade pelos dias dos bailes. E como todos nós podemos sentir ao “por pra fora” em ocasiões propícias à generosidade humana tudo aquilo que nos atormenta nas situações mesquinhas do dia a dia. Mas o problema é que esta des-estigmatização mostra-se impotente para se transferir para o dia a dia da vida afetiva e sexual das meninas. “Como cachorras”, num paráfrase a Franz Kafka, elas simplesmente vivem o prazer como mera satisfação de necessidades que elas nunca escolherem para conduzir as suas vidas. No caso ai a necessidade de expor e aliviar o peso do estigma sobre o corpo hiper-sexualizado e reduzido a mero corpo potencialmente descartável.

No caso do rapaz da festa que se jogou na disputa física com o cachorro – e este em sua condição sub-humana explicitamente reconhecida incomodava menos os estudantes do que o rapaz - o simples fato da “diversão” ser buscada na luta com um animal a meu ver exibe sem deixar qualquer dúvida o sentido da vida para rapazes da mesma classe social deste em qualquer espaço que eles se achem: a urgência de defender a vida como atividade que interdita a entrada em disputas simbólicas de menor “seriedade”, onde o afastamento e a despreocupação com sobreviver material e simbolicamente é capaz de se traduzir em fruição e gozo livre do sexo, da bebida e da companhia das pessoas.

1 Com esta frase Franz Kafka encerra “O processo”. Joseph K, alter ego de Kafka, vive um processo criminal cuja lógica e razões lhes são totalmente opacas e inacessíveis. Então, após resistir até o fim em aderir ao jogo de relações obscuras que envolviam todas as pessoas na operação de seu processo, relações que funcionam tão melhor quanto mais desconhecidas forem para todos os agentes, Joseph é assassinado com uma faca no coração, sem saber, claro, de onde vinha a determinação de sua morte. “Como um cachorro” parece exprimir a condição de viver sob a constante condenação por um crime tão desconhecido quanto as “leis” que o definem. E de modo que a “morte social” seja tão arbitrária e misteriosa quanto a morte biológica.

domingo, 5 de outubro de 2008

Aos finalmentes.... sobre Campos dos Goyatacazes - RJ

Bem, com 99% dos votos apurados e com o pronunciamento oficial da justiça eleitoral em âmbito local podemos afirmar que, até o dia de hoje, não teremos segundo turno em Campos dos Goytacazes.

Eis a contagem dos votos:

Rosinha (PMDB) - 117.994 votos;
Odete (PC do B) - 26.889 votos;
Feijó (PSDB) - 3.681 votos;
Marcelo Vivório (PRTB) - 959 votos

Sinaliza-se que os votos decisivos foram das zonas periféricas da cidade, onde o "voto esclarecido" da professora Odete teve menor impacto. Dizem que no Cefet-Campos houve até mesmo a vitória de Odete sobre Rosinha. Cabe depois uma análise do perfil de classe que vigorou nesta eleição... E das zonas eleitorais... Mas poderia arriscar que o Governo Federal pouco influiu de fato nas eleições por aqui. Campos com suas elites políticas movidas a royalties é quase insulada politicamente do resto do país.

Ainda ressalto que o clientelismo local é "transclassista" fazendo com que usualmente os chamados "votos independentes" não ultrapassem em muito a cifra dos 30000. Foi assim na última eleição em Campos. E nesta não foi diferente. Como dizemos aqui neste blog, o clientelismo e a corrupção em Campos são práticas sistêmicas.

Agora teremos os desgastantes dias torturantes em que uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, poderá dizer se o pdtista Arnaldo Viana terá seus mais de 100 mil votos computados. Afinal, com os votos de Arnaldo anulados Campos terá a espantosa porcentagem de mais 120 mil votos nulos! O que não anula as eleições mas nos causa um forte sentimento de ausência de legitimidade deste pleito... Afinal nem os maiores apoiadores do voto nulo alguma dia sonharam com esta cifra!

No plano do legislativo candidatos com práticas tradicionais de clientelismo, com aparatos robustos de campanha e redes pessoais de favores e dependentes foram eleitos ou tiverem o beneplácito da reeleição. Que venha a redução dos cargos por indicação política (os suntuosos mais de 3000 DAS da prefeitura de Campos), o repúdio ao nepotismo e a sonhada reforma política que desbarate as estruturas "assistenciais" nas periferias. Em caso oposto continuaremos patinando sobre o vácuo das boas práticas.

Pelo que vi na lista não creio que tenhamos nenhum candidato eleito para a câmara com práticas fora do script do que já estamos acostumados. Seja entre legendas de esquerda ou de direita.

Na verdade, como diria Slavoj Zizek, com essa esquerda quem precisa de direita?

Certamente virão outras análises dessas eleições, aqui mesmo... Mais profundas e com dados mais precisos. Mas, acredito que é necessário um posicionamento analítico provisório neste momento visando levantar a bola do debate.

Até porque, como tem sido a sina desta cidade, assim como em 2004 as eleições de 2008 ainda não terminaram extra-oficialmente.

Por fim, eu diria que Campos melancolicamente mais uma vez dá um passo a frente. E dois para trás.

Divulga - Software do Tribunal Superior Eleitoral

Prezad@s,

Aproveitando o acalorado momento das apurações eu lhes trago aqui uma sugestão de software para os mais aficionados no tema. É o Divulga do Tribunal Superior Eleitoral.

Ele nos permitirá acompanhar em tempo real a apuração em qualquer ponto do país. Ao menos é o que promete.

Eis o link: http://www.tse.gov.br/divulga2008.htm

Também permite o acesso aos números oficiais, estatísticas, etc..

Belo gadget esse não?

E lá vamos nós para mais uma noite agitada...

sábado, 4 de outubro de 2008

Mantenha-se no Caminho

Prezad@s,

Divulgo aqui o vídeo do meu camarada, Juscelino (Lin) Lima.

O Lin é graduando na Escola de Belas Artes da UFRJ e está por lá concluindo sua jornada. E realizou este vídeo experimental/conceitual que apontaria justamente este momento de conclusão de um caminho...

Todavia advirto que é um vídeo experimental e tem em si a tentativa de elaborar a descrição de uma obra praticamente de sua concepção até a sua conclusão, onde é "montada" na galeria de Belas Artes. Também, segundo o autor "o trabalho lida com um conceito bem legal que é o de transformar todo o espaço em ateliê".

Sem falar do bom e velho uma "câmera na mão e uma idéia na cabeça" que impulsiona o trabalho.

Enfim. Vale a pena. Indicado justamente para quem aprecia arte conceitual e vídeos experimentais, ou simplesmente não convencionais, de toda ordem. Para outros "gostos", como diria Pierre Bourdieu, recomendo um pouco mais de cautela.




PS: Conheci o Juscelino daqueles tempos de antiga Escola Técnica Federal de Campos, atual CEFET-Campos, onde fazíamos ensino técnico. Ele formou-se em edificações naquele momento.

PS2: Justamente postei este video aqui de propósito, para quebrar um pouco o clima de tensão... Será um domingo "bicudo" esse!

Cine Clube Villa Maria - Estréia Hoje!


Começa hoje, com a intrépida saga dos irmãos Blues, o promissor "Cine Clube Villa Maria".

Reproduzo a programação, tal qual Gustavo Olviedo (mentor intelectual da proposta), apresenta em seu blog (http://caidoemcampos.blogspot.com/):

Sábado 4 de outubro: THE BLUES BROTHERS – de John Landis, 1981
Sábado 11 de outubro: A PEQUENA LOJA DOS HORRORES – de Frank Oz, 1986
Sábado 18 de outubro: THE TUNE - A MELODIA – de Bill Plympton, 1992

Esta primeira leva de musicais explora o "não convencional". Todos conhecemos aqueles musicais hollywoodianos piegas.... E certamente "The Blues Brothers" e "A Pequena Loja de Horrores" subvertem muitíssimo o formato.

Participem!

PS: Recomendo olharem com calma o humor cáustico e as aventuras do Barão de Munchausen em versão Goytacá no blog de Olviedo!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A crise americana, o tempo do capital e do dia a dia


por Roberto Torres



A análise de Gabor Steingart na Revista “Der Spiegel”1 sobre o significado histórico da atual crise financeira deflagrada nos EUA parece ser muito inovadora num campo de analise dominado pela linguagem econômica que, ao ser produzida pela visão de mundo hegemônica do capitalismo liberal de hoje em dia, não pode buscar a contradição fundamental do sistema capitalista. Steingart analisa a atual crise como algo muito além de uma tensão de demandas funcionais da reprodução automática do capital, no sentido de uma crise reduzida às instituições mais facilmente inidentificáveis com as demandas do capital, como os bancos de investimento e financiamento e a própria bolsa de valores. Para Steingart, a crise financeira só é de fato uma crise porque ela traz no seu bojo a fragilidade da relação com o tempo que hoje sustenta não só o capital mas também o comportamento cotidiano de quase toda uma nação.

Steingart percebe o comportamento dos investidores e acionistas como um comportamento tipicamente religioso, e o dinheiro como sendo, claro, o deus onipotente de toda a crença. A inovação de Steingart em relação a outros que também exploraram está metáfora é que ele analisa as diversas formas de cultuar este Deus mantidas não só pelos sacerdotes que vestem todo dia a batina e invocam o deus mercado em Wall Street mas também pelos leigos que em seus lares ordinários servem ao mesmo deus. E para ele o que mais diferencia um culto do outro é a relação com o tempo mantida entre os crentes e a divindade, sobretudo a concepção de futuro que orienta a ação “econômico-religiosa”. Muitos devem achar que analisar o capitalismo como sendo uma religião é algo que não pode passar de uma metáfora. Mas quando percebemos o comportamento dos sacerdotes e fiéis de Wall Street do modo como percebe Steingart vemos indivíduos acreditarem num promessa de futuro cujas bases fáticas são tao inacessíveis como a de uma religião; no caso específico do capitalismo financeiro americano o que temos é uma religiosidade mágica do capitalismo em que um jogo perigoso com o futuro é o horizonte de todas as acoes.

Diferentemente do “capitalismo organizado” da produção industrial, em que o premio pela crença no mercado se dava por um desempenho linear e mais ou menos previsível, a relação como tempo deste capitalismo financeiro do dia a dia é marcada pelo espírito do jogo e da aventura. A frugalidade ascética do poupador protestante, cujo esteriótipo ainda anima a ignorância de muitos sobre o que é capitalismo, já há tempo deu lugar a extravagancia e ao jogo irresponsável. Enquanto Benjamim Franklin pregava responsabilidade laboral para que um pequeno empreendedor merecesse crédito e confiança, no capitalismo de hoje o próprio Estado assume a tarefa de financiar a jogatina com o futuro, praticada todos os dias pelos investidores e pelas seguradoras que lucram distribuindo desigualmente os encargos do risco.

O “novo espírito do capitalismo” 2 tem justamente este componente mágico como inovação hetorodoxa no conjunto desta grande “religião mundial” que é o capitalismo desde o século XIX pelo menos. Ao invés de investir no desempenho do capital via extração de mais valia relativa, numa relação com o tempo marcada pelo continuidade e pela previsão, a regra hoje é apostar num cassino em que, como em todo cassino, a boa sorte de poucos precisa ser o azar de muitos numa relação com o tempo traçada pela descontinuidade e pela manipulação do risco. E esta crença magica no próprio acaso, o otimismo da vontade de que tudo é igualmente possível, é também o que sustenta o comportamento econômico-religioso dos consumidores em seus lares gerindo o futuro de suas famílias e de seus filhos. Trata-se de uma concepção de tempo em que o futuro é apostado em prol de um comportamento presente baseado no abandono da tentativa em controlar o risco. Pelo contrário, é justamente o fervor com o risco, o risco de ganhar milhões em poucas horas, que faz a regra, ou seja, a tendencia em quebrar todas regras em busca das cifras e da prosperidade prometidas pelo acaso. Steingart afirma que “as companhias de cartão de crédito dos Estados Unidos não estão em uma situação significativamente melhor do que os bancos. Elas também venderam o futuro e até mesmo uma parcela do período posterior a ele.” Acontece que, se as seguradoras quebradas existiam para evitar os efeitos do risco sobre investidores privilegiados, as empresas de cartão de crédito possuem uma capilaridade social muito maior ao financiar o consumo irresponsável ao mesmo tempo em que se encarregam do risco de inadimplência que assusta as empresas.



2Ver o livro de Luic Boltanski e Eve Chiapello, que tem esta expressão no título.

Eleições para todos


Como compreender as complexas regras do nosso sistema eleitoral? Como as cadeiras são distribuídas entres os partidos e candidatos? Como são realizadas as pesquisas de opinião? Quais as conseqüências dos votos brancos e nulos? Essas são perguntas comuns que todo cientista político tem que responder em épocas de eleições.
A boa notícia é que podemos contar com as explicações simples e diretas do professor Jairo Nicolau. Com um vocabulário acessível e uma didática invejável, o Blog traz assuntos curiosos sobre eleições, e também elucida várias questões embaraçosas.

http://veja.abril.com.br/politica/blogs/eleicoes-2008/

Jairo sempre teve como preocupação a formação de seus alunos, por isso escreveu livros introdutórios ao sistema político-eleitoral – que hoje são adotados em quase todos os cursos de graduação de Ciências Sociais. Aqueles que estão com intenção de entender mais profundamente o sistema político brasileiro podem começar com três livros de formação:

1) Sistemas Eleitorais (5°Edição). Rio de Janeiro, FGV Editora, 2004.
2) História do Voto no Brasil. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2002.
3) Multipartidarismo e Democracia: Um estudo sobre o Sobre o sistema Partidário Brasileiro (1985-94). Rio de Janeiro, FGV Editora, 1996

Para os já iniciados e demais curiosos, o professor mantém uma página com seus textos acadêmicos e bancos de dados eleitorais. Lá se pode encontrar, por exemplo, os resultados eleitorais do período entre 46-64, bem como os relativos ao período após a redemocratização.

http://jaironicolau.iuperj.br/banco2004.html

O ministério dos acadêmicos adverte: Partidos e Eleições podem causar dependência aguda. Se iniciados com bons livros, os danos podem ser irreversíveis.