Por Vitor Peixoto e Brand Arenari
Dentre o quadro nebuloso e recheado de dúvidas que a próxima eleição municipal nos apresenta, na qual especulamos sem muita clareza quem serão os candidatos, resta apenas uma certeza: será uma eleição bastante diferente das últimas que tivemos. Esta diferença se assenta sobre o papel da máquina pública na disputa eleitoral.
Nas últimas eleições campistas, como o cientista político Renato Barreto nos chamou atenção, a disputa eleitoral era fortemente marcada pelo confronto entre duas máquinas públicas. Por um lado, a Prefeitura e suas toneladas de recursos oriundos dos royalties, que a permitiram arregimentar um mar de cabos eleitorais. No outro canto do ringue, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, com não menos disponibilidade de recursos para os mesmos fins.
Se o grupo de Arnaldo Vianna tinha a prefeitura nas mãos, o de Garotinho tinha o governo do Estado, o único aspecto que os diferenciava era a origem dos recursos públicos: um municipal outro estadual. Os meios e os fins eram muito semelhantes.
Nossa hipótese é que muito provavelmente esse quadro não se repetirá nas próximas eleições campistas. Essa hipótese baseia-se nos seguintes argumentos: (a) primeiro, pelo óbvio dado de que o grupo de Garotinho não detém mais o poder sobre o governo do Estado; e (b) o segundo e mais interessante, é o fato de que os últimos dramáticos acontecimentos retiraram a máquina municipal das mãos de qualquer grupo.
Mesmo que o retorno de Alexandre Mocaiber seja mantido até as eleições, grande parte da estrutura que poderia ser utilizada para fins eleitorais já fora desarticulada de forma contundente pela Polícia Federal e danificada parcialmente pelo sucessor RH. Assim, Mocaiber ficaria sem muita margem para manobras, qualquer ação minimamente suspeita seria alardeada aos quadro cantos, além de ter a justiça e a polícia federal em seu encalço.
No caso de Roberto Henriques, o pouco tempo no poder e as incertezas jurídicas lhe retiram bastante a força no que se refere ao controle da máquina para lhe oferecer ganhos altamente significativos neste quesito. Ganhos estes, para ele ou para o grupo que ele venha a apoiar, o que ainda não está totalmente claro.
Some-se a esse quadro a desestabilização das relações espúrias entre os Poderes Executivo e Legislativo. Como se sabe, as ações dos legisladores se pautam, equivocada e exclusivamente, na prestação de serviços que deveriam ser de responsabilidade do Poder Executivo. São os centros de assistências sociais e as ONG’s dos vereadores que lhe garantem retorno eleitoral. Todavia, o Poder Legislativo não dispõe de recursos para tal. Suas manutenções financeiras eram viabilizadas por meio da renúncia de legislar e fiscalizar o executivo em troca de recursos para essas instituições.
Roberto Henriques ao assumir pela primeira vez demonstrou-se pouco interessado em prescindir desse acordo. Entretanto, a ação derrocada do presidente do Poder Legislativo em reempossar Mocaiber peremptoriamente pode constituir em algo inovador na política local. O acordo fora rompido com poucas possibilidades de ser refeito.
Neste quadro, mesmo aqueles que retirarem algum benefício da máquina municipal, seja Mocaiber, Bacellar, Garotinho ou Roberto Henriques, terão benefícios bem menores do que aqueles das últimas disputas.
Esse novo panorama torna a eleição mais equilibrada, abre margem para a participação de grupos que nunca detiveram o apoio de alguma máquina estatal disputar a eleição com mais chances de ganho. Este é mais um dado que nos convence que uma fresta se abre para grupos políticos alternativos aos que tivemos nos últimos anos entrarem no páreo da disputa. Mas resta saber se há grupos alternativos prontos para essa disputa. É preciso mais do que homens de boa vontade.
Dentre o quadro nebuloso e recheado de dúvidas que a próxima eleição municipal nos apresenta, na qual especulamos sem muita clareza quem serão os candidatos, resta apenas uma certeza: será uma eleição bastante diferente das últimas que tivemos. Esta diferença se assenta sobre o papel da máquina pública na disputa eleitoral.
Nas últimas eleições campistas, como o cientista político Renato Barreto nos chamou atenção, a disputa eleitoral era fortemente marcada pelo confronto entre duas máquinas públicas. Por um lado, a Prefeitura e suas toneladas de recursos oriundos dos royalties, que a permitiram arregimentar um mar de cabos eleitorais. No outro canto do ringue, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, com não menos disponibilidade de recursos para os mesmos fins.
Se o grupo de Arnaldo Vianna tinha a prefeitura nas mãos, o de Garotinho tinha o governo do Estado, o único aspecto que os diferenciava era a origem dos recursos públicos: um municipal outro estadual. Os meios e os fins eram muito semelhantes.
Nossa hipótese é que muito provavelmente esse quadro não se repetirá nas próximas eleições campistas. Essa hipótese baseia-se nos seguintes argumentos: (a) primeiro, pelo óbvio dado de que o grupo de Garotinho não detém mais o poder sobre o governo do Estado; e (b) o segundo e mais interessante, é o fato de que os últimos dramáticos acontecimentos retiraram a máquina municipal das mãos de qualquer grupo.
Mesmo que o retorno de Alexandre Mocaiber seja mantido até as eleições, grande parte da estrutura que poderia ser utilizada para fins eleitorais já fora desarticulada de forma contundente pela Polícia Federal e danificada parcialmente pelo sucessor RH. Assim, Mocaiber ficaria sem muita margem para manobras, qualquer ação minimamente suspeita seria alardeada aos quadro cantos, além de ter a justiça e a polícia federal em seu encalço.
No caso de Roberto Henriques, o pouco tempo no poder e as incertezas jurídicas lhe retiram bastante a força no que se refere ao controle da máquina para lhe oferecer ganhos altamente significativos neste quesito. Ganhos estes, para ele ou para o grupo que ele venha a apoiar, o que ainda não está totalmente claro.
Some-se a esse quadro a desestabilização das relações espúrias entre os Poderes Executivo e Legislativo. Como se sabe, as ações dos legisladores se pautam, equivocada e exclusivamente, na prestação de serviços que deveriam ser de responsabilidade do Poder Executivo. São os centros de assistências sociais e as ONG’s dos vereadores que lhe garantem retorno eleitoral. Todavia, o Poder Legislativo não dispõe de recursos para tal. Suas manutenções financeiras eram viabilizadas por meio da renúncia de legislar e fiscalizar o executivo em troca de recursos para essas instituições.
Roberto Henriques ao assumir pela primeira vez demonstrou-se pouco interessado em prescindir desse acordo. Entretanto, a ação derrocada do presidente do Poder Legislativo em reempossar Mocaiber peremptoriamente pode constituir em algo inovador na política local. O acordo fora rompido com poucas possibilidades de ser refeito.
Neste quadro, mesmo aqueles que retirarem algum benefício da máquina municipal, seja Mocaiber, Bacellar, Garotinho ou Roberto Henriques, terão benefícios bem menores do que aqueles das últimas disputas.
Esse novo panorama torna a eleição mais equilibrada, abre margem para a participação de grupos que nunca detiveram o apoio de alguma máquina estatal disputar a eleição com mais chances de ganho. Este é mais um dado que nos convence que uma fresta se abre para grupos políticos alternativos aos que tivemos nos últimos anos entrarem no páreo da disputa. Mas resta saber se há grupos alternativos prontos para essa disputa. É preciso mais do que homens de boa vontade.
36 comentários:
Sem dúvidas é um desafio complexo para qualquer proposta moralizadora e alternativa.
Primeiro pq RH não realizou a faxina administrativa necessária concluindo os contratos, milhares, que são irregulares. Portanto a rede clientelista não foi desbaratada como um todo sendo afetada somente em pontos mínimos.
Segundo por conta daquele velho dilema, já enfrentado mesmo pelo populismo histórico: como os discursos e grupos alternativos irão conquistas as massas iletradas da cidade?
Notável é que o Bolsa Família do Gov. Federal atenda praticamente 1/4 dos campistas... Este pode ser um interessante caminho dado que essa multidão, do "andar de baixo", não depende diretamente da prefeitura para sobreviver, diferentemente do "andar de cima"...
Daí o pessimismo da razão...
Se isto não for enfrentado, concordo com ambos, boa vontade é insuficiente.
Boa vontade pode não ser suficiente, mas é imprescindível...
Acredito que nossos dilemas e problemas não serão resolvidos ao toque da agenda que aí está colocada...seria voluntarismo, ou ingenuidade tentar resolver em oito meses, ou seis, problemas estrturais dos grupos que não dispõem dos "meios" de "convencimento" equiparados àqueles que estão no poder...
Nosso capital pólítico é pequeno, e nossa capacidade de articulação é frouxa...
O "povão" repousa na letargia cúmplice, e nós na preguiça elitista...que se opõe a fazer o que tem que ser feito, e é demorado, chato, extasiante...
Organizar, conversar, debater, ocupar espaços, construir cenários...e além de tudo...operar a política com os meios que dispõe...sabedoria, criatividade, ousadia e coragem...
Esses foram os ingredientes que forjaram nossa vontade, e a vitória de Lula...que manteveram coesa sua militância, que hoje, infelizmente, foi tragada pelo ócio do exercício do poder...ou da indiferença banalizada....
Não nos damos conta, mas se passaram 10, 20 anos, e o sistema venceu...desarticulou e reduziu um grupo político, que agia e interagia, ao patamar de indivíduos de consciência pesada e incomodada pelo que vê, e não age para impedir...
Haja Prozac...
Caro Brand,
Talvez,ainda, não tenhamos o(s) grupo(s) pronto(s) para esta disputa.Mas com certeza temos Homens, facilmente identificáveis na população campista,prontos.Homens de caráter , de trabalhos dos mais relevantes e variados prestados à sociedade.Pessoas que já tem sucesso em suas respectivas profissões e não almejam o posto de " políticos profissionais".Até porque muitos destes Homens campistas possuem em seus currículos trabalhos e conquistas relevantes , que por si só os colocaram como representantes do povo, sem terem de fato mandato público através do voto popular.
Para muitos campistas , fazer o bem , respeitar o próximo , pensar no bem comum , faz parte do cotidiano.Está no sangue e na base educacional familiar que obteve.
Sendo assim, sempre será extremamente oportuno a discussão , o debate dos nossos problemas sociais.Troca de idéias buscando alternativas cada vez melhores.No entanto , temos um fato importante e concreto.Cinco de outubro se aproxima.E se ainda não temos um grupo alternativo , este deve se formar o mais breve possível.E se isto não for possível , que os Homens de boa vontade se apresentem , manifestem seus desejos e capacidades ,busquem reforços e entrem nesta disputa com vontade e gana para ganhar.Tenham certeza que com o surgimento desta pequena luz de esperança no fim do túnel , as manifestações populares de apoio se multiplicarão diariamente."Enquanto os bons se calam , os incompetentes avançam."(Nos mais variados setores de nossa sociedade).
O que não podemos é só continuar discutindo idéias , enquanto o nosso município provavelmente ficará nas mãos de administradores incompetentes ( estou sendo educado.) por mais 4 anos.Aí,2012 poderá ser muito tarde.
Grande abraço,
Felipe Diniz.
Desbaratar as rédeas assistencialistas não garante um afrouxamento daqueles eleitores do grupo político a que são vinculados... A meu ver, pelo contrário: a perda da boca reafirma a adesão tácita ao antigo e o ódio ao novo... Dilemas...
Dilemas:
"O "povão" repousa na letargia cúmplice, e nós na preguiça elitista...que se opõe a fazer o que tem que ser feito, e é demorado, chato, extasiante..."
Abraço.
O que tentamos mostrar é que a máquinha eleitoral não se resume ao empreguismo. Ela vai além, muito além. Uma das vantagens que ela oferece é o desvio de recursos. Campanha se faz, principalmente, com dinheiro. Nesse quesito, não há como negar que as incertezas provocadas pelo rodízio de prefeitos têm prejudicado o sistema.
Quem arrecadou até aqui, o fez, terá dificuldades de continuar fazendo.
Em minha opinião, e espero escrever em breve, agora chegou o momento de analisar como se comportam não os eleitores convencionais, mas sim os empresários. Sobre eles recairá a responsabilidade de financiar a disputa.
Obviamente, todos denunciarão seus interesses nesse jogo. E não é um jogo que começará agora, há de se levar em consideração os jogos passados. Como tenho dito, a política não é um jogo de um única rodada.
Abraços,
Caros senhores vamos aos números. “O único momento em que a matemática conta alguma coisa em política: a hora de contar votos”
Eleições de 2004, duas pesadas máquinas atuam na eleição. Pudim recebe o apoio da governadora Rosinha, Campista o apoio massivo da máquina municipal. Não precisa lembrar que a intervenção dessas duas máquinas foi tão brutal que a justiça anulou as eleições. Mas e o resultado:
GERALDO PUDIM 33,5%
CAMPISTA 27.8%
FEIJÓ 25,0%
MAKHOUL 13,7%
A soma dos votos válidos de Feijó e Makhoul é 38,7. Mais que o primeiro colocado. Então meus caros, vamos pensar mais sobre o papel das máquinas nas eleições e no percentual de eleitores vinculados a elas.
É uma conta simplista, eu sei.Mas serve para nós calibrarmos o olhar sobre isso que a gente chama de massa.
Como já disse outras vezes, e o Roberto Tb retornou brilhantemente no assunto, eu não tenho e nem quero ter respostas para dilemas concretos da ação neste momento. Como disse bem o Xacal: “seria voluntarismo, ou ingenuidade tentar resolver em oito meses, ou seis, problemas „. Apenas o Didi (Renato Aragão, não confundam com o “folha seca”) no filme “O Rei do Futebol” conseguiu bater o escanteio e fazer o gol de cabeça. Como eu não sou o Didi, eu apenas lançarei bolas na área, cabecear é um outro problema. O nosso desafio agora não é fazer o gol, mas sim lançar boas bolas na área. Querer resolver todos os problemas de uma vez é perder o foco das discussões.
Mas George tocou num ponto da análise das próximas eleições, o fato do não desmonte do aparato clientelista pelo fato da não demissão dos contratados. George, nos prender apenas a concretude dos fatos pode nos impedir de ver outras coisas. O que importa neste caso não é se ele mandou embora os contratados ou não, o que importa é a insegurança que o troca-troca de prefeitos gera na clientela. Assim como nós não sabemos o q vai acontecer, os clientes Tb não sabem em que galho pular, as suas “certezas” foram minadas, o cálculo da ação agora não é fácil para eles. E isso é o primeiro ponto. O segundo é que Tb não podemos pensar que a vantagem de ter a máquina pública na mão é apenas ao que se refere à distribuição de empregos. Todos sabem que ter a máquina na mao é uma possibilidade aberta para se arrecadar recursos financeiros ilícitos para a campanha eleitoral, e essa vantagem me parece estar bastante reduzida. Por isso a tese que eu e o Vitor postulamos continua de pé, teremos uma eleição diferente pq a máquina pública não terá o mesmo papel de outrora.
Quanto aos impactos do bolsa família é uma outra questão interessante, a qual sugiro que postemos um texto. Terá ela algum impacto nestas eleições? Um candidato do PT poderia tirar proveito eleitoral dela? Mas de qualquer forma, numa primeira visão ela apenas fortalece os nossos argumentos, ou seja, enfraquece o poder de cão da máquina municipal.
Filipe, caso esses homens que vc falou existam, eles até agora não disseram a que veio. O único que soube transformar em ganhos políticos os últimos acontecimentos foi Marcos Barcellar, e o pouco que já ouvi falar sobre ele, me parece que ele não consta na categoria de homens aos quais vc descreveu. Estes precisam mostrar a cara, entrar na luta, mas não de forma tímida.
Quanto aos debates Filipe, eles são fundamentais para que a política não dependa apenas de pessoas. São apenas as idéias que sustem mudanças seguras e de longo prazo. A experiência com Garotinho nos mostrou o quão é deletério quando a política se personaliza.
Um Abraco
Renato,
Particularmente, acho o conceito de massa estéril. No mínimo nebuloso.
Como já discutimos cursos a fio sobre o conceito de clientelismo, e não chegamos a algo satisfatório, não trarei para cá esse debate.
Mas uma coisa temos que lembrar: a classe média faz parte dessa tal de massa, povão ou seja lá o que for! Seja participando do esquemas das licitações, seja dentro da própria máquina como servidor.
Não sei se essa questão se resume a uma questão de classes. Há interesses comprometidos com essa prática em todos os níveis de renda e educação.
O empresários, pequenos e grandes, jogaram esse jogo muito bem jogado até agora. Entretanto, acredito que as incertezas trazidas pela operação podem ter inserido muito mais custos na curva do que imaginamos. Será vantajoso para os empresários manter esse jogo? Se sim, em qual das duas opções tradicionais irão apostar?
É nessa direção que gostaria de centrar a próxima análise. Até agora falamos muito da ralé e da elite política. Ficamos devendo falar do empresariado que lucrou muito até aqui com esse jogo, mas que estarão dividos pela incerteza.
Abraços,
PS: Quanto ao peso da máquina, não sou dado a esse tipo de calculo, mas não podemos deixar de dizer que Feijó teve vários mandatos públicos. Podem não ter contruído uma máquina por meio do executivo, mas o legislativo lhe forneceu capital político e economico.
Compas,
Me perdoem pelo esquematismo do comentário dos comentários... Mas depois posto algo mais substantivo sobre a importante análise de conjuntura q fizeram:
a) De fato termo "massa" é impreciso... Talvez "ralé estrutural" nos diga mais dado que separa diferentes grupos que precisam de diferentes estratégias de clientelismo. Mas nao acho que o clientelismo atue da mesma forma sobre todos os agrupamentos sociais;
b) Acho a aposta na chave "empresariado campista" temerária dado que os estudos sobre Campos apontam que este agrupamento social é dependente e parasitário do governo local. Isto, creio, o faria pouco afeito a direcionamentos políticos. O empresariado seria, portanto, direcionado e não seria direcionador. Portanto a minha aposta seria de que estes manterão o jogo;
c) Os dilemas são muitos e perigosos Bill.... Espero que eles não nos levem a uma postura imobilista!
d)Os dados do bolsa família, de sua gerência de Campos, apontavam 20.000 famílias beneficiadas até dezembro de 2007. O problema é que estas famílias também são alvo de políticas assistenciais da prefeitura dado que tem sido praxe a utilização do "cadastro único" como parâmetro de definição de população usuária.... Não só aqui mas no Brasil todo;
Há muito o que comentar... mas deixo pra outro momento.
Mas vocês estão corretos sim... instabilidade instucional nos trouxe um interessante clima de incertezas....
Adentramos em muitas outras questoes nestes comentários, eu acho q seria bom escrevermos alguns posts relativo ao que debatemos aqui, assim concentramos fogo em vários temas de forma separada. Mas continuemos o debate aqui.
Abracos
Li novamente meu comentário sobre o "empresariado campista" e resolvi melhorá-lo.
Em verdade digo que sou cético quanto ao empresariado ser agente de mudança social pelo simples fato de ver nos jornais locais o descontentamento profundo com as mudanças ocorridas nos últimos 40 e poucos dias. O CDL, até onde soube, apenas preocupou-se em entender quanto teria de perdas com a possibilidade dos não concursados irem pra rua.
Outra questão. Um dos jornais locais vem tecendo loas a Bacellar.
Creio que ele seja a aposta para manter as regras do jogo até o presente momento.
O que devemos ter claro é grau sistêmico das relações de dependência com o poder local. A despeito de eleitores tradicionais ou não.
Meus caros!
Não precisa ser ciêntista político para entender que, não só aqui em Campos, as campanhas se fazem com doações. É evidente que tendo o governo do estado ou a prefeitura rica a coisa anda melhor. Foi dito que o Sr. das ambulâncias ganha mensalidade de R$ 90 mil do little boy, será que essa "doação" saía das vendas de produtos da marca Rosinha? Afinal eles não tem mais o governo nas mãos.
A mudança da folha de pagamento para outro banco não rendeu a Mocaiber um ótimo futuro patrocinador? Isso sem falar nos empreiteiros. Na mídia escrita e falada que apoiam temos correntes que apoiam os dois lados.
Se aproximando das eleições, qualquer grana para segurar bandeiras pelas ruas e mais R$ 50,00 ou R$ 100,00 para boca de urna, tudo fica como antes...
Quanto ao (s) homem(ns), já saem com esta enorme desvantagem, além de não saber fazer política como os políticos profissionais.
Minha opinião é de se fazer uma campanha esclarecedora pelo voto nulo, com o funciona, o que acontece, etc. Se o quadro que se apresenta é esse aí, meu voto vai ser nulo novamente.
Faço minhas as últimas palavras do George.
Ô Vitor até concordar com você é difícil. O centro do seu argumento e do Brand é que vai ser uma eleição diferente, onde as máquinas estadual e emunicipal não vão ter o peso que tiveram na eleição de 2004 e isso abre espaço para uma candidatura alternativa.
Concordo plenamente.
E escrevi no sentido de reafirmar isso lembrando que essas duas máquinas, atuando a todo vapor em 2004, não conseguiram, nem vitória no primeiro turno, nem superar a soma dos candidatos que não contavam com seus benefícios.
Se Feijó tinha ou não máquina, isso é desprezível no argumento, por que o propósito não é falar sobre todas as máquinas e sim dizer que tem muita análise pessimista demais que dá como certo o poder das máquinas conduzirem as eleições. Se isso fosse verdade teriam obtido resultados diferentes na eleição de 2004.
Volto a dizer, desde de 2004 já um contingente grande de campistas que não voto sob influência das máquinas.
Agora isso não leva em conta a ampliação da máquina no governo Mocaiber, é aí que está a fragilidade do meu argumento
Renato, escreve um texto pra gente sobre a ampliacao da máquina no governo Mocaiber!
Concordo com o anônimo sobre a questão do voto nulo. Sempre que se fala em voto nulo aparece alguém dizendo que devemos exercer a cidadânia, etc. A cidadânia tb. passa pelo direito de não querer votar em nenhuma opção, nem a menos pior.
Vamos fazer uma campanha pelo esclarecimento do voto nulo?
Lembrem-se, esta é uma das opções que temos quando somos obrigados a votar!
A respeito do voto nulo,não creio que seja uma arma que deva ser utilizada como primeira opção.Não sou daqueles que fazem o bla bla bla da cidadania,citado no post anterior do anônimo,tanto que participei nos últimos dois turnos das eleições municipais de campanha pelo voto nulo,mas o vejo como uma opção quando não temos mais opções.Portanto este momento seria de criar e trabalhar por uma opção.
Prezado Renato Gonçalves,
Concordo plenamente com sua perspectiva sobre a abstenção. Entretanto, gostaria de ressaltar que voto nulo ou em branco são dois fenomenos distintos.
Hojem possuem as mesmas consequencias, mas são "distinguíveis" pela sua gênese. Meu próximo post será relativo a essa questão.
Adianto que respeito o a indiferença, mas até para isso exige-se conhecimento do sistema eleitoral.
A campanha do voto nulo é equivocada em si mesmo, ou seja, é um oximoro. Uma contradição em termos. Mas em termos teóricos.
Grande abraço,
Vitor Peixoto
Senhores,
Um ingrediente desprezado por nós todos, e que não alivia nossas preocupações...
O maior espaço de propaganda eleitoral gratuita esse ano é do PT...
PDT e PSB não reúnem grandes somas de tempo, devido ao tamanho de suas bancadas...
Com o custo elevadíssimo das campanhas éleitorais, sintoma da prevalência da mídia como "porta-voz" das demandas sociais e políticas, a tarefa de utilizar a ferramenta disponível acaba por se tornar um fardo para quem não dispõe de recursos...
Isso, se considerarmos que o PT se lançará como alternativa...
Outro fator que desprezamos, e influirá é a "orientação" das instâncias partidárias nacionais para "enquadrar" o pessoal aqui da província...
Tome-se como exemplo a decisão do PT nacional em barrar a aliança PT x PSDB costurada pelo papa-miss, Aécio...
PMDB, PDT e PSB são partidos da base aliada, e com certeza os interessados em neutralizar uma candidatura independente do PT vão cobrar coesão da base aqui na planície...
lembre-se que cabralzinho, o ursinho puff, arnaldo popozão têm bom trânsito com a direção nacional petista....
A nacional do PT deveria ter outras preocupação, Xacal. Não com as estratégias de coligação com a base aliada, mas preocupação para com aquilo que se tornou o PT em muitos municípios.
Vc conhece o PT muito melhor do que eu, e já fez excelentes análises.
Gostaria de ler acerca da movimentação da diretório em Campos. Ninguém dá um pio? Interessante...
Aquele que ousar e se postar como candidato terá de dominar as instâncias partidárias também. Mais um motivo para eu repetir: é preciso mais que boa vontade.
Abraços,
outra!
Ainda que a máquina municipal esteja, de certa forma, desarticulada, creio que isso pouco influa no poderio político dos que aí estão. Em off, segundo dados do MPF, desviava-se 20 milhões/mês da prefeitura de Campos. É fonte para sustentar muitas e muitas eleições.
A próxima eleição será sim, muito diferente, mas o que a distará das outras serão os fatos ocorridos.
Caro Renato.
Se por acaso o (s) tal (is) homem (ns) de bem não aparecer (em)?
Tivéssemos "Arnaldo" (s) e "Garotinho" (s) como candidato (s) ao legislativo e ao executivo.
O que faria?
Votava nulo?
E se o nulo ganhasse, o que aconteceria?
Pensemos nesta hipótese!
Abraços!
O nulo nunca ganha!
Explico: no limite, basta um único voto de diferença para que um candidato seja declarado eleito. Caso haja empate, o candidato mais velho é eleito.
Ou seja, consequência prática não há no voto nulo.
Todo voto é legítimo, desde que não seja por coação, financeira, psicológica ou física. Até mesmo o voto nulo ou branco.
Até 1997 o contigente de votos em branco influia no cálculo para eleições proporcionais. Era somado aos votos válidos (legenda + candidato) e dividido pelo número de cadeiras. Sua consequência era o aumento do coeficiente eleitoral (número mínimo de votos para se alcançar a primeira cadeira). Entretanto, desde que foi excluído desse cálculo (em 1998 já não contou), votos brancos e nulos não possuem consequência direta.
Conheço trabalhos acadêmicos que comprovam que os votos nulos estão correlacionados com analfabetismo, baixa renda, e municípios pequenos. Já os votos em branco, o contrário, são covariados com renda alta, municípios grandes e com baixas taxas de analfabetismo. Daí se conclui que, muito provavelmente, o contingente de votos nulos seja fruto de equívoco. O eleitor erra o número, assim anula seu voto. Já o voto branco expressaria uma vontade deliberado do eleitor (a indiferênça ou esquecimento do número), pois existe um tecla na urna eletrônica especialmente para essa opção.
Abraços,
leia-se "deliberada" e "indeferença", por favor!
Caro Vitor
A DEMOCRACIA nos OBRIGA a votar nas eleições.
Os que votaram no nulo são ditos como sendo analfabetos e pessoas com baixa renda? Ou seja,não tendo outra opção,tenho que votar no menos pior, como se isso fosse possível, aguentar mais 4 anos com Arnaldos e Garotinhos no executivo e legislativo e ainda ser taxado de analfabeto e baixa renda?
Estava pensando em deixar de ser campista, agora tenho que pensar na hipótese de deixar de ser Brasileiro.
Será o fim da picad?
Caro anonimo,
Não afirmei que quem votou nulo é analfabeto. Apenas citei a forte correlação. Isso significa, resumidamente, que é mais comum altas proporções de votos nulos com altas proporções de analfabetismo.
Obviamente, nem todos os votos nulos são frutos do equívoco. Seria um contra-senso eu afirmar isso, visto que há movimentos que pregam o voto nulo.
Quanto à obrigatoriedade, no Brasil se é obrigado a comparecer as urnas somente. O cidadão tem o direito da escolha em branco. Na minha opinião, essa não é uma questão tão relevante.
O que eu defendo é que, numa situação em que as opções posséveis não demonstram diferença ao eleitor, o voto em branco é legítimo. Apenas demonstra indiferença, ponto. Se os dois pleiteantes estão equidistantes do seu ponto ideal, não vejo problemas. Essa história de deslegitimar o sistema democrático... não me convence muito. Por isso não apoio essas campanhas (se bem que nunca estive numa situação em que dois candidatos tivessem exatamente a mesma distancia do meu ponto ideal, sempre há uma diferença, mesmo que pequena - filigrana). Mas isso é apenas uma opinião.
Grande abraço,
Caro Vitor.
Sendo vc. um cientista político e ainda fazendo doutorado nesta área e ainda tendo companheiros no seu blog que são da UENF, deve saber que nas últimas eleições para reitor da UENF o voto nulo foi bastante representativo e até que provem ao contrário não há nenhum analfabeto e baixa renda trabalhando por lá.
Sei que vc. cita forte correlação oriunda de trabalhos científico, mas ´sabe que realmente e nesta situação que Campos vive hoje isto é perfeitamente normal e acho inclusive que com a imensa maioria dos Campista da UENF.
Quanto a obrigatorieda do voto, continuo afirmando que vivemos em uma democracia mas somos obrigados a votar, pois mesmo votando em branco, somos OBRIGADOS a comparecer nas urnas.
Gostaria de ir as urnas por vontade própria para eleger os homens de bem!
No caso dos Arnaldos e Garotinhos, estou preferindo pagar multa e não ir ou fazer a tal justificativa ou mesmo mudar meu título para Findomundolândia!
Valeu!
Bem, vou me meter nesse debate provocando a idéia de que essas eleições apresentam uma chance inédita de mudança trazida pelo enfraquecimento das maquinas eleitorais que ofertam empregos públicos de baixa qualificação para os pobres. Mesmo sendo provável essa retração dos cabides de emprego com a desorganização das máquinas político-eleitorais, concordo com Bill de que a crise do assistencialismo sempre anima o medo do novo e não o desejo por mudanças nas regras do jogo social. É claro que a as boquinhas para a classe média pequeno burguesa tem enorme importãncia eleitoral, inclusive por viabilizar parte do recrumento dos pobres para o voto. Mas o ponto fundamental que eu gostaria de destacar é que nao há mudança significativa através do voto enquanto uma classe de pessoas, que decide sempre eleições, precisar vender seu voto para satisfazer necessidades imediatas como a fome. Não se trata de discutir se as necessidades imediatas são menos legitimas do que as não imediatas. Mas de reconhecer que a autonomia política - e sem esse valor no norte, essa análise sobre o novo não faria nenhum sentido - pressupõem a habilidade socialmente valorizada de prover com segurança a si mesmo ou sua prole. Sou absolutamente a favor do Bolsa Família. E defendo o governo Lula por sua insistência em considerar a incapacidade dos pobres para produzir a provisão digna em uma sociedade capitalista como a nossa. Autonomia política é o valor fundamental da política democrática. E precisamos saber como porque condições socio-econômicas de uma classe castra a possibilidade da realização desse valor.
Ao último anônimo:
Releia o que escrevi e reescrevi. Mas irei repetir: NÃO afirmei que TODO voto nulo é voto de oriundo de analfabeto. Somente um analfabeto político diria isso!
Apesar de acreditar que é equivocada estrategicamente a estatégia do voto nulo. Primeiro, o movimento é insignificante substantivamente. Segundo, é insignificante estatisticamente, pois ele se perde no erro. Isso eu afirmo: a proporção dos votos nulos é explicada mais por equívoco na hora de votar (proxy: analfabetismo) do que por consciência política de protesto.
Se vc votou nulo, só lamento! Se conhecesse um pouco de ciência política teria votado em braco. Ao menos expressaria a indiferença.
Até para protestar precisamos de competência.
Da próxima vez seja mais prudente. Sua campanha para voto nulo não é conscientização de qualquer coisa. Primeiro vc precisa se conscientizar acerca do sistema politico eleitoral brasileiro. E para isso não precisa ser cientista político, meu caro! Basta saber ler.
Vitor Peixoto
vítor,
confesso que até agora não havia enxergado essa distinção...
realmente, é como a gente descobrisse algo que sempre esteve ali e nunca percebemos...falo sério...
no sistema eleitoral brasileiro o voto nulos e mistura ao erro, exceto quando tínhamos cédulas e as pessoas escreviam seus protestos: lembra do caracareco, o rinoceronte em SP que foi o vereador mais votado, ou o macaco tião no RJ...?
é isso, voto branco, ahhhh...dãhhh
então é isso, deus não existe, a terra é redonda, e não dá dá para revogar a lei da gravidade...
PS: de onde vem tanta indignação, doutor...?
Oh, Xacal, minha indignação não é com vc!
Grande abraço,
PS: Se fui rude, peço desculpas. Sinceras.
Ah, e seu comentário acerca da antiga forma de protestar é realmente válida.
E não se limitavam a escrever palavrões ou votar em um candidato fictício. Tenho um amigo que trabalhava na contagem que sempre repete a mesma história, que na zona que ele participava sempre tinha um voto que vinha com merda dentro. Isso mesmo, o cara passava fezes dentro da cédula e na urna a depositava...
Bom, devem existir milhares de estórias como essa.
Grande abraço,
Vitor Peixoto
que isso doutor, não se desculpe...xacal sabe o que há de pior na alma humana...
mantenha essa selvageria intacta...às vezes é necessária para lidar com imbecis...
democracia é para quem acredita nela...
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